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UNIDADE ORGÂNICA DA MATOLA

Disciplina de Cálculo Financeiro I

FICHA DE APOIO Nº2

2. Processo de capitalização

2.1. Regime simples puro

O regime simples puro é aquele cujo juro periódico sai do processo, isto é, no fim de
cada período o juro é pago ao investidor.

Características do regime simples:

 Neste regime, os juros vencidos periodicamente saem do processo de


capitalização. Isto significa que os juros provenientes do capital investido são
pagos ao investidor e não são adicionados ao capital inicial.·

 O juro periódico é igual em todo o processo de capitalização se a taxa de juro (i)


for constante, então, a igualdade dos juros pode ser representado como sendo:

 O juro de qualquer período incide sempre sobre o capital inicial no início do


respectivo período. Se o capital aplicado sofrer alteração em qualquer período ou
em todos períodos, o juro no período que se pretende calcular também incidirá
sobre o capital no início do respectivo período. Sendo assim, os juros são
calculados usando a seguinte expressão:

 Se as taxas de juro forem diferentes nos vários períodos, então o juro de um


dado período deve ser calculado utilizando a taxa do respectivo período. A
existência de taxas de juros diferentes faz com que os juros produzidos não

Cálculo financeiro I: Processo de capitalização Pá gina 1


sejam todos iguais. Neste caso, matematicamente os juros representam-se da
seguinte forma:

 Capital final ou acumulado (Cn) será igual ao capital inicial (C0) adicionado ao
juro referente ao último período de capitalização (Jn).

 O juro periódico é o produto entre o capital inicial e a respectiva taxa de juro.

Exemplo1: um estudante do ISGN resolveu investir um capital que o tio que


trabalha nos EUA lhe ofereceu numa colocação que sendo de risco mínimo, lhe
proporcionasse um rendimento mensal suficiente para se sustentar até acabar o
curso. Sendo assim depositou numa conta a prazo os 500.000,00MT durante 4
anos. A taxa de juro mensal aplicada pelo banco é de 1,5%.

a) Indique o regime de capitalização em vigor.

b) Quanto recebe no fim de cada mês?

c) Quanto é que vai receber no fim dos 4 anos?

Resolução:

a) Trata-se do regime de capitalização simples, porque os juros produzidos


mensalmente são pagos ao investidor (estudante do ISGN).

b)

c)

Cálculo financeiro I: Processo de capitalização Pá gina 2


2.2. Regime dito simples

O regime dito simples ou simples com acumulação é aquele que os juros periódicos não
saem do processo de capitalização mas também não capitalizam, isto é, são retidos no
processo mas não produzem outros juros nos períodos seguintes.

Características do regime dito simples

 Os juros vencidos periodicamente não saem do processo de capitalização, mas


também não são capitalizados. O capital periódico inicial é igual ao capital final
do período posterior.

 O juro periódico é igual ao juro periódico no regime simples, isto é,

 Se as taxas de juros forem diferentes nos vários períodos, então os juros de um


dado período devem ser calculados utilizando a taxa do respectivo período. A
existência de taxas de juros diferentes fará com que os juros produzidos não
sejam todos iguais, isto é,

 O juro total (Jn) será igual a soma dos juros periódicos produzidos ao longo de
todo processo de capitalização. O juro total é o juro acumulado no final do
período de capitalização.

Cálculo financeiro I: Processo de capitalização Pá gina 3


Se o capital (C) e a taxa de a juro (i) não sofrem alterações em todos nos períodos, isto
é,

Então:

 O capital final ou acumulado do processo será igual ao capital inicial mais o juro
total

Exemplo2:

Um capital de 50.000,00MT foi colocado a render à taxa de juro anual de 5%, durante 5
anos, produzindo juros anualmente que são retidos, mas não havendo produção de juros
de juros. Indique:

a) O regime de capitalização e justifique a sua escolha.

b) O valor de juro periódico.

c) O valor de juro total.

Cálculo financeiro I: Processo de capitalização Pá gina 4


d) O valor acumulado.

Resolução:

a) Trata-se do regime dito simples, porque os juros produzidos periodicamente são


retidos e não há produção de juro de juros, ou seja, os juros não são adicionados
ao capital para produzirem outros juros.

b) Jk-1=C0*i=50.000,00*5%=2.500,00MT

c) JT=C0*i*n=50.000,00*5%*5=12.500,00MT

d) Cn=C0(1+i*n)=50.000.00(1+5%*5)=62.500,00MT

EXERCÍCIOS

1. Aplicou-se um capital de 180 mil meticais durante o prazo de 4 anos, em regime


de juro simples e à taxa de 5% ao ano.

a) Calcular o juro vencido em cada ano. (sol: 9000,00)

b) Calcular o juro vencido durante o prazo de aplicação. Sol: (36000,00)

2. Um capital de 80 mil meticais produziu durante um ano, em regime de juro


simples, um juro de 3200 meticais. Calcular a taxa de juro anual a que foi
aplicado. (4% a.a)

3. Um capital de 600 mil meticais foi aplicado em regime de juro simples à taxa
anual de 4,5% durante o prazo de 5 anos.

a) Calcular o capital acumulado no fim do prazo de aplicação. (Sol: 735 mil)

b) Determinar os juros vencidos durante o mesmo prazo. (Sol: 135 mil)

4. Um capital aplicado em regime de juros simples à taxa anual de 4%


transformou-se ao fim de três anos no valor acumulado de 44.800,00 meticais.
Calcule o capital inicialmente aplicado. (Sol: 40.000,00)

Cálculo financeiro I: Processo de capitalização Pá gina 5


5. Um capital de 250 mil meticais aplicado em regime de juro simples,
transformou-se ao fim de 3 anos num valor acumulado de 276.250,00 meticais.
Calcular a taxa de juro anual. (Sol: 3,5% a.a)

6. Um capital de 52 mil meticais aplicado em regime de juro simples à taxa anual


de 4% transformou-se ao fim de n períodos no valor acumulado de 60.320
meticais. Calcular o número de períodos de aplicação. (Sol: 4 anos)

7. Calcular o juro vencido por um capital de 20 mil meticais durante o período de 5


meses, aplicado em regime de juro simples e à taxa anual de 4,5%. (Sol:
375,00MT)

8. Determinar o juro vencido por um capital de 30.000 meticais aplicado durante


130 dias, em regime de juro simples e à taxa anual de 5%. (Sol: 534,25MT)

CÁLCULO DOS JUROS DE CONTAS CORRENTES

Falamos nas nossas aulas do regime simples no contexto dos regimes de capitalização.
Neste tema vamos aprender a calcular o juro simples produzido diariamente na conta
corrente (conta a ordem), isto é, o cálculo do juro com o tempo referido em dias e
meses. Os casos que vimos anteriormente são aqueles em que o período da taxa
coincide com o período de capitalização, isto é, se o período de capitalização é
trimestral, a taxa de juro usada também é trimestral, mas geralmente a taxa declarada
refere-se ao período de um ano.

No entanto acontece que na prática nem sempre o período da taxa coincide com o
período de capitalização. Por exemplo, declara-se uma taxa anual e pretende-se o juro
vencido no espaço de 45 dias ou 3 meses. Quando assim acontece é muito comum na
prática considerar a taxa anual acordada como nominal e fazer o cálculo de juro
recorrendo a taxa proporcional.

Este assunto é objecto de estudo neste tema. Para o cálculo do juro diário vai-se usar
dois métodos, nomeadamente, método dos divisores fixos e método dos multiplicadores
fixos.

Cálculo financeiro I: Processo de capitalização Pá gina 6


MÉTODO DOS DIVISORES FIXOS

Na vida, é normal um agente económico ser titular de uma conta a ordem numa
instituição financeira, onde pode efectuar operações de débito e crédito de seus valores
monetários. Em alguns países, os depósitos a ordem são remunerados, mas a uma taxa
baixa porque o proprietário da conta pode movimentá-la a qualquer momento. A taxa de
juro pode ser a mesma durante todo o período em análise, ou pode variar.

O método dos divisores fixos é tradicionalmente usado para o cálculo dos juros de
contas correntes. Este método encontra-se presentemente ultrapassado face ao avanço
da informática neste domínio. No entanto a sua validade mantém-se, ainda que a sua
aplicação seja reduzida.

O método dos divisores fixos baseia-se na decomposição da fórmula de juro em dois


factores, sendo o tempo, uma variável expressa em dias. O primeiro factor designa-se
por (N) e é composto pelos elementos variáveis da fórmula (capital e tempo). O tempo,
designado pela letra (n) é variável porque refere-se ao número de dias que cada saldo
permanece na conta antes da operação seguinte. Por exemplo, numa conta à ordem
registam-se os seguintes movimentos: depósito em 01 de Janeiro, levantamento em 31
de Janeiro; depósito em 23 de Fevereiro, etc. Neste exemplo, podemos entender que o
primeiro saldo permaneceu na conta 30 dias (01 de Janeiro à 31 de Janeiro), enquanto o
segundo saldo permaneceu na conta 23 dias (01 de Fevereiro à 23 de Fevereiro). Por
isso o número de dias para o primeiro saldo não é o mesmo para o segundo saldo. Sendo
assim, podemos dizer que o tempo (n) para cada saldo é variável.

O segundo factor designa-se po (D) e é composto pelos elementos fixos da fórmula (a


taxa de juro (i) é constante. Em relação a constante, refere-se a fracção (1/100) que
permite a conversão da taxa de juro de forma absoluta para forma decimal. Para o caso
do tempo deve-se dividir o parâmetro (n) por 365 ou 360 dias, conforme tratar-se do
ano civil comum ou ano comercial respectivamente, de modo a obter a variável tempo
expresso em anos.

Considere-se, então, a fórmula de juro:

Cálculo financeiro I: Processo de capitalização Pá gina 7


Onde o numerário será dado por:

Assim, o valor do juro será:

onde

Exemplo

Na conta bancária do ISGN, durante o mês de Janeiro de 2022 verificou-se o


movimento do quadro abaixo. Considerando a taxa de juro anual de 4%, determine o
juro vencido pela conta durante o referido mês e o respectivo saldo.

Resolução

Cálculo financeiro I: Processo de capitalização Pá gina 8


Método do Multiplicador Fixo

Neste método, o juro (J), que é a remuneração dos depósitos, é calculado incidindo a
taxa de juro (i) sobre o saldo da conta, multiplicando pelo número de dias a que esse
saldo permaneceu na conta e dividido por 360 ou 365 dias que representa o ano
comercial ou civil. O saldo total da conta será a soma de todos os juros.

Considerando os capitais como sendo os saldos da conta em momentos

diferentes. Consideremos também como o número de dias a que a cada um

dos saldos permaneceu na conta.

Cálculo financeiro I: Processo de capitalização Pá gina 9


Onde: é o multiplicador Fixo e são

numerários.

Exemplo

Na conta bancária do ISGN, durante o mês de Janeiro verificou-se o movimento do


quadro abaixo. Considerando a taxa de juro anual de 4%, determine o juro vencido pela
conta durante o referido mês e o respectivo saldo.

Resolução

EXERCÍCIOS

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1. Um estudante do ISGN decidiu abrir a sua conta de depósito a ordem num banco
da praça, tendo para o efeito realizado os seguintes movimentos:

Sabendo que foi utilizada a taxa de juro de 4%, determine:


a) O juro vencido e o capital fial usando os métodos do divisor fixo e do
multiplicador fixo.
2. Calcule o juro total produzido no final de 31/12/2014, da seguinte conta corrente
da sra. Baizana considerando a taxa de juro anual de 6%:
a) Método dos divisores fixos
b) Método dos multiplicadores fixos.

3. Calcule o juro total produzido no final de 31/12/13, da seguinte conta corrente


de uma estudante deste Instituto, usando os métodos dos Divisores fixo e do
multiplicadores fixos. Sabe-se que a partir de 01/07/13 começou a vigorar a taxa
anual de 15% em substituição da anterior que era de 8% ao semestre.

4. No dia 01 de Março de 2013, a Sra. Bunda Mabunda depositou 85.000,00MT.


No dia 01 de Agosto do mesmo ano ela efectuou um novo depósito no valor de

Cálculo financeiro I: Processo de capitalização Pá gina 11


50.000,00MT. No dia 01 de Junho de 2014 ela levantou 24.000,00MT. No dia
01 de Novembro de 2014 depositou 70.500,00MT. No dia 01 de Julho de 2015
levantou 37.500,00MT. Calcule pelo método dos divisores fixos o valor
acumulado (Capital+Juros) em 31 de Dezembro de 2015. Sabendo que a taxa em
vigor foi de 2%.

Docente: Samuel Menomussanga

Cálculo financeiro I: Processo de capitalização Pá gina 12

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