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UNIDADE ORGÂNICA DA MATOLA

Disciplina de Cálculo Financeiro I

FICHA DE APOIO Nº4

3. EQUIVALÊNCIA DE TAXAS DE JURO

Quando falamos do processo de capitalização nas aulas anteriores, analisamos o


processo de capitalização pressupondo que o período de produção de juro ou período de
capitalização, tem uma amplitude igual ao período de referência da taxa de juro.

Por exemplo: a capitalização trimestral e a taxa de juro convencionada são também


referidas ao trimestre.

Acontece muitas vezes que a taxa de juro fixada não é referida ao período de
capitalização. Por exemplo, uma instituição bancária pode anunciar que aceita depósitos
por prazos superiores a um ano, em condições de remunerar à taxa anual de 5%,
capitalizando trimestralmente.

Neste caso descrito, há problema de incoerência, pois, questiona-se a produção


trimestral de juro, quando a taxa dada é anual. A solução deste problema, passa
necessariamente pela determinação de uma taxa de juro trimestral que seja equivalente à
taxa anual convencionada. Deste modo, elimina-se o problema da disparidade entre
período de capitalização e período de taxa de juro.

O problema da disparidade entre o período de capitalização e o período de taxa de juro


leva-nos a questão da equivalência ou classificação de taxas de juro referidas a
diferentes unidades de tempo. Assim, as taxas de juro podem ser classificadas em:

 Taxas Equivalentes e Taxa Proporcionais;


 Taxas Efectivas e Taxas Nominais;
 Taxas Anuais e Taxas Periódicas;

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 Taxas Activas e Taxas Passivas.

3.1 Taxas Equivalentes e Taxas Proporcionais

A origem da distinção entre taxas equivalentes e taxas proporcionais está no facto de


elas reflectirem ou não o efeito de capitalização.

3.1.1 Taxas Equivalentes

Duas taxas i e referidas a períodos diferentes, consideram-se equivalentes quando

aplicadas ao mesmo capital durante o mesmo período de tempo produzirem o mesmo


valor acumulado. Também pode-se dizer que duas taxas de juro, sendo uma anual e
outra periódica (subanual), dizem se equivalentes quando precisamente geram o mesmo
capital acumulado ao fim de um mesmo período de tempo.

Especificamente, a taxa equivalente é aquela que obtida a partir da equação de


equivalência de taxa, tendo como pressuposto o regime de capitalização composto.

Considerando a expressão algébrica que representa a Equação de Equivalência, temos:

Onde:

Exemplo:

1. Qual é a taxa anual equivalente à taxa semestral de 3%?

2
2. Qual a taxa mensal equivalente a taxa trimestral de 5%?

3.1.2 Taxas Proporcionais

Taxas proporcionais são aquelas referidas a períodos diferentes cuja relação é igual aos
seus períodos de referência. Numa relação de proporcionalidade temos dois tipos de
taxas (taxas efectivas e nominais). Taxas efectivas são aquelas cujo período de
referência coincide com o período da capitalização. Taxas nominais são aquelas cujo
período de referência é diferente com o de capitalização e é obtida por
proporcionalidade directa em função do tempo.

Duas taxas dizem-se proporcionais entre si se a razão (quociente) entre elas coincide
com a razão (quociente) entre os respectivos períodos a que estão reportadas. Note-se
que, sendo assim, elas não reflectem a existência de sucessivas capitalizações.

Relação de proporcionalidade:

Exemplo:

1. Determine a taxa semestral proporcional à taxa anual de 10%.

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2. Determine a taxa anual proporcional à taxa trimestral de 2%.

3.2 Taxas Efectivas e Taxas Nominais

3.2.1 Taxa Efectiva

Taxa efectiva é aquela que leva em consideração o efeito de sucessivas capitalizações,


pelo que a taxa periódica é calculada segundo uma relação de equivalência.
Especificamente, taxa efectiva é aquela que de facto, vigora no processo de
capitalização. Quando o período da taxa coincide com o período de capitalização, a
referida taxa envolvida na produção de juro, chama-se efectiva.

Exemplo: taxa de juro anual, capitalização anual; taxa de juro semestral, capitalização
semestral; taxa de juro mensal, capitalização mensal.

3.2.2 Taxa Nominal

Taxa nominal é aquela que não leva em consideração as sucessivas capitalizações, pelo
que a taxa periódica é calculada segundo uma relação de proporcionalidade, isto é, a
conversão do período de referência das taxas de juro nominais faz-se pela da
proporcionalidade. Especificamente, taxa nominal é aquela declarada ou anunciada
pelas autorid

ades financeiras (Bancos comerciais, cooperativas de crédito, etc.). Contudo, para


subperíodos de capitalização (formação de juros periódicos), utiliza-se uma taxa

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proporcional efectiva. Nestes casos em que o período de referência da taxa não coincide
com o período de capitalização, a referida taxa chama-se nominal.

3.3 Taxas anuais e Taxas periódicas

A essência da distinção entre taxa anual e periódica é o período a que a taxa está
referida. Uma taxa diz se anual se estiver reportada ao ano. Qualquer taxa reportada à
outro período diz-se, genericamente, periódica, sendo que esta designação deverá ser
definida em cada caso, referindo que a taxa é mensal, ou trimestral, quadrimestral,
semestral, etc.

3.4 Taxas Activas e Taxas Passivas

As instituições bancárias têm usado dois tipos de taxas: activas e passivas. Taxas activas
são aquelas que vigoram nas operações de empréstimos. Para as instituições bancárias,
os empréstimos são operações activas, visto que proporcionam-lhes rendimento
adicional (juro).

Taxas passivas são aquelas que vigoram nos processos de depósitos a prazo porque os
depósitos aumentam a estrutura de custos dos bancos, uma vez que as instituições
bancárias têm obrigação de remunerar os depósitos através de pagamento de juros.

3.5 TAEG e TAEL


É frequentes as instituições financeiras publicitarem as taxas de juro das operações
financeiras que realizam, por exemplo, empréstimos para habitação ou depósitos a
prazo. Frequentemente os valores publicitados correspondem às taxas nominais, não
correspondendo por isso ao custo ou benefício efectivo para o cliente.
Por exemplo no caso de empréstimos para habitação, o pagamento das prestações é em
geral mensal. Se um banco anuncia uma taxa de juro anual de 6%, habitualmente isso
significa que o cliente vai pagar uma taxa de juro de 6/12 = 0,5% todos os meses, o que
é mais do que pagar 6% de juros no final do ano: 0,5 % mensal corresponde a uma taxa
efectiva anual de (1 + 0,005 )12/1 - 1 = 6,17%. Embora a diferença possa parecer
pequena, para valores de capitais elevados ela é significativa.
Além desta “nuance” que pode induzir o cliente em erro, há em geral um conjunto de
comissões e impostos associados a qualquer operação financeira, que dependem da
operação a realizar e da própria instituição.

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No sentido de permitir a informação mais rigorosa aos clientes, que em geral são leigos
na matéria, todas as instituições são obrigadas a dar informação, mesmo na publicidade,
sobre as taxas efectivas praticadas que englobam (quase) todos os encargos, designadas
de TAEG (para empréstimos a efectuar por entidades financeiras) e TAEL (para
remuneração de depósitos bancários).

TAEL – taxa anual efectiva líquida (taxa de juro paga ao cliente depois de descontadas
comissões e imposto)
TAEG – taxa anual de encargos efectiva global (taxa de juro que o cliente paga e que
engloba as despesas para cobrança dos reembolsos, encargos fiscais e despesas de
concessão dos empréstimos)
Estas taxas aparecem habitualmente nas letras pequenas da publicidade escrita e
televisiva e no final dos anúncios na rádio, e só através delas podemos determinar o que
realmente vamos pagar ou receber.

Exercícios
1. Dada uma taxa de juro anual efectiva de 10%, determine as seguintes taxas periódicas
equivalentes:
a) Semestral R:4,88090%
b) Trimestral R: 2,4114%
c) Mensal R: 0,7974%

2. Dada a taxa de juro anual efectiva de 15%, determine as taxa equivalentes para os
seguintes períodos:
a) mês R: 1,1715%
b) 3 meses R: 3,5558%
c) 4 meses R: 4,769%
d) 6 meses R: 7,2381%
e) 8 meses R: 9,7653%
f) 15 meses R: 19,0892%
g) 18 meses R: 23,3238%

3. Dada a taxa trimestral de 3,5%, calcule as seguintes taxas efectivas:

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a) Taxa anual efectiva R: 14,7523%
b) Taxa semestral efectiva R: 7,1225%
c) Taxa quadrimestral efectiva R: 4,6937%
d) Taxa bimestral efectiva R: 2,3199%
e) Taxa mensal efectiva. R: 1,1533%

4. Num dado processo de capitalização, o juro produz se trimestralmente, à taxa anual


de 20%. Pergunta-se:
a) Qual é a taxa anual afectiva, se 20% for nominal? R: 21,55%
b) Qual é a taxa anual nominal, se 20% for efectiva? R: 18,65%

4 PERÍOD O NÃO INTEIRO DO PROCESSO DE CAPITALIZAÇÃO

Fazendo uma pequena retrospectiva, verificar-se-á que quando falamos de capitalização,


considerávamos os processos de capitalização que duravam um número inteiro (n) de
períodos de capitalização. Mas na prática, há casos em que os processos podem durar
um número não inteiro de período de capitalização. Para tal vai-se introduzir novos
conceitos, nomeadamente:

 Solução Teórica
 Solução Prática

Até agora, consideramos processos de capitalização cujos períodos são inteiros.

Vamos considerar a existências de processos de capitalização que podem durar número


não inteiro do período de capitalização (n+x/p), em que (n) é o número inteiro de
períodos de capitalização, (p) é o subperíodo de capitalização e (x) a fracção do
subperíodo.

Se durante os (n) períodos inteiros, a capitalização decorrer à taxa efectiva (i), a questão
que se coloca é: qual a taxa que vai vigorar no subperíodo (x/p)?

Para esta questão, temos duas respostas:

 Teoricamente, a taxa de juro vigente na fracção (x/p), deve ser uma taxa
efectiva, o que implica ser taxa equivalente à (i).
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 Na prática, é sempre corrente adoptar na fracção (x/p) uma taxa proporcional à
(i).

Neste contexto, podemos ter duas soluções: solução teórica e solução prática.

4.1 Solução Teórica

Na fracção (x/p) vigora uma taxa equivalente. Se a taxa (i) vigora em períodos inteiros
de capitalização, na fracção (x/p) vai vigorar a taxa equivalente.

A partir da equação de equivalência podemos determinar com base na taxa do período

inteiro (i), a taxa ( que vai vigorar na respectiva fracção (x/p).

Note que, se a capitalização for anual, então o período maior será p=1 ano e o período
menor será x=1 mês, 1 bimestre, 1 trimestre, 1 quadrimestre, 1 semestre, etc. O período
menor (x) refere-se a qualquer fracção do ano dependendo do processo de capitalização.

O juro produzido no tempo (x/p) pode ser simples ou composto conforme o tipo de
processo capitalização e é obtido multiplicando o capital em processo de capitalização
por aquela taxa que vigorar na referida fracção do ano.

O juro da fracção em regime simples resulta do produto entre o investimento inicial e a


taxa de juro vigente na respectiva fracção:

O capital acumulado em regime simples é dado pela soma do investimento inicial e o


juro da respectiva fracção:

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Em regime dito simples, o juro da fracção é o mesmo que o juro em regime simples
puro. O capital acumulado é a soma entre o capital final do período inteiro de
capitalização e o juro da respectiva fracção:

O juro da fracção em regime composto:

O capital acumulado:

Exemplo:

Um capital de 80.000,00MT esteve colocado durante 7 anos e 5 meses em regime


composto, capitalização quadrimestral, à taxa anual nominal de 24%. Determine o
capital acumulado, considerando para a eventual fracção do período a solução teórica.

Dados:
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Solução Teórica:

4.2 Solução Prática

Na fracção (x/p), vigora uma taxa proporcional. Se a taxa (i) vigora em um período
inteiro, na fracção (x/p) irá vigorar a taxa proporcional.

i__________________1 ano

ix/p________________x/p

O juro produzido na fracção (x/p) em regime simples é:

O capital acumulado será:

O capital acumulado em regime dito simples será dado pela equação:

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O juro produzido na fracção (x/p) em regime composto:

O capital acumulado:

Exemplo:

Um capital de 80.000,00MT esteve colocado durante 7 anos e 5 meses em regime


composto, capitalização quadrimestral, à taxa anual nominal de 24%. Determine o
capital acumulado, considerando para a eventual fracção do período a solução teórica.

Dados:

Solução Prática:

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Exercícios

1. Determine o juro produzido em regime simples por 100 contos, colocados


durante 8 meses, a taxa de juro anual de 3%, tendo em conta:
a) Solução teórica
b) Solução prática
2. Um capital de 1000 contos esteve colocado durante 10 anos e 11 meses, num
processo de capitalização semestral, em regime composto com uma taxa anual
nominal de 4,5%. Calcule o capital acumulado, tendo em conta que na eventual
fracção do período de capitalização, vigorou:
a) Taxa equivalente
b) Taxa proporcional
3. Capital de 6.000 contos, foi colocado durante 3 anos e 5 meses, num processo
de capitalização simples de período quadrimestral, à taxa de juro anual nominal
de 15%. Determine o juro produzido no último quadrimestre, supondo que na
eventual fracção do período, vigorou:
a) Taxa equivalente
b) Taxa proporcional

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