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Análise e Gestão de Projectos de Investimentos - IMETRO

Sebenta de Análise e Gestão


de projectos de investimento

Luanda, 2022

Material de Apoio - Disciplina de: Análise e Gestão de Projectos Financeiros 2º ano – Economia
Análise e Gestão de Projectos de Investimentos - IMETRO

Índice

1. Enquadramento e Conceitos básicos ............................................................................. 3


1.1. Gestão Financeira ...................................................................................................... 4
1.2. Gestão Estratégica ..................................................................................................... 5
1.3. Análise de Investimento........................................................................................... 6
2. Analise estratégica e a análise de projectos de investimentos ................................ 7
2.1. Relação entre os projectos de investimentos ...................................................... 8
2.2. Oportunidades de Investimento............................................................................. 9
3. Critério de Decisão de Investimento ............................................................................. 9
3.1. Taxa Média de Rendibilidade.................................................................................. 9
3.2. Valor Actual Liquido (VAL) .................................................................................... 11
3.2.1. Conceito ............................................................................................................. 11
3.2.2. Interpretação do VAL...................................................................................... 11
3.2.3. Critério do VAL ................................................................................................. 12
3.3. Índice de Rendibilidade ......................................................................................... 12
3.3.1. Conceito ............................................................................................................. 12
3.3.2. Interpretação ................................................................................................... 12
3.3.3. Critério .............................................................................................................. 13
3.4. Período de Recuperação do Investimento (Payback) ...................................... 13
3.4.1. Conceito ............................................................................................................. 13
3.4.2. Payback simples .............................................................................................. 13
3.4.3. Payback Descontado (Actualizado) ............................................................. 14
3.4.4. Critério .............................................................................................................. 14
3.5. Taxa Interna de Rendibilidade (TIR) .................................................................. 15
3.5.1. Conceito ............................................................................................................. 15
3.5.2. Interpretação ................................................................................................... 15
4. Exercícios Propostos....................................................................................................... 16
5. Bibliografias ..................................................................................................................... 17

Material de Apoio - Disciplina de: Analise e Gestão de Projectos Financeiros 2º ano – Economia
Prof. Paulo Quimbango
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1. Enquadramento e Conceitos básicos

Em Administração de Empresas, somos confrontados com momentos de decisão de


investir ou desinvestir, como seja, ponderar a entrada em novas áreas de negócios,
modernizar, expandir ou mesmo criar alianças, fusões ou aquisições, portanto, essas
decisões enquadram-se na Gestão Estratégica das Empresas e, influenciam o valor
de médio e longo prazo dos Projectos de Investimentos Reais.
As decisões de aceitação ou rejeição, passam por critérios de seleção de recursos
financeiros, humanos, materiais e tempo para a sua execução, com objectivo de se
obter retornos atrativos para os acionistas, maximizando assim a sua riqueza.
O principal objectivo é o de explorar as oportunidades de negócios, no sentido de
incrementar a capacidade de potenciar riqueza do capital, mesmo que tais decisões
de investimento não tenham uma relação direta com as operações da empresa
(activos extra exploração).
Por outro lado, temos os investimentos de natureza meramente financeiro, com o
objectivo de obtenção do lucro e criação de retorno através da participação no
capital de outras empresas. Em termo da Gestão Estratégica podemos encontrar
investimentos de substituição, expansão ou modernização e inovação.
No que respeitam os objectivos dos projectos, eles podem ser meramente
financeiros no qual a empresa pode explorar novos negócios para maximizar a
rentabilidade do capital, negócios com ou sem ligações com a actual empresa.
Os projectos de substituição, têm como objectivo principal a renovação
(substituição) do equipamento da empresa, quer pelo facto de estes terem
“envelhecido” pelo desgaste da sua utilização, que mesmo por obsolência
tecnológica.
A análise de investimento, procura medir os resultados resultantes do projecto
através da comparação da situação “sem projecto” com a situação da empresa “com
projecto”, é com base em custos e benefícios incrementais que se pode proceder a
análise para se encontrar a decisão mais correcta.
No que respeita aos projectos de expansão, os promotores do projecto têm como
objectivo, aumentar o volume de negócios da empresa e de diversas formas:
• Pela entrada em seguimentos geográficos de mercado ainda por explorar, ou
que, sendo explorado, a procura aumentou.
• Introdução de um ou mais produtos a par dos já introduzidos, havendo o
risco de a concorrência ocupar terreno no mercado em caso de renúncia.
Os projectos de Inovação, têm como objectivo encontrar pontos de melhoria em
produtos já produzidos e também no lançamento de um novo produto, no
pressuposto que ainda não tenha sido desenvolvido por outras empresas
concorrentes.

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Em análise de projectos, pretendemos responder as seguintes pretensões:

• Entender a viabilidade comercial do projecto, sendo necessário mensurar o


nível de procura e oferta do mercado, no sentido de avaliar o grau de sucesso
do produto, a dimensão do mercado, elementos essenciais à configuração
inicial de um Plano de Investimento;
• Definir a viabilidade técnica do Projecto, no que respeita a tecnologia a ser
implementada, que em determinadas situações é necessário ter em atenção
a dimensão do mercado no sentido de avaliar o efeito de economia de escala.
• Possibilidade de financiamento: a estrutura de capitais proposta é possível
com a capacidade financeira da empresa e em conformidade com as
condições actuais exigidas pelas instituições de financiamento.
Os analistas financeiros trabalham em estreita colaboração com os técnicos no
sentido de se estudar cenários alternativos de planos de investimento face a
eventuais dificuldades de captação de recursos financeiros.

1.1. Gestão Financeira


Do ponto de vista organizacional, a análise de investimentos enquadra-se no âmbito
da gestão financeira. Numa primeira fase, o papel da função financeira identificava-
se com o papel de tesoureiro, sendo a preocupação central assegurar o equilíbrio
financeiro de curto prazo através de uma adequada gestão operacional de cobranças
e pagamentos decorrentes da actividade normal da empresa (“gestão de meios
financeiros líquidos”).
Posteriormente, à função de tesoureiro veio a juntar-se a problemática das fontes
de financiamento. As decisões de financiamento passam a integrar as
responsabilidades da gestão financeira, sendo a preocupação central a recolha
atempada e ao menor custo dos capitais necessários ao funcionamento e
desenvolvimento da organização.
Finalmente, à gestão financeira junta-se a análise e controlo da rentabilidade
previsional e efectiva das aplicações de fundos, sejam estas de carácter económico
ou meramente financeiro. Com estas novas responsabilidades a função financeira
envolve-se de forma activa nas decisões de investimento e respectivo controlo.
Em síntese, as decisões que envolvem as Gestão Financeira são:
• Em que activos reais e financeiros deve a empresa investir / desinvestir?
• Como e onde obter os recursos financeiros necessários para financiar esse
investimento?
• Como remunerar esses fundos?

Em última análise, o gestor financeiro responde perante os acionistas, que são os


proprietários da empresa. Desta forma, qualquer decisão que aumente o valor
da posição na empresa é benéfica. Assim sendo, poderá dizer-se que uma boa

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decisão de investimento será aquela em que a compra de um activo real produz um


valor superior ao seu custo – um activo que proporcione o contributo líquido para o
valor da empresa.
1.2. Gestão Estratégica
A actividade empresarial, tal como a conhecemos hoje, não pode ignorar o contexto
em que a organização se encontra inserida. Os empresários, quer se encontrem já
no mercado quer pretendam iniciar um negócio, deparam-se com múltiplos
desafios. Estes são colocados não só pela envolvente externa como é o caso da
concorrência, mas também provêm do interior da sua organização, encontrando-se
aqui os aspectos de gestão interna.
Neste sentido, a gestão estratégica ou planeamento estratégico desempenha um
papel fundamental no sucesso das organizações. A estratégia não é mais do que o
direcionamento do âmbito de actividade (gama de actividades) de uma organização,
a médio e longo prazo, que assegure vantagens para a mesma, através da
configuração dos seus recursos num ambiente em mudança, para satisfazer as
necessidades de mercado e para cumprir com as expectativas dos centros de
interesse (stakeholders) predominantes.

Assim, as decisões estratégicas ao nível da empresa comportam três níveis:


Estratégico (por exemplo apresentação de um novo produto no mercado);
Táctico (por exemplo realização de uma campanha publicitária);
Operacional (por exemplo realização de um desconto comercial);

O processo de planeamento estratégico numa empresa passa sempre


necessariamente pelas seguintes fases:
Definição da estratégia (tendo em consideração a missão, meio envolvente,
políticas e objectivos);
Implementação da estratégia;
Controlo da estratégia (levando a uma redefinição de certos parâmetros do
planeamento estratégico caso se entenda necessário).

Estas decisões são suportadas pela análise estratégica. Nesta, o estratega preocupa-
se em compreender a posição estratégica da organização. Esta análise tem como
objectivo formular uma visão das influências presentes e futuras no bem-estar da
organização, bem como, avaliar quais as oportunidades que são oferecidas quer pelo
ambiente em que está inserida, isto é, pelo mercado, quer pelo desenvolvimento de
competências dentro da própria organização.

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Fig. 1. Empresa como um sistema aberto e dinâmico

CONJUNTURA INTERNACIOAL

ENVOLVENTE CONTEXTUAL

ENVOLVENTE TRANSACCIONAL
POLÍTICO SOCIAL

FORNECEDORES
CLIENTE
S
LEGAL
CULTURAL
ESCOLAS
EMPRESA
ESTADO

ECONÓMICO CONCORRENTES TECNOLÓGICO


COMUNUDADE

FINANCEIRO

1.3. Análise de Investimento


A análise de investimentos, é habitualmente referida como a técnica que apoia a
tomada de decisões quanto à implementação de um investimento, a partir da
determinação da relação de grandeza entre os respetivos custo e benefícios
esperados. Isto é, a técnica que permite aferir da viabilidade económico-financeira
daquele.
A análise tem subjacente, por parte do analista, o domínio de um conjunto alargado
de conhecimentos. Daí que, em termos científicos, a Análise de Investimentos seja
considerada uma área de síntese. A Figura 2 ilustra essa realidade.

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Fg. 2. A Análise de Investimento como área de síntese

CONTABILIDADE MARKETING ESTRATÉGIA


EMPRESARIAL

OUTRAS ANÁLISE DE OUTRAS


INVESTIMENTO

FINANÇAS ECONOMIA ENGENHARIA

Disciplinas como a Contabilidade, as Finanças, o Marketing, a Estratégia


Empresarial, a Economia, a Engenharia, entre outras, são domínios em que o
analista-preparador de projetos de investimento tem de se sentir à vontade ou,
então, tem de contar com o apoio de especialistas. O duplo sentido das relações
apresentadas na figura simboliza o facto da análise de um investimento ser, também,
um processo interativo.
O projeto de investimento – por vezes usado na linguagem coloquial com sentido
idêntico ao de «investimento» –, é o instrumento que contém a definição do
montante dos recursos a aplicar (o custo), a mensuração no tempo dos benefícios
futuros esperados, as condições de financiamento do investimento e, também, entre
outra informação, as condições técnicas a ter em consideração para atingir os
objetivos pretendidos com o investimento. É, pois, documento de apoio à análise e,
posteriormente, caso a decisão seja positiva, na fase da implementação do
investimento.

2. Análise estratégica e a análise de projectos de investimentos

Entre a definição das opções estratégicas e sua implementação propriamente dita,


existe uma fase que, grosso modo, corresponde ao estudo da melhor forma de
operacionalizar as opções estratégicas. Trata-se de definir concreta e
objectivamente, quais os recursos físicos, humanos e financeiros que vamos utilizar
e que benefícios potenciais advêm dessa conjugação de recursos. Este estudo
consiste basicamente na análise e avaliação de todo um conjunto de oportunidades
concretas ao nível de produtos, mercados, unidades de produção, equipamentos,
canais de distribuição, etc., com os quais a organização se depara para concretizar
as suas opções estratégicas. Esta análise corresponde, basicamente, à análise,
avaliação e seleção de opções de investimento. Por exemplo, se uma empresa
industrial opta por estratégia de desenvolvimento baseado no baixo custo,

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centrando o seu nível de competitividade no preço, irá deparar-se com opções de


investimento totalmente diferentes duma empresa que opte por uma estratégia de
diferenciação, onde a qualidade, proximidade ao cliente e a diferenciação técnica e
comercial do produto são factores críticos de sucesso.
A ideia central é que na base de qualquer oportunidade de investimento concreta
está uma opção estratégica. Esta ideia está patente na afirmação de Farinha (2002),
citado por Marques e Queiros (2013), ao afirmar que “à estratégia compete a escolha
da floresta e à análise de investimentos compete a escolha das arvores dentro da
floresta identificada”. De igual modo, Brealey (1996) comenta que “planeamento
estratégico tenta identificar as áreas de actividade nas quais a empresa tem
verdadeiras vantagens competitivas, tenta, ainda, não só identificar os negócios a
vender ou a liquidar como também as actividades em declínio que se deveriam
abandonar. O planeamento estratégico é, de facto, uma decisão de investimento em
grande escala”.
A análise de investimento assume assim um papel central no âmbito da gestão
estratégica, constituindo um fator crítico de sucesso na fase da implementação.
Segundo Farinha (2000), uma boa gestão de projectos de investimento caracteriza-
se por:
• Capacidade de geração de propostas de investimento;
• Recolha de informação não enviesada para cada uma das propostas de
investimentos;
• Estimativa dos cash-flows de cada projecto;
• Selecção de projectos de acordo com critérios de aceitação consistentes com
o princípio da maximização do valor para os sócios/acionistas;
• Adequada gestão da implementação.

2.1. Relação entre os projectos de investimentos

Os projectos de investimentos podem ser independentes ou apresentar alguma


dependência. Neste caso poderemos ter três situações:
a) Complementares: Quando a implementação de um projecto afecta
positivamente o outro. Por exemplo, quando se realiza um projecto de
investimento no fabrico de móveis e outro numa loja de venda ao público
também de móveis.
b) Concorrentes: quando a realização de um projecto tem um impacto negativo
na realização e outro. A criação de uma nova marca de produtos destinadas
ao mesmo segmento de mercado em que a empresa já tem oferta pode
influenciar negativamente as vendas do seu produto tradicional, no entanto,
esta estratégia poderá ter outros objetivos, como ganho de quota de mercado
por parte da empresa como um todo.
c) Mutuamente exclusivos: quando a realização de um projecto inviabiliza a
realização de outro. Por exemplo, se a empresa necessita adquirir uma

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viatura para a distribuição dos seus produtos, só vai investir numa viatura,
não podendo diversificar os seus investimentos.
d) Independentes: nesta situação, a realização de um investimento não tem
qualquer influência na realização de outro.
Quando estamos na fase da análise dos investimentos, esta classificação vai
determinar os instrumentos a utilizar na escolha dos investimentos.

2.2. Oportunidades de Investimento

A riqueza que você possui hoje só pode ter dois destinos: ou é consumida, ou é
investida. A riqueza que for consumida proporciona satisfação imediata e segura,
enquanto a riqueza que for investida irá proporcionar satisfação diferenciadas no
tempo, cujo o montante estará sujeito a alguma incerteza. A escolha que cada um de
nós fará entre consumir ou investir vai depender de duas variáveis: o valor que
obtemos com o investimento em concreto e a preferência relativa que temos
entre consumir hoje ou no futuro. É um assunto do âmbito da microeconomia.
Indivíduos com maior propensão para o consumo presente realizarão menos
investimentos, enquanto indivíduos com maior propensão para o consumo futuro
serão investidores.

3. Critério de Decisão de Investimento

A avaliação de investimento pode ser feita com base a avaliação de diversos


critérios, seja de forma independente, seja de forma complementar. A seguir vamos
apresentar alguns critérios básicos de avaliação de investimentos.
3.1. Taxa Média de Rendibilidade

Este indicador é de cálculo fácil e expedido, não necessitando de conhecimentos


profundo sobre conceitos de finanças empresariais. É, por isso, utilizado numa
primeira abordagem expedita por parte dos investidores. Resulta da divisão simples
dos Resultados Líquidos Anuais Médios (RLAM) pelo valor contabilístico do Capital
Médio Investido (CMI):
𝑅𝐿𝐴𝑀
TMR= 𝐶𝑀𝐼

Exemplo: Um investimento no valor de 9.000,00 cuja a depreciação será


contabilisticamente realizada em 3 anos pelo método das quotas constantes. Os
valores associados ao investimento são os seguintes:

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Ano 1 2 3
Gastos de Exploração 6.000 5.000 4.000
Rendimentos 12.000 10.000 8.000

Qual o valor da TMR?

Pelos dados contabilísticos apresentados, conseguimos estimar as duas grandezas


que necessitamos. Para isso, temos de passar pelos seguintes cálculos intermédios.
Investimento e Depreciações:
Ano 0 1 2 3
Valor Bruto do Equipamento 9.000 9.000 9.000 9.000
Depreciação Acumulada -3.000 -6.000 -9.000
Valor Líquido 9.000 6.000 3.000 0

Demonstração de Resultados:
Ano 0 1 2 3
Rendimentos 0 12.000 10.000 8.000
Gastos de Exploração 0 -6.000 -5.000 -4.000
Depreciação do período 0 -3.000 -3.000 -3.000
Resultado Líquido 0 3.000 2.000 1.000

3.000 + 2.000 + 1.000


𝑅𝐿𝐴𝑀 = = 2.000
3

9.000 + 6.000 + 3.000 + 0


𝐶𝑀𝐼 = = 4.500
4

2.000
𝑇𝑀𝑅 = = 44,44%
4.500

Será possível realizar o investimento se o investidor exigir uma taxa de


rendibilidade inferior a 44,44%.

Note-se que uma limitação que este critério tem centra-se na facto de não considerar
o valor do dinheiro no tempo, pois está a somar capitais em momentos diferentes
do tempo, ou seja, sem proceder à sua actualização.

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3.2. Valor Actual Liquido (VAL)

3.2.1. Conceito

Chama-se valor actual liquido (VAL) ao excedente do acumulado dos fluxos líquidos
de tesouraria, ou cash flow de exploração actualizados (CFEact), calculados para
todo tempo de vida útil do investimento, subtraídos do montante do capital
investidos.

𝑉𝐴𝐿 = ∑ 𝐶𝐹𝑎𝑐𝑡 − 𝐶𝐼

Ou
1
𝑉𝐴𝐿 = −𝐶𝐼 + ∑ 𝐶𝐹
(1 + 𝑖)ͭ
CFact – Fluxo de caixa actualizado

CI – Capital Investido

t – Período

Exemplo: VAL de um investimento com cash flows constantes.


Imagine que recebe uma proposta de um empresário para investir 30.000,00, o que
lhe irá proporcionar 5 cash flows anuais de 10.000, 00 cada. Qual o seu VAL, sabendo
que a sua taxa de custo de capital k=10%?
10.000(1,1)−1 + 10.000(1,1)−2 + 10.000(1,1)−3 + 10.000(1,1)−4 + 10.000(1,1)−5 = 37.908

VAL=37.908 – 30.000 = 7.908

O investimento é totalmente recuperado, depois de ser actualizado a uma taxa


(10%), que já inclui um prêmio de risco e ainda é criado um excedente de 7.908,00
relativamente ao investimento inicial, em valores actuais.

3.2.2. Interpretação do VAL


O VAL dá-nos uma noção de rendibilidade do capital pois diz-nos quanto é que sobra
(se é que sobra) após:
✓ A recuperação total do investimento;
✓ A remuneração do capital investido a uma taxa igual a utilizada para avaliar
o custo do capital, o que inclui uma taxa isenta de risco e um prêmio de risco
(poderá incluir ainda a actividade empresarial no caso de gestor e
empresário coincidirem).

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Assim, de uma forma intuitiva poderá definir VAL como valor esperado, no
momento imediato (actual), pelo qual a empresa (ou empresário) aumenta seu
patrimônio se o investimento for realizado.

3.2.3. Critério do VAL

Naturalmente que, se sobra algum valor após a recuperação do investimento e a sua


remuneração mínima, o critério financeiro aponta para a decisão de investir. Caso
contrário, o projecto deverá ser reformulado ou abandonado:
VAL Critério
>0 Investir
<0 Não Investir
=0 Indiferença

Assim, se o VAL for positivo, irá aumentar a riqueza dos acionistas, o que equivale a
dizer que a empresa pagará menos em termo de reembolso de capital do que o valor
gerado pelo investimento. Por isso, a recuperação do capital investido e o seu
retorno são superior ao que poderia obter-se em aplicações alternativas, o que
implica o aumento da riqueza/valor dos acionistas. Conclui-se, portanto, que o
investimento proporciona aos acionistas, em termos previsionais uma taxa de
retorno superior a exigida, e por virtude da criação de um excedente de valor, no
montante do VAL.
Na presença de investimentos mutuamente exclusivos/ alternativos, será de aceitar
aquele que proporcionar o VAL mais elevado, pois vai de encontro aos objetivos dos
gestores de maximizar o valor de empresa.

3.3. Índice de Rendibilidade


3.3.1. Conceito

O índice de rendibilidade vem colmatar a insuficiência do VAL em relativizar o seu


valor, pois conseguimos saber quantas vezes é que multiplicamos o capita investido,
durante o período considerado, obviamente.
Simplificadamente, temos:
𝐶𝐹𝐸𝑎𝑐𝑡
𝐼𝑅 = ∑
𝐶𝐼
3.3.2. Interpretação

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Relacionando as entradas de tesouraria (numerador) com investimento


(denominador), sabemos quantas vezes é que essas entradas são superiores aos
investimentos. Assim, se o IR apresenta um valor de, por exemplo, 1,6, significa que:
✓ Há uma recuperação total do investimento;
✓ Há uma remuneração do capital investido a uma taxa igual a utilizada para
avaliar o custo do capital;
✓ E ainda conseguimos aumentar a riqueza do empresário em 60% do capital
investido.

3.3.3. Critério

O índice de rendibilidade e o VAL são dois indicadores que estão intimante


relacionados. Quando o VAL é positivo o IR é superior à unidade; Quando o VAL é
negativo, o IR é inferior à unidade. Assim, teremos seguinte critério meramente
financeiro:

IR Critério
>1 Investir
<1 Não investir
=1 Indiferença

Então, se a informação é a mesma que nos proporciona o VAL, porque que


precisamos dela? Porque conseguimos saber, por unidade monetária investida,
quanto conseguimos obter de retorno. Por exemplo, com este indicar conseguimos
escolher a melhor opção quanto estamos perante a situações de restrições de fundo.

3.4. Período de Recuperação do Investimento (Payback)


3.4.1. Conceito

A segunda insuficiência do VAL pode ser colmatada com a determinação do período


de recuperação do investimento. Com este indicar conseguimos saber em que altura
do projecto é que os capitais investidos são totalmente recuperados.

3.4.2. Payback simples

O PRI simples é fácil de calcular, apesar dele apresentar muitas insuficiências


quando na sua análise de viabilidade, pois ele não considera o valor do dinheiro no
tempo.

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Exemplo: Um investidor fazendo um investimento de 150.000, tendo este um fluxo


de caixa de 50.000 durante 4 anos.
Somando os Cash flows teremos a recuperação do investimento no 3º ano.
Lembramos que esta ideia é falsa, pois não é considerado o valor do dinheiro no
tempo.
3.4.3. Payback Descontado (Actualizado)

O PRI descontado considera o valor do dinheiro no tempo. Considerando o exemplo


anterior a uma taxa de 10%, temos:

Cash Flows Cash Flows


Anos Cash Flows
Actualizados Acumulado
0 - 150 000,00 - 150 000,00 - 150 000,00
1 50 000,00 45 454,55 - 104 545,45
2 50 000,00 41 322,31 - 63 223,14
3 50 000,00 37 565,74 - 25 657,40
4 50 000,00 34 150,67 8 493,27

25.657,40
PRI=3 + 34.150,67 = 3,75

Quer dizer que por essa via do Payback descontado (actualizado) o investimento
será recuperado em 3 anos e 75% de 12 meses, o que quer dizer 3 anos e mais 9
meses.
3.4.4. Critério

O Payback (PRI) e o VAL são dois indicadores que também estão intimamente
relacionados. Quando o VAL é positivo, o payback é inferior ao período de vida útil
prevista para o projecto; quando o VAL é negativo, o payback não permite a total
recuperação dos investimentos dentro do período de vida útil previsto. Por isso, o
critério meramente financeiro é o seguinte:

PRI Critério
< Vida Útil Investir
> Vida Útil Não investir
= Vida Útil Indiferença

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3.5. Taxa Interna de Rendibilidade (TIR)


3.5.1. Conceito

Para além de saber se o investimento é ou não recuperado, e por quantas vezes


consegue multiplicar o investimento realizado, o investidor pode também ter
interesse em saber qual a taxa de remuneração a que o se capital estará sujeito.
Chama-se taxa interna de rendibilidade (TIR) de um projecto taxa para qual o VAL é
nulo.

3.5.2. Interpretação

A TIR representa a taxa a que o capital presente no projecto de investimento está a


render. Seria a taxa máxima de juro a que poderia ser pedido o capital para financiar
o investimento caso fosse financiado exclusivamente com recurso a capitais alheios.

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4. Exercícios Propostos

1- Um investimento no valor de 100.000,00 cuja a depreciação será


contabilisticamente realizada em 4 anos pelo método das quotas constantes. Os
valores associados ao investimento são os seguintes:
Ano 1 2 3 4
Gastos de Exploração 10.000 10.000 5.000 15.000
Rendimentos 40.000 35.000 35.000 50.000

Calcule a Taxa Média de Rendibilidade.

2- Considerando um investimento de 1.000.000,00, onde o promotor pretende


aumentar a capacidade de produção total da fábrica até 5.000 un. de bolos por
ano, numa produção efectiva de 70% no ano 1, sendo que no ano 2 e 3 a produção
efectiva será de 80% e 95% respectivamente, considere que os bolos serão
comercializados cada 20 kz em todos os anos.

Ano 1 2 3
Gastos de Exploração 20.000 25.000 30.000
Rendimentos

Calcule a Taxa Média de Rendibilidade considerando que a depreciação será


contabilisticamente realizada em 3 anos pelo método das quotas constantes.

3- Calcule o VAL de um investimento de 500.000,00 que lhe proporcionará 5 fluxos


de caixa anual no montante de 150.000,00 cada, considerando a taxa de custo de
capital de 12%.

4- Faça a análise da viabilidade dos seguintes projectos pelo método do VAL, sendo
os projectos mutuamente excludentes, escolha o melhor projecto para investir e
justifique a sua escolha.

a) Investimento no montante de 40.000,00, que proporcionará ao investidor 4


cash flows de 12.000,00 cada, sabendo que a sua taxa de custo de capital é
igual a 15%;

b) Investimento no montante de 100.000, proporcionará aos investidores os


seguintes Fluxos: Ano 1= 30.000,00; Ano 2=80.000; Ano 3 = 70.000,00; Ano
4= 50.000,00

Material de Apoio - Disciplina de: Analise e Gestão de Projectos Financeiros 2º ano – Economia
Prof. Paulo Quimbango
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Análise e Gestão de Projectos de Investimentos - IMETRO

5. Bibliografias

Silva e Queirós (2013), Gestão Financeira, 2ª Edição, Porto.

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