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Introdução à Análise de Insumo-Produto

Prof. Gervásio Santos


Índice
• Conteúdo

– Introdução

– Estrutura da matriz de IP

– Hipóteses e características do modelo

– Solução do modelo

– Análise de impacto

• Referências

GUILHOTO, J.J.M. Análise de insumo-produto: teoria e fundamentos, 2004.

MILLER, R.E., BLAIR, P.D. Input-output analysis: foundations and extensions. 2.


ed. New York: Cambridge University Press, 2009, cap 1 e 2.

Prof. Fernando Perobelli (UFJF) e Luiz Carlos S. Ribeiro (UFS)

2
Introdução

• A análise de IP foi desenvolvida


por Wassily Leontief no final dos
anos 1930.

• Em reconhecimento ao seu
trabalho, ganhou o Nobel de 1973.

LEONTIEF, W. Quantitative input and output relations in the economic system of the
United States. The Review of Economic Statistics 18(3): 105-125, 1936.

3
Introdução

• Leontief (1905-1999)
– organização das informações econômicas em forma de matrizes
balanceadas -> fundamento para a SAM (Social Accounting
Matrix)

– contribuições: Meio ambiente, comércio internacional,


automação, desarmamento e análise espacial e global

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Introdução
• A origem da análise de IP pode ser ligada ao
problema do fluxo circular da renda (François
Quesnay*) assim como ao problema da sua
distribuição entre as classes envolvidas dentro
do processo produtivo.

*Tableau Économique

“A análise de IP é uma extensão prática da teoria clássica de


interdependência geral que vê a economia total de uma região, país, ou
mesmo do mundo todo, como um sistema simples, e parte para descrever e
para interpretar a sua operação em termos de relações estruturais básicas
observáveis” (Leontief, 1987, p. 860).

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Introdução

• “O modelo de IP descreve uma tentativa de


aplicar a teoria econômica de equilíbrio geral
de Walras (interdependência geral) a um
estudo empírico das interrelações entre as
diferentes partes de uma economia
nacional...” (Leontief, 1951, p.3).

• “...uma adaptação da teoria neoclássica de equilíbrio geral ao estudo


empírico da interdependência de quantidade entre atividades econômicas
inter-relacionadas” (Leontief,1966, p.134).

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Introdução

• Matriz IP (contábil)

• Modelo IP
– hipóteses sobre a economia
• tecnologia de produção
• componentes endógenos e exógenos

• Princípio: interdependência na produção

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Introdução
• Os modelos que utilizam as relações básicas de IP podem ser classificados
como estáticos ou dinâmicos, dependendo da existência de uma teoria de
investimento que coloque o sistema em movimento.

• Uma economia funciona, em grande parte, para equacionar a demanda e a


oferta dentro de uma vasta rede de atividades.

• Leontief constrói uma “fotografia econômica” da própria economia.


– Mostra como os setores estão relacionados entre si, ou seja, quais setores
suprem os outros de serviços e produto se quais setores compram de quem.

• O resultado foi uma visão única e compreensível de como a economia


funciona - como cada setor se torna mais ou menos dependente dos
outros.

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Introdução

• Enquanto setores compram e vendem uns para os outros, um setor


individual interage, tipicamente e diretamente, com um número
relativamente pequeno de setores.
• Entretanto, devido à natureza desta dependência, pode-se mostrar que
todos os setores estão interligados, direta ou indiretamente.
• A figura 1 ilustra as relações fundamentais de IP:
– Mostra que as vendas dos setores podem ser utilizadas dentro do processo
produtivo pelos diversos setores compradores da economia ou;
– Podem ser consumidas pelos diversos componentes da demanda final (famílias,
governo, investimento, exportações).

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Introdução

• Por outro lado, para se produzir são necessários insumos, impostos


são pagos, importam-se produtos e gera-se valor adicionado
(pagamento de salários, remuneração do capital, e da terra
agrícola), além de se gerar emprego.

Figura 1 - Relações fundamentais de Insumo-Produto


Setotres Compradores
Setores
Vendedores Insumos Intermediários Demanda Produção
Final Total

Impostos Indiretos Liquidos IIL


Importações M
Valor Adicionado
Produção Total

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Introdução

• A figura 2 mostra como é feita a utilização dos bens domésticos e


importados, ou seja, como estes são utilizados na produção corrente de
outros bens, na formação de capital, no consumo das famílias, pelo
governo e outras demandas.

Figura 2 – Uso dos Bens no Modelo de Insumo-produto

Exportações Produtos Produtos


Domésticos Importados

Produção Formação de Consumo das Governo e


Corrente Capital Familias Outras Demandas

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Introdução

• O modelo de IP assume que somente os produtos domésticos são


exportados, o que implica que os produtos importados devem
necessariamente passar por um processo de produção interna antes de
serem exportados.
• Do lado da produção (Figura 3), os produtos domésticos utilizam uma
combinação de insumos domésticos e importados, trabalho, capital e terra
(no caso dos produtos agrícolas) para serem produzidos.

Figura 3. Insumos utilizados no processo produtivo

Produtos
Domésticos

Insumos Insumos
Trabalho Capital Terra
Domésticos Importados

12
Introdução

• Os fluxogramas mostrados nas figuras 2 e 3 podem ser combinados, de modo a dar


uma ideia de como o modelo funciona de uma maneira integrada.

Figura 4 – Fluxograma do modelo de insumo-produto

Demandas por produtos finais


Produtos Domésticos
(Exportações, Consumo das famílias
Gastos do governo, Investimento, etc

Renda Renda

Insumos Insumos Insumos Primários


Domésticos Importados Terra, Trabalho, Capital Produtos
Importados

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Introdução

• Um modelo regional de IP mostra (especifica):

a) as interações entre as indústrias locais,

b) as interações das indústrias locais com as indústrias localizadas


fora da região e com os setores de demanda final.

• Logo, o modelo proposto por Leontief toma como referência os


fluxos entre as diferentes atividades econômicas.

14
Introdução

• A base de dados deve descrever as relações dessas


atividades entre si e com a demanda final (formação bruta de
capital fixo – I, exportações – X, consumo do governo – G e
consumo das famílias – C), sua conta de renda e as
importações.

• Visualização dos fluxos é realizada por meio da tabela de


transações que é construída com base nas seguintes
identidades econômicas:

15
Introdução

Três identidades básicas:

- Identidade 1. Produção = consumo intermediário + valor adicionado

- Identidade 2. Produção = consumo intermediário + consumo final –


importações

- Identidade 3. Valor adicionado = soma das rendas dos fatores primários

16
Introdução

Matriz Hipotética de Transações Interindustriais


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Extrativa Construção Manufatura Comércio Serviços Demanda Gastos Outras demandas Exportações Demanda Demanda
T otal da Ind das Famílias finais locais Final T otal T otal
1 Extrativa 183 31 599 6 73 892 99 88 596 783 1675
2 Construção 14 1 43 14 293 365 0 1803 353 2156 2521
3 Manufatura 142 414 1390 110 356 2412 1275 1130 9344 11749 14161
4 Comércio 52 224 520 72 257 1125 2563 161 970 3694 4819
5 Serviços 102 221 862 558 1990 3733 4262 523 2828 7613 11346
6 T otal dos Insumos Locais 493 891 3414 760 2969 8527 8199 3705 14091 25995 34522
7 Famílias 595 665 3696 2385 4603 11944 100 2524 0 2624 14568
8 Outros pagamentos 261 191 1624 1365 2402 5843 (3789) (943) (1098) (5830) 13
9 Importações 325 773 5428 311 1372 8209 3778 1057 (12994) (8159) 50
10 T otal dos pagto finais 1181 1629 10748 4061 8377 25996 88,8 2638 (14092) (11365) 14631
11 Insumos T otais 1674 2520 14162 4821 11346 34523 8287,8 6343 (1) 14630 49153

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Introdução

• A identidade 1 (VPB = CI + VA) representa as parcelas que compõem


a produção das atividades pela ótica de seus custos (origem).

– Quanto que a Agropecuária, p. ex., vai utilizar de insumos dos


demais setores (CI) e quanto vai utilizar de fatores primários
(remuneração dos fatores de produção – terra, trabalho e capital).

– São os custos inerentes no processo produtivo.

18
Introdução

• A identidade 2 (VBP = CI + DF – M) apresenta o


mesmo agregado, porém, pela ótica do destino
(venda).
– Qual o destino das vendas da agricultura, p.ex.?

– O setor (e.g agrícola) vende:


• para os demais setores (CI)

• para os usuários finais (famílias, governo e setor exportador).

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Introdução
• Obs.

a) O CI na identidade 1 representa o consumo de insumos


necessário à produção, enquanto que, na identidade 2
representa a parcela da produção que é destinada ao CI.

b) quando não for possível obter os dados de consumo


desagregados (famílias, governo e setor externo), deve-se
subtrair as importações na identidade 2.

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Introdução

• LINHAS:

- representam as vendas de um determinado setor (indústria) para as


outras indústrias e para o consumo final (famílias, governo,
exportações etc.)
- os bens intermediários são vendidos para as indústrias locais para
a produção de outros bens.
- os bens finais são vendidos para os consumidores finais.
- os bens exportados pela região para outras regiões do país e para o
resto do mundo estão listadas na coluna de exportação na demanda
final.
- SOMA DAS (nas) LINHAS – produção total ou vendas totais de uma
indústria.

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Introdução
• Exemplo:
– As vendas totais do setor Extrativo (agricultura, pesca, minérios, produtos
florestais) são iguais a $1.675.

– Deste total 35% (596/1.675) são vendidos para fora da região, ou seja,
(exportações/demanda total).

– As vendas totais do setor manufatura são iguais a $14.161.

– Deste total 17% (2.412/14.161) são vendidos para os demais setores


produtivos, ou seja, consumo intermediário.

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Introdução

• COLUNAS:
- representam as compras, ou insumos que as indústrias identificadas
em cada coluna fazem dos setores que estão nas linhas.
- os pagamentos que as indústrias fazem para os empregados, sócios
(detentores do capital) e governo estão agregados nas duas primeiras
linhas da seção referente aos pagamentos finais (famílias e outros
pagamentos).
- as compras que as indústrias realizam fora da região que estão
localizadas são identificadas na última linha da seção de pagamentos
finais (importações)
- SOMA nas COLUNAS – Total das compras de cada indústria.

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Introdução
Tabela de transações de forma esquemática
Produção Demanda Final
Dis tribuuição

Produção
II I

Total
Estrutura Padrão de consumo
Inter-industrial
Pagamento

III IV
Final

Rendas Trans ferências

Ins umo Total


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Introdução
• Quadrante I:
– descreve o padrão de consumo das famílias e dos demais usuários
finais de bens locais (investidores privados, governo).
– participa deste quadrante as exportações, que mostra as vendas
para indústrias e consumidores fora da região de estudo.
• Quadrante II:
– descreve as relações de produção da economia, mostrando as
formas como são combinadas a matéria-prima e os bens
intermediários para produzir os produtos para a venda para as
demais indústrias e usuários finais.
– é o mais importante na estrutura de IP, ou seja, é a base para o
modelo de IP.

25
Introdução

• Quadrante III:
– Mostra as rendas dos fatores primários da economia, incluindo a
renda das famílias, a depreciação e os lucros retidos das
indústrias e os impostos pagos para os vários níveis de governo.
– Estes pagamentos também são denominados de valor
adicionado.
– São computados os pagamentos para as indústrias que se
localizam fora da região em estudo. Estes pagamentos referem-
se a aquisição de matéria prima e bens intermediários que são
importados de fora da região em estudo.
– Uma vez que estes pagamentos deixam o sistema industrial da
região podemos classificá-los como pagamentos finais.

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Introdução
• Quadrante IV:
– identifica as transferências entre os setores da economia e
também pode ser denominado de quadrante das
“transferências sociais” => MCS (SAM)
– estão representados as poupanças, doações e impostos das
famílias; os déficits e superávits dos governos; os
pagamentos do governo para as famílias e as transferências
intergovernamentais.

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Introdução
• Representação das Identidades nos quadrantes:
- Identidade 1 (VBP = CI + VA) – representada pelos quadrantes II e III
- Identidade 2 (VBP = CI + DF) – representada pelos quadrantes II e I
- Identidade 3 (remun. dos fatores) – representada pelo quadrante III

Produção Demanda Final


Dis tribuuição

Produção
II I

Total
Estrutura Padrão de consumo
Inter-industrial
Pagamento

III IV
Final

Rendas Trans ferências

Ins umo Total


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Fundamentos da Análise de IP
• Construído com base em dados observados para uma área
econômica particular
– Ex: país, macrorregião, estado, município etc.

• As atividades econômicas na área devem ser divisíveis em um


número de segmentos ou setores produtivos.
– Estes setores podem ser indústrias (ex. têxtil) ou ainda unidades menores
(tecelagem, malharia etc).

• Os dados necessários são os fluxos de produtos de cada um


dos setores (produtores) para os demais setores
(compradores), ou seja, dados observáveis (fluxos
interindustriais - anuais, $).

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Fundamentos da Análise de IP

• Exemplos:
– o valor em R$ do aço vendido para o setor automotivo no ano t
representa o valor do fluxo monetário observado do setor i para o
setor j.
– A demanda por insumos de outros setores pelo setor j (zij) durante
um determinado período, estará diretamente relacionada a
quantidade de bens produzidas pelo setor j no mesmo período.
– A demanda de aço pelo setor automotivo está diretamente
relacionada com a produção de automóveis.
– A demanda de couro pelo setor de produção de calçados depende
do número de calçados que estão sendo produzidos.

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Fundamentos da Análise de IP

Economia é dividida em n setores.


– Xi é a produção total (produto) do setor i
– Yi é a demanda final pelos produtos do setor i, teremos:

Xi = z i1 + z i2 +  + z ii +  + z in + Yi (1)

– Os termos z no lado direito da equação representam as vendas


interindustriais do setor i.
– O lado direito da equação será a soma de todas as vendas
interindustriais do setor i e suas vendas para a demanda final.
– A equação (1) representa a distribuição do produto (produção) do
setor i.

31
Fundamentos da Análise de IP

Expandindo o sistema para n setores:

X1 = z11 + z12 +  + z1i +  + z1n + Y1


X 2 = z 21 + z 22 +  + z 2i +  + z 2n + Y2

X i = z i1 + z i 2 +  + z ii +  + z in + Yi (2)

X n = z n1 + z n 2 +  + z ni +  + z nn + Yn

32
Fundamentos da Análise de IP

• Considere as informações da i-esima coluna dos


valores de z no lado direito da equação (2), isto é:

 z1i 
z 
 2i 
  
 
 z ii 
  
 
z ni 

33
Fundamentos da Análise de IP

• Os elementos deste vetor são as vendas para o setor


i, isto é, a compra de produtos, pelo setor i, de vários
setores produtivos
• A coluna, portanto, representa as fontes e
magnitudes dos insumos utilizados pelo setor i
• Para produzir, um setor também deve:
a) pagar (remunerar) outros itens, como por exemplo capital e
trabalho (fatores primários)
b) utilizar outros insumos.

34
Fundamentos da Análise de IP

• Os itens a e b, formam o valor adicionado no setor i.


• O setor i ainda pode adquirir bens importados para
utilizar como insumo.
• VA + M formam o setor de pagamentos da estrutura
de IP.
• Insumos interindustriais: representados pelos z’s no
lado direito da equação (2) - são as compras de
outros setores produtivos.
• Insumos intra-industriais: aquisição de insumos do
próprio setor (diagonal principal).

35
Fundamentos da Análise de IP

• Componentes da Tabela de Transações:


– Setores de origem (vendedores) listados nas linhas à
esquerda (produto de cada setor)
– Setores de destino (compradores) listados nas colunas
(insumo de cada setor)

Setores compradores
1 2 ... i ... n
1 z11 z12 z1i z1n
z 21 z 22 z 2i z 2n
Vendedores

2
Setores

 
i z i1 z i2 z ii z in
 
n z n1 z n2 z ni z nn
36
Fundamentos da Análise de IP

• Para representar a estrutura completa de IP


suponha:
– Economia pequena com dois setores (1 e 2)
– Demanda final formada por:
• consumo das famílias ( C );
• investimento (I);
• compras do governo (G); e
• vendas para o setor externo (exportações – E).

37
Fundamentos da Análise de IP

• Portanto, a DF pode ser especificada como:


Y1 = C1 + I1 + G1 + E1
Y2 = C2 + I 2 + G2 + E2

• Componentes do setor de pagamentos


(remuneração dos fatores de produção) dos dois
setores (1 e 2)
– Remuneração do fator trabalho - L1 e L2
– Demais itens do VA (serviços do governo – impostos),
capital (juros), terra (aluguel), empreendimento (lucro) – N1
e N2.

38
Fundamentos da Análise de IP
• O total do valor adicionado será:

W1 = L1 + N1
W2 = L 2 + N 2
• Neste caso os valores das importações também serão
classificados no setor de pagamentos – M1 e M2
• Portanto, o gasto total no setor de pagamentos pelo setor 1 e 2
será:

W1 = W1 + M1
W2 = W2 + M 2

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Fundamentos da Análise de IP

Tabela de fluxos para uma economia de dois


setores

Setores compradores Demanda Final Produto Total


1 2 (Y) (X)
Setores 1 z11 z12 C1 I1 G1 E1 X1
Produtivos 2 z 21 z 22 C2 I2 G2 E2 X2

Setor de Valor L1 L2 Lc Li Lg Le L
Pagamentos Adicionado N1 N2 Nc Ni Ng Ne N
(W) M1 M2 Mc Mi Mg Me M
Produto
Total (X) X1 X2 C I G E X

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Fundamentos da Análise de IP
• Somando a coluna de produto total, teremos a produção total
bruta da economia.
X = X1 + X 2 + L + N + M
• Este mesmo valor pode ser encontrado somando os valores da
última linha, ou seja:
X = X1 + X 2 + C + I + G + E
• Igualando as duas expressões anteriores, teremos a seguinte
relação:
L+ N+M = C+I+G+E
L
+
N = C + I + G + (E − M )
 
renda nacional bruta produto nacional bruto
41
Fundamentos da Análise de IP

• Renda Nacional Bruta


– pagamento total de fatores na economia

• Produto Nacional Bruto


– gasto total em bens de consumo e investimento, compras
do governo, e o valor total das exportações líquidas

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Fundamentos da Análise de IP
Funções de produção

• Hipótese fundamental: os fluxos interindustriais de i para j,


para um dado período, dependem totalmente e exclusivamente
do produto total do setor j para o mesmo período.

– Ex: quanto maior for a produção de automóveis em


determinado ano, maior será a necessidade de aço, para o
mesmo período, na indústria automotiva.

43
Fundamentos da Análise de IP
Funções de produção
• zij é o fluxo de insumos de i para j.
• Xj é a produção bruta total de j.
• Razão de insumo-produto ou coeficiente técnico:
z ij
a ij = ou a ijX j = z ij
Xj
• Exemplo:

z14 = $300 $0.02 – valor em unidades monetárias de


insumos do setor 1 por unidade monetária
X 4 = 15.000 da produção do setor 4.
$300
a14 = = 0.02
15.000
44
Fundamentos da Análise de IP
Funções de produção

• Na análise de IP, uma vez que um conjunto de informações


fornecem o resultado a14 = 0.02, assume-se que este
coeficiente técnico não se altera.

• Portanto, para saber quanto o setor 4 deveria comprar do setor


1 se o setor 4 quisesse produzir um montante igual a $45.000
(X4), devemos fazer o seguinte cálculo:

z14 = (0.02)($45.000) = $900

• Isto é, quando a produção do setor 4 triplicar, a quantia de


insumos provenientes do setor 1 é triplicada.

45
Fundamentos da Análise de IP
Funções de produção
• O coeficiente aij mede uma relação fixa entre a produção de um
setor e os seus insumos.
• Economias de escala na produção, portanto, são ignoradas.
• Produção no sistema Leontief baseia-se em retornos
constantes de escala.
• Proporção de insumos utilizadas também é fixa.
• Suponha que o setor 4 também compra insumos do setor 2

z24 = $750
z24 $750
a24 = = = 0.05
X 4 $15.000

46
Fundamentos da Análise de IP
Funções de produção

• Para uma produção de X4 = $15.000, os insumos do setor 1 e


do setor 2 são utilizados na seguinte proporção.
z14 $300
P12 = = = 0.4
z 24 $750

• Se X4 = $45.000, teremos:

z 24 = a 24 X 4 = (0.05)($45.000) = $2250

47
Fundamentos da Análise de IP
Funções de produção

• Uma vez que z14 = 900 para X4 = $45.000, a proporção entre os


insumos do setor 1 e do setor 2 será:

– P12 = $900/$2250 = 0.4.

• Resultado igual ao anterior. Dado que:


z a X a 0.02
P12 = 14 = 14 4 = 14 = = 0.4
z 24 a 24 X 4 a 24 0.05

• Verifica-se que a proporção é uma razão entre os coeficientes


técnicos, e, uma vez que eles são fixos, a proporção de
insumos também será fixa.

48
Fundamentos da Análise de IP
Funções de produção

zij
aij =  constante, por hipótese
Xj
logo :
zij z1 j z2 j z3 j znj
Xj = ou X j = = = = ... =
aij a1 j a2 j a3 j anj

 z1 j z2 j z3 j znj  1
X j = min  , , , ... ,  lim = ∞
a a a a  𝑝→0 𝑝
 1 j 2 j 3 j nj 
49
Fundamentos da Análise de IP
Funções de produção
z2

f ( z1 , z 2 ) = min( az1 , bz2 )

z1 a
20 =
z2 b
10 retornos constantes de escala :
a/b
z1 k . f ( z1 , z 2 ) = f (k .z1 , k .z2 )

50
Fundamentos da Análise de IP
Funções de produção
z2

Preços relativos dos insumos


não importam

elasticidade de substituição é
nula
20

10
p1
a/b p2

z1
51
Fundamentos da Análise de IP
Funções de produção
• A equação 2 pode ser reescrita substituindo os valores de Zij
por aijXj. zij
aij = ou aij X j = zij
Xj
X1 = a11X1 + a12 X 2 +  + a1i X i +  + a1n X n + Y1
X 2 = a 21X1 + a 22 X 2 +  + a 2i X i +  + a 2n X n + Y2

X i = a i1X1 + a i 2 X 2 +  + a ii X i +  + a in X n + Yi (4)

X n = a n1X1 + a n 2 X 2 +  + a ni X i +  + a nn X n + Yn

• A equação (4) torna explícita a dependência dos fluxos


interindustriais em relação ao produto total de cada setor.
52
Fundamentos da Análise de IP
Sistema de equações 1

X 1 = a11 X 1 + a12 X 2 + ... + a1i X i + ... + a1n X n + Y1

X 2 = a21 X 1 + a22 X 2 + ... + a2i X i + ... + a2 n X n + Y2



X i = ai1 X 1 + ai 2 X 2 + ... + aii X i + ... + ain X n + Yi

X n = an1 X 1 + an 2 X 2 + ... + ani X i + ... + ann X n + Yn

n : equações
2n : variáveis
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Fundamentos da Análise de IP
Demanda final exógena

( X 1 − a11 X 1 ) − a12 X 2 − ... − a1i X i − ... − a1n X n = Y1

− a21 X 1 + ( X 2 − a22 X 2 ) − ... − a2i X i − ... − a2 n X n = Y2



− ai1 X 1 − ai 2 X 2 − ... + ( X i − aii X i ) − ... − ain X n = Yi

− an1 X 1 − an 2 X 2 − ... − ani X i − ... + ( X n − ann X n ) = Yn

n : equações
n : variáveis (Yi dado)

54
Fundamentos da Análise de IP
Sistema de equações 2

(1 − a11 ) X 1 − a12 X 2 − ... − a1i X i − ... − a1n X n = Y1

− a21 X 1 + (1 − a22 ) X 2 − ... − a2i X i − ... − a2 n X n = Y2



− ai1 X 1 − ai 2 X 2 − ... + (1 − aii ) X i − ... − ain X n = Yi

− an1 X 1 − an 2 X 2 − ... − ani X i − ... + (1 − ann ) X n = Yn

n : equações
n : variáveis (Yi dado) 55
Fundamentos da Análise de IP
Notação Matricial
 a11 a12  a1i  a1n   X1  Y1 
a a  a  a  X  Y 
A nxn =  21 22 2i 2n 
, X nx1 =  2  , Ynx1 =  2 
         
     
an1 an 2  ani  ann  Xn  Yn 
I = matriz identidade nxn

1 − a11 − a12  − a1i  − a1n 


 −a 1 − a  − a  − a 
I − A =  21 22 2i 2n 

     
 
 − an1 − an 2  − ani  1 − ann 

 (I − A ) X = Y sistema de equações do modelo I - P 56


Fundamentos da Análise de IP
Notação Matricial

• Qual a interpretação dos elementos Matriz A do Brasil, 2010 (IBGE)

da Matriz de Coeficientes Técnicos


Descrição da atividade
nível 12 01
ou Matriz Tecnológica (A)? Agropecuária

Agropecuária 0,046972
– A = [aij] Indústria extrativa 0,001240
Indústria de transformação 0,188306
• A soma dos elementos da j-ésima Produção e distribuição de eletricidade e gás, água,
0,027166
esgoto e limpeza ur
Construção civil 0,000601
coluna da matriz A indica o valor Comércio 0,046284
Transporte, armazenagem e correio 0,021798
monetário de insumos de outros Serviços de informação 0,000236
Intermediação financeira, seguros e previdência complementar
0,014395
setores utilizados para gerar um $1 de Atividades imobiliárias 0,000046
Outros serviços 0,004057
produto do setor j. Administração, saúde e educação públicas e seguridade
0,000908
social
0,35

57
Fundamentos da Análise de IP
Solução

(I − A ) X = Y ∄ 𝐝𝐢𝐯𝐢𝐬ã𝐨 𝐝𝐞 𝐦𝐚𝐭𝐫𝐢𝐳

−1 −1
(I − A ) (I − A ) X = (I − A ) Y Multiplica a matriz
em ambos os lados
−1
I.X = (I − A) Y

X = (I − A) −1 Y se I − A  0

(I − A) −1 = matriz inversa de Leontief

58
Fundamentos da Análise de IP

 (1-a22 ) a12 
 a11 a12   I−A I−A
A=   ( I − A ) −1
= 
a21 a22   a21 (1-a11 ) 
 I−A I − A 

X = (I − A) −1 Y  0 se
a) 1-a11  0 e 1-a22  0

b) I − A  0 Condições de Hawkings-Simon no
sistema I-P 2x2

Dado que A  0 e Y  0.

59
Fundamentos da Análise de IP

bij elemento de (I − A) −1

X = (I − A) −1 Y pode ser reescrito como :

 X 1 = b11Y1 + b12Y2 + ... + b1 jY j + ... + b1nYn



 X 2 = b21Y1 + b22Y2 + ... + b2 jY j + ... + b2 nYn


 X i = bi1Y1 + bi 2Y2 + ... + bijY j + ... + binYn

 X n = bn1Y1 + bn 2Y2 + ... + bnjY j + ... + bnnYn

X i
Note que = bij Qual o impacto na produção (X),
Y j dado uma variação na DF (Y)?

60
Fundamentos da Análise de IP
Coeficientes direto e total

aij elemento de A : requisito direto de IP


bij elemento de ( I − A ) −1 : requisito total de IP
Demanda final Y requer a produção de Y,
os insumos para produzir Y ( = AY ),
os insumos para produzir AY( = A 2 Y),
os insumos para produzir A 2 Y( = A 3 Y)...
Logo Y requer X = Y + AY + A 2 Y + A 3 Y + A 4 Y + ... =
= (I + A + A 2 + A 3 + A 4 + ...)Y = (I − A) −1 Y

61
Fundamentos da Análise de IP
Coeficientes direto e total

• Problemas computacionais para inversão de matrizes no passado:

– 56h para inverter uma matriz 42x42 (1939);

– 38h para inverter uma matriz 38x38 (1947) x 45 min. (1953);

– 10-36 segundos para inverter uma matriz 100x100 (1969).

• Portanto, esta propriedade algébrica foi utilizada como alternativa =>


boa interpretação econômica.

*Ver Miller e Blair (2009, p.31-34) – propriedade matemática da matriz.

62
Fundamentos da Análise de IP
Coeficientes direto e total

• bij ≥ aij :
– Uma vez que bij indica os efeitos diretos e indiretos sobre a produção
do setor i para atender $1 de demanda final do setor j.

– O elemento aij indica apenas os efeitos diretos.

– A igualdade entre os dois elementos ocorre no caso particular em que


os efeitos indiretos são nulos.

– Ex: na produção da indústria automobilística, um efeito direto é a


compra de chapa de aço da indústria siderúrgica e um efeito indireto é
a compra de minério desta última junto à indústria extrativa mineral.

63
Fundamentos da Análise de IP
Coeficientes direto e total

• bij ≥ 0:
– Como os coeficientes técnicos são fixos, não há possibilidade de
substituição de insumos, de tal forma que uma expansão da DF do
setor j provocará um efeito positivo ou nulo sobre a produção do setor i,
nunca efeito negativo.

• bij ≥ 1, se i = j
– Isto é, os elementos da diagonal principal da Inversa de Leontief serão
sempre ≥ 1, já que o acréscimo de $1 na DF de um setor deverá
provocar uma expansão na produção desse setor de, pelo menos, $1.

64
Fundamentos da Análise de IP
Coeficientes direto e total

• Requisitos diretos x Requisitos totais: ferramentas para


análise de políticas
– avaliação de programas alternativos de gastos
públicos
• geração direta e indireta de empregos
– programas de redução de poluição
• atividades diretamente poluidoras
• atividades indiretamente poluidoras (uso de insumos)

65
EXEMPLO NUMÉRICO

Demanda
Produtores Total
Final
Produção
(X)
1 2 (Y)

1 150 500 350 1000


Produtores
2 200 100 1700 2000
Valor
Adiciondo (W) 650 1400 1100 3150

Total Compras (X) 1000 2000 3150 6150

A Produtores
1 2
Produtores 1 0.15 0.25
2 0.20 0.05

66
EXEMPLO NUMÉRICO
ENCADEAMENTOS DE PRODUÇÃO

AY
500

400

300

200
A 2Y
100
A 3Y
0
A4Y
1 A5Y
2
3
4
5
0 1 2 3 4 5 soma 500
350 478 110 42 13 4 998
1700 155 103 27 10 3 1998 400
67
soma 2050 633 214 70 23 8 2996
300
EXEMPLO NUMÉRICO

A 0.15 0.25 requisito


0.20 0.05 direto I-P

I 1 0
0 1

(I-A) 0.85 -0.25


-0.20 0.95

(I − A) −1
(I-A)^(-1) 1.2541 0.3300 requisito
0.2640 1.1221 total I-P

68
EXEMPLO NUMÉRICO
ANÁLISE DE IMPACTO

 350  1000 
Y=  →X= 
1700   2000
 600  Redução no Y2

se Y' =   → X' = ?
1500
−1
X' = (I − A) Y'

1.2541 .3300   600  1247.52


X' =     = 
 .2640 1.1221 1500 1841.58
69
EXEMPLO NUMÉRICO
ANÁLISE DE IMPACTO

Y
1 71.4%
2 -11.8% 2.44%

X
1 24.8%
2 -7.9% 2.97%

70
MATRIZ I-P ORIGINAL

Demanda
Produtores Total
Final
Produção
(X)
1 2 (Y)

1 150 500 350 1000


Produtores
2 200 100 1700 2000
Valor
Adiciondo (W) 650 1400 1100 3150

Total Compras (X) 1000 2000 3150 6150

NOVA MATRIZ I-P


Demanda Total
Produtores
Final Produção
1 2 (Y) (X)
1 187 460 600 1248
Produtores
2 250 92 1500 1842
Valor
Adiciondo (W) 811 1289 1127 3227

Total Compras (X) 1248 1842 3227 6316 71


Exercício de Fixação

• Com base na matriz de IP do Brasil de 2010 (IBGE):


– Suponha que o governo federal, por meio do PAC, investiu em 2010 R$
5,5 bilhões e R$ 10 bilhões nos setores Construção civil e Transportes,
respectivamente.

– Qual o impacto na economia brasileira em termos de produção?

– Obs: A unidade da MIP é R$ milhão de 2010.

• Resolver o problema no Excel

72

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