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Aqui entramos nós. O risco país diminui, o dólar recua, a inflação desacelera e
até já viramos “a estrela dos emergentes no pós-guerra” e contudo é bem provável que
um historiador do futuro intitule o capítulo referente ao período inaugurado pelo triunfo
eleitoral do maior partido de esquerda do ocidente, Crônica de um Suicídio.
O que pensar? Aqui uma chave possível para todo esse maldito imbroglio –
infelizmente um tanto remota ou “filosófica”, mas não vejo outra para tamanha
reviravolta. A boa pergunta neste caso talvez seja a mais rasa de todas: afinal, o que fez
a cabeça do núcleo duro do governo? Não se trata de simples adesão a tal ou qual
doutrina, isso é mera conseqüência. Trata-se a rigor de um ritual. Isso mesmo, algo
como uma prática material muito próxima da gesticulação religiosa. E de fato tudo se
passa como se nos defrontássemos com uma verdadeira conversão à “religião da vida
cotidiana”, como Marx se referia à liturgia requerida pelo serviço do Capital. Parece até
behaviorismo, pois “reforço” é o que não falta.