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ADMINISTRAÇÃO II
Lucas Casagrande
Terceirização
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, abordaremos como se deu o surgimento da terceirização
nas organizações modernas. Para isso, resgataremos um pouco de história
e teoria para, a partir disso, discutirmos o que é terceirização e quais são
as suas características. A partir disso, refletiremos um pouco sobre como
esse processo, que é de franca discussão no atual cenário político brasileiro,
impacta as organizações e a sociedade. Ao final, apresentaremos algumas
críticas e consequências da terceirização.
Figura 1. Fábrica Ford River Rouge em expansão, em 1927. Note que o com-
plexo, ainda em construção, envolvia ferrovias, hidrovias e rodovias. Toda
construção do automóvel se dava nesta planta, de forma que ela exemplifica
o momento histórico que pode ser compreendido como prévio ao processo
de terceirização do trabalho no mundo ocidental.
Fonte: Detroit Publishing Co. ([1927?]).
Falamos de dois autores, e suas teorias, que nos auxiliam a compreender melhor a
terceirização: Coase e Williamson.
Ambos são considerados relevantes na abordagem econômica das organizações.
Esta busca trabalhar a intersecção entre as teorias dominantes na área administrativa
e na área econômica. Tal intersecção se constitui em um objeto que é comum às
duas disciplinas: a governança da produção. Ou seja, busca-se entender como é
organizada a produção de produtos e serviços. Para isso, trabalha no contraste de
dois mecanismos de governança. Tais mecanismos são precisamente os objetos de
estudo do predominante das ciências administrativas e das ciências econômicas: a
empresa como objeto de análise e o mercado.
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O que é a terceirização?
Em primeiro lugar, é importante frisar que terceirização, embora seja um
conceito amplo, exclui algumas atividades. Tomemos por exemplo um con-
domínio residencial. Digamos que essa organização queira pintar seu átrio.
Nesse caso, a contratação de um pintor ou de uma empresa especializada em
pintura não constitui em terceirização. Trata-se de uma contratação de serviço
por empreitada, tendo por característica o fato de ser ocasional, não sendo,
assim, uma terceirização de atividade da organização.
A terceirização pode também ser caracterizada como a contratação de
serviços de um intermediário mediante contrato. Ou seja, a relação de trabalho
é mediada pela empresa contratada, e não diretamente entre trabalhador e
contratante, cujo objetivo principal era transferir as atividades-meio a terceiros,
permitindo que o contratante se concentre nas atividades centrais.
Utilizando o mesmo exemplo, digamos que o condomínio hipotético resolva
repassar as atividades de administração para uma empresa especializada no
assunto, retirando, assim, tais atividades do rol de responsabilidades do síndico.
Nesse caso, dado que é uma atividade rotineira e um trabalho necessário ao
condomínio, podemos dizer que há a criação de um processo de terceirização.
A terceirização é costumeiramente citada como uma das formas de hori-
zontalizar uma empresa. Ou seja, é uma forma de delegar funções da organi-
zação a outras organizações. A horizontalização do processo produtivo pode
incluir outras formas de descentralização, como a mera compra do produto
finalizado de um produtor especializado. Conforme vimos na seção anterior,
a horizontalização moderna se contrapõe à verticalização fordista, em que
toda produção se dava na organização formal primária.
Por outro lado, a terceirização é atrelada a um processo de flexibilidade
e de precarização. É costumeiro utilizar ambas as palavras para designar a
mesma coisa, mas sob pontos de vista distintos. O que é flexibilização do
trabalho para donos, executivos e gestores de empresas pode ser precarização
para o funcionário. Dessa forma, é usual que precarização e flexibilização do
trabalho se refiram à mesma coisa, mas uma de um ponto de vista de direitos
trabalhistas e outra do ponto de vista gerencial. O processo de precarização
se dá normalmente com a diminuição de salários, a flexibilização de horários
e até mesmo a retirada de direitos.
De forma geral, a terceirização ocorre quando a empresa primária con-
trata uma empresa terceira para efetuar parte de suas atividades rotineiras.
Essa empresa terceira, por sua vez, contrata funcionários para executar tais
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Críticas à terceirização
O emprego terceirizado é, via de regra, mais precário que o não terceirizado.
Além de o salário ser normalmente menor e de os contratos serem mais curtos
e voláteis, a chance de um funcionário terceirizado se envolver em acidentes é
muito maior. Isso ocorre, predominantemente, porque o terceirizado tem maior
rotatividade e, portanto, tende a receber um treinamento menos intensivo. Ade-
mais, tendo em vista que as empresas terceirizadas tendem a ter uma estrutura
física mais precária, a segurança acaba sendo comprometida. Na verdade, a
chance de um funcionário terceirizado se envolver em um acidente é quase o
dobro de um não terceirizado. Essa chance sobe mais ainda em casos em que
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