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ECONOMIA APLICADA AO

SETOR PÚBLICO

2013
Versão 1.0
Governador
Eduardo Henrique Accioly Campos

Vice-governador
João Soares Lyra Neto

Secretário de Administração
Décio José Padilha da Cruz

Gerente Geral de Desenvolvimento de Pessoas e Relações Institucionais - SAD


Ana América Oliveira de Arruda

Gerente de Educação Corporativa - SAD


Benôni Cavalcanti Pereira

Diretor da Escola Fazendária de Pernambuco – ESAFAZ


João Carlos Gonçalves Cavalcanti

Diretor da Academia Integrada de Defesa Social – ACIDES


Manoel Caetano Cysneiros de A. Neto

Diretora da Escola Penitenciária de Pernambuco – EPPE


Charisma Cristina Alves Tomé dos Santos

Gestora do Centro de Formação do Servidor Público – CEFOSPE


Mareval Malta Cabral
Apostila elaborada por:
Benôni Cavalcanti Pereira (SAD)

Apoio Técnico:
Caroline Borges (SAD)
PLANO DE CURSO
1. Nome do curso: ECONOMIA APLICADA AO SETOR PÚBLICO

2. Público-alvo: Servidores públicos estaduais do Estado de Pernambuco foco


do programa de educação corporativa

3. Quantidade de participantes por turma: De 20 a 25 participantes.

4. Pré-requisitos: Não há.

5. Objetivos:

5.1 Objetivo Geral: Capacitar servidores para compreenderem o cenário


econômico local, nacional e global para interpretarem os reflexos de políticas
econômicas no âmbito do setor público e seu impacto na economia
pernambucana.

5.1 Objetivos Específicos:

Ao final do curso o aluno será capaz de:

 Compreender os conceitos econômicos básicos e os princípios de


funcionamento da economia;
 Identificar os principais elementos do estudo da microeconomia,
compreendendo o comportamento clássico de demanda e oferta (Lei da
Oferta, Lei da Demanda e Lei da Oferta x Demanda) que influenciam na
Gestão Pública;
 Identificar os principais tipos de mercado (Concorrência Perfeita,
Oligopólio, Monopólio, Oligopsônio e Monopsônio) e seus efeitos da
economia local;
 Conceituar grandes agregados da macroeconomia (Produto Interno
Bruto, inflação, taxa de juros, desemprego e outros), entendendo seu
impacto na economia nacional;
 Explicar o funcionamento das políticas macroeconômicas e o papel do
setor público e seus instrumentos de gestão (políticas de renda, externa,
fiscal e monetária que influenciam na Gestão Pública Local.
6. Planejamento do Curso:
6.1. Carga Horária: 20 horas/aula;

6.2. Conteúdo Programático:

 Conceitos Econômicos Básicos


o Conceito de Economia
o Lei da Escassez;
o Fatores de Produção;
o Bens e Serviços;
o Fluxo Real e Monetário;
o Curva de Possibilidade de Produção
 Estudos da Microeconomia
o Lei da Demanda
o Lei da Oferta
o Equilíbrio de Mercado
o Estrutura de mercado e seus tipos
 Estudos da Macroeconomia
o Grandes agregados
o Objetivos da Política Macroeconômica
o Instrumento de Política
o Indicadores
 Setor Público
o Objetivos e funções
o Política econômica fiscal
o Política econômica monetária
o Política econômica comercial e cambial

6.3. Cronograma de execução:


CARGA
DIA TURNO CONTEÚDO ATIVIDADES
HORÁRIA

1º Conceitos Econômicos Exposição dialogada e


TARDE 04 h/a
Dia Básicos análise de gráficos
2º Exposição dialogada e
TARDE 04 h/a Estudos da Microeconomia
Dia exercícios em grupo
Exposição dialogada,
3º análise de vídeos e
TARDE 04 h/a Estudos da Macroeconomia
Dia discussão de
reportagens.
Exposição dialogada,
4º análise de vídeos e
TARDE 04 h/a Estudos da Macroeconomia
Dia discussão de
reportagens.
Exposição dialogada,

TARDE 04 h/a Setor Público análise de vídeo e
Dia
trabalho em equipe.

7. Metodologia:

7.1. Metodologia de Ensino: As aulas serão ministradas inicialmente no formato de


exposição dialogada dos conceitos básicos, seguidos de exercício e discussões a partir de
gráficos e fluxos. Serão desenvolvidas análises de reportagens e vídeos que tratam da
realidade econômica local, nacional e global a partir dos estudos micro e
macroeconômicos. Utilizar-se-á da prática de debates em equipe a partir de casos prático
e rotineiros da economia e a atuação do setor público.

7.2. Metodologia de Avaliação de Aprendizagem:

Os participantes passarão por uma avaliação diagnóstica, serão acompanhados pelas


atividades individuais e em equipe ao longo do curso, sendo considerada sua interpretação
em torno dos cenários em análise. Ao final, realizarão um exercício similar ao inicial.
SUMÁRIO

1. Conceitos Econômicos Básicos ................................................................... 8


2. Conceito de Economia ................................................................................. 8
3. Problemas Econômicos Fundamentais ..................................................... 10
4. Divisão Didática do Estudo Econômico ..................................................... 10
5. Breve Resgate Histórico – Moderna Teoria Econômica............................ 11
6. Fluxo Circular da Renda ............................................................................ 13
7. Curva de Possibilidade de Produção (CPP) .............................................. 14
8. Fatores de Produção e os Bens e Serviços .............................................. 16
9. Microeconomia ........................................................................................... 17
10. O papel do setor público e a microeconomia ............................................ 26
11. Macroeconomia .......................................................................................... 27
12. Setor Público na Macroeconomia .............................................................. 32
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ...................................................................... 40
APÊNDICE - ECONOMIA E A CONTABILIDADE NACIONAL ....................... 41

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1. Conceitos Econômicos Básicos

Seja em nosso cotidiano, seja nos jornais, rádio e televisão, deparamo-nos com
inúmeras questões econômicas, como:
Aumentos de preços;
Períodos de crise econômica ou de crescimento;
Desemprego;
Setores que crescem mais do que outros;
Diferenças salariais;
Crises no Setor Público;
Vulnerabilidade externa;
Valorização ou desvalorização da taxa de câmbio;
Dívida Pública: Interna e externa;
Ociosidade em alguns setores de atividade;
Diferenças de renda entre as várias regiões do país;
Comportamento das taxas de juros;
Déficit governamental;
Fonte: http://www.ufjf.br/seaufjf/
Elevação de impostos e tarifas públicas.

Esses temas, já rotineiros em nosso dia-a-dia, são discutidos pelos cidadãos


comuns, que, com altas doses de empirismo, têm opiniões formadas sobre as medidas que
o Estado deve adotar. Uma pessoa (servidor ou empregado) pode vir a ocupar cargo de
responsabilidade em uma empresa ou na própria administração pública e necessitará de
conhecimentos teóricos mais sólidos para poder analisar os problemas econômicos que
nos rodeiam diariamente.
O objetivo do estudo da Ciência Econômica é analisar os problemas econômicos e
formular soluções para resolvê-los, de forma a melhorar nossa qualidade de vida.

2. Conceito de Economia

A palavra economia deriva do grego oikonomía (de óikos, casa; nómos, lei), que
significa a administração de uma casa, ou do Estado, e pode ser assim definida:
Os economistas estudam a forma com que os indivíduos, os diferentes coletivos, as
empresas de negócios e os governos alcançam seus objetivos no campo econômico.
Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem
(escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de

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modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as
necessidades humanas. Estuda os processos de produção, distribuição, comercialização e
consumo de bens e serviços. Bem como as variações e combinações na alocação dos
fatores de produção (terra, capital, trabalho, tecnologia), na distribuição de renda, na oferta
e procura e nos preços das mercadorias. Estuda também como as pessoas e a sociedade
decidem empregar recursos escassos, que poderiam ter utilizações alternativas, para
produzir os mais variados tipos de bens.
Essa definição contém vários conceitos importantes, que são a base e o objeto do
estudo da Ciência Econômica:
Escolha;
Escassez;
Necessidades;
Recursos;
Produção;
Fonte: http://haiti-asduasfaces.no.comunidades.net/index.php?pagina=1165543626
Distribuição.

Em qualquer sociedade, os recursos produtivos ou fatores de produção (mão-de-


obra, terra, matérias-primas, dentre outros) são limitados. Por outro lado, as necessidades
humanas são ilimitadas e sempre se renovam, por força do próprio crescimento
populacional e do contínuo desejo de elevação do padrão de vida. Independentemente do
grau de desenvolvimento do país, nenhum deles dispõe de todos os recursos necessários
para satisfazer todas as necessidades da coletividade. Tem-se então um problema de
escassez: recursos limitados contrapondo-se a necessidades humanas ilimitadas.
Em função da escassez de recursos, toda sociedade tem de escolher entre
alternativas de produção e de distribuição dos resultados da atividade produtiva entre os
vários grupos da sociedade. Essa é a questão central do estudo da Economia: como
alocar recursos produtivos limitados para satisfazer todas as necessidades da
população.
Evidentemente, se os recursos não fossem limitados, ou seja, se não existisse
escassez, não seria necessário estudar questões como inflação, desemprego,
crescimento, déficit público, vulnerabilidade externa e outras. Mas a realidade não é assim,
e a sociedade tem de tomar decisões sobre a melhor utilização de seus recursos, de forma
a atender ao máximo das necessidades humanas.

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3. Problemas Econômicos Fundamentais

Eis a questão central do estudo da economia: como alocar recursos produtivos


limitados (escassos) para satisfazer a todas as necessidades da população? Esse
questionamento levou a sociedade a repensar sobre os modelos de sistema econômico.
Da escassez dos recursos ou fatores de produção, associada às necessidades
ilimitadas do homem, origina-se os chamados problemas econômicos fundamentais.
O quê e quanto produzir: dada a escassez de recursos de produção, a sociedade
terá de escolher, dentro do leque de possibilidades de produção, quais produtos
serão produzidos e as respectivas quantidades a serem fabricadas;
Como produzir: a sociedade terá de escolher ainda quais recursos de produção
serão utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico
existente. A concorrência entre os diferentes produtores acaba decidindo como
serão produzidos os bens e serviços. Os produtores escolherão, entre os métodos
mais eficientes, aquele que tiver o menor custo de produção possível;
Para quem produzir: a sociedade terá também de decidir como seus membros
participarão da distribuição dos resultados de sua produção. A distribuição da renda
dependerá não só da oferta e da demanda nos mercados de serviços produtivos, ou
seja, da determinação dos salários, das rendas da terra, dos juros e dos benefícios
do capital, mas também da repartição inicial da propriedade e da maneira como ela
se transmite por herança.
O modo como as sociedades resolvem os problemas econômicos fundamentais
depende da forma da organização econômica do país, ou seja, do sistema econômico de
cada nação. Sua preocupação fundamental refere-se aos aspectos mensuráveis da
atividade produtiva, recorrendo para isso aos conhecimentos matemáticos, estatísticos e
econométricos. De forma geral esse estudo pode ter por objeto a unidade de produção
(empresas – objeto de estudos pertencentes à macroeconomia), a unidade de consumo
(famílias – objeto de estudos pertencentes à microeconomia) ou então a atividade
econômica de toda a sociedade.

4. Divisão Didática do Estudo Econômico

A análise econômica, para fins metodológicos e didáticos, é normalmente dividida


em quatro áreas de estudo:

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a. Microeconomia ou teoria de formação de preços: Examina a formação de
preços em mercados específicos, ou seja, como consumidores e empresas
interagem no mercado e como decidem os preços e a quantidade para satisfazer a
ambos simultaneamente. Estuda o comportamento de cada “molécula econômica”
do sistema, por meio de preços e quantidades relativas, ou seja, estuda o
comportamento das unidades de consumo representadas pelos indivíduos e pelas
famílias; as empresas, suas produções e custos; a produção e o preço de diversos
bens, serviços e fatores produtivos. Para exemplificar, pode-se citar a análise do
funcionamento de empresas.
b. Macroeconomia: Estuda/ analisa a determinação e o comportamento dos
grandes agregados nacionais, como o produto interno bruto (PIB), investimento
agregado, a poupança agregada, o nível geral de preços, entre outros. Seu enfoque
é basicamente de curto prazo (ou conjuntural), e busca explicar como a economia
opera sem a necessidade de compreender o comportamento de cada indivíduo ou
empresa que dela participam. Preocupa-se com o comportamento da economia
como um todo, por meio de preços e quantidades absolutos. Faz parte dela os
movimentos globais nos preços, na produção ou no emprego. Têm como objeto de
estudo as relações entre os grandes agregados estatísticos: a renda nacional, o
nível de emprego e dos preços, o consumo, a poupança e o investimento totais.
c. Economia internacional: Analisa as relações econômicas entre residentes e
não-residentes do país, as quais envolvem transações com bens e serviços e
transações financeiras.
d. Desenvolvimento econômico: Preocupa-se com a melhoria do padrão de vida
da coletividade ao longo do tempo. O enfoque é também macroeconômico, mas
centrado em questões estruturais e de longo prazo (como progresso tecnológico,
estratégias de crescimento).

5. Breve Resgate Histórico – Moderna Teoria Econômica

Eventos recentes que influenciaram os estudos da economia mundial:


Grande depressão de 30: estudiosos da economia buscaram encontrar
caminhos para a estabilização ocorrida em virtude da quebra da bolsa de NY
(1929);
1936: John Maynard Keynes postula a moderna teoria da análise econômica,
onde propunha que as políticas econômicas adotadas não funcionavam
adequadamente, e sugeria que o Estado deveria intervir como regulador da
Economia.
1945: 55% da capacidade industrial voltada para armamentos (na época era
considerado muito mais lucrativo e tinha grande demanda); também houve um

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grande despertar para o crescimento de povos subdesenvolvidos (foi motivado
principalmente pela facilitação das economias internacionais e também pela busca
do bem-estar);
1946: invenção do Eniac (Pensilvânia University) – equipamento pesando 30
tons, com a capacidade de fazer cálculos balísticos complexos.
Década de 50 e 60: busca pelo crescimento econômico por países
subdesenvolvidos:
o Desenvolvimento econômico = condição de bem estar (apesar de muitas
vezes o bem-estar não estar relacionado ao progresso)
o Globalização em fase acelerada no começo da década de 50.
o As nações pobres sofriam com a explosão demográfica, desequilíbrio
ecológico, exploração desequilibrada e consumo destrutivo.
1969: criação da primeira infra-estrutura global de comunicações e os respectivos
protocolos (ARPANET – o precursor da Internet).
1985: instauração da Perestroika (que significa reconstrução, reestruturação) foi,
em conjunto com a Glasnost, uma das políticas introduzidas na União Soviética por
Mikhail Gorbachev, em 1985. Ganhou a conotação de “reestruturação econômica”.
(Gorbachev sentiu que a economia da União Soviética estava decaindo, e percebeu
que o sistema socialista, apesar de não ter de ser substituído, certamente
necessitava de uma reforma - uma das idéias principais era a de reduzir a
quantidade de dinheiro gasta na defesa nacional).
Fim de 1989: queda do Muro de Berlim e reunificação das Alemanhas Oriental e
Ocidental.
1990: operadores privados começaram a criar as suas próprias infra-estruturas, e
as restrições à comercialização da Internet foram totalmente abolidas, aparecendo a
World Wide Web, o desenvolvimento dos browsers, a diminuição de custos de
acesso, o aumento de conteúdos, entre outros fatores, fizeram com que a Internet
tivesse um crescimento exponencial.
Fim de 1991: decretado o fim da URSS.
1992: estabelecido o Tratado da União Européia (normalmente conhecido como
Tratado de Maastricht), ou mercado único europeu (que nada mais é do que uma
união aduaneira), com uma moeda única (o euro, adotado por 13 dos 27 estados
membros) e políticas agrícola, de pescas, comercial e de transportes comuns.
Fim do século XX: surgimento da questão crucial sobre a aceleração do
crescimento econômico das economias periféricas. Globalização acelerada
principalmente depois do tremendo avanço tecnológico das telecomunicações, dos
computadores em rede e da Internet.

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6. Fluxo Circular da Renda
Vamos supor um sistema econômico, onde a economia de mercado não sofra a
interferência do governo e não tenha relações comerciais com o exterior (um tipo de
Economia Fechada). Nessa economia fechada, as unidades de consumo (famílias), são
proprietárias dos fatores de produção, e os fornecem às unidades produtoras (empresas),
no Mercado de Fatores de Produção. As empresas combinam esses fatores de produção
e produzem bens e serviços, fornecendo-os para as famílias no Mercado de Bens e
Serviços.

Mercado de bens e serviços

Demanda Oferta

Famílias
Fluxo Real da Empresas

Oferta
Economia Demanda

Mercado de fatores de produção

O Fluxo Real da Economia é denominado a partir dessa movimentação de fatores


de produção, bens e serviços. No Mercado de Bens e Serviços as famílias demandam
bens e serviços, enquanto as empresas os oferecem, e no Mercado de Fatores de
Produção as famílias oferecem os serviços ou fatores de produção (que são de sua
propriedade) para as empresas (as quais demandam esses fatores de produção para
depois transformá-los em produtos ou serviços).

Pagamento dos bens e serviços

Famílias
Fluxo Monetário Empresas

da Economia
Remuneração dos fatores de produção

No entanto, o Fluxo Monetário da Economia funciona paralelamente ao fluxo real


da economia e só se torna possível com a presença de moeda, que é utilizada para
remunerar os fatores de produção e para o pagamento dos bens e serviços. Nesses
mercados operam as forças da oferta e da demanda, determinando o preço. Ou seja, no
mercado de bens e serviços formam-se os preços dos bens e serviços enquanto no
mercado de fatores de produção são determinados os preços dos fatores de produção.

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7. Curva de Possibilidade de Produção (CPP)
Também chamada de curva de transformação e de curva de possibilidades de
produção (CPP), expressa a capacidade máxima de produção da sociedade, dada a
escassez dos recursos. Essas curvas mostram as trocas compensatórias que as pessoas
enfrentam na sociedade em virtude da escassez.
No exemplo da curva a seguir, considerando que, hipoteticamente, a sociedade
produz dois bens, cadeiras ou bancos, como fonte de escassez o tempo de produção
(quanto mais tempo gasta para fazer cadeiras, menos tempo tem p/ fazer bancos), teremos
a capacidade máxima de produção expressa e podemos afirmar que:
No ponto A, B, C, D e E na CPP, a sociedade estará numa produção em pleno
emprego do recurso produtivo, ou seja, qualquer ponto em cima da curva
significa que a economia irá operar a plena capacidade (ou ponto de eficiência,
ou pleno emprego), usando todos os fatores de produção (FP) disponíveis.
No ponto Y, a economia está operando com capacidade ociosa ou desemprego
(FP subutilizados ou ponto de ineficiência).
O ponto Z ultrapassa a capacidade de produção possível, pois a economia
dispõe de recursos insuficientes para obter essa quantidade de bens (pontos
inatingíveis).
O formato côncavo da CPP mostra que acréscimos iguais na produção envolvem
decréscimos proporcionais ou maiores.

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A próxima figura mostra um crescimento econômico, com um deslocamento da
CPP. Isto indica que o país está crescendo, onde ocorre um aumento real dos
FP (insumos), em virtude de progresso tecnológico/ inovações, aumento da
eficiência produtiva, investimentos de capital, melhoria na qualificação da mão-
de-obra, etc.

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8. Fatores de Produção e os Bens e Serviços
Um bem representa qualquer coisa que tenha utilidade, podendo satisfazer uma
necessidade ou suprir uma carência. Os BENS apresentam utilidade para a satisfação das
necessidades, podendo ser escassos ou abundantes.
Tipos de bens:
a) Bens Livres: São bens abundantes na natureza, e não possuem preço,
satisfazem as necessidades e suprem as carências sem custo algum (ex.: o ar e luz
do sol).
b) Bens Econômicos: São os bens escassos, e em decorrência disso, possuem
preço.
c) Bens complementares: precisam de uma combinação com outro bem para
satisfazer uma necessidade. (café com açúcar, automóvel com gasolina, etc)
d) Bens Substitutos: são aqueles bens cujas quantidades demandadas respectivas
alteram-se em sentido contrario, dada uma variação do preço de um deles. P.ex., o
aumento do preço do café reduz sua quantidade demandada e aumenta a
quantidade demandada do chá.
e) Bens inferiores: um bem é inferior quando existe uma relação inversa entre a
quantidade procurada do bem e a renda do consumidor (ou a renda média de
grupos de consumidores, em estudos de mercado).
f) Bens Duráveis: categoria de bens que tem utilidade durante um período de
tempo. Abrange os bens de consumo duráveis e os de capital.
• Bens de capital e/ou produção: servem para a produção de outros bens,
especialmente os bens de consumo, tais como máquinas, equipamentos, material
de transporte e instalações de uma indústria.
• Bens de consumo duráveis: são bens que prestam serviço durante um
período de tempo relativamente longo (Ex.: máquina de lavar roupa ou
automóvel).
• Bens de consumo não-duráveis: são bens que são usados somente uma vez
(ex.: alimentos)
g) Bens Intermediários: São bens manufaturados ou matérias-primas processadas
que são empregados para a produção de outros bens finais (ex.: lingote de aço que
será usado para fazer uma peça de um automóvel).
h) Bens públicos: são os bens ou serviços passíveis de serem usados por todos,
não importando quem paga por seu consumo ou utilização (justiça, saúde,
educação, segurança publica, rodovias, etc.).

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Os recursos de produção da economia, compostos pelos recursos humanos
(trabalho e capacidade empresarial), terra, capital e tecnologia, são chamados de Fatores
de produção (FP). Cada FP tem uma remuneração específica:

Fator de Produção Remuneração


Trabalho Salário
Capital Juros
Terra Aluguel
Tecnologia Royalty (ies)
Capacidade empresarial Lucro

9. Microeconomia
Também chamada de “Teoria dos Preços”, é responsável pela análise da
formação de preços no mercado, ou melhor, como a empresa e o consumidor interagem e
decidem qual o preço e a quantidade de determinado bem ou serviço em mercados
específicos.

Divisão do Estudo Microeconômico


a) Análise da Demanda:
Teoria do consumidor (demanda individual).
Teoria da demanda do mercado.
b) Análise da Oferta (de bens e serviços):
Oferta da firma individual
Teoria da Produção
Teoria dos Custos de Produção
Oferta de Mercado
c) Análise das Estruturas de Mercado:
Oferta e Demanda (O&D) – determinam preço e quantidade de equilíbrio de um bem
ou serviço (só que o mercado é competitivo).
Na análise da estrutura de mercado avaliam-se os efeitos da O&D, tanto no
mercado de bens e serviços (B&S), como no mercado de Fatores de Produção (FP).

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d) Estruturas do mercado de B&S:
Concorrência perfeita (estrutura em que ocorre a incapacidade de influenciar preços
do mercado, pois existe livre movimentação dos ofertantes e é indiferente para o
comprador comprar de um ou de outro ofertante);
Concorrência imperfeita ou monopolista (situação em que duas ou mais empresas
possuírem controle sobre os preços, sem ficar sujeito a concorrência de substitutos
perfeitos um do outro, e os ofertantes podem influenciar a demanda e os preços);
Monopólio (situação em que uma empresa domina a oferta de determinado bem ou
serviço, que não tem substituto);
Oligopólio (concentração da propriedade em poucas empresas de grande porte, e
estas detêm o controle da maior parcela ofertada no mercado).
e) Estruturas do mercado de FP:
Concorrência perfeita
Concorrência imperfeita
Monopsônio (estrutura de mercado em que existe apenas uma empresa
compradora de determinada matéria-prima ou produto primário)
Oligopsônio (poucas empresas de grande porte, são as compradoras de
determinada matéria-prima ou produto primário)
f) Teoria do Equilíbrio Geral:
Leva em conta as inter-relações entre todos os mercados (usa de muita abstração,
envolvendo cálculos complexos e diversos modelos matemáticos).

A hipótese Coeteris Paribus


Na microeconomia, vale-se deste recurso para analisar um mercado específico,
valendo-se da hipótese que tudo o mais permanece constante, selecionando apenas as
variáveis que podem influenciar o objeto de estudo. P.ex.: para analisar o efeito do preço
sobre a procura, supomos que a renda permanece constante (CP), ou a relação da procura
e renda dos consumidores, onde o preço permanece constante (CP).

Demanda, oferta e equilíbrio de mercado


A teoria microeconômica evoluiu com o inicio da análise da demanda (procura) de
bens e serviços, a qual é fundamentada no conceito subjetivo de utilidade (a qual
representa o grau de satisfação atribuído pelos consumidores de bens e serviços).
Na junção da Teoria do Valor-Utilidade (TVU) com a Teoria do Valor-trabalho (TVT),
é que o comportamento do consumidor define a demanda de mercado. O comportamento

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dos preços dos bens precisa da TVU, pois somente os custos de produção (TVT) não
bastam para explicar o comportamento, necessitando também dos gostos, hábitos, renda e
etc.

Demanda de Mercado
A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de certo B&S que os
consumidores desejam adquirir em um determinado período de tempo. A procura depende
de variáveis que influenciam a escolha do consumidor (o preço do bem ou serviço, o preço
de outros bens, a renda e o gosto do consumidor). Usamos o CP para analisar cada uma
dessas variáveis.

Lei da Demanda
Possui relação inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preço
do bem (CP), e é representada por uma escala de procura ou curva da demanda, ou seja,
a quantidade procurada de um produto varia inversamente proporcional com relação ao
seu preço (CP- renda constante).

Escala de procura
Preço Quantidade
demandada

1,00 11.000

3,00 9.000

6,00 6.000

8,00 4.000

10,00 2.000

Curva de Procura

A Função Demanda é dada por Qd=F[P], na equação, mostra-se que a quantidade é


função do preço (ou seja, a quantidade. depende do preço). A inclinação da curva é
negativamente inclinada, por conta do efeito substituição (quando o preço do bem
aumenta, o consumidor procura outro bem que satisfaça a sua necessidade) e do efeito
renda (quando aumenta o preço, a quantidade demandada diminui por conta da perda de
poder aquisitivo).

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Na figura ao lado, a demanda
está indicada pela reta indicada pela
letra D; a quantidade procurada
relacionada ao preço Po é Qo. Caso o
preço do bem aumentasse para P1,
haveria uma diminuição na quantidade
demandada, não na demanda. Ou
seja, as alterações da quantidade
demandada ocorrem ao longo da
própria curva de demanda (reta D).

As outras variáveis que afetam a procura de um bem ou serviço são: bens inferiores
(se o consumidor ficar mais rico, irá diminuir a demanda por carne de segunda,
substituindo-a por carne de primeira), bem de consumo saciado (a demanda não é afetada
pela renda, como por exemplo, o arroz e feijão, farinha e sal), preço de outros bens (bens
substitutos ou concorrentes – p.ex. aumenta o preço da carne, aumenta a procura por
peixe ou frango), e os bens complementares (p.ex.:quantidade de automóveis e o preço da
gasolina ou do seguro).

Deslocamento na curva de demanda:


Caso houvesse um aumento na renda do consumidor e os preços permanecessem
constantes (CP), haveria um aumento na quantidade procurada (de D0 para D1) – ou seja,
houve um aumento na demanda e não na quantidade demandada (pois os movimentos da
quantidade demandada ocorrem ao longo da curva).

Suponhamos que agora a curva da


procura inicial (veja a figura ao lado) fosse
a reta indicada pela letra D0. Sendo o
bem superior, caso houvesse um
aumento na renda dos consumidores
(coeteris paribus), a curva da procura D0
iria se deslocar para a direita, o que
estaria indicando que, aos mesmos
preços, por exemplo, P0, o consumidor
estaria disposto a adquirir maiores
quantidades do bem, passando de Q0
para Q2. A nova curva de demanda é
representada pela reta D1.

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Oferta de Mercado
Pode-se conceituar oferta como as várias quantidades que os produtores desejam
oferecer ao mercado em determinado período de tempo. Da mesma maneira que a
demanda, a oferta depende de vários fatores; dentre eles, de seu próprio preço, do preço
(custo) dos fatores de produção e das metas ou objetivos dos empresários ofertantes.
Diferentemente da função demanda, a função oferta mostra uma correlação direta
entre quantidade ofertada e nível de preços, coeteris paribus. É a chamada lei geral da
oferta.
A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem deve-
se ao fato de que, coeteris paribus, um aumento do preço de mercado estimula as
empresas a elevar a produção; novas empresas serão atraídas, aumentando a quantidade
ofertada do produto.
Além do preço do bem, a oferta de um bem ou serviço é afetada pelos custos dos fatores
de produção (matérias-primas, salários, preço da terra), por alterações tecnológicas e pelo
aumento do número de empresas no mercado.

Escala de oferta
Preço Quantidade
ofertada

1,00 1.000

3,00 3.000

6,00 6.000

8,00 8.000

10,00 10.000

Curva de oferta

Função ou equação da oferta é dada por Qo=F[P]. A curva é diretamente


proporcional entre quantidade e preços (CP), ou positivamente inclinada, pois o aumento
dos preços estimula a elevação da produção e a quantidade ofertada (e essa oferta é
afetada pelos custos dos FP, por alterações tecnológicas, e pelo aumento de empresas no
mercado).

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Deslocamento na curva de oferta
Parece claro que a relação entre a oferta e o custo dos fatores de produção seja
inversamente proporcional. Por exemplo, um aumento dos salários ou do custo das
matérias-primas deve provocar (coeteris paribus), uma retração da oferta do produto.
A relação entre a oferta e nível de conhecimento tecnológico é diretamente
proporcional, dado que melhorias tecnológicas promovem melhorias da produtividade no
uso dos fatores de produção, e, portanto aumento da oferta. Da mesma forma, há uma
relação direta entre a oferta de um bem ou serviço e o número de empresas ofertantes do
produto no setor.
Como no caso da demanda, também devemos distinguir entre a oferta e a
quantidade ofertada de um bem. A oferta refere-se à escala (ou toda a curva), enquanto a
quantidade ofertada diz respeito a um ponto específico da curva de oferta. Assim, um
aumento no preço do bem provoca um aumento da quantidade ofertada, coeteris paribus
(movimento ao longo da curva - diagrama A), enquanto uma alteração nas outras variáveis
(como nos custos de produção ou no nível tecnológico) desloca a oferta (isto é, a curva de
oferta).
Por exemplo, um aumento no custo das matérias-primas provoca uma queda na
oferta: mantido o mesmo preço P0 (isto é, coeteris paribus), as empresas são obrigadas a
diminuir a produção (diagrama B).
Por outro lado, uma diminuição no preço dos insumos, ou uma melhoria tecnológica
na utilização dos mesmos, ou ainda um aumento no número de empresas no mercado,
conduz a um aumento da oferta, dados os mesmos preços praticados, deslocando-se,
desse modo, a curva de oferta para a direita (diagrama C).

22
Equilíbrio de Mercado:
A interação das curvas de demanda e de oferta determina o preço e a quantidade
de equilíbrio de um bem ou serviço em um dado mercado. Ou seja, quando ocorre o
cruzamento entre as curvas de oferta e demanda, o preço de equilíbrio de mercado é
estabelecido. Observe a tabela abaixo e compare com o gráfico da próxima página:

Preço Qo Qd Situação

1,00 11000 1000 Excesso de procura/ escassez de oferta

3,00 9000 3000 Excesso de procura / escassez de oferta

6,00 6000 6000 Equilíbrio entre oferta e procura

8,00 4000 8000 Excesso de oferta / escassez de procura

10,00 2000 10000 Excesso de oferta / escassez de procura

Legendas: Qo – Quantidade ofertada - Qd – Quantidade demandada

Observe que R$ 6,00 é o preço de quantidade de equilíbrio, ou seja, o preço e a


quantidade que atendem as aspirações de consumidores e dos produtores
simultaneamente. Existe uma tendência natural do mercado para se chegar a uma
situação de equilíbrio, e se não há obstáculos para a livre movimentação dos preços (como
p.ex., na época do Sarney com o congelamento dos preços) e se o sistema é de
concorrência pura ou perfeita.
Na intersecção das curvas de
oferta e demanda (ponto E), teremos o
preço e a quantidade de equilíbrio, isto é,
o preço e a quantidade que atendem às
aspirações dos consumidores e dos
produtores simultaneamente.
Se a quantidade ofertada se
encontrar abaixo daquela do ponto de
equilíbrio E (o ponto A, por exemplo),
teremos uma situação de escassez do
produto. Haverá uma competição entre
os consumidores, pois as quantidades
procuradas serão maiores que as
ofertadas. Formar-se-ão filas, o que
forçará a elevação dos preços, até atingir-se o equilíbrio, quando as filas cessarão.

23
Analogamente, se a quantidade ofertada se encontrar acima do ponto de equilíbrio
E (o ponto B, por exemplo), haverá um excesso ou excedente de produção, um acúmulo
de estoques não programado do produto, o que provocará uma competição entre os
produtores, conduzindo a uma redução dos preços, até que se atinja o ponto de equilíbrio.
Como se observa, quando há competição tanto de consumidores como de
ofertantes, há uma tendência natural no mercado para se chegar a uma situação de
equilíbrio estacionário - sem filas e sem estoques não desejados pelas empresas.
Desse modo, se não há obstáculos para a livre movimentação dos preços, ou seja,
se o sistema é de concorrência pura ou perfeita, será observada essa tendência natural de
o preço e a quantidade atingirem determinado nível desejado tanto pelos consumidores
como pelos ofertantes. Para que isso ocorra, é necessário que não haja interferência nem
do governo nem de forças oligopólicas, que normalmente impedem quedas de preços dos
bens e serviços.

Deslocamento das curvas de demanda e oferta

Como vimos, existem vários


fatores que podem provocar
deslocamento das curvas de oferta e
demanda, com evidentes mudanças do
ponto de equilíbrio. Suponhamos, por
exemplo, que o mercado do bem X (um
bem normal, não inferior) esteja em
equilíbrio. O preço de equilíbrio inicial é
Po e a quantidade, Qo (ponto A).
Se, por hipótese, os consumidores
obtêm um aumento de renda real
(aumento de poder aquisitivo), coeteris
paribus, a demanda do bem X, aos
mesmos preços anteriores, será maior.
Isso significa um deslocamento da curva
de demanda para a direita, para DI. Assim, ao preço Po teremos um excesso de demanda,
que provocará um aumento de preços até que o excesso de demanda acabe. O novo
equilíbrio se dará ao preço PI e quantidade QI (ponto B).
Da mesma forma, um deslocamento da curva de oferta afetará a quantidade de
mercado e o preço de equilíbrio. Suponha, para exemplificar, que haja uma diminuição dos
preços das matérias-primas usadas na produção do bem X. Conseqüentemente, a curva
de oferta do bem X se deslocará para a direita, e, por raciocínio análogo ao anterior, o
preço de equilíbrio se tornará menor e a quantidade maior.

24
Estrutura de Mercado
Mercado é o local onde produtores e consumidores se encontram para realizar a
compra e venda das mercadorias. O mercado existe desde os primórdios da humanidade.
Os mercados evoluem de acordo com o desenvolvimento da sociedade, mas mantêm as
mesmas características comuns: é o local onde se realizam as transações entre
compradores e vendedores. A regulação é feita pela lei da oferta e da procura. Quando há
mais produtos que as necessidades da população, os preços tendem a baixar. Quando há
menos produtos que a procura, os preços tendem a subir.
O mercado regula os interesses de produtores e consumidores: os produtores
querem ganhar o máximo possível; enquanto os consumidores querem pagar o mínimo
possível. O resultado desse processo são os preços de equilíbrio, ou seja, é o patamar no
qual, consumidores e produtores realizam seus interesses sem que nenhum seja
prejudicado. Crescem quando há desenvolvimento econômico, crescimento da economia.
Entram em retração quando há desaceleração do desenvolvimento econômico. Os preços
no mercado são a expressão monetária do valor de mercadorias e refletem os custos de
produção e o lucro dos empresários.
Os mercados caracterizam-se pela seguinte estrutura: concorrência perfeita;
monopólio e oligopólio. Cada uma delas é marcada pelas seguintes características:
Concorrência perfeita
O número de agentes compradores e vendedores é de tal ordem que nenhum
deles, individualmente, possui condições para influir decisivamente no mercado;
Os produtos são homogêneos podendo ser fabricados por qualquer dos
produtores;
Os produtores e consumidores têm mobilidade e não há acordo de preço entre os
que participam do mercado;
O preço é definido de maneira impessoal, ninguém individualmente o estabelece;
Deve haver transparência no mercado. Não há informações privilegiadas para
qualquer agente econômico.
Monopólio
Quando há no mercado apenas um vendedor, que domina inteiramente o
mercado;
O produto da empresa monopolista não tem substituto próximo. Não há
alternativas para os consumidores;
A entrada de concorrentes no mercado é praticamente impossível.
Tem poder total sobre a formação dos preços;

25
Os monopólios não têm transparências. Suas operações e transações são uma
espécie de caixa preta.
Oligopólios
É a forma moderna da grande empresa. Tem as seguintes características:
É formado por um pequeno grupo de grandes empresas que dominam um ou
vários ramos de produção e dividem entre si o mercado.
Há grandes obstáculos para a entrada de concorrentes
Quando há acordo de preços entre os oligopólios, a concorrência é residual.

10. O papel do setor público e a microeconomia

O governo intervém na formação dos preços do mercado por meio dos impostos,
subsídios, critérios de reajuste salarial, política de preços mínimos, tabelamentos e
congelamentos. Com relação aos impostos estes podem ser divididos em duas classes
fundamentais:
Impostos diretos: são impostos que incidem sobre a renda. Ex.: Imposto de
renda.
Impostos indiretos: são impostos que incluem sobre o consumo ou sobre as
vendas. Ex.: IPI, ICMS, etc. Entre os impostos indiretos destacam-se dois tipos:
o Imposto específico: recai sobre cada unidade de mercadoria vendida, ou
seja, o valor é fixo independentemente do valor da mercadoria.
o Imposto Ad Valorem: é fixado por meio de um percentual (alíquota)
aplicado sobre o valor das vendas.
Os impostos representam aumentos nos custos de produção. Quanto mais
impostos, maior será o repasse para os preços.
A Incidência Tributária é a proporção do imposto pago por produtores e
consumidores. Num mercado oligopolizado, os empresários têm condições de repassar
para os preços o conjunto dos impostos. Os impostos são arrecadados nas três esferas
governamentais: Federal (a maior parte), Estadual e Municipal.
O Subsídio é um ato do governo visando incentivar determinadas regiões, subsidiar
certos setores empresariais e o consumo da população.
Subsídios diretos: quando o governo interfere diretamente no mercado,
subsidiando determinado produto ou incentivando as exportações. Ex.:
subsídios ao trigo, - gasolina por ocasião dos choques do petróleo, etc.;

26
Subsídios indiretos: quando o governo atua por meio da população,
isentando de tributos certas atividades ou determinados produtos, algumas
regiões ou setores industriais em processo de maturação.

A Política de Preços Mínimos tem como objetivo garantir preços aos produtores
agrícolas, visando protegê-los das flutuações do mercado. A política de preços mínimos é
anunciada antes do plantio, de forma que os produtores possam ter garantia mínima de
que não terão prejuízos com a safra. Na época da venda dos produtos, se os preços do
mercado estiverem mais altos que os estabelecidos pelo governo, o produto é vendido no
mercado. Se os preços do mercado estiverem mais baixos que os do governo, a produção
é vendida para o Estado.
O Tabelamento é um ato do governo visando corrigir os desvios do mercado,
especialmente nas economias denominadas pelos oligopólios.
Os Critérios de reajuste salarial é a intervenção do governo na fixação do preço
da mão-de-obra tem o objetivo de buscar harmonizar os interesses de trabalhadores e
empresários, de forma a garantir a estabilidade social. Caso os salários fossem fixados
pelo mercado, especialmente o salário mínimo, os trabalhadores teriam poder de barganha
nas épocas de crescimento econômico e nenhum poder nos períodos de recessão.
Portanto, a ação do governo busca regular o mercado de trabalho.
Os Congelamentos de preços são medidas drásticas, que só acontecem em
períodos especiais, principalmente nas épocas de inflação, etc. O congelamento é uma
medida unilateral, que paralisa a remarcação de preços. Como os preços não aumentam
de maneira uniforme, no momento do congelamento alguns preços podem estar alinhados
para cima e outros para baixo. Caso não haja um ajuste poderá ocorrer desabastecimento
nos setores alinhados para baixo

11. Macroeconomia

A macroeconomia estuda o comportamento dos grandes agregados, tais como PIB,


renda, nível geral de preços, taxa de juros, taxa de câmbio, emprego/desemprego, balanço
de pagamentos, moeda, etc.
Ao estudar esses agregados, a macroeconomia deixa para um segundo plano o
comportamento das unidades e constituições individuais e dos mercados específicos, que
são estudados pela microeconomia.
A macroeconomia trata o mercado de bens e serviços em um todo (agregando
produtos agrícolas, industriais, serviços, transportes) bem como o mercado de trabalho,
não se preocupando com as diferenças de qualificação (sexo, origem, etc).

27
A abordagem macroeconômica tem a vantagem de permitir uma melhor
compreensão dos fatos mais relevantes da economia, representada assim um importante
instrumento para a política e programação econômica.
Objetivos da Política Econômica:
Alto nível do emprego
Estabilidade dos preços
Distribuição justa da renda
Crescimento econômico

As questões relativas ao emprego e inflação são consideradas conjuntamente de curto


prazo. As questões relativas ao crescimento econômico são predominantemente de longo
prazo.
O Nível de emprego envolve a questão do emprego/desemprego não preocupava os
economistas até 1930. Eles acreditavam que o mercado conduziria automaticamente ao
pleno emprego. A preocupação com o emprego como meta de governo surgiu com
Keynes, que forneceu a teoria para se recuperar o nível do emprego no longo prazo.
Defendeu a necessidade da intervenção do Estado na economia, pela qual o Estado
deveria garantir a demanda agregada e através do gasto público, manter o equilíbrio
econômico.
A Estabilidade dos preços: A busca da estabilidade dos preços se dá em função do
processo inflacionário que é um aumento generalizado do preço das mercadorias. A
inflação é um fenômeno inerente ao capitalismo e existe em todos os países, No entanto,
nas economias em desenvolvimento os aumentos da inflação são constantes, em função
dos desequilíbrios da economia. Portanto, a estabilidade dos preços é uma meta de
governo, uma vez que a inflação, a partir de um determinado patamar, desestabiliza a
economia.
A Distribuição de renda é um tema que está ligado ao perfil da participação dos
trabalhadores na riqueza social. Nas economias desenvolvidas, a participação dos salários
no produto é de cerca de 2/3, enquanto no Brasil é de cerca de 1/3. O perfil salarial tem
influência direta nos processos de distribuição da renda. Nas economias de baixos
salários, a renda é mais concentrada enquanto nas economias desenvolvidas a renda é
menos concentrada.
O Crescimento econômico pode ser induzido pelo investimento e pela ação
governamental. O investimento empresarial aumenta a produção, o emprego e a renda. O
investimento governamental induz não só o investimento empresarial como também
estimula a economia e reverte a estagnação econômica. Uma política de estímulo ao
capital financeiro, com estabilidade a qualquer custo, leva a economia à recessão e ao
desemprego. Uma política de estímulo a produção aumenta o emprego e a renda.

28
Os objetivos da política econômica não são independentes um do outro. Há uma
inter-relação entre eles. É importante que a política econômica seja realidade de maneira
coordenada para que se obtenham os objetivos desejados.

Instrumentos da política macroeconômica


A política macroeconômica envolve atuação do governo no conjunto da economia.
Para que a política seja efetivada, o governo lança mão de uma serie de instrumentos para
atingir as metas macroeconômicas.

Política fiscal, política monetária, política cambial e comercial e política de rendas


A Política fiscal está relacionada aos instrumentos de que o governo dispõe para
arrecadar impostos, controlar despesas, estimular ou desestimar o consumo, bem como os
gastos privados.
Tributos a impostos em geral;
Controle de despesas pessoal e custeio;
Estimulo / desestimulo do consumo
Se o governo pretende reduzir a inflação diminui os gastos públicos e aumenta a
carga tributaria. Se o governo quer aumentar o emprego, aumenta os gastos
governamentais. Se o governo quer atuar na distribuição de renda ou na desigualdade
regional, impõe imposto sobre a natureza ou incentivos para as regiões mais pobres.
A política fiscal obedece ao principio da autoridade segundo o qual a implementação
de uma medida fiscal só pode ocorrer a partir do ano seguinte ao de sua aprovação no
congresso.
A Política monetária está relacionada ao estoque monetário do país. Envolve
emissão de moeda, renda e compra de títulos públicos, bem como a regulação do sistema
bancário. Emissão de moedas: mecanismo pelo qual o governo pode aumentar ou diminuir
o volume de moeda na economia, de acordo com os interesses de estimular ou
desestimular o consumo. Alguns conceitos importantes:
Reservas compulsórias: mecanismo pelo qual o governo impõe aos bancos
comerciais a retenção de uma parcela dois depósitos;
Mercado aberto: estrutura a partir da compra e venda de títulos públicos;
Redesconto: são empréstimos do banco central aos bancos com
dificuldades passageiras;
Taxa de juros: instrumento pelo qual o governo pode incentivar ou
desacelerar o crescimento econômico.

29
A Política cambial e comercial são políticas voltadas para o setor externo da
economia. Política cambial refere-se à capacidade do governo de definir a taxa de
cambio, através do banco central. A taxa de cambio pode ser definida pelo mercado se
assim o governo definir.
A Política comercial tem como instrumentos os incentivos a exportação, de
estimulo ou desestimulo as importações, através de instrumentos fiscais e creditivos alem
das barreiras tarifarias
A Política de rendas está ligada à capacidade do governo de atuar na formação e
apropriação da riqueza, mediante a fixação dos salários e o controle dos preços. No Brasil
não existe uma estratégia para a política de rendas, no sentido de sua distribuição mais
justa. As políticas governamentais nessa área atendem muito mais os interesses do capital
do que do trabalho.

MACROECONOMIA KEYNESIANA

A política keynesiana nasceu em função da crise capitalista de 1930. Esta crise


colocou por terra o mito liberal de que o mercado se encarregaria de proporcionar
equilíbrio e prosperidade à economia. Com a crise veio a recessão econômica, o
desemprego em massa e a miséria para grande parte da população. O liberalismo entrou
em declínio.
Foi a partir de contestação da política liberal que Keynes elaborou sua teoria
econômica. Para ele, o sistema capitalista deixado ao sabor das forças do mercado, tende
estruturalmente para as crises, com enormes conseqüências econômicas e sociais. Para
reverter o processo de crise, Keynes advogou a necessidade de intervenção do Estado na
economia, por meio de gastos e investimentos de forma a restabelecer a demanda
agregada e o equilíbrio econômico.
Dessa forma, para Keynes, o objetivo da política econômica é encontrar o
equilíbrio econômico, mediante o pleno emprego dos fatores de produção. Assim, a
política econômica deve concentrar-se em elevar a demanda agregada, por meio de
instrumentos que proporcionem aumento dos gastos familiares em consumo; aumento do
investimento; aumento dos gastos governamentais e busca de superávits convencionais.
Uma grande pergunta é: O que é demanda agregada?
É a soma dos gastos das famílias com consumo; das empresas com investimento,
mais os gastos do Governo e as despesas líquidas do setor externo. Para Keynes, quando
a economia entra na crise é necessária à intervenção do Estado para restabelecer a
demanda agregada e o equilíbrio da economia.

30
O Lado Monetário
O uso da moeda é tão generalizado que fica difícil imaginar o sistema econômico
funcionando sem a intervenção da moeda. No entanto, há milhares de anos, seres
humanos trocavam suas mercadorias sem a necessidade do dinheiro. Era a troca direta.
Com o desenvolvimento das forças produtivas criou-se o excedente entre os diversos
produtores, o que possibilitou o desenvolvimento das trocas e, posteriormente, a
introdução do dinheiro como intermediário. O dinheiro possuiu várias formas até chegar ao
formato atual. Nos primórdios da troca foi a concha, peles, sal e depois apareceu o
dinheiro metálico e o dinheiro de papel.
A moeda assume as seguintes funções: Intermediária das trocas; medida de valor;
reserva de valor e instrumento de poder.
Intermediário de trocas: nesta função o dinheiro funciona como intermediador
e facilitador da circulação das mercadorias. Deduz o tempo das transações
comerciais, generaliza a capacidade aquisitiva e possibilita ao possuidor escolher o
momento da compra.
Medida de valor: os bens e serviços trocados passam a ter, como denominador
comum, seus valores expressos em unidades monetárias. Isso proporciona as
seguintes vantagens:
o Cria um sistema de preços, tornando possível a atuação mais racional de
produtores e consumidores.
o Torna possível a contabilização da atividade econômica e a administração da
produção.
Reserva de valor: a moeda possibilita poder de compra com grande rapidez e
tem imediata aceitação por todos os agentes econômicos, em função da liquidez.
Instrumento de poder: a acumulação da moeda no sistema capitalista funciona
como instrumento de poder político, econômico e social.

A Política monetária
Caracteriza-se pelo controle da oferta de moeda e das taxas de juros, visando
atingir os objetivos da política do governo, por meio das autoridades monetárias.

Instrumentos da política monetária


Reserva compulsória: é uma taxa fixada compulsoriamente pelo governo sobre os
depósitos dos bancos comerciais, que vai para o Banco Central. Essa taxa varia de
acordo com os interesses do governo;

31
Empréstimos de liquidez: essas operações funcionam como um instrumento da
política monetária, que consiste na assistência financeira aos bancos comerciais.
Existe ainda o interbancário, pelo qual os próprios bancos comerciais líquidos
emprestam aos não líquidos.
Nas operações compulsórias o Banco Central funciona como o Banco dos Bancos.
E o mercado aberto consiste na compra e venda de títulos governamentais. Essas
operações permitam ao governo:
Controle diário do volume de formação em circulação
Intervenção no processo de formação das taxas de juros
Criação de liquidez para o Governo
O controle e seleção do crédito é o instrumento pelo qual o governo intervém para
reduzir o volume de créditos na economia, controlar as taxas de juros e limitar as
condições gerais de empréstimos.

12. Setor Público na Macroeconomia

Você sabia que o Estado, na sua condição de agente supremo da economia


brasileira, desenvolve atividade fiscal, isto é, aquela de natureza tributária e orçamentária,
pela qual faz a captação dos meios materiais, planeja, orienta e controla a aplicação dos
recursos?
Sabia, também, que associado à atividade fiscal o Estado desenvolve atividade de
natureza patrimonial, isto é, atividade financeira, arrecadando os recursos necessários à
manutenção de suas atividades e a busca da satisfação das necessidades de natureza
coletiva como saúde e educação?

O Estado como agente preponderante


Como você sabe, é de longa data que a sociedade necessitou de instrumentos que,
além de instituir o estado de direito, também exercesse a função de regulador e orientador
no desenvolvimento de ações voltadas exclusivamente ao atendimento dos interesses da
coletividade.
É possível, assim, definir que o Estado, na condição de agente preponderante na
economia, isto é, aquele que detém a supremacia na esfera econômica, exerce
hegemônica função que visa, além da instituição e regulação do estado de direito, manter-
se firme na regulação da economia e promover os meios necessários à consecução das
necessidades da coletividade no sentido de garantir o bem comum.

32
Economia do Setor Público
Qual o poder de interferência do Estado?
A intervenção ativa do Estado na economia não é prerrogativa de exclusividade do
governo brasileiro, haja vista que quase que na totalidade dos países a ação dos governos
nas atividades econômicas e sociais é marcante, verificando-se inclusive elevada
semelhança nos processos de intervenção dos governos na maioria dos países capitalistas
de economia mista, ou seja, aqueles no qual o setor privado não é capaz de,
singularmente, desenvolver as atividades dos setores primários, secundário e terciário,
além de satisfazer as necessidades de natureza coletiva, isto é, necessitam da intervenção
do Estado para a satisfação do bem comum, especialmente aquelas ações ligadas à
saúde, educação, transportes etc.
As atividades ligadas aos transportes, à siderurgia, além de outros, têm sido a base
de atuação dos governos na área produtiva, especialmente em decorrência da relação
entre os riscos, incertezas e o volume de investimentos necessários aos setores.
Ao discorrer sobre o poder de interferência do Estado, Pereira (2003. p, 32), define:
Sabemos que o Estado dispõe de recursos e instrumentos muito poderosos, como,
por exemplo, o poder de coerção legal, isto é, o direito de intervir legalmente, para atuar
como indutor, ou seja, instigador e/ou estimulador, das atividades econômicas. Verifica-se
que o Estado interfere, de forma seletiva, com seu poder de proibir ou compelir, subsidiar
ou tributar, em significativo número de atividades econômicas. O Estado pode determinar o
deslocamento físico de recursos e as decisões econômicas das famílias e empresas, sem
seu consentimento. Esses poderes criam condições para que um setor utilize o Estado
para elevar sua rentabilidade. O Estado, portanto, deve incentivar e auxiliar a participação
da atividade privada na economia, tendo, porém, a obrigação de nela intervir quando os
interesses e os investimentos daquele setor não forem capazes de manter o devido
equilíbrio e/ou possam resultar em desajuste da economia do país.

Quais as etapas de intervenção do Estado?


Até o início do século XX, tínhamos uma economia exclusivamente voltada à
produção e exportação do café, o que direcionava nossas atividades econômicas,
notadamente, para o comércio exterior, período em que a estrutura tributária do país era
extremamente simples, preocupando-se, quase que exclusivamente, com os impostos de
exportação e importação.
Rianai (2002. p.49), define que os fatores mais relevantes e que limitaram a
participação do governo na economia, nos primeiros 30 anos do século XX, foram:
Por meio dos impostos do comércio exterior que eram a base tributária do país. O
governo estabeleceu uma política de isenções e concessões para beneficiar as
indústrias nascentes;

33
O setor financeiro do Estado, inicialmente com o Banco do Brasil, e posteriormente
com os Bancos Estaduais, atuavam única e exclusivamente com o objetivo de
ajudar o setor agrícola, que era a atividade econômica básica do país;
A intervenção mais direta do governo no comércio exterior ocorreu por pressão dos
Estados produtores de café (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro) que, a fim
de minimizar a crise do setor cafeeiro, assinaram o Convênio de Taubaté que
estabelecia políticas de controle de produção e de preços mínimos;
Finalmente, a necessidade de se criar condições favoráveis à exportação fez com
que o governo procurasse implantar e expandir os meios de transportes. Como a
maioria das ferrovias não era lucrativa, começou a haver um desinteresse grande do
setor privado nessa área (que era predominantemente estrangeira). Com isso inícia
no país o processo de nacionalização/estatização.

Em decorrência da crise no setor cafeeiro e a depressão mundial, nasce no país a


chamada industrialização. Este fato ocorre a partir da substituição dos processos de
importação, fazendo com que o Estado expandisse e mudasse, por inteiro, o seu papel de
interventor na economia do país. A transformação do papel do Estado e a expansão de
sua interferência dão-se com a criação das autarquias, institutos e acordos com os
produtores, estabelecendo-se regras de controle de produção e preços, além de esquemas
de financiamentos para construção de armazéns surgindo daí, o primeiro e efetivo
instrumento de controle de preços com a fixação das tarifas de eletricidade.
Observa-se, portanto, que o poder de intervenção do Estado estende-se ao longo
dos séculos e não se restringe ao setor econômico, atingindo, também, os setores da
segurança, exploração de reservas minerais, do trabalho e no contexto social como um
todo. Exemplificando, podemos citar a segurança nacional, a exploração de jazidas
minerais, os setores da educação, saúde, transportes etc.

Qual a atividade fiscal do Estado?


A preponderância ou intervenção do Estado dá-se por meio de decisão dos órgãos
políticos, ou seja, os Poderes constituídos, que tornam as necessidades da coletividade
como uma necessidade pública. Dessa forma, transferem ao Estado a responsabilidade
pela obtenção e emprego dos meios materiais e de serviços para a viabilização e
funcionamento dos serviços públicos, indispensáveis à promoção de atividades essenciais
demandadas pela sociedade, tais como, saúde, educação etc.
O custeio das necessidades públicas, que visam a promover os serviços
indispensáveis ao funcionamento das atividades estatais e ao bem comum da população,
realiza-se por meio da transferência de parcelas dos recursos dos indivíduos e das
empresas para o Estado (governo), fechando o ciclo financeiro entre a sociedade e o
próprio Estado.

34
Em relação ao assunto, Pereira (2003, p. 38), assim destaca: “o objeto precípuo das
finanças públicas é o estudo da atividade fiscal, ou seja, aquela que é desempenhada
pelos poderes públicos com o propósito de obter e aplicar recursos para o custeio dos
serviços públicos.”
Pereira (2003, p. 38) acrescenta que a política fiscal orienta-se em duas direções,
a saber: Política tributária: que se materializa na captação de recursos, para atendimento
das funções da administração pública, por meio de suas distintas esferas (União, Estados,
Distrito Federal e municípios).
Política orçamentária, no que se refere especificamente aos gastos, ou seja, os atos
e medidas relacionadas com a forma da aplicação dos recursos, levando em consideração
a dimensão e a natureza das atribuições do poder público, bem como a capacidade e a
disposição para seu financiamento pela população.
É possível, assim, estabelecer que a atividade fiscal do Estado, configura-se pelas
atividades de natureza tributária e orçamentária, pelas quais o Estado promove a captação
de recursos, planeja, orienta e controla a aplicação deles de forma a garantir o
funcionamento dos serviços públicos, indispensáveis ao atendimento das necessidades
coletivas.

Qual é a atividade financeira do Estado?


Para falarmos em atividade financeira do Estado é necessários relembrarmos os
ensinamentos de Baleeiro (1996, p. 18), quando em sua obra “Uma Introdução à Ciência
das Finanças”, nos revela que no alvo dos serviços públicos como instrumento do Estado,
tem-se: a realização prática daqueles fins que moralizam e racionalizam o fenômeno social
do poder público: a defesa da nação contra agressões externas, a ordem interna como
condições de segurança e liberdade de cada indivíduo, a elevação material, moral e
intelectual de todas as pessoas, o bem-estar e a prosperidade gerais, a igualdade de
oportunidades etc., para todos os componentes de grupo humano. São, pois, os serviços
públicos ou meios técnicos e jurídicos pelos quais, por meio de seus agentes e suas
instalações, a pessoa de direito público interno, usando do poder estatal, busca atingir os
fins que lhe atribuem as ideias políticas e morais da época. Cada época escolhe
politicamente os objetivos imediatos que devem constituir a tarefa dos serviços públicos.
Mesmo sendo o homem um animal social que obtém, no convívio com seus semelhantes,
de forma mais adequada os meios para satisfazer suas necessidades materiais e
abstratas, existem, porém, necessidades que não são satisfeitas diretamente pelos
indivíduos ou grupos isolados, ressentindo-se a necessidade da constituição de um ser
maior, dotado de autoridade para desempenhar as funções capazes de satisfazer tais
necessidades, isto é, aquelas de caráter político que visam a satisfazer a coletividade.
Estamos, portanto, falando do Estado.

35
Pode-se assim dizer que o indivíduo, de forma isolada ou em grupo, não tornará
possível o desenvolvimento de ações voltadas à defesa da nação contra agressões
externas, promover a ordem interna, como instrumento de sua segurança e liberdade, a
elevação moral e material de todas as pessoas, o bem estar, a prosperidade e a igualdade
de oportunidades.
Entretanto, para cumprir sua finalidade, desenvolvendo essas atividades políticas,
sociais, econômicas, administrativas, entre outras, o Estado necessita dispor dos meios
materiais para viabilizar a execução dos serviços de interesse geral que lhe são atribuídos.
A viabilização dos meios materiais dá-se por meio do desenvolvimento de atividade de
natureza patrimonial, ou seja, a chamada atividade financeira do Estado que tem por
objetivo atender às necessidades públicas.
Segundo Pereira (2003, p. 41), a atividade financeira do Estado consiste: “em obter,
criar, gerir e despender o dinheiro indispensável às necessidades cuja satisfação está sob
sua responsabilidade ou transferida a outras pessoas jurídicas de direito público.”
Observando-se a definição da atividade financeira do Estado, destacada pelo autor,
pode-se claramente visualizar que essa atividade não se limita à mera arrecadação dos
meios necessários à prestação dos serviços públicos. Tal atividade desenvolve-se, sim, em
quatros funções específicas e afins, a saber:
A obtenção dos meios dá-se pela arrecadação das receitas públicas;
O criar origina-se dos créditos públicos;
O gerenciamento é promovido pelo orçamento; e
O dispêndio, por sua vez, ocorre por meio das despesas públicas.

A Receita Pública constitui-se em sentido amplo, todo o ingresso de dinheiro nos


cofres públicos que se efetiva de maneira permanente no patrimônio do Estado, que em
relação ao Patrimônio divide-se em Receita e Efetiva e Não-Efetiva.
Receita Efetiva - Constituí-se aquela arrecadada que integram o Patrimônio na
qualidade de elemento novo, provocando-lhe aumento sem, contudo, gerar obrigações,
reservas ou reivindicação de terceiros. Exemplo: receita tributária.
Baleeiro (1995. p. 129-130), assim define a Receita Efetiva do Estado: a entrada que,
integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou
correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto, somo elemento novo e positivo.
Receita Não-Efetiva - Também conhecida como Receita por Mutação Patrimonial,
constituindo-se aquela arrecadada em decorrência da troca de elementos patrimoniais por
recursos financeiros, tais como: alienação de bens, amortização de empréstimos
concedidos, cobrança de dívida ativa e, também, aquelas provenientes das operações de
créditos que promovem a entrada de recursos tendo em contrapartida o registro de uma

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obrigação no passivo. Neste caso não haverá um aumento efetivo do Patrimônio. As
receitas públicas podem ainda ser classificadas em Receitas Originárias e Derivadas.
Receita Originária - Têm-se as receitas provenientes dos bens e das empresas
comerciais ou industriais do Estado, isto é, decorrem de atividade explorada pelo Estado
em semelhança à atividade particular.
Receitas Derivadas - Enquadram-se aquelas decorrentes do poder de coerção que o
Estado possui e, por meio dele promove a arrecadação do setor privado, incluindo-se os
impostos, taxas, contribuição de melhoria, contribuições para fiscais e as penas
pecuniárias que encampam as multas e confiscos. Exemplificando, podemos citar o
Imposto Sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza.

O que é Despesa Pública?


Podemos classificar a Despesa Pública como o conjunto de dispêndios do Estado ou
de outra pessoa de direito público, para fazer face ao custeio do funcionamento e
manutenção dos serviços públicos. Exemplificando, citamos os gastos com pessoal ativo e
inativo, materiais de consumo, equipamentos etc. Pereira (2003, p. 43), assim define a
Despesa Pública: A aplicação de determinada quantia em dinheiro, por parte da autoridade
ou agente público competente, com base numa autorização legislativa, para execução de
um fim a cargo do governo.
Diz-se, portanto, que são de natureza econômica, jurídica e política, os elementos
constitutivos da Despesa Pública.
Econômica, em virtude de corresponder à aplicação de determinada quantia em
dinheiro público.
Jurídica, pois como parte integrante do orçamento, compreende as autorizações
para gastos com as várias atribuições e funções governamentais.
Política, face às Despesas Públicas representarem a distribuição e o emprego das
receitas para custeio de diferentes setores da Administração pública, e para os
investimentos no setor privado.

O que é Orçamento Público?


Como um processo contínuo que traduz, em termos financeiros, planos, programas,
projetos e atividades de trabalho, para um determinado período de tempo, o Orçamento
Público apresenta-se como um instrumento de regulação do ritmo do fluxo dos recursos,
receitas e despesas, que foram previstos, fixados e aprovados pelo legislativo.
O Orçamento Público para ser aprovado, e transformado em lei, necessita observar
alguns princípios fundamentais e, entre eles, o da anualidade, que estabelece a vigência
do orçamento pelo período de um ano.

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O que é Crédito Público?
Um dos meio que o Estado poderá obter uma receita pública, configura-se pelo
Crédito Público, isto é, pelas chamadas operações de créditos (empréstimos e
financiamentos). Deodato (1977, p. 231) afirma que “é o crédito público que dá ao Estado o
poder ou a faculdade de dispor de capital alheio, isto é, do empréstimo, mediante
promessa de reembolso”.
De acordo com o autor acima, pode-se estabelecer que por meio do Crédito Público
surgem as receitas de caráter temporário, consubstanciadas pela necessidade de
reembolso, fazendo com que se configure no serviço da dívida pública do Estado, os
empréstimos internos e externos.

Qual a relação do crescimento do setor público e a evolução das despesas do setor?


Vimos até aqui que o Estado pelo seu poder supremo, interfere e desenvolve
atividades de natureza fiscal e financeira com o propósito de manter o desenvolvimento
econômico.
Observamos, também, que dentre as atividades fiscal e financeira encontramos
aquelas destinadas à obtenção dos recursos decorrentes da arrecadação das receitas e
obtenção de seus créditos, além daquelas destinadas à regulação por meio do orçamento
e os dispêndios por meio das despesas públicas.
É de suma importância a participação dos gastos públicos em suplemento aos
dispêndios privados, para que haja uma correta regulação do mercado e harmonia no
processo de desenvolvimento econômico.
Para você compreender os assuntos que serão tratados nesta seção, é importante
que recorramos aos ensinamentos dos mestres e pensadores antepassados, assim como
fez Pereira (2003, p. 90-93), destacando as contribuições de Adolph Wagner e Keynes.
Adolph Wagner, citado por Pereira (2003, p. 90), ao tratar da evolução das despesas
públicas, formulou a denominada “Lei de Wagner”, cuja proposição foi assim estabelecida:
À medida que cresce o nível de renda em países industrializados, o setor público cresce
sempre a taxas mais elevadas, de tal forma que a participação relativa do governo na
economia cresce com o próprio ritmo de crescimento econômico do país.
Richard Bird, também citado por Pereira (2003, p. 90-91), buscando resumir a
contribuição destacada por Adolph Wagner, indica as razões para a formulação da referida
hipótese de que a participação relativa do governo na economia cresce com o próprio ritmo
de crescimento econômico do país:
 A primeira razão está relacionada ao crescimento das funções administrativas e
de segurança que decorrem do processo de industrialização, inclusive o próprio
crescimento do número de bens públicos em virtude de maior complexidade da vida
urbana.

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 A Segunda razão está ligada ao crescimento das necessidades relacionadas à
promoção de bem-estar social (educação e saúde), cuja demanda deveria crescer
com o crescimento econômico do país.
 A terceira razão é em decorrência do desenvolvimento de condições para a
criação dos monopólios, motivada por modificações tecnológicas e da crescente
necessidade de elevados investimentos para alguns setores industriais, cujos efeitos
teriam que ser reduzidos pela maior intervenção direta ou indireta do governo no
processo produtivo.
Discorrendo acerca do papel dos gastos públicos e a geração de poupança, Pereira
(2003, p. 92-93) destacou a diferença relativa entre a proposição de Kenyes e seus
antepassados que tinham na poupança o principal elemento da expansão econômica,
estabelecendo que Kenyes, assim enfatizou: a diferença entre poupança e investimento
definindo que, sempre que as poupanças desejadas superassem os investimentos
planejados, haveria uma insuficiência de demanda agregada e surgiria a recessão. Assim,
o investimento seria a variável importante e a poupança, por sua vez, simplesmente se
ajustaria, através da renda, ao nível de investimento.
O postulado do pensador, citado por Pereira (2003), parece-nos muito claro ao
definir que, nos momentos de insuficiência de demanda, decorrente, evidentemente, do
elevado nível da poupança, o governo sentiria a real necessidade de sua influência,
assumindo um papel ativo no sentido de complementar os gastos privados, fosse
reduzindo impostos ou realizando investimentos, incluindo a oferta e concessões ao setor
privado para exploração de atividades que oferecessem reflexos diretos na economia.
Exemplificando, podem os citar que em períodos inflacionários, nos quais há uma suposta
valorização da moeda, os níveis de poupança tendem a subir, o governo, por sua vez,
necessitará intervir gerando estímulo ao setor produtivo, seja reduzindo imposto,
concedendo incentivos ou, até mesmo, promovendo a expansão de seus serviços.
Pode-se assim dizer que o uso consciente dos meios fiscais do governo –
tributação, gastos e dívida pública, deve ter como objetivo principal neutralizar as
tendências cíclicas da economia, traduzidas em inflação e recessão, necessitando o
governo de criar condições indispensáveis ao pleno emprego.
É, portanto, natural que o crescimento da despesa pública evolua à medida que
cresce a demanda do setor público e o aumento das necessidades coletivas da sociedade,
mas é preciso ter a visão do contexto econômico e assimilar que as despesas ou gastos do
setor público podem exercer influência direta na regulação da economia do país.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BALEEIRO, Aliomar. Uma Introdução à Ciência das Finanças. 16ª ed. Rio de Janeiro:
Forense. 2003.

DEODATO, Alberto. Manual de Ciência das Finanças. 15ª ed. São Paulo: Saraiva, 1977

MANKIW, N.Gregory. Introdução à economia. São Paulo: Editora Cengage Learning, 5ª


edição, 2009.

PEREIRA, José Matias. Finanças Públicas. A Política Orçamentária no Brasil. 2ª ed. São
Paulo: Atlas, 2003.

PINHO, Diva Benevides & VASCONCELLOS, M.A.S. Manual de economia – equipe de


professores da USP. São Paulo: Editora Saraiva, 5ª edição, 2006.

RIANI. Flávio. Economia do Setor Público: uma abordagem introdutória. 4ª ed. São
Paulo. Atlas, 2002

ROSSETI, José Paschoal. Introdução à economia. 20.ed. São Paulo: Atlas, 2003

VASCONCELLOS, Marco Antonio S. Economia: micro e macro. 4.ed. São Paulo: Atlas,
2007.

VASCONCELLOS, Marco A. S.; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de Economia. 3.ed.


São Paulo: Saraiva, 2008.

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APÊNDICE - ECONOMIA E A CONTABILIDADE NACIONAL

A contabilidade nacional de um país mede a produção corrente. Isso significa que


não considerados os bens de segunda mão produzidos no período anterior. Nas
transações com bens, só se considera a remuneração do vendedor, que é um serviço
corrente. A contabilidade nacional só trabalha com bens transacionais no mercado. Ou
seja, a produção que não vai ao mercado não é contabilizada.
A contabilidade nacional não trabalha com agregados monetários, ou seja, a
contabilidade só trabalha com agregados reais, que representam alterações na produção e
na renda. A contabilidade nacional só trabalha com fluxo geralmente de um ano. Nesta
conta não entram os estoques, como contabilidade privada.
A contabilidade nacional divide-se em quatro grandes contas:
 PIB
 Renda nacional disponível
 Conta de capital
 Conta de transações correntes c/ o exterior.

O PIB é um agregado que expressa o conjunto de todo o esforço produtivo de um


país num determinado período. Ou seja, o PIB é a soma de todas as atividades
econômicas (produção de bens e serviços) expresso monetariamente. Ex.: o PIB brasileiro
em 1998 foi de US$ 900 bilhões.
Já o PIB per capita É um indicador que resulta da divisão da PIB pelo conjunto da
população. Ex.: US$ 900 bilhões / 150 milhões = 6 mil dólares.
Numa conta de Renda Nacional Disponível são registradas todas as despesas e
receitas das famílias, bem como todas as receitas e despesas do governo. O saldo desse
processo é a poupança interna.
Numa conta de Balança de Pagamentos são registradas todas as transações
comerciais e financeiras de um país com o outro ou do Brasil com o resto do mundo. É
constituída pela balança comercial, balança de serviços e balança de capitais. Na Balança
Comercial é registrado todos os fluxos correspondentes às importações e exportações de
um país. Dependendo do seu resultado operacional o país pode ter superávit ou déficit
comercial.
 SUPERÁVIT - As exportações são maiores que as importações
 DÉFICIT - As importações são maiores que as exportações.

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