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23/10/23, 18:59 IESB

Introdução da disciplina

Caros(as) discentes,

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É sabido que o gestor formado pelo Centro Universitário IESB deve ser um profissional com perfil
aderente às demandas das organizações públicas e privadas, que atuam junto ao setor público,
permitindo, por meio das disciplinas do eixo tecnológico de gestão, da linha de formação específica
em Gestão Pública e dos Projetos Integradores, a obtenção de uma formação de competências que
o preparem para as contingências da Gestão Pública. Deve ele estar preparado para atender às
expectativas da sociedade emergente, atuando como profissional de competência sólida e
moderna, em condições plenas de atuação eficiente e eficaz, preocupado com a relevância social do
produto de seus trabalhos, apresentando habilidades para proatividade e criatividade, raciocínio
lógico, crítico e analítico, visão sistêmica e estratégica para negociações, tomada de decisão,
liderança e trabalhos em equipe.

A disciplina Economia do Setor Público, que ora você inicia os estudos, insere-se nesse contexto do
gestor graduado pelo Centro Universitário IESB. Com efeito, nossa matéria tem por objetivo
primordial introduzir os conceitos essenciais da moderna economia do setor público para propiciar
a aquisição de conhecimentos que possibilitem, a partir de uma perspectiva interdisciplinar crítica e
prática, desenvolver a sua capacidade teórico-analítica para que, ao final dessa jornada, você seja
capaz de explicar a racionalidade da intervenção do Estado nas atividades econômicas, analisar os
instrumentos que lhe são disponíveis para atingir os objetivos dessa intervenção, bem como
compreender o papel desempenhado pelo governo em uma economia de mercado.

Sabemos da importância da participação do Estado na sociedade, pois esse vem evoluindo de


simples coadjuvante, ou seja, responsável apenas pelas funções essenciais de administração da
justiça e defesa, para tornar-se, na maior parte das sociedades, o ente principal.

A Economia do Setor Público estuda tal participação. Para tanto, esta disciplina está estruturada
em quatro unidades, a saber:

● Unidade 1 - O Estado e a Economia;


● Unidade 2: Financiamento e Gasto Público;
● Unidade 3: Os Principais Instrumentos de Política Econômica – As Políticas de Ajustes e
Regulação do Setor Público;
● Unidade 4: População, Emprego, Renda, Desenvolvimento Econômico e o Setor Público na
Economia Globalizada.

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CENÁRIO PRÁTICO
Em cada unidade você irá adquirir conhecimentos que irão lhe propiciar o desenvolvimento das
seguintes competências e habilidades:

Entender os fundamentos da Economia do Setor Público contemporânea e a importância do


Estado no contexto e no delineamento das estratégias públicas. Compreender o marco
teórico da Economia do Setor Público. Descrever as funções do Estado na Economia.
Explicar a racionalidade da intervenção do Estado nas atividades econômicas. Reconhecer o
conflito entre eficiência e equidade nas políticas públicas.
Entender e descrever os mecanismos de financiamento e de dispêndio do Estado. Entender
os principais aspectos da atuação do setor público ao nível microeconômico. Entender e
interpretar tendências no âmbito econômico sob o prisma da Gestão Pública. Compreender
as razões para o tamanho e o crescimento do governo. Entender os mecanismos e os efeitos
da tributação.
Analisar os cenários econômicos e projetar resultados, ações e políticas adequadas à
demanda. Descrever o papel dos principais organismos responsáveis pela formulação das
políticas macroeconômicas. Entender as relações de causalidade entre as variáveis
macroeconômicas. Identificar e compreender os principais mecanismos de política
macroeconômica. Compreender a importância e os objetivos da regulação estatal. Analisar
os instrumentos de intervenção do Estado nas atividades econômicas.
Examinar as causas e os efeitos das oscilações das Economias Nacionais no Contexto da
Globalização. Descrever as causas da inflação e do desemprego. Compreender o papel do
governo na promoção do desenvolvimento econômico sustentado e sustentável. Entender a
razão econômica para o comércio internacional e o papel do estado na economia
globalizada. Descrever os tipos de globalização e o papel dos governos. Analisar o
desempenho conjuntural e estrutural da economia brasileiro contemporânea.

Neste curso, você terá ainda a oportunidade de participar de fóruns de discussão e de fazer vários
exercícios como forma de fixar os conhecimentos.

Ao final do curso, com certeza, você certamente estará mais capacitado para formular, implementar
e avaliar políticas públicas que possam melhorar o bem-estar da nossa sociedade.

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Bons estudos!

Unidade 01
Aula 01

Economia do Setor Público:


Metodologia, Escopo, Origens e
Evolução

VÍDEO
Olá, estudante! Para assistir a esse vídeo, acesse a versão web do seu material didático.

Assista ao vídeo de abertura da Unidade 1:

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Metodologia Científica e Economia


A Economia do Setor Público estuda o governo e a forma como sua ação afeta a economia.

A conexão muito estreita entre teoria, análise e aplicação torna o estudo da Economia do Setor
Público algo bastante interessante. Porém, uma boa prática requer o conhecimento de uma teoria
adequada. Esse é o grande desafio dos economistas do setor público

Entre as ciências sociais aplicadas, a Ciência Econômica é uma das que mais oferece uma ampla
visão da sociedade, pois ela se mostra com grande interdisciplinaridade, na medida em que estuda
as mais variadas áreas, tais como: negócios, história e matemática.

A Economia se insere no campo das Ciências Sociais basicamente por estudar uma série de relações
entre os indivíduos dentro da sociedade, mais especificamente aquelas relacionadas ao mercado.
Por isso, veja bem, a maior parte dos fenômenos estudados pelos economistas apresenta um alto
grau de complexidade.

A complexidade e também a significância da Economia vêm do desafio extremamente interessante


que é desvendar os mistérios relacionados aos fenômenos que norteiam o funcionamento da
sociedade em que vivemos.

Para que se possa entender os fenômenos econômicos e sociais, ou seja, as relações que estão por
trás e que desencadeiam tais fenômenos na sociedade, os economistas necessitam de um profundo
conhecimento histórico, teórico, quantitativo, metodológico e de questões institucionais.

A Economia do Setor Público é uma das áreas das Ciências Econômicas que mais avançou nos
últimos tempos, mesmo que se considere que ela não consiga apresentar respostas para a
totalidade das questões objeto do seu estudo. Isso, obviamente, é devido ao fato de que o
conhecimento e algo sistemático e, por isso, espera-se sempre seu progresso. Esse e o grande
desafio dos que estudam a Economia do Setor Público: acompanhar as mudanças do mundo e
propor novas explicações para os problemas que surgem.

Economia Positiva e Economia Normativa


A economia positiva procura descrever a economia como ela é, ou seja, ela é essencialmente
descritiva, e o economista se comporta como um verdadeiro cientista. No entanto, a economia
normativa contém afirmações sobre como a economia deveria ser, isto é, ela é prescritiva, e o
economista se comporta como político.

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VÍDEO
Olá, estudante! Para assistir a esse vídeo, acesse a versão web do seu material didático.

Vejamos o seguinte exemplo: duas economistas, Maria e Ana, estão discutindo.

Maria diz: “Leis que obrigam o pagamento de salário mínimo podem causar desemprego.” Veja
que esta é uma afirmação de economia positiva. Por sua vez, Ana afirma: “Que nada, o governo
deveria até aumentar o salário mínimo.” Neste caso, temos uma afirmação de economia
normativa.

Checamos a validade de afirmações de economia positiva e de economia normativa de forma


diferente.

Na economia positiva, as afirmações podem ser confirmadas ou não pela evidência empírica. Você
pode, por exemplo, testar a validade da afirmação de Maria, analisando dados de alteração de
salário mínimo e alterações do desemprego ao longo do tempo. Agindo assim, você se comporta
como cientista e recorre ao método da economia positiva.

Na economia normativa não podemos checar a validade das afirmações, recorrendo apenas aos
dados. Concordar ou não com Ana não é meramente uma questão de ciência, pois valores e,
principalmente, opiniões políticas também estão envolvidos.

Contudo, afirmações de economia positiva e normativa estão relacionadas. Com efeito, a sua visão
de como a economia funciona (economia positiva) influencia a sua visão acerca de quais políticas
econômicas são desejáveis (economia normativa).

Se Maria estiver convencida, por argumentos de economia positiva e pela evidência empírica, de
que o salário mínimo pode causar desemprego, ela irá rejeitar a afirmação normativa de Ana de que
o governo deveria aumentar o salário mínimo. Porém, conclusões de economia normativa não
necessariamente seguem somente afirmações de economia positiva, pois julgamentos de valor
também interferem.

Em geral, a maior parte de um curso de Economia do Setor Público procura explicar como a
economia funciona (problema positivo), mas isso tendo em mente que o objetivo é melhorar o
funcionamento da economia (problema normativo).

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A Economia do Setor Público envolve o estudo não somente do que o governo deveria fazer, mas
também daquilo que ele faz e porque não faz o que deveria fazer. Nela, estudam-se questões
normativas e positivas. Os aspectos positivos são indispensáveis, porquanto constituintes dos
alicerces da análise dos efeitos das políticas públicas. Procede-se, por exemplo, a uma avaliação de
eficiência e equidade (economia positiva) das políticas públicas, na tentativa de entender o que
deve ser feito (economia normativa).

A avaliação do comportamento do governo (economia normativa) pressupõe uma análise positiva


do processo, pelo meio do qual as decisões são efetivamente tomadas. Questões positivas (o que é)
são os alicerces da análise dos efeitos, em termos de eficiência, das políticas públicas.

Já como são de fato escolhidas as políticas é uma indagação de economia normativa. Veja esses
outros exemplos de questões normativas:

Quais são as políticas ótimas? Quais são os alicerces da análise dos efeitos das políticas públicas?
Como, de fato, são escolhidas as políticas?

Em resumo, conforme nos ensina Blaug (1999, p. 166), a economia positiva usa os termos: é; fatos;
objetivo; descritivo; ciência; verdadeiro/falso. Já a economia normativa utiliza mais os seguintes:
deveria; valores; subjetivo; prescritivo; arte; bom/mau.

Economia e Ideologia
Em que a ciência, incluindo, é claro, a Economia do Setor Público, e a ideologia divergem ou
coincidem?

A ciência encaminha-se para a busca da verdade. Seu universo é o das “leis” objetivamente
estabelecidas.

A ideologia move-se no universo dos “valores”. Mas os valores, tais como se apresentam nas
diversas sociedades, estão ligados a grupos de interesses. Os valores não são neutros e cada
sociedade tem um quadro de valores dominantes.

A ideologia é a antítese da ciência. Porém, a própria ciência pode ter função ideológica. Isso ocorre
quando ela se torna instrumento de dominação nas mãos de determinados grupos. Não é raro que
um grupo, para se legitimar no poder, apele para a ciência.

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A ideologia pode ser conceituada como o conjunto de normas, valores, símbolos, ideias e
práticas sociais que procuram justificar as relações econômicas e sociais existentes no interior
da sociedade.

O perigo da ideologia é que ela se apresenta com a roupagem de ciência, mas defende
determinados interesses e não a “verdade”. Todo discurso ou qualquer elaboração mais ou menos
sistemática pode estar contaminada pela ideologia, mas apresenta-se a nós como se fosse ciência,
ou seja, como se fosse verdade.

Porém, devemos reconhecer que a ideologia mantém a coesão social, na medida em que ela, para se
expressar com eficácia, tende a aglutinar-se num conjunto de ideias. Ao tornar mais ou menos
uniforme a visão dos diversos grupos que compõem a sociedade, a ideologia a mantém unida,
diminuindo, assim, a probabilidade de choques entre grupos que ocupam posições completamente
diferentes e evita-se a ruptura do tecido social.

O problema é que ideologia infiltra-se até as últimas camadas da pirâmide social e, sorrateiramente,
passa a governar o comportamento dos grupos que compõem a sociedade. Embora esteja vinculada
ao grupo dominante, a ideologia é internalizada pela maioria dos membros da sociedade
(pertençam ou não ao grupo dominante).

SAIBA MAIS
Para aprofundar seus conhecimentos sobre Metodologia Científica e Economia,
recomendamos a leitura do texto “A Economia Política como uma Ciência Autônoma: um
Estudo sobre as Contribuições Metodológicas de John Stuart Mill”, de autoria da professora
da PUC/SP Laura Valladão de Mattos, disponível clicando aqui.

Falaremos agora sobre as origens e a evolução da Economia do Setor Público. Os conceitos


apreendidos aqui têm grande valia para a formação nessa área. Continue estudando!

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Breve História da Economia do Setor Público


De uma posição inicial bem modesta, na qual lhe cabia apenas a prestação de alguns serviços
essenciais à coletividade, tais como a justiça e segurança, o papel do governo na economia
modificou-se bastante ao longo do século XX.

A grande Crise de 1929 deu origem a estudos que vieram justificar a necessidade de o governo
intervir na economia para combater a inflação e o desemprego. As duas grandes guerras mundiais,
de 1914 e 1945, também provocaram alterações definitivas nas preferências da coletividade
quanto à necessidade de interferência do governo. Passou-se a ver o Estado como o responsável
pela promoção do bem-estar social.

Assim, no período do pós-guerra, a preocupação com problemas de desenvolvimento econômico


constitui-se em outro fator importante para aumentar as atribuições do governo, especialmente
nos países subdesenvolvidos.

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Essas atribuições enquadram-se em três grandes categorias (estudadas em detalhe na aula


seguinte), que são as chamadas funções do Estado na economia: função alocativa (alocação de
recursos); função distributiva (distribuição de recursos na economia) e função estabilizadora
(manter a estabilidade na economia).

A Crise de 1929 ampliou fortemente a obrigação do Estado de intervir na atividade econômica.


Deixadas ao acaso dos mercados, as economias dos países capitalistas, em tese, não conseguiriam
reduzir o desemprego e aumentar a atividade econômica. Foi necessário que o economista John
Maynard Keynes explicasse e conduzisse uma relevante alteração do papel do governo na
superação de problemas econômicos. Arvate (2004, p. VIII), nos informa que

Keynes propõe que o governo poderia ter a missão de suavizar os ciclos econômicos,
principalmente na recessão. Se a economia começa a se retrair, os empresários não
investem, reforçando a recessão. O governo poderia reverter este ciclo investindo
diretamente em atividades econômicas.

(ARVATE, 2004, p. VIII)

Além disso, para atender as enormes demandas por bens e serviços durante as duas grandes
guerras mundiais do século XX, os governos foram obrigados a intervir ainda mais na atividade
econômica. Nos Estados Unidos, por exemplo, fábricas que produziam carros foram transformadas
da noite para o dia em produtoras de armamentos.

Isso não teria sido possível sem a coordenação e intervenção do governo americano na economia
americana. Para levantar os recursos necessários a essa intervenção, aquele governo obrigou seus
cidadãos a racionar recursos essenciais, a pagar mais impostos e a comprar os chamados “bônus de
guerra”, que são títulos do governo norte-americano que pagariam juros após a guerra finalizar.

Conclui-se, então, que, após o final da Segunda Guerra Mundial, aumentaram ainda mais as
intervenções estatais na economia.

Em geral, as duas grandes guerras mundiais provocaram alterações definitivas nas preferências da
coletividade quanto à necessidade de interferência do governo, visando, principalmente, a
promoção do bem-estar social. Também foi neste período que a preocupação com os problemas de
desenvolvimento econômico constituiu-se em outro fator importante para aumentar as atribuições
do Governo.

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A Moderna Economia do Setor Público


Até os anos 1960 a Economia do Setor Público estudava a atuação do Estado sob os aspectos de
eficiência, distribuição (ou equidade) e estabilização.

Havia, pois, a separação entre as questões de eficiência e distribuição. Tal divisão não se faz mais
presente na moderna agenda de pesquisa da Economia do Setor Público, pois o problema da
escolha que se deve fazer, ou seja, dos conflitos entre eficiência e equidade, está presente em quase
todos os modelos que estudam a participação do Estado na economia.

A questão é que o campo de estudo da Economia do Setor Público estava principalmente focado no
problema de falhas de mercado, pois elas iriam justificar, como veremos adiante, a necessidade de
intervenção estatal na economia.

Outro importante problema que Economia do Setor Público teve que enfrentar foi a necessidade
de estabilização econômica.

Trata-se de estabilização macroeconômica, que surgiu com as ideias do economista britânico John
Maynard Keynes (1883-1946), com sua principal obra Teoria Geral do Emprego, do Juro e da
Moeda, publicada em 1935.

Porém, essa vertente praticamente desapareceu da agenda dos pesquisadores de Economia do


Setor Público, não por negligência, mas porque ela foi transferida para uma disciplina mais
específica, que, inclusive, surgiu em função das ideias de Keynes, a Macroeconomia.

Mesmo assim, outros aspectos da política macroeconômica voltaram a ser incorporados na agenda
dos pesquisadores de Economia do Setor Público como, por exemplo, as políticas fiscal e monetária
(estudaremos tais políticas nas unidades seguintes).

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Além disso, a inclusão dos modelos de Economia Política para a determinação das políticas
macroeconômicas efetivamente adotadas tem sido também importante objeto de pesquisa da
Economia do Setor Público.

Outro campo mais recentemente desenvolvido pela Economia do Setor Público é a economia da
regulação, conforme a qual se procura estabelecer parâmetros de eficiência que buscam incentivar
a competição e estabelecer marcos regulatórios pelos quais os agentes econômicos tomam
decisões (na Aula 18, voltaremos ao tema das políticas de regulação).

Vemos, portanto, que, a partir do fim dos anos 1960, a Economia do Setor Público experimentou
uma grande mudança em seu escopo e em algumas de suas abordagens metodológicas.

Você deve rememorar que, do pondo de vista do escopo, a preocupação com a equidade e aspectos
distributivos das políticas governamentais, em geral, voltaram para o centro da agenda, após um
período em que tais problemas ficaram em segundo plano.

Esta mudança baseou-se uma visão pragmática quanto à dificuldade de se produzir qualquer
avanço na definição de políticas públicas quando julgamentos de valor são vistos como arbitrários.

Outra mudança relevante foi a crítica à figura do governo como um agente essencialmente
benevolente. Tal crítica foi feita pela chamada Teoria da Escolha Pública.

Essa nova vertente do pensamento econômico defendia que os governantes e os burocratas são
também agentes racionais e motivados por interesses próprios, os quais podem ou não estar
alinhados com os da sociedade.

Assim sendo, entender os incentivos desses agentes e a maneira como as instituições políticas
determinam suas escolhas é fundamental para que se conheça a forma como as políticas públicas
são efetivamente determinadas (na Aula 06 teremos a oportunidade de estudar um pouco mais a
Teoria da Escolha Pública).

Outro aspecto metodológico que hoje se coloca no centro das novas abordagens da Economia do
Setor Público é a incorporação das restrições quanto ao nível de informação como sendo de grande
importância na definição do papel e nos instrumentos do governo. Nesse sentido, devemos ficar
atentos para o fato de que os agentes têm informações privadas, ou seja, restritas às suas
realidades individuais, que, obviamente, procuram maximizar o bem-estar de um ponto de vista
pessoal, sobre as preferências por bens públicos. Portanto, os agentes fazem uso dessa informação
privada para pegar carona nos programas de governo (o chamado “problema do carona” será objeto
da Aula 04).

Nos dias de hoje, o que chamamos de Moderna Economia do Setor Público abrange esse vasto
leque de estudos de como o Estado atua na economia de um país.

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SAIBA MAIS
Para expandir seus conhecimentos, sugiro que você leia a notícia publicada pela Faculdade de
Economia da Universidade de São Paulo (FEA/USP) sobre a realização de uma conferência
que aproximou os pesquisadores de Economia e de História. Note como ainda existe
relutância em aliar o estudo desses dois importantes campos do saber social. Clique aqui.

Leia também sobre a realização de um simpósio para discutir a história da Economia após a
Segunda Guerra Mundial. Acesse o link a seguir. Clique aqui.

Unidade 01
Aula 02

As Funções Clássicas do Estado na


Economia

Estudantes, nesta aula, veremos as funções clássicas do Estado na economia. Veremos aqui para
que serve o Estado e os mecanismos gerais de intervenção direta e indireta do governo na
economia, bem como as funções alocativa, distributiva, estabilizadora e reguladora do Estado. Boa

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aula!

Para que Serve o Estado?


Para que a sociedade se organize com um mínimo de eficiência e organização econômica, são
necessários recursos que, por sua vez, requerem financiamento para o cumprimento dos contratos,
garantia dos direitos de propriedade e garantia do cumprimento das leis.

Os custos têm que ser arcados por todos, já que os benefícios deste, em tese, devem se distribuir
entre os membros da sociedade. De fato, sem qualquer regulação, a atividade econômica seria
caótica e as relações de troca seriam muito custosas. Em muitos casos, é mais barato centralizar a
arrecadação e distribuição desses recursos. Os objetivos da Economia do Setor Público nesse caso
seriam simplesmente a determinação de como esse financiamento pode ocorrer a um custo
mínimo. Assim, defende-se um estado mínimo.

Todavia, além das atividades básicas, a intervenção estatal pode ser justificada em outros tipos de
situações distintas. Pode ser quando a intervenção é aprovada por unanimidade, que está associada
à ideia de melhorias de bem-estar geral e falhas de mercado. Mesmo quando não há falhas de
mercado, a intervenção se justificaria devido a critérios de busca pelo bem-estar social e pela
equidade. Também, a intervenção do governo poderia ser justificada nos casos em que os agentes
não se comportam de maneira racional e, em função disso, inclusive, apareça o risco de que
decisões sejam tomadas sem maximizar os interesses gerais.

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No caso das falhas de mercado, tomemos o exemplo envolvendo a produção de bens gere
poluição, ou seja, tenha um efeito (externalidade) negativo. Isso não é socialmente desejável e
justifica a intervenção estatal, regulando essa produção de alguma forma.

Todavia, é importante ter em mente que a simples existência de falhas de mercado não garante um
papel para o governo, já que este pode estar sujeito às mesmas restrições que os agentes privados.
Muitas vezes, porém, o governo, com seu poder de coerção, é capaz de implementar alocações que
não seriam possíveis se fossem deixadas por conta do mercado. Assim, estaria justificada a
intervenção do governo.

Há também quem defenda a intervenção do governo nos casos em que se deve garantir que alguém
possa ganhar, no entanto, sem ninguém perder. Ou seja: nos casos em que a ação do agente
econômico fique restrita a uma condição de otimização dada pela seguinte regra: o ganho adicional
de uma pessoa não pode ser auferido à custa da perda de outra.

Deve-se considerar ainda que nada garante que o governo irá conseguir unanimidade quando ele
dispõe de várias intervenções alternativas. Os diversos tipos de intervenções já implicam na
possibilidade de diferentes ganhos para diferentes pessoas. Assim sendo, a unanimidade fica quase
impossível.

Também a intervenção do governo na economia poderia ser justificada sob o argumento de que os
agentes não sabem fazer escolhas, ou não sabem o que é bom para eles. Assim, por hipótese,
poderíamos assumir que, por exemplo, aquilo que torna as pessoas mais felizes não é
necessariamente o que elas preferem.

Além disso, o fato de que o Estado pode aliviar problemas de falha de mercado, além de promover a
equidade, não quer dizer que ele realmente o faça e, então, não explicaria sua existência.

Isso nos remete à discussão sobre o que o governo efetivamente faz. Esse problema costumava
ficar por conta da Ciência Política. Porém, o campo da economia política também faz o exame dessa
questão.

Mecanismos Gerais de Intervenção Direta e


Indireta do Governo na Economia
Para que você possa vislumbrar os mecanismos gerais de intervenção direta e indireta do Estado na
economia, basta verificar as atribuições de alguns ministérios e órgãos com status de ministério do
atual governo brasileiro (2014).

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Inicialmente, listaremos todos os ministérios e órgãos com seus respectivos websites:

Advocacia-Geral da União (http://www.agu.gov.br);


Banco Central do Brasil (http://www.bcb.gov.br);
Casa Civil da Presidência da República (http://www.casacivil.gov.br);
Controladoria Geral da União (http://www.cgu.gov.br);
Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (http://www.gsi.gov.br);
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (http://www.agricultura.gov.br);
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (http://www.mctic.gov.br/);
Ministério da Cultura (http://www.cultura.gov.br);
Ministério da Defesa (http://www.defesa.gov.br);
Ministério da Educação (http://www.mec.gov.br);
Ministério da Fazenda (http://www.fazenda.gov.br);
Ministério da Integração Nacional (http://www.integracao.gov.br);
Ministério da Justiça (http://www.justica.gov.br);
Ministério da Previdência Social (http://www.previdencia.gov.br);
Ministério da Saúde (http://www.saude.gov.br);
Ministério das Cidades (http://www.cidades.gov.br);
Ministério das Relações Exteriores (http://www.itamaraty.gov.br);
Ministério de Minas e Energia (http://www.mme.gov.br);
Ministério do Desenvolvimento Agrário (http://www.mda.gov.br);
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (http://www.mds.gov.br);
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (http://www.mdic.gov.br);
Ministério do Esporte (http://www.esporte.gov.br);
Ministério do Meio Ambiente (http://www.mma.gov.br);
Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão (http://www.planejamento.gov.br);
Ministério do Trabalho e Emprego (http://www.mte.gov.br);
Ministério do Turismo (http://www.turismo.gov.br);
Transportes, Portos e Aviação Civil (http://www.transportes.gov.br);
Secretaria da Micro e Pequena Empresa (http://www.mdic.gov.br/index.php/micro-e-
pequenas-empresa);
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (http://www.secom.gov.br);
Ministério dos Direitos Humanos (http://www.mdh.gov.br/);
Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (http://www.seppir.gov.br/);
Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
(http://www.spm.gov.br/);
Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República
(http://www.secretariadegoverno.gov.br/);
Secretaria-Geral da Presidência da República (http://www.secretariageral.gov.br).

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Agora, vamos destacar as competências e as finalidades de alguns dos ministérios e órgãos,


sublinhando as partes que mostram como o governo intervém na economia.

Iniciaremos pelo Banco Central do Brasil (Bacen), órgão que será tratado em tópico específico na
Aula 13. O Regimento Interno do Bacen define que:

O Banco Central tem por finalidade a formulação, a execução, o acompanhamento e o


controle das políticas monetária, cambial, de crédito e de relações financeiras com o
exterior; a organização, disciplina e fiscalização do Sistema Financeiro Nacional; a gestão
do Sistema de Pagamentos Brasileiro e dos serviços do meio circulante.

(BRASIL, 2005, grifo nosso)

Em seguida, apresentaremos o Ministério da Fazenda, outra pasta que será objeto de estudo mais
detalhado também na Aula 13. No website desse ministério, encontramos a seguinte definição
básica: “O Ministério da Fazenda é o órgão que na estrutura administrativa da República Federativa
do Brasil cuida basicamente da formulação e execução da política econômica” (BRASIL, 2014a,
grifo nosso).

E do que cuida o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior? Na sua página na


internet, são informadas as seguintes áreas de competência deste ministério:

política de desenvolvimento da indústria, do comércio e dos serviços; propriedade


intelectual e transferência de tecnologia; metrologia, normalização e qualidade industrial;
políticas de comércio exterior; regulamentação e execução dos programas e atividades
relativas ao comércio exterior; aplicação dos mecanismos de defesa comercial;
participação em negociações internacionais relativas ao comércio exterior.

(BRASIL, 2014b, grifo nosso)

Veja qual é a missão do Ministério do Meio Ambiente:

promover a adoção de princípios e estratégias para o conhecimento, a proteção e a


recuperação do meio ambiente, o uso sustentável dos recursos naturais, a valorização dos
serviços ambientais e a inserção do desenvolvimento sustentável na formulação e na
implementação de políticas públicas, de forma transversal e compartilhada, participativa e
democrática, em todos os níveis e instâncias de governo e sociedade.

(BRASIL, 2014c, grifo nosso)

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Pelas palavras destacadas, verifique que o governo formula, executa, protege, recupera,
normaliza, aplica, participa, só para citar estas. As áreas de atuação, além da econômica, são as
mais diversas, pois temos 38 ministérios e órgãos afins.

Sugiro, pois que você acesse qualquer um dos websites acima citados e procure navegar pelas mais
diversas atividades que cada ministério desempenha, observando que, em quase todas, há questões
econômicas envolvidas.

Funções Alocativa, Distributiva,


Estabilizadora e Reguladora do Estado
Embora, conforme visto no tópico anterior, o governo parece desempenhar todo tipo de função, é
comum estabelecer, para efeitos de estudo mais detalhado, algumas funções essenciais. Tais
funções são: alocativa, distributiva, estabilizadora e reguladora.

Se o mercado não consegue fornecer alguns bens, então a presença do Estado é necessária. Nesse
caso, ele exerce a função alocativa.

Entretanto, se o sistema de preços pode não garantir uma justa distribuição de renda na sociedade;
então, o Estado intervém para tentar fazer isso. Eis, portanto, a sua ação na função distributiva ou
redistributiva.

Também pode ocorrer que o mercado não consiga manter níveis ideias de produção. Nesse caso, o
Estado deve atuar visando estabilizar tanto a produção como o crescimento dos preços. Ou seja, ele
exerce a função estabilizadora.

Há, por último, o caso em que a autorregularão não é adequadamente feita pelos mercados. Assim,
mais uma vez, entraria o Estado na função reguladora.

Vamos ver em detalhes cada uma dessas funções?

Função Alocativa
Quando o mercado não consegue suprir bens e serviços de forma socialmente aceitável, o governo
deve exercer a função alocativa, fornecendo esses bens e serviços em quantidades adequadas. Por
essa função, o governo não só provê bens (e serviços) públicos, como também realiza obras que
trarão benefícios à população (hospitais, escolas, etc.). Poderíamos perguntar por que o setor
privado não fornece esses bens e serviços por intermédio do sistema de mercado? A resposta é que,

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muitas vezes, esses bens e serviços – apesar de necessários – são muito caros ou de retorno
arriscado. Caso isso ocorra, o governo deve alocar esses bens e serviços para aumentar o bem-estar
da população.

Dessa maneira, o Estado irá cumprir sua função alocativa toda vez que a iniciativa privada, em um
mercado competitivo, não o fizer.

Função Distributiva ou Redistributiva


A renda dos indivíduos depende sobretudo de sua produtividade e da relação desses indivíduos
com outros fatores de produção. Pelo funcionamento do sistema de mercado, os indivíduos mais
produtivos ou com melhor acesso a outros fatores de produção receberão maior retorno
financeiro.

O governo, portanto, pode funcionar como um agente redistribuidor de renda, na medida em que,
por diversos mecanismos, retira recursos dos segmentos mais ricos da sociedade e os transfere
para os segmentos menos favorecidos.

A redistribuição de renda pode ser feita de várias maneiras, tais como: combinando impostos sobre
produtos adquiridos por pessoas ricas com subsídios e isenções para produtos comprados por
consumidores de baixa renda.

SAIBA MAIS
O programa Bolsa-Família é um bom exemplo do caráter redistribuidor da ação do Estado.
Acesse o site do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, clique aqui e leia
mais sobre este programa.

Função Estabilizadora
Os preços de bens e serviços podem escapar do controle e trazer a temida inflação ao cenário
econômico. Daí a necessidade da função estabilizadora do governo, que se relaciona com a
intervenção estatal na economia para alterar e manter sob controle os níveis de inflação e de
desemprego. Várias são as políticas econômicas que o governo pode utilizar nessa função. As mais
importantes são as políticas fiscal, monetária, cambial e comercial, que serão objeto de estudo
específico na Unidade 3.

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Assim, a função estabilizadora do governo diz respeito à promoção de crescimento e


desenvolvimento da economia, combinada com a manutenção de níveis aceitáveis de
desemprego e de inflação.

Função Reguladora
Com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, observou-se em todos os países do mundo uma
maior intervenção do Estado na economia. Se, por um lado, essa maior intervenção melhorou
aspectos relativos ao emprego, à saúde e à previdência social, criou também uma enorme
quantidade de instituições públicas que pesaram no orçamento do governo. Em meados dos anos
1980, essas instituições, seu custo financeiro e as inúmeras leis e regulamentos que estabeleceram
foram vistos como um empecilho para o desenvolvimento dos países.

No Brasil, após o domínio da inflação (agosto de 1994), o então presidente Fernando Henrique
Cardoso iniciou vasto programa de venda de estatais, alterando radicalmente o papel – até então
preponderante – reservado ao Estado brasileiro na atividade econômica.

Essa alteração era necessária. A enorme quantidade de estatais existentes (cerca de 500) se
reportavam a diferentes ministérios. Cada ministério tinha suas próprias regras. Critérios políticos
se tornaram mais importantes do que critérios técnicos. Tudo isso inchava o aparelho do Estado e
tornava onerosa e ineficiente a condução da máquina pública.

Por sua vez, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva privatizou milhares de rodovias federais.

O retorno à iniciativa privada de vastas parcelas da economia brasileira obrigou a ampliação de


outra função do Estado, a função reguladora.

A nova realidade resultante das privatizações obrigou o Estado brasileiro a institucionalizar a


mediação com a iniciativa privada por meio de autoridades reguladoras independentes. Essas
autoridades reguladoras independentes, as chamadas “Agências Reguladoras”, que serão objeto de

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estudo na Aula 18.

Finalizaremos esta aula apresentando a figura abaixo, adaptada da obra de Rezende (2001, p. 43),
que bem ilustra as diversas formas de intervenção do governo na economia.

Fonte: REZENDE, 2001.

Unidade 01
Aula 03

Intervenção do Estado na Economia


sob a Ótica das Falhas de Mercado

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23/10/23, 18:59 IESB

Nesta aula, falaremos sobre a intervenção do Estado na economia sob a ótica das falhas de
mercado. Aqui, entenderemos e definiremos cada um desses conceitos. Essas noções são essenciais
para o dia a dia profissional e para o estudioso(a) da área. Fique atento e boa aula!

Definição de Falhas de Mercado


As falhas de mercado são fenômenos que impedem que a economia alcance um estado de bem-
estar social através do livre mercado, ou seja, sem interferência do governo.

Mesmo quando o mercado está em equilíbrio, não há total garantia de que ele esteja sendo
eficiente em termos de bem-estar. Nesse caso, podemos afirmar que existem falhas de mercado.

As falhas de mercado são situações em que a economia de mercado não funciona bem. A
alocação de recursos não é eficiente (levam a um resultado menor) nem justa, pelo que a
resolução de problemas não é dada pelo mercado.

Pode-se dizer que as falhas de mercado têm origem na própria economia de mercado. Esta não
funciona bem por si só porque há um incentivo em acabar com a concorrência, em dominar o
mercado e em violar as regras dessa economia.

É necessário, então, uma intervenção sistemática do Estado para se prevenir e corrigir possíveis
abusos, como o aparecimento de monopólios e outras falhas, tais como as externalidades.

As Principais Ocorrências de Falhas de


Mercado
Os casos mais comuns relacionados a falhas de mercado são os seguintes: monopólio natural;
externalidades; mercados incompletos; informação incompleta (ou assimétrica); bens públicos.

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Monopólio Natural
Um monopólio natural ocorre no caso em que uma empresa que pode arcar com toda a produção
para o mercado com um custo inferior ao que existiria caso houvesse outras empresas.

Assim, se uma empresa possui monopólio natural, é mais prático deixar que ela sirva ao mercado
sozinha do que deixar outras entrarem para competir. No caso do Brasil, um bom exemplo é o
monopólio que a Petrobrás exerce, em menor ou maior grau, na exploração, produção, refino e
transporte do petróleo.

Para manter os preços da economia sobre controle, é conveniente para o governo brasileiro ter
uma empresa que possibilite o controle do preço dos combustíveis, em tese, gerando mais bem-
estar aos consumidores.

Nos monopólios há um enorme ganho de escala na produção. Portanto, mesmo nos casos em que o
monopólio natural não foi criado pelo governo, há uma necessidade de que crie agências
reguladoras para evitar perdas aos consumidores, os quais, obviamente, estarão em situação de
desvantagem nas negociações. Essa é, por exemplo, a razão da existência da Agência Nacional de
Petróleo (ANP).

Externalidades
Um bom exemplo de externalidade é o da indústria que polui um rio e ao mesmo tempo gera
empregos.

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23/10/23, 18:59 IESB

Assim, a poluição é uma externalidade negativa porque causa danos ao meio ambiente e a geração
de empregos é uma externalidade positiva por aumentar o bem-estar geral. O governo deverá agir
no sentido de inibir atividades que causem externalidades negativas e incentivar atividades
causadoras de externalidades positivas.

Mercados Incompletos
Mercados incompletos ocorrem quando, mesmo quando os custos de produção de um bem ou
serviço se encontram abaixo dos preços que os consumidores estejam dispostos a pagar – e
portanto haveria lucro para os produtores –, os bens e serviços não são ofertados pelos
produtores.

Tal situação é típica de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como no caso do Brasil,


onde, por exemplo, a oferta de crédito de longo prazo é restrita e há muito risco envolvido na
produção para o mercado.

Nesses casos, os produtores, mesmo sabendo que teriam lucro, não conseguem empréstimos para
financiar suas operações e, portanto, a oferta de bens e serviços se torna restrita, gerando a falha
de mercado conhecida como mercado incompleto.

Veja que, no caso do nosso país, existe um banco de fomento, o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), responsável por atuar na correção de um mercado
incompleto, na medida em que ele oferece crédito de longo prazo aos produtores, com juros
subsidiados. Com tal oferta, os produtores são incentivados a investir em atividades que demoram
muito a dar lucro, o que não ocorreria em situações normais do mercado, que mostra-se
incompleto.

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23/10/23, 18:59 IESB

SAIBA MAIS
Acesse o site do BNDES e saiba mais sobre seu papel e sua história. Clique aqui.

Falta de Informação
A falta de informação, informação assimétrica ou assimetria de informação ocorre quando
fabricantes, vendedores ou outros tipos de fornecedores dispõem de mais informações do que os
consumidores ou vice-versa, permitindo que um agente obtenha vantagens dessa maior
quantidade, ou seja, assimetria de informações.

Um bom exemplo é o caso do verdadeiro valor que os bancos cobram nos empréstimos e
financiamentos. Se o banco não for obrigado a informar o custo efetivo da transação da operação, o
que deve incluir os juros, os impostos, as tarifas, os seguros que estão embutidos, o cliente será
levado a pensar que está conseguindo um empréstimo por um custo menor do que o real. Com isso,
ele estará em desvantagem na negociação. Nesse caso, como realmente ocorre no Brasil, o governo
deve regular, obrigando os bancos a informar ao cliente o custo efetivo da transação.

A assimetria de informação gera um problema de risco no mercado. Se há problemas de falta de


informação, um agente pode correr o risco de fazer uma seleção adversa, ou seja, escolher errado. É
o caso, por exemplo, das companhias de seguro, que podem estar cobrando um preço errado pela
venda de um seguro de vida, quando o cliente omite informações sobre sua saúde. O mercado de
seguro é, pois, bastante regulado.

Bens Públicos
Uma definição bem simples de bens públicos é a seguinte: são os bens ou serviços para os quais o
sistema de preços de mercado não induz a quantidade ótima de produção ou consumo para a
economia como um todo.

Devido à sua importância para o estudo da Economia do Setor Público, os bens públicos serão
objeto de estudo na próxima aula.

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As Externalidades
Vamos iniciar nosso estudo específico sobre externalidades, tema já foi tangenciado anteriormente.

VÍDEO
Olá, estudante! Para assistir a esse vídeo, acesse a versão web do seu material didático.

A externalidade ou efeito externo na economia ocorre quando as ações de um agente afetam


diretamente as possibilidades de escolha ou o bem-estar de outro agente.

A externalidade está presente sempre que o bem-estar econômico de um agente esteja sendo
obtido com fatores ou variáveis escolhidas por outros agentes, sem que se leve em consideração os
efeitos econômicos dessa cadeia de afetação.

As externalidades, portanto, tem efeitos principalmente sobre o bem-estar dos agentes, mas
também, por consequência lógica, sobre a produção e o consumo de bens e serviços.

Uma externalidade pode ser entendida também como um evento que confere um benefício ou um
malefício considerável a alguém ou a um grupo de pessoas que não consentiram ou não fizeram
parte do processo de decisão que levou direta ou indiretamente ao evento.

Em todo caso, quando há externalidades, é porque os preços de mercado não refletem os custos ou
benefícios totais no consumo ou na produção de um bem ou serviço. Assim sendo, os produtores ou
consumidores não estariam repassando no mercado todos os custos ou benefícios.

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23/10/23, 18:59 IESB

O exemplo mais comum de externalidade positiva é a da produção de mele a polinização de


árvores frutíferas próximas a colmeias. Note que o produtor de mel pode estar sendo beneficiado
pela existência de árvores frutíferas ou de uma plantação de flores próxima às suas colmeias. O
preço do mel pode não refletir o custo real, pois o produtor não gastou com plantação de árvores
frutíferas ou de flores, fontes primárias do néctar obtido pelas abelhas. No entanto, o produtor de
flores está sendo beneficiado pela polinização feita pelas abelhas. Para incentivar tais tipos de
externalidades positivas, o governo pode fornecer subsídios para alguns setores produtivos ou
taxar outros, no caso de externalidades negativas.

Outro bom exemplo é da educação. Sabe-se que a educação gera um benefício para o indivíduo,
mas também gera benefícios sociais. Os benefícios sociais podem não estar sendo considerados na
cadeia de produção e consumo do bem educação. Nesse caso, o governo incentiva o mercado
concedendo incentivos, seja na forma de bolsas de estudos aos estudantes ou na concessão de
subsídios às instituições de ensino, responsáveis pela oferta desse bem.

As externalidades negativas ocorrem quando o benefício social do consumo é menor que o


benefício privado de consumo.

Veja o caso da poluição da água por indústrias que jogam seus detritos irresponsavelmente,
prejudicando plantas, animais e seres humanos. Este é um típico exemplo de externalidade
negativa. O custo ambiental e econômico que a indústria está causando não foi por ela incluído nas
suas planilhas. Na verdade, esse custo será arcado por todos, mediante ações governamentais que
minimizem os efeitos da poluição. Tais ações serão custeadas por toda a população, mediante o
pagamento de impostos ao Estado.

Os fumantes causam danos à sua própria saúde e também toda a população, pois os custos com
hospitais públicos, responsáveis pelo tratamento das inúmeras doenças causadas pelo tabagismo,
são arcados por todos. Assim, nada mais justo que o governo taxe os cigarros com alíquotas bem

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altas, como forma de tentar internalizar aos custos de produção os custos sociais, os quais não
serão levados em consideração pelas empresas que produzem tabaco.

Unidade 01
Aula 04

Intervenção do Estado na Economia


sob o Prisma da Teoria dos Bens
Públicos

Estudantes, bem-vindos(as) à nossa aula. O tema central aqui é intervenção do Estado na economia
sob o prisma da Teoria dos Bens Públicos. Veremos os princípios da Teoria dos Bens Públicos e a
diferença entre bens privados, bens públicos, bens de clube e bens de propriedade comum. Boa
aula!

Princípios da Teoria dos Bens Públicos -


Rivalidade e Exclusão
O estudo da Teoria dos Bens Públicos é de suma importância no escopo da Economia do Setor
Público.

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23/10/23, 18:59 IESB

VÍDEO
Olá, estudante! Para assistir a esse vídeo, acesse a versão web do seu material didático.

Inicialmente, você deve procurar entender bem alguns conceitos basilares sobre a Teoria de Bens
Públicos. Primeiro, é preciso distinguir a provisão da produção de um bem, tanto do ponto de vista
público como privado. Note que o governo pode prover publicamente um bem sem que ele (o
governo) seja o seu produtor. Nesse caso, o governo adquire os bens produzidos por empresas
privadas e oferece na forma de bens ou serviços a toda a população. Remédios distribuídos em
farmácias populares seriam um caso desses.

Veja que o governo, no entanto, pode produzir um bem sem que sua provisão seja pública. No Brasil,
mediante a Petrobras, o governo produz um bem (a gasolina), que terá seu preço e sua
comercialização feitos à semelhança de qualquer produto produzido e fornecido por empresas
privadas.

Assim, entendendo isso, estamos em condições de diferenciar a provisão da produção pública de


um bem. Portanto, o fato de que um bem ser provido pelo governo não o torna público. A educação
é um típico exemplo de um bem privado que é provido (fornecido) por governos em vários países,
entre os quais o Brasil.

Então, no âmbito da Economia do Setor Público, devemos fazer a seguinte pergunta: O que
caracteriza os bens públicos?

Há dois aspectos básicos que são utilizados para distinguir bens públicos de bens privados: não
exclusão e não rivalidade.

Não exclusão: um bem não é passível de exclusão se, quando ele é ofertado, não for
possível, ou for excessivamente caro, impedir alguém de consumi-lo.

O sistema de mercado baseia-se em um “sistema de catraca”, ou seja, na troca de direitos de


propriedade. Essencialmente, troca-se mercadoria (bens e serviços) por dinheiro. Exemplos: ônibus,
estádios, cinemas, teatros, museus, supermercados, lojas, consultórios etc. Portanto, o Princípio da
Exclusão é o “controle da catraca” (a um custo compatível).

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No caso do bem não exclusivo, as pessoas não podem ser excluídas do seu consumo, pois é muito
difícil ou impossível cobrar pela utilização de tais bens e serviços. Exemplos: erradicação de uma
peste agrícola – é impossível excluir determinado fazendeiro do benefício de tal programa; faróis –
como excluir o uso por determinado navio?; televisão estatal (canais abertos) – como evitar que
certo telespectador não capte o sinal?

Não rivalidade: um bem é não rival quando o seu consumo por parte de um agente não
reduz a quantidade disponível para consumo de um outro agente.

O Princípio da Rivalidade ocorre quando um bem, ao ser consumido por um indivíduo, diminui a
disponibilidade para os outros. Exemplo: uniforme no começo do ano letivo, ingressos de um
espetáculo concorrido, etc. Se um bem atende ao Princípio da Rivalidade, o consumo é individual. O
Princípio da Rivalidade é como no caso de “lugares numerados”.

No caso do bem não rival o custo marginal da produção é zero para um consumidor adicional.
Exemplos: autoestrada em período de pouco volume de trânsito (sem congestionamento) – o custo
de mais um veículo na via é zero; faróis: o uso por uma embarcação adicional não acrescenta nada
ao custo operacional; televisão estatal: o custo de expectador adicional é zero; segurança pública;
justiça; etc.

Bens Privados, Bens Públicos, Bens de Clube


e Bens de Propriedade Comum
A Economia do Setor Público utiliza uma classificação dos bens para procurar delimitá-los de
acordo com os dois princípios acima estudados. Portanto, os bens na Teoria dos Bens Públicos
são classificados em:

• bens privados;

• bens públicos;

• bens de clube; e

• bens de propriedade comum.

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Os típicos bens privados são aqueles em que o proprietário pode impedir o uso e, uma vez
consumidos, não podem ser mais utilizados, ou seja, os bens apresentam as qualidades de rivais e
excludentes. Esses bens são quase sempre produzidos com lucro. São os bens que nós normalmente
consumimos no dia a dia, tais como: alimentação, roupas, móveis, automóveis. O bem privado puro
atende a dois princípios: Princípio da Exclusão; Princípio da Rivalidade.

Os típicos bens públicos são bens não rivais e não excludentes. Eles são, em geral, consumidos
coletivamente e provisionados pelo governo, ou seja, não são pagos pelos consumidores
voluntariamente no mercado, mas por meio do pagamento de impostos. São exemplos: defesa, lei,
direitos de propriedade, faróis, iluminação pública, manutenção de estradas, ar, meio ambiente e
bens de informação (softwares, patentes).

Há bens que, por sua natureza, não estão sujeitos aos princípios da Exclusão e Rivalidade. Nesse
caso, eles são os típicos bens públicos, ou seja, aqueles que não podem ser consumidos
individualmente e, por isso, acarretam ineficiências no mercado (falhas de mercado). Portanto, as
características básicas dos bens públicos são: não rivalidade e não exclusividade.

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Os chamados bens de clube são aqueles de uso coletivo sujeitos a restrições impostas por meio de
regras para o seu uso. Os bens de clube são não rivais e excludentes. Bens de clube representam um
subgrupo de bens públicos até o ponto de congestionamento (acumulação), como TV a cabo,
patentes, direitos autorais.

Ou seja, quando os bens são “excluíveis”, mas não rivais, eles são bens de clube. Exemplos: travessia
de uma ponte – um automóvel a mais não faz diferença (não rival); porém, pode-se excluir a
passagem mediante cobrança de pedágio; sinal de TV a cabo – o custo marginal da transmissão para
um novo usuário é zero (não rival), mas pode se tornar o uso excludente via codificação do sinal e
cobrança pelo uso do aparelho de decodificação.

Os bens de propriedade comum são bens que consistem de um sistema de recursos cujo tamanho
apresenta custo, mas não é impossível excluir potenciais usuários de obter benefícios com seu uso.
São bens rivais e não excludentes.

Quando os bens são não exclusivos mas rivais eles são os bens de propriedade comum. Exemplos: o
ar – é impossível excluir o uso do ar puro que respiramos; porém, se uma empresa emite nele
poluentes, o consumo do ar puro torna-se rival, com imposição de custos (saúde debilitada) para
outras pessoas; o oceano – veja que o consumo (uso) do oceano é não exclusivo, porém a pesca é
rival.

Os bens de propriedade comum ilustram a chamada Tragédia dos Comuns. Este termo é utilizado
para descrever situações nas quais a população usufrui recursos para assegurar ganhos de curto
prazo sem considerar consequências de longo prazo. A “tragédia” consiste do dilema no qual
indivíduos múltiplos atuam independentemente e considerando apenas seus próprios interesses, o
que conjuntamente leva à destruição ou exaustão de recurso limitado, mesmo que não seja
intenção de ninguém que isso ocorra no longo prazo. Nesse caso, cada indivíduo é motivado a
maximizar o uso do recurso até o ponto que se fica satisfeito individualmente, enquanto os custos
de exploração são divididos por todos aos quais o recurso está disponível. Na verdade, o acesso
livre e irrestrito a um recurso finito leva à destruição de recurso por meio da exploração
desarvorada.

Para resolver esse problema, gerado por bens de propriedade comum, criou-se o regime de
propriedade comum, que é um arranjo social que regula a preservação, a manutenção e o consumo
de um bem de propriedade comum. Dessa forma, a demanda de bens não excede determinado
nível, e os rendimentos futuros não são reduzidos. Com isso, o bem de propriedade comum é
preservado. De fato, se o acesso ao bem de propriedade comum é regulado ao restringir exploração
por membros da comunidade e impor limites à quantidade de bens, a aludida tragédia dos comuns
pode ser evitada.

Com base nas definições mencionadas, podemos resumir as características, denominações e


exemplos de bens no seguinte quadro-síntese:

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RIVALIDADE NÃO RIVALIDADE

Bens “excluíveis” (BEM DE “CLUBE”): TV a cabo, patentes,


EXCLUSÃO BENS PRIVADOS (alimentação, vestuário, automóveis)
direitos autorais

NÃO BENS “congestionáveis” (DE PROPRIEDADE COMUM):


BENS PÚBLICOS (defesa nacional, TV aberta)
EXCLUSÃO pesca, caça, água

O consumo de um bem público por parte de um indivíduo ou de um grupo social não prejudica o
consumo do mesmo bem pelos demais integrantes da sociedade. Ou seja, todos se beneficiam da
produção de bens públicos mesmo que, eventualmente, alguns mais do que outros, uma vez que é
difícil ou mesmo impossível impedir que um determinado indivíduo usufrua um bem público.

Com isso, surge um problema para a sociedade: como ratear os custos da produção dos bens
públicos entre a população, tendo em vista que é impossível determinar o efetivo benefício que
cada indivíduo derivará do seu consumo que, muitas vezes, sequer é voluntário?

Note que os bens públicos, uma vez produzidos, beneficiarão a todos os indivíduos,
independentemente da participação de cada um no rateio de custos. Com isso, é natural que os
indivíduos, se fossem chamados a dar um preço ao bem público, tendessem a subavaliar os
benefícios gerados pelo bem público, a fim de reduzir suas contribuições.

Outro problema é o dos chamados caronas (free-riders). O ato de não se poder individualizar o
consumo permite que algumas pessoas possam agir de má-fé, alegando que não querem ou não
precisam ter acesso ao consumo e, dessa forma, negando-se a pagar por ele, ainda que acabem
usufruindo do bem público.

Os caronas são, pois, consumidores que podem tirar vantagem de bens públicos sem contribuir
suficientemente para sua criação.

Os bens públicos geram incentivos ao indivíduo para ele se tornar um carona, pois ele sabe que não
pode ser excluído dos benefícios do bem público, mesmo não contribuindo para custeá-lo. O carona
não faz nenhum esforço extra voluntariamente, a menos que haja ganho inerente.

A solução clássica para os problemas dos bens públicos é a provisão governamental, por meio da
cobrança de impostos.

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Unidade 01
Aula 05

Críticas à Intervenção do Estado na


Economia

Chegamos à última aula desta unidade. Falaremos aqui algumas críticas à intervenção do Estado na
economia. Definiremos as falhas de mercado e de governo, falaremos das noções básicas de Teoria
da Escolha Pública, e veremos como medir a eficiência da intervenção estatal. Boa aula!

Falhas de Mercado e Falhas de Governo


A expressão “falhas de governo” ou “fracassos do governo” surgiu como contraponto ao conceito de
“falhas de mercado” ou “fracasso de mercado”. Em ambos os casos a ideia de “fracasso” surge como
referência a situações ideais.

O ideal de mercado é o mercado competitivo, sem custos de transação, com informação simétrica e
completa entre os agentes e onde sempre que, para um certo preço, existem agentes dispostos a
vender e outros dispostos a comprar: a transação se efetua. Porém, os mercados reais não
apresentam aquelas características “ideais” e, portanto, podemos falar em “fracasso”.

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23/10/23, 18:59 IESB

Do mesmo modo, as noções de “fracasso de governo” provêm da comparação com um ideal de


governo e de um ideal democrático com a realidade das atuações dos governos e dos
funcionamentos das democracias.

O ideal de governo é aquele que age com uma espécie de “ditador benevolente”, ou seja, um agente
supostamente capaz de impor as suas políticas (“ditador”) e capaz de conhecer e satisfazer todas as
preferências dos cidadãos (“benevolente”).

O ideal democrático, no entanto, caracteriza-se por um conjunto de aspirações consubstanciadas


nas seguintes hipóteses:

os cidadãos e o povo são soberanos;


entre estes e os seus representantes não há “corpos intermédios”, o que pressupõe cidadãos
educados, informados e civicamente ativos;
os parlamentares são representantes da nação (mandatos não vinculativos) e não
representantes de interesses específicos de certas clientelas;
não há poder oligárquico nem de elites, mas, sim, a eliminação dos “poderes invisíveis” (grupos
secretos ou informais dentro ou fora do aparelho de Estado).

Esses ideais, todavia, são promessas não cumpridas dos regimes democráticos, ou seja, são falhas
do regime democrático.

A explicação destes “fracassos do governo” é também objeto de análise pela Teoria da Escolha
Pública (que estudaremos adiante).

No essencial, a explicação é semelhante à razão de ser dos “fracassos do mercado”: o “mercado”


político não é de concorrência perfeita, tem informação assimétrica e é caracterizado por incerteza
e custos de transação.

Os governos não conseguem saber as preferências dos cidadãos em relação aos bens públicos, nem
avaliar corretamente os custos sociais de externalidades negativas.

Trata-se essencialmente de problemas de obtenção de informação e da incapacidade de tratamento


dessa informação de forma centralizada.

A questão é que o ato de votar implica custos (de obtenção da informação, por exemplo) que são em
geral muito superiores ao benefício esperado do voto, na medida em que a probabilidade do voto de
um cidadão particular ser decisivo para a vitória do partido que apoia é praticamente nula.

Com isso, torna-se difícil compreender porque razão os indivíduos votam. No entanto, há razões
que levam os cidadãos a serem racionalmente ignorantes ou a serem informados, mas indiferentes
ou “alienados”. Essa limitação à participação dos cidadãos na vida política é previsível e é um dos
fatores que limita a competitividade do mercado político.

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Noções Básicas de Teoria da Escolha Pública


A Teoria da Escolha Pública (TEP) procura fazer uma análise científica do comportamento do
governo e, em particular, do comportamento dos indivíduos com o governo.

Vamos às situações que ilustram a lógica da TEP?


Se aceitarmos a suposição de que os atores políticos estão voltados para o interesse comum, temos
que concluir que as pessoas, quando entram na cabine de votação, não votam nos políticos e na
legislação que as beneficiam, mas sim nos políticos e na legislação que beneficiam a nação como um
todo.

As pessoas no supermercado compram os produtos que, dados seus preços, beneficiam a si mesmos
e suas famílias.

No entanto, quando alguém se torna político presume-se que se transforme e adquira uma
perspectiva mais ampla, que o induza a tomar decisões moralmente corretas, em lugar de
simplesmente beneficiar os grupos de interesse que o apoiaram ou as políticas que possam reelegê-
lo.

Sendo assim, então como funciona a política, de acordo com a teoria da escolha pública?

Comecemos pelo mercado. Um mercado econômico é composto por um conjunto de trocas entre
indivíduos que procuram satisfazer as suas preferências através do intercâmbio. Ao longo do
tempo, o processo de troca leva tanto à eficiência no uso de recursos sociais como a uma certa
distribuição particular de riqueza.

Algumas pessoas não gostam desses resultados, especialmente se tiverem menos riqueza do que
gostariam. Essas pessoas insatisfeitas levam o governo a intervir para melhorar seus próprios
resultados.

Por exemplo, o governo pode subsidiar ou transferir diretamente o dinheiro de contribuintes para
membros de grupos ou setores de interesse favorecidos. O governo também pode regulamentar os
mercados para diminuir a competição, a fim de melhorar as perspectivas de indivíduos ou grupos
que estariam em pior situação no caso de existir concorrência (isto é, caso a regulação não
existisse).

Às vezes, o governo paga para que empresas produzam bens ou serviços que não atrairiam clientes
pagantes suficientes para elas sobreviverem em um mercado competitivo.

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O governo também ajuda grupos favorecidos ao limitar a concorrência. Por exemplo, as


regulamentações que protegem as empresas domésticas da concorrência internacional transferem
riqueza dos consumidores para os produtores.

Tais grupos de interesses especiais alegam que os custos que são impostos sobre toda a sociedade
servem ao interesse público. Ou seja, o interesse público é uma justificativa de ações que visam
interesses meramente particulares.

Se o resultado total for positivo para sociedade, ou seja, maximizar o bem-estar de toda a
sociedade, então não haveria nenhum problema. Porém, quando o resultado final é negativo, é
ineficiente, é ruim para toda a sociedade, então tem-se um problema.

Esse problema fica pior quando o aparelho estatal tem a sua disposição um postulado de
argumentos que dão margem a interpretações mais amplas e genéricas, tais como o do “Princípio da
Supremacia do Interesse Público”.

A TEP estuda a forma como as instituições estatais tomam as suas decisões.

O papel do Estado na economia, a forma como utiliza os meios que lhe são colocados à disposição e
as motivações que estão na base das ações e atitudes dos políticos são aspectos importantes, mas
muitas vezes negligenciados no campo teórico. A Teoria da Escolha Pública tenta preencher essa
lacuna. Ela analisa como funcionam os diferentes mecanismos de voto, demonstrando que não
existe um mecanismo ideal para obter escolhas sociais a partir das preferências individuais.

A TEP estuda as chamadas falhas de governo associadas à falha de eficiência econômica das
decisões e à injustiça na repartição do rendimento. Tal teoria reconhece o comportamento de
governantes e burocratas como agentes racionais e motivados por interesses próprios, alinhados
ou não com os da sociedade ou sob regras constitucionais alternativas. Com isso, a TEP procura
entender os incentivos dos agentes e a maneira como as instituições políticas determinam suas
escolhas e como as políticas públicas são efetivamente determinadas.

A TEP reconhece que o político, principalmente em períodos eleitorais, faz todo tipo de promessa
para conquistar os votos dos eleitores, desconsiderando, muitas vezes, os limites impostos pela
escassez dos recursos produtivos. Porém, o político é um ser humano comum e, como tal, movido à
busca de seus interesses pessoais. Assim, a TEP recomenda o estabelecimento de limites à
interferência dos políticos nas decisões econômicas. Tais limites devem ser votados pelos
representantes democraticamente eleitos e devem ser inseridos na constituição do país.

Para além da ênfase dada às falhas dos governos, a TEP centra a sua atenção na proposta de
medidas para corrigir os problemas, salientando as vantagens de uma intervenção do Estado ao
nível mais local possível e propondo formas de limitação da despesa pública.

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A TEP tem como principal objetivo aplicar um método da ciência econômica a objetos que
tradicionalmente tem sido considerados no âmbito da ciência política: grupos de interesse,
partidos políticos, processo eleitoral, análise da burocracia, escolha parlamentar e análise
constitucional.

A TEP foi, ao longo das últimas décadas, a principal crítica da outra corrente teórica essencialmente
econômica que fundamenta a intervenção do Estado na economia: a Economia do Bem-Estar (EBE)
ou welfare economics.

Enquanto a EBE centrava na análise dos “fracassos de mercado” que justificavam a intervenção
corretora do Estado, a TEP veio clarificar os “fracassos do governo” e os limites da intervenção
desse mesmo Estado.

A unidade base de análise da TEP é o indivíduo, ou seja: só este é sujeito de ações individuais ou
coletivas e só ele tem preferências, valores, motivações. Assim sendo, grupos, organizações ou
instituições privadas ou públicas são sempre um conjunto de indivíduos, não existindo nenhuma
concepção orgânica “acima” desses indivíduos que seja observável e analisável.

Iremos explicar algumas implicações políticas e econômicas da TEP:

1. Como, através da despesa pública (quer em bens e serviços públicos, quer em transferências)
se ganham votos e como com aumentos (visíveis) de tributação geralmente se perdem votos, há
uma tendência para que, em regimes democráticos, se produzam (na ausência de restrições
constitucionais) orçamentos do Estado com déficits e não superávits. Portanto, é natural que os
governos (sejam de esquerda ou de direita) se envolvam em ciclos político-econômicos
caracterizados pelo aumento da despesa pública em período pré-eleitoral, seguido por tensões
inflacionistas e políticas restritivas no período pós-eleitoral.

Então, a existência de déficits e dos ciclos político econômicos é resultante do processo


democrático em si e não da natureza particular da política econômica adotada pelo governo ser de
esquerda ou de direita.

Portanto, para a TEP, são as regras de jogo do processo democrático que em grande parte
determinam as políticas e não (apenas) a especificidade ideológica do partido do governo.

2. Outra implicação refere-se precisamente ao papel das elites em relação ao dos eleitores.
Quanto mais as questões se colocarem ao eleitorado de forma unidimensional, maior a
importância do eleitor mediano (aquele que reflete a média do pensamento e da preferência do
eleitorado) e quanto mais se colocarem de forma multidimensional, menor essa importância.

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Então, as instituições políticas com uma única função (autarquias ou ministérios só com a
função educação ou saúde por exemplo) serão mais sensíveis às preferências do eleitorado do
que as instituições plurifuncionais.

Outra importante conclusão da TEP é que no estágio “constitucional” da decisão coletiva (escolha
das regras) é possível gerar consensos mais alargados do que no estágio “parlamentar” (escolha sob
regras).

No estágio constitucional (pense numa Assembleia Nacional Constituinte), os indivíduos racionais e


egoístas podem votar favoravelmente em propostas mesmo que no imediato os possam prejudicar.
A razão é que essas regras perdurarão bastante tempo e o indivíduo está incerto sobre que posição
ocupará na sociedade num futuro distante. Ou seja, é possível escolher regras justas se estivermos
por detrás de um “véu de ignorância”, ou seja, sem informação sobre qual a nossa posição atual na
sociedade (rico/pobre, talentoso/sem talento, jovem/idoso, geração presente/futura, etc.).
Esforçar-se por estar numa “posição original” por detrás do “véu da ignorância” é a atitude que deve
nortear o investigador numa abordagem normativa acerca do que devem ser as regras do jogo
político.

A única garantia que propostas de alterações de regras satisfazem o interesse geral e não
interesses específicos é essas propostas serem aprovadas por uma maioria qualificada (Assembleia
Nacional Constituinte) e não apenas por uma maioria absoluta (parlamentos em funcionamento
normal).

Para a TEP, não apenas as emendas ou revisões constitucionais, mas também qualquer lei que
defina as regras essenciais do processo político democrático (por exemplo, a lei eleitoral) devem ser
aprovadas por maiorias qualificadas.

As principais contribuições da TEP para o estudo do papel do Estado na economia, ou seja, o para o
estudo da Economia do Setor Público, são as seguintes:

o governo não é neutro;


argumentos principiológicos (aqueles que dão margem a interpretações mais amplas e
genéricas) do qual se destaca o “Princípio da Supremacia do Interesse Público” podem ser
falaciosos;
deve-se ter uma visão mais realista e menos ingênua do processo de tomada de decisão
política;
deve-se levar em consideração a existência de atores políticos racionais e dispostos a
maximizar seus interesses individuais, o que não é ruim, mas pode ser prejudicial caso esse
interesse individual implique em resultados ineficientes ou desastrosos para a sociedade, como
quando há corrupção;

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há fatores que se agravam diante da possibilidade de fundamentação das ações e leis no


interesse público e na sua supremacia diante do interesse privado;
pode-se estar maximizando somente o interesse individual do representante político em
detrimento do interesse da sociedade com a camuflagem de se estar fazendo algo pela própria
sociedade, quando na verdade estar-se-á a prejudicar a própria sociedade.

Medindo a Eficiência da Intervenção Estatal


- Análise Custo-Benefício e Custo -
Efetividade das Políticas Públicas
Na análise econômica, a metodologia da análise custo-benefício permite comparar os projetos
públicos e classificá-los em função de um critério quantitativo que constitui uma base objetiva da
alocação racional de recursos. As diferentes relações de custo-benefício, comparáveis em um
momento no tempo, em suma, empregam um critério de otimização que é o seguinte: o mínimo de
recursos para alcançar um objetivo ou, alternativamente, o máximo de resultado possível para uma
unidade de recursos. O requisito essencial é que tanto os custos como os benefícios possam ser
expressos em unidades monetárias.

No caso dos projetos e programas sociais, em regra geral, os benefícios apresentam dificuldades de
avaliação monetária, embora os custos quase sempre não apresentam tal problema. Isso leva a uma
encruzilhada com as seguintes possíveis saídas:

1. limitação da análise aos efeitos econômicos imediatos, avaliando unicamente aqueles que
sejam mensuráveis em termos monetários;
2. tentativa da transformação indireta de efeitos qualitativos em grandezas monetárias
(valoração monetária dos benefícios sociais); e
3. compreensão, descrição e avaliação separadas dos efeitos monetários e não monetários,
reconhecendo explicitamente o caráter multidimensional da análise.

Ao substituir o conceito de benefício pelo conceito de efetividade, o critério de otimização pode


ser mantido, tal como foi anteriormente definido, mas, nesse caso, o que se pretende é comparar
uma categoria quantitativa em uma escala de intervalos cardinais (a de custo) com outra qualitativa
em uma escala ordinal (a de efetividade). Mais uma vez, a mensuração monetária dos custos, em
geral, não apresenta grandes dificuldades, dado que, normalmente, eles são expressos no mercado.

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O problema, obviamente, se apresenta na análise da efetividade, definida em função do objetivo do


programa. Se existem diferentes sistemas para implementá-lo, é possível comparar os distintos
níveis de custo-efetividade.

Consideremos, por exemplo, o caso de um programa de gerenciamento de resíduos sólidos a ser


implementado em âmbito municipal, que consista em substituir a coleta tradicional pela coleta
seletiva. Supõe-se que a “função-objetivo” desse suposto programa seja diminuir os índices de
mortalidade, morbidade e gastos hospitalares, ou seja, que haja melhora na saúde da população em
função da mudança do sistema de coleta tradicional pela coleta seletiva.

Para cada município, o novo sistema de coleta de lixo pode resultar em diferentes modalidades de
programação, administração, execução e controle, associados com diversas estruturas de custos
diretos e indiretos. Sabendo que os recursos públicos são escassos, o governador, por exemplo, está
ciente de que o novo sistema não poderá ser implementado em todos os municípios do estado. Com
isso, ele decide que o programa deverá ser adotado naqueles municípios que apresentem maior
potencial de custo-efetividade, ou seja, menor custo/tonelada/residentes que registrariam melhora
na saúde (esse critério de custo-efetividade é predefinido).

Assim sendo, após extensa pesquisa, supomos que se conseguiu tabular, para cada um dos cinco
municípios (M1, M2, M3, M4 e M5), o custo/tonelada de lixo coletada e o número de pessoas que
registrariam melhoras na saúde ou diminuição dos gastos hospitalares, da mortalidade e da
morbidade (custos da saúde). O quadro a seguir, que representa uma matriz de custo-efetividade,
ilustra o exercício hipotético.
Posição índice de custo-efetividade –
custo/to- posição parcial residentes posição final –
município parcial custo/residente beneficiado
nelada (A) (eficiência) beneficiados(B) custo-efetividade
(eficácia) (A/B)

M1 100 3º 1000 3º 0,1000 5º

M2 150 5º 1560 1º 0,0961 4º

M3 80 2º 900 4º 0,0888 3º

M4 110 4º 1280 2º 0,0859 1º

M5 75 1º 870 5º 0,0862 2º

Matriz de Custo-Efetividade

Observamos que, caso a análise levasse em conta apenas a eficiência de cada município (definida
como menor custo por tonelada), o 1º colocado seria o município M5; o 2º, o M3; o 3º, o M1; o 4º, o
M4; e o 5º, o M2. Se o critério de decisão fosse apenas o número de pessoas beneficiadas (melhor
índice de efetividade), o 1º seria o M2; o 2º, o M4; o 3º, o M1; o 4º, o M3; e o 5º, o M5. Combinando

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os critérios numa “análise custo-efetividade”, a escolha dos municípios a serem contemplados com o
programa deveria levar em conta a seguinte classificação: 1º o M4, 2º o M5, 3º o M3, 4º o M2 e 5º o
M1.

A obtenção desse resultado é de máxima importância porque incorpora um critério de


racionalidade na alocação de recursos públicos, possibilitando a reprogramação dos municípios que
utilizam modelos menos custo-efetivos.

SAIBA MAIS
Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema estudado nesta aula, acesse o site Brasil
Economia e Governo por meio dos links a seguir. Esse site é gerenciado por um grupo de
profissionais especializados em assuntos econômicos e gestão pública, sem vinculação ou
militância político-partidária. Leia os seguintes artigos:

“Por que o Governo deve Interferir na Economia”.

“Por que a intervenção do governo pode gerar prejuízos à sociedade?”.

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