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Os investimentos em capital humano são vários: educação obtida nas escolas e universidade
(crianças e jovens), treino vocacional, investimentos em saúde, migração, formação enquanto
empregado, procura de emprego. Nesta parte, vamo-nos focar na primeira componente, que
tende a ser bastante significativa!
Educação como investimento: Ótica Pessoal. Na ótica de uma criança, a sua educação
consiste num investimento de longo prazo com incerteza: os custos de educação são imediatos
(gastos inerentes – aquisição de livros, gastos com espaços escolares, professores e
funcionários – e a perda de rendimentos por adiar o início da carreira laboral) e os benefícios
são obtidos numa dará posterior e são incertos (ganho salarial futuro inerente a obter mais
educação; menor exposição a períodos de desemprego; ganhos pessoais inerentes ao
exercício intelectual). Vamos considerar um agente racional, e estudar as suas decisões de
educação. Em todos os Estados, existe uma variabilidade de educação adquirida pelos
trabalhadores. É uma decisão ativa!
1-Positivamente inclinada;
2-O declive diz-nos o quanto o salário cresce com
um ano adicional de educação;
3-Concava na medida que o benefício marginal
decresce à medida que a escolaridade aumenta.
Num modelo simplificado, podemos ficar os
custos/benefícios principais mensuráveis:
1-A educação aumenta a produtividade futura
dos indivíduos, aumentando-lhes o salário.
2-A educação tem dois tipos de custos: Custos
diretos – monetários, inerentes ao processo de
aprendizagem; custos de oportunidade – perda
de rendimentos por estar na escola invés de
estar a trabalhar.
Políticas direcionadas aos fluxos: subsidiar a escola (ou escola gratuita); idade mínima para
começar a trabalhar; apoiar o rendimento da família (exemplo abono de família), condicionado
ao jovem estudar; apoios ao sucesso educativo, que garantem o não prolongamento excessivo
do tempo de investimento e o seu retorno; garantir a qualidade dos investimentos (qualidade
dos cursos e qualificações).
Mas será que a educação aumenta a produtividade aumentando o capital humano dos
indivíduos, ou só serve como um sistema de certificação de indivíduos que já tinham alta
habilidade?
Considera que existem 2 tipos de trabalhadores: Os com habilidade elevada (H) e os com
habilidade baixa (L). Os com habilidade elevada têm produtividade de 400 e com baixa
produtividade 200. Se existir concorrência entre empresas e existir informação perfeita:
WH=400 e WL=200. Se existir concorrência entre empresas e existir informação imperfeita:
WH=300 e WL=300. Porque a empresa não consegue distinguir trabalhadores 8todos dizem
que são de produtividade elevada). Paga a cada trabalhador 300 (0,5x400+0,5x200). Perdem
os trabalhadores mais hábeis, e ganham os menos hábeis.
Imagine que uma empresa, interessada em atrair trabalhadores hábeis oferece um ordenado
de 375 e é capaz de definir uma tarefa (processo de recrutamento): em que os trabalhadores
mais hábeis têm uma perda de 50 para a completar e serem contratados; enquanto que os
menos hábeis têm uma perda de 150 para a completar e serem contratados. Note-se que: os
trabalhadores menos hábeis ao concorrerem ao emprego ganham 375-150=225. Logo,
preferem ir para uma empresa que não faça seleção! Os trabalhadores mais hábeis ao
concorrerem ao emprego ganham 375-50=325. Logo, esta empresa consegue contratar os
mais hábeis e em cada 1 faz um lucro de 25!
Uma perspetiva popularizada por Michael Spence (Prémio Nobel), baseada no facto que a
escola pode apenas servir como um sinal: 1. As empresas não conseguem facilmente perceber
a habilidade e motivações dos jovens (assimetria de informação), dado que se lhes
perguntamos todos dizem que são muito hábeis! 2. A escola atribui tarefas às crianças que têm
um custo, que aumenta quanto menos hábil for o jovem; 3. Escola permite então servir de
mecanismo de sinalização ao mercado de trabalho das caraterísticas não observáveis que
determinam a sua produtividade. 4. A escola não aumenta a produtividade dos jovens!
Considerem que existem 2 tipos de trabalhadores: os com habilidade elevada (H) e os com
habilidade baixa (L). A empresa: 1. Sabe que cerca de metade dos trabalhadores são H e
metade são L, mas não os distingue. 2. A empresa pretende utilizar o nível de educação para
os distinguir: pagando o valor presente dos H-PV2 – a todos os trabalhadores que tenham mais
do que y~ anos de educação; pagando o valor presente dos L-PV1 – a todos os trabalhadores
que tenham menos que y~ de educação. Esta política remuneratória vai funcionar (caso
contrário falência): se a escola foi capaz de garantir que para estes salários, os custos
(dificuldade) inerente a obter os anos de escolaridade levam a que quem tem mais que y~ anos
sejam só os de habilidade elevada!
Ambos os modelos preveem mais anos de escolaridade. A forma dos economistas distinguirem
ambos passa por estudar alunos que obtiveram os mesmos anos de educação, mas uns
tiveram um certificado e outros não (uns quase que passaram e outros passaram mesmo os
requisitos do certificado): -> Lang e Kropp (1986) encontraram efeitos nos ordenados dos
certificados para os Estados Unidos; -> Chealier et al. (2003) não obtiveram qualquer efeito
para o Reino Unido. Alternativamente, Tyler, Murmane e Willen estudaram o efeito do GED nos
Estados Unidos: um exame que permite a quem deixou o secundário receber um certificado
equivalente; em alguns estados é muito difícil, noutros é fácil; encontraram que nos obter o
GED, por estar num estado onde é fácil, elevou o rendimento em $1,473.
Como operacionaliza?
Subsidiar a provisão do
serviço (educação)!
#Tendência 9: Esforço enorme de reforço educacional, mas ganhos salariais caiem. Este
argumento está por detrás do esforço educacional significativo que os Estados têm feito em
aumentar a educação das gerações seguintes.
#Tendência 10: Esforço enorme de reforço educacional, mas ganhos salariais caiem. Quais os
impactos da queda do ganho salarial? Se o benefício social se mantiver, então temos um
crescimento da externalidade! Necessita de maior intervenção. Se o benefício social também
está a cair, maior intervenção não é necessário, mas pode.se refletir sobre tal queda.
Perfis salariais.
Esta análise permite-nos concluir tal como Gary Becker, que em concorrência perfeita temos: a
empresa tem incentivo em investir otimamente em formação específica; o trabalhador tem
incentivo em investir otimamente em formação genérica. A formação genérica aumenta a
produtividade e empregabilidade do trabalhador: devido à concorrência, a empresa não tem
incentivo a investir; o trabalhador pode ter restrições orçamentais, e indisponibilidade para fazer
estes investimentos;
Formação e Concorrência Imperfeita. Tal como referido por Acemoglu e Pischke, o mercado
Existe uma grande heterogeneidade entre países no que respeita ao gender pay gap. Alguns
partilham fronteiras como a Bélgica, França e a Alemanha. O que pode justificar?
Tendencialmente menores nos países nórdicos (Blau and Kahn, JoLe 2003).
Existem diferenças nas taxas de emprego (margem extensiva): Se relevantes, temos que ter
em conta a decisão de homens e mulheres em trabalhar e as suas caraterísticas 8selection into
employment). Taxas de emprego das mulheres são mais baixas nos países do sul da europa
Existe notória dificuldade de fazer reduções substâncias nos gaps existentes (especialmente
última década), mesmo quando se tornam uma prioridade de política pública.
Note-se que o gap salarial aumenta substancialmente a partir de determinada idade. Maior em
percentis de rendimentos maiores. O que será?
Definições de
Discriminação.
CRP, Artigo 13
(Princípio da
Igualdade) – 1. Todos
os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei. 2. Ninguém pode ser
privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever
em razão de ascendência, sexo,
raça, língua, território de origem,
religião, convicções políticas ou
ideológicas, instrução, situação
económica, condição social ou
orientação sexual.
Aqui constatamos que parte do gender pay gap advém da parte não explicada pelos X
(discriminação) e que parte vem por diferenças de produtividade (parte explicada).
Dentro da parte explicada
(diferenças de produtividade),
vemos que em Portugal contribui:
Mas será que a discriminação apenas existe nas políticas de recursos humanos das
empresas? Ou as empresas espelham comportamentos sociais?
Testes diretos (Goldin et al. (2011)) Nos Estados Unidos, a contratação de músicos para
orquestras algumas vezes era feita de forma cega, de outras não. Estudou-se o impacto da
utilização de audições cegas na probabilidade de
contratar mulheres. Nos Estados Unidos, a
contratação de músicos para orquestras algumas
vezes era feita de forma cega, de outras não. O uso
de audições cegas aumentou a probabilidade de uma
mulher ser escolhida, ou no limite não teve efeito.
Será que o capital humano pode justificar diferenciais encontrados? Será que as mulheres têm
menos capital humano medido por educação que os homens? No passado sim (podem existir
legacy effects), mas no presente não. De facto, as mulheres até têm um pouco mais educação
formal que os homens. Mas diferenças podem persistir. Porquê? Áreas de Estudos (STEM vs
Humanidades), Margem intensiva e extensiva, preferências, maternidade. Nestes casos,
mesmo em concorrência perfeita, o problema é que facilmente podemos estar a comparar
trabalhadores diferentes (parte não observada).
Oferta de Trabalho (Bertrand et al. 2010). Comparar géneros dos graduados de MBA. São mais
homogéneos que o todo da população, mas existe um diferencial de género. As mulheres
recebem menos, mas o gap começa a diminuir à medida que consideramos caraterísticas que
também contribuem para o capital humano. Mesmo entre graduados de MBA, as mulheres
trabalham menos e acumulam menos experiência. Maternidade tem um grande efeito.
Maternidade (Kleven et al. 2019). Qual o impacto da maternidade nas carreiras profissionais
dos pais? Utilizaram uma base de dados administrativa dinamarquesa entre 1980.2013, com
informação detalhada sobre crianças, salários, oferta de trabalho, ocupação, empresas,
educação. Encontraram uma perda significativa de rendimentos da mulher de 21% durante 20
anos depois do nascimento da criança. Os mecanismos:
Qual o impacto da maternidade nas carreiras profissionais dos pais? Queda substancial dos
rendimentos derivado primeiro de oferta de trabalho e depois salário horário (com expetativas à
mistura).
Mas discriminar tem impactos negativos no lucro da empresa: Quanto mais discrimina, menos
trabalhadores (mulheres) contrata, tem uma escala menor e tem menos lucros; No longo prazo,
empresas com menores lucros acabam por desaparecer por: competição no mercado do
produto; existência de concorrência de
empresas não discriminadoras!
Cap 10.4 – Mercado de concorrência imperfeita. Até agora, olhamos para o mercado de
concorrência perfeita, e para a existência de animus contra as mulheres. Mas, as diferenças
também podem surgir por imperfeições no mercado: Processo de procura de emprego – será
que as mulheres são tão eficientes/têm as mesmas condições quando procuram emprego?
Podem negocial – Será que as mulheres conseguem ter o mesmo poder negocial, ou estão
mais suscetíveis a poderes de monopsónio?
Pode haver uma mera diferença da média do grupo. Imagine-se que o empregador acha (ou
tem evidência) que as mulheres são em média menos produtivas:
Mesmo
que não haja diferenças entre as médias dos grupos, as próprias ponderações dadas à parte
individual podem variar. Por exemplo, aqui αF é menor. Aqui, estamos a falar de uma menor
confiança do
empregador que o
desempenho individual
seja um bom proxy.
Guiando-se mais pelas
estatísticas de grupo, só
para aquele grupo está a
discriminar! Na média,
não se encontra
discriminação.
Considerações Finais.
Qualquer análise de
discriminação tem de partir de uma definição
precisa. Diferenças de produtividade podem
não ser discriminação direta dos
empregadores; Existem inúmeras causas de
discriminação para além do simples animus
contra o grupo afetado. A discriminação
estatística é mais difícil de encontrar nos
dados, mas existe; Em concorrência perfeita,
discriminação taste based tem tendência a
desaparecer no longo prazo; Existem caraterísticas psicológicas e pessoais, que influenciam
salários, num mercado de concorrência imperfeita, levando a discriminação ou gaps salariais
(mesmo quando essa não é a intenção); Maternidade tem um impacto muito relevante.
Podemos definir dois tipos de motivação dos trabalhadores: Motivação intrínseca – motivação
psicológica para o desempenho de determinadas tarefas. Exemplos: Prazer, prestígio social,
etc. Motivação extrínseca – motivação que usa mecanismos externos ao indivíduo. Exemplo:
sistemas de incentivo ao desempenho, prémios de desempenho, promoções. O desenho de
sistemas de incentivo ao desempenho tenta incentivar esforço do trabalhador alinhando as
suas prioridades com as prioridades da organização, atuando sobre as motivações extrínsecas
do trabalhador.
Problema de Agência. Porém, no geral, mesmo com motivação intrínseca, a relação laboral é
muitas vezes um problema de agência:
Nível salário (Time-pay) – tudo o resto constante maior salário aumenta a motivação do
trabalhador (que tem mais a perder se perder o emprego); pagamentos à tarefa (Piece-
Rate) – incentivos por tarefa realizada ou output; outros prémios de desempenho e
promoções e pagamentos diferidos. Vamos analisar estas temáticas.
Modelo Básico de Principal e Agente. Vamos olhar para o modelo mais básico do Holmstrom
(1979): 1 agente e 1 principal. Existe risco. 1 tarefa contribui para o produto do trabalhador.
Trabalhador e empresa são riscos neutrais. Custo do esforço é exponencial. Vamos considerar:
produção do trabalhador é 1=axe+ϵ, em que: (1)
corresponde ao nível de esforço; e (2) ϵ ∼ N(0, σ^2 )
corresponde à aleatoriedade (ruído). O custo do esforço
para o trabalhador c(e)= τ e ^2/2. O custo do esforço é
crescente e cresce exponencialmente. Note-se que o custo
marginal do esforço é dado por: mc(e)= τ x e .
Assumimos que a empresa quer maximizar o lucro E[π] = E[q − w] e garantir que o trabalhador
aceita o contrato, ou seja, que a sua compensação esperada não é inferior à alternativa V. O
seu problema torna-se max β,α = E[q − w], sujeito a α + β(a × e) – (τ x e ^2) / 2 ≥ V (condição
participação) e e = (a × β) / τ (condição de incentivo). Note-se que a empresa não vai pagar
mais do que precisa para incentivar o trabalhador. A condição de participação verifica-se em
igualdade! Auumimndo que a condição de participação se verifica, e substituindo max β,α = a x
(a × β) x τ − V − τ / 2 (( a × β / τ )^2. O que resulta em β = 1 e α = V – a^2 / 2τ. E note-se que
E[π] = a^2 / 2τ. O que aprendemos com este resultado? β = 1 e α = V – a^2 / 2τ. O salário do
trabalhador deve ser: O salário do trabalhador deve ser: w = V – a^2 / 2τ + q. O que é que isto
quer dizer? w = V – a^2 / 2τ {time-pay } + q {piece-rate}. Repare-se que o ótimo entre dois
agentes risk-neutral será: 1. Piece-rate deve ser máxima. O trabalhador deve receber todo o
produto do que obtem com o seu esforço (q); 2. O time-pay deve ser negativo. A empresa
recebe um pagamento fixo do trabalhador (ou paga menos que a alternativa), mesmo antes de
qualquer produção ter lugar.
Neste modelo simples, obtemos um dos resultados mais relevantes da teoria da agência. Para
o principal (empregador):
- A forma mais poderosa de alinhar incentivos é retribuir totalmente o retorno das ações/esforço
do agente; - Obter rendimentos de forma fixa é eficiente; - Passar o risco todo da operação
para o agente é ótimo!
Porém, conforme vamos ver mais à frente várias hipóteses são críticas: 1. O agente é neutral
ao risco. Quantas pessoas são neutrais ao risco? 2. Não há problemas de liquidez do agente.
3. Tem apenas uma tarefa mensurável. 4. Existe forma de quantificar a tarefa. 5. Existe alguma
relação entre esforço e produto. Vamos analisar o que ocorre se o agente for (1) averso ao
risco, (2) existirem mais tarefas, (3) tarefas forem difíceis de mensurar.
Aversão ao Risco. No contrato apresentado, todo o risco inerente à produção (ϵ) foi entregue
ao agente (trabalhador). Mas como medimos a relação com o risco de alguém? Usamos o
conceito de preferências individuais pelo risco. Um indivíduo pode ser: averso ao risco – para o
mesmo retorno esperado, prefere situações com menor risco; amante do risco – para o mesmo
retorno esperado, prefere situações com maior risco; risco neutral – é indiferente entre
situações com o mesmo retorno esperado. Para medirmos a aversão ao risco de alguém,
verificamos as preferências do agente entre lotarias com risco e sem risco. Exemplo 1. Receber
40.000€ com 100% de probabilidade. 2. Receber 16.000€ com 30%, 40.000€ com 40% e
64000€ com 30% de probabilidade. O que preferem? Note-se que
0,4x40000+0,3x16000+0,3x64000=40000. Ambas dão o mesmo retorno esperado! Se preferem
1, são aversos ao risco; Se preferem 2, são amantes do risco; Se são indiferentes, são neutrais
ao risco. A maioria dos trabalhadores tende a ser averso ao risco. Mas, também há aqui fatores
culturais.
Certainty Equivalent (Equivalente Certo). Uma das medidas mais importantes para resumir o
comportamento face ao risco de alguém consiste em comparar o seu equivalente certo
(certainty equivalent) com o valor esperado da lotaria. O que é equivalente certo? Consiste no
valor certo pelo qual alguém troca uma lotaria com risco.
Temos que para uma lotaria com valor esperado de 40000€, o indivíduo tem um equivalente
certo de 32000€. Repare-se que é averso ao risco. Está disposto a abdicar de 8000€ em
expetativa para ter a certeza do resultado. Paga para não ter risco.
Matematicamente definimos: Equivalente Certo – O valor certo pelo qual alguém está disposto
a trocar uma lotaria com risco. Neste segundo caso, 28000€. Prémio de risco – O valor que
alguém precisa de receber para aceitar uma lotaria com risco. Ou seja, prémio de risco = valor
esperado da lotaria – equivalente certo. Neste segundo caso, seria de 12000€.
Modelo de Principal e Agente com Aversão ao Risco. O trabalhador tem uma utilidade com
constante e absoluta aversão ao risco (do tipo CARA – E[−exp[−r(w − c(e)] – maior r maior
aversão ao risco). Para simplificar a=1, temos:
1. O trabalhador
maximiza o seu
equivalente certo:
2. O problema do
trabalhador consiste em
definir o seu nível de
esforço
3. O resultado é igual ao anterior:
Assumimos que a empresa quer maximizar o lucro E[π] = E[q − w] e garantir que o trabalhador
aceita o contrato, ou seja, que a sua compensação esperada não é inferior à alternativa V. O
seu problema torna-se
- diminui o esforço;
1 – A produção
medida em número
de vidros colocados
por dia aumentou
20%. 2 – Salário
recebido aumentou
2,46%. 3 – Custo por
unidade caiu cerca
de 20%. 4 – Valor acrescentado por trabalhador aumentou cerca de 44%.
Os autores referem que parte do ganho foi gerado devido a maior esforço dos trabalhadores
existentes, mas metade do ganho foi gerado atraindo trabalhadores mais competentes. Faz
sentido?
Um sistema de incentivos que para o trabalhador médio pague em expetativa o mesmo que o
equivalente certo (salário fixo) oferecido noutro
emprego;
Note-se que a empresa não vai pagar mais do que precisa para incentivar o trabalhador. A
condição de participação verifica-se em igualdade.
Tarefas Substituíveis e Tarefas Complementares. Até aqui, assumimos que o custo do esforço
numa tarefa não afeta o custo do esforço de outra. Mas, no geral, as tarefas podem ser:
complementares – incorrer em mais esforço (custo) na tarefa 1, reduz o custo da tarefa 2
(C2,1(e1, e2) = C1,2(e1, e2) > 0). Exemplo: investigação e transmissão de conhecimento;
substitutos – incorrer em mais esforço (custo) na tarefa 1, aumenta o custo da tarefa 2
(C2,1(e1, e2) = C1,2(e1, e2) < 0). Exemplo: Investigação e Ensino. Quando resolvemos o
modelo de uma forma mais geral, em tarefas que sejam altamente substitutas com as demais –
incentivar 1 significa reduz o esforço noutra; em tarefas complementares incentivar 2 significa
incentivar outra.
Exemplo de Professores – Jacob e Levitt (2003). A certa altura nos Estados Unidos, a lei
federal exigiu que os alunos fossem testados de forma independente, e que os seus resultados
contassem para a avaliação da escola, com impacto indireto mas claro na renumeração dos
professores. Um sistema de renumeração variável em que os resultados passam a contar. Por
questões logísticas, os professores são responsáveis por dar os exames, mas os testes são de
escolha múltipla. O que achamos que vai acontecer? Descobriu-se que a manipulação de
resultados cresceu em flecha: casos de manipulação séria dos resultados por professores os
administradores escolares atingiu 4%-5% das escolas em Chicago; manipulação era mais
presente em escolas que tinham adotado sistemas de renumeração variáveis com performance
dos alunos nos testes como métrica de desempenho. Pensem na situação em que um
professor tem duas tarefas_ tarefa 1 – leva os alunos a aprenderem, progredirem, etc. tarefa 2
– maximizar o resultado dos alunos no exame. Estas tarefas não têm nem custos
independentes nem riscos independentes, mas são complementares! Comportamento dos
professores foi atingir o resultado de forma mais fácil – manipular! Mesmo que não
manipulassem, era provável que dessem mais ênfase em preparar para o exame se o exame
valer mais do que ensinar! Porquê?
Quem promover: Melhor fit ou melhor performer na posição inferior? As promoções muitas
vezes implicam um dilema: promover o trabalhador com melhor fit – ao analisar os
trabalhadores, tentar perceber qual o que fará melhor a função hierarquicamente superior; ou
promover o melhor trabalhador no nível inferior. Por emeplo: gestores de vendedores e
vendedor; investigadores e diretor de faculdade. Quando usado para promover o melhor
trabalhador de nível inferior pode ser considerado um sistema de incentivos à performance
presente. Um exemplo de avaliação de performance do
ponto de vista relativo.
Uma alternativa de sistema de incentivo de grupo que induz mais esforço dos elementos
corresponde a objetivos de grupo:
O valor presente do contrato com compensação diferida e com compensação imediata são
iguais.
Nos Estados Unidos, aposentação obrigatória aos 70 anos foi introduzida em 1986, com
algumas exceções de profissões. Os professores universitários apenas viram aplicada a
obrigatoriedade em 1994. E os professores com maiores salários e menor valor de pensão
eram menos prováveis de se reformarem. Imaginem que eram trabalhadores em compensação
diferida. A sua manutenção implica perdas para a universidade.
Em vários países (UK), os pacotes de reforma antecipada são mais frequentes que a data de
aposentação obrigatória nacional. Banks e Smith (2006) encontram impactos relevantes nesses
e não diretamente na idade da reforma. Têm de ser negociados.
Cap 11.6 – Salários de Eficiência. Popularizado por Shapiro e Stiglitz (1984). A ideia
fundamental de salários de eficiência é que as empresas conseguem extrair esforço se
pagarem salários acima dos seus competidores e conseguirem auditar a produção dos
trabalhadores, mas não conseguem supervisionar. O mecanismo fundamental de incentivo é
que os trabalhadores se forem apanhados a não fazer esforço perdem um emprego que paga
mais que os outros. Pode tornar-se um sistema caro para as empresas, mas ao mesmo tempo
permite extrair mais produtividade aos trabalhadores. É tudo uma questão de equilíbrio!
Note-se que salários de eficiência é um desvio
face à concorrência perfeita: as empresas
preferem pagar mais que o mercado para
incentivar esforço; naturalmente podem ser
inundadas de trabalhadores; seria mais
eficiente para ambos adotar compensação
diferida ou mesmo piece-rates, mas por vezes não é possível. (mercados financeiros não são
perfeitos, os trabalhadores não têm liquidez, riscos da empresa não cumprir acordos futuros, as
tarefas serem difíceis de monitorizar de forma perfeita (piece-rate) ou as tarefas não serem
facilmente definíveis (exemplo problema de qualidade-quantidade).
Vamos considerar que todas as empresas estão em concorrência perfeita. Para cada uma
temos onde os trabalhadores estão disponíveis todos a trabalhar e procurar emprego a wconc.
A empresa decide pensar introduzir salários de eficiência. Agora, precisa de pagar aos
trabalhadores o salário dado pela condição de non-shirking (NSC), e poderá ver assim o VPML
aumentar. A NSC aumenta com o emprego, porque quanto maior o emprego menos credível é
que as pessoas sejam despedidas por não desempenharem esforço: desemprego servem
como mecanismo de incentivo.
O equilíbrio com salários de eficiência é dado quando o salário dado pela condição de non-
shirking coincide com o VPML (estamos a excluir complicações com equilíbrios de monopsónio,
mas intuição mantém-se). A empresa agora poderá escolher entre ter o equilíbrio de
concorrência perfeita ou pagar salários eficientes. Neste caso, pelo menos pelas áreas dos
excedentes da empresa temos que os sistemas de salários de eficiência aumenta o lucro da
empresa.
O equilíbrio apresentado por Shapiro e Stiglitz pode simplesmente ser dado por:
Existiu, ao longo dos tempos, muita literatura a relacionar salários de eficiência com
heterogeneidade salarial de trabalhadores equivalentes entre setores e indústrias (Krueger e
Summers, 1988; Groshen 1991; Allen 1995;…)