Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
UBERLÂNDIA
1-2024
INTRODUÇÃO
A economia é uma ciência ampla que envolve diversos aspectos e ramos de
estudos. Por ser uma ciência social, sua compreensão se torna de fundamental
importância para se entender a própria realidade em que um indivíduo está
inserido. Neste sentido, esta apostila de trabalho tem a intenção de fornecer aos
alunos os conceitos básicos sobre economia e os princípios gerais que norteiam o
estudo da microeconomia, macroeconomia, economia internacional e do
desenvolvimento econômico.
Acredita-se que os pontos abordados nesta apostila, elaborada a partir das
referências bibliográficas básicas apontadas no Plano de Ensino, permitirá ao aluno
a compreensão de conceitos básicos que são de grande importância para seguir seus
estudos em períodos posteriores, além de fornecer subsídios para que os alunos
possam compreender melhor o mundo que os cercam e a conjuntura econômica
atual do país e do mundo.
Com estes objetivos gerais, estruturou-se a apostila da seguinte maneira: Na
unidade 1 são abordados os primeiros conceitos econômicos, indicando ao aluno
qual o real foco do estudo da economia (escassez e os problemas dela decorrentes),
o funcionamento geral da dinâmica econômica de uma sociedade e as diversas
vertentes de estudo possíveis dentro da Ciência Econômica. Na unidade 2 estuda-se
o conceito e a importância da microeconomia, de oferta e demanda, a importância e
função do cálculo de elasticidades e os tipos de estrutura de mercado. Na unidade
seguinte (unidade 3) se estuda as noções básicas de macroeconomia, destacando a
função desta área da economia, os principais agregados macroeconômicos
(indicadores econômicos) e as principais ferramentas macroeconômicas que um
governo pode utilizar para influenciar no andamento de uma economia (política
monetária, fiscal, externa (comercial e cambial), e renda). Por fim, são descritas as
referências bibliográficas utilizadas para o desenvolvimento desta apostila.
Recomenda-se que os alunos não se limitem aos conceitos e explicações
destacados nesta apostila de trabalho. É importante que os alunos consultem os
livros recomendados nas referências bibliográficas, realizem exercícios de fixação e
participem ativamente das aulas com perguntas, opiniões pertinentes aos
conteúdos estudados. Somente assim conseguirão promover uma efetiva
aprendizagem. É importante esclarecer que grande parte do processo de
aprendizagem depende fundamentalmente de como o aluno se organiza e
administra o conhecimento adquirido. Desejo a todos bons estudos e sucesso em
mais um semestre letivo!
INFORMAÇÕES IMPORTANTES
- Abaixo a apresentação das datas de avaliação estabelecidas pelo calendário
acadêmico:
Prova 1º bimestre: 17 de Abril
Prova 2º bimestre: 19 de junho
- A composição da nota:
Atividades 1º Bimestre – 20 pontos (listas de exercícios que serão aplicadas no
decorrer do primeiro bimestre de trabalho).
Prova 1º Bimestre – 20 pontos (avaliação).
Atividades 2º Bimestre – 20 pontos (listas de exercícios que serão aplicadas no
decorrer do primeiro bimestre de trabalho).
Prova 2º Bimestre – 20 pontos (avaliação).
Desafio Acadêmico Semestral (DAS) – 20 pontos.
SOBRE O PROFESSOR
Nome completo: ANDRÉ LUIZ PIRES MUNIZ
Idade: 43 anos.
Formação:
- Graduação: Ciências Econômicas – Universidade de Sorocaba (Uniso) – 1999 –
2003.
- Mestrado: Economia – Universidade de Uberlândia (IE-UFU) – 2004 – 2006.
- Especialização em Gestão Escolar – Uninter – 2022
- Especialização em Design Instrucional – FaculMinas – 2023
SUMÁRIO (EMENTÁRIO)
busca pela satisfação das necessidades humanas é ilimitada. A partir destas duas
forças contrárias que se pode entender o significado do conceito de escassez.
Segundo Troster & Mochón (2002, p. 04) uma necessidade “é a sensação de
carência de algo unida ao desejo de satisfazê-la”, e pode ser dividida em dois tipos,
conforme pode ser visto no esquema a seguir:
Tipos de necessidades
Natural Coletivas
Social
Social Públicas
Públicas
Necessidades ilimitadas
O QUE produzir?
QUANTO produzir?
X
Escassez → ESCOLHA → COMO produzir?
3. Tipos de bens
Bens
Bens
Bens Livres
Econômicos
Bem Bem
Material Imaterial
Bens de
Consumo
Bens de
Capital
Terra → aluguel
Trabalho → salário
Capital → juros
Porém, este processo, com a evolução da humanidade ficou cada vez mais
difícil de se realizado, pois o escambo é um processo que exige a chamada “dupla
coincidência de desejos”, ou seja, as partes envolvidas na negociação têm que ao
mesmo tempo ser demandantes e ofertantes. Em outras palavras, para que o
agricultor consiga trocar trigo por carne, ao mesmo tempo o criador tem que estar
desejando o trigo e ter carne para a troca. Assim, quanto mais atividades existir em
uma economia, ou seja, quanto mais o ser humano foi se especializando e criando
novas atividades e a economia se tornando mais complexa, este processo de troca
12
ficou cada vez mais difícil de ocorrer. Como exposto por Troster & Mochón (2002, p.
41):
A troca realizada dessa forma [escambo] tem sérios inconvenientes. Por
um lado, levaria muito tempo, já que cada indivíduo encontre alguém
disposto a adquirir precisamente o que ele pretende trocar, ou seja, a
troca requer uma coincidência de necessidades [também chamada de
dupla coincidência de desejos]. Outro inconveniente da troca deriva da
indivisibilidade de alguns bens. Quando envolvem muitos participantes, as
trocas tornam-se muito complexas e as limitações básicas das trocas –
coincidência de necessidades e indivisibilidade – fazem com que ela seja
praticamente inviável.
serviços públicos, não negociados, tais como defesa nacional, instalações de saúde
pública, proteção policial, escolas, etc., tornando-os disponíveis às famílias e às
empresas.
O governo possui também alguns recursos, como por exemplo, terras, que
vende ou arrenda, que são disponibilizados no mercado de fatores. Além disso, o
governo, em seus vários níveis, vende e subsidia a venda de determinados bens no
mercado de produtos, recebendo pagamentos por tal atividade, como por exemplo,
os serviços postais, transporte, habitação popular e saneamento básico (água e
esgoto, por exemplo). O governo ainda compra bens e serviços no mercado de
produtos, tais como equipamentos bélicos, veículos, serviços burocráticos, e a maior
parte da renda que financia tais atividades governamentais provêm de impostos e
taxas cobradas dos indivíduos e das empresas.
UNIDADE 2 – MICROECONOMIA
Os objetivos gerais desta unidade são compreender a função do estudo da
microeconomia, os fatores que determinam a oferta e a demanda de bens, a noção
de elasticidades assim como sua forma de cálculo e o funcionamento das principais
estruturas de mercado, focando a questão da determinação dos preços e das
quantidades.
Mas afinal, o que é a microeconomia? Para que serve esta área de estudo da
Ciência Econômica? Segundo Sandoval de Vasconcellos (2002, p. 47), a
microeconomia (ou também chamada de teoria dos preços) é uma vertente da
economia que se preocupa fundamentalmente em estudar o comportamento
econômico das unidades individuais, tais como os consumidores, as empresas e os
proprietários de fatores de produção. Preocupa-se em estudar como e porque os
agentes econômicos agem de determinadas formas. Dentre muitas perguntas, a
microeconomia procura respostas para as seguintes questões:
- O que determina o preço dos bens e serviços de uma economia?
- O que determina o quanto cada mercadoria será produzida?
- O que determina a maneira pela qual um indivíduo gasta sua renda?
Conforme apontado em Pinho & Sandoval de Vasconcellos (1998, p. 69):
Uma empresa, por exemplo, precisa saber quem são seus reais e potenciais
competidores nos produtos que ela vende ou possa vir a vender no futuro.
Uma empresa também precisa conhecer as características que definem um
produto específico e as fronteiras geográficas de um determinado mercado,
para que seja capaz de fixar preços, determinar as verbas de publicidade e
tomar decisões de investimento.
A definição do mercado é igualmente importante para a escolha de políticas
públicas. Deve o governo permitir as fusões e incorporações de companhias
que produzem produtos similares? A resposta depende do impacto disso na
competição futura e nos preços; ora, isso frequentemente só pode ser
avaliado definindo mercado.
LEI DA DEMANDA
A demanda (ou também conhecida como procura) de um indivíduo por um
determinado bem ou serviço refere-se à quantidade desse bem (ou serviço) que este
indivíduo está disposto e capacitado a comprar, por unidade de tempo.
Conforme aponta Sandoval de Vasconcellos (2002, p. 49):
para ela será quase indiferente receber ou não essa barra adicional. Isso
porque o chocolate sendo consumido praticamente até a saciedade, deixou
de ser para ela um produto escasso (PINHO & SANDOVAL DE
VASCONCELLOS, 1998, p. 82).
Barras de chocolate Utilidade da NOVA barra consumida Utilidade da ÚLTIMA barra Utilidade Total (Última + Nova
consumidas (Utilidade Marginal %) consumida (em %) barra) - em %
1 45,0 0,0 45,0
2 20,0 45,0 65,0
3 15,0 65,0 80,0
4 10,0 80,0 90,0
5 5,0 90,0 95,0
6 3,0 95,0 98,0
7 1,5 98,0 99,5
8 0,5 99,5 100,0
9 0,0 100,0 100,0
4.00
3.50
3.00
Preço (R$/unid.)
2.50
2.00
1.50
1.00
0.50
0.00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Qtde. (litros/semana)
LEI DA OFERTA
A oferta pode ser entendida como a quantidade de um determinado bem que o
produtor deseja vender no mercado, por unidade de tempo. Assim como descreve
Sandoval de Vasconcellos (2002, p. 66), a oferta representa uma intensão e não a
venda efetiva. As quantidades ofertadas referem-se aos pontos em que os vendedores
estão minimizando seus custos.
Assim como a demanda, pode ser influenciada por inúmeros fatores. Os
fatores determinantes da oferta, grosso modo, dizem respeito ao aspecto de custos de
produção e o lucro do empresário. Assim, todos os itens que direta ou
indiretamente podem influenciar o custo e o lucro de um determinado produto,
podem também influenciar sua oferta. Dentre os principais fatores que podem
influenciar o custo de produção e o lucro do empresário estão:
a) preço do bem: espera-se que quanto mais elevado for o preço de um bem
(ou serviço), maior será o estímulo do produtor para aumentar sua produção (pois
maiores serão seus lucros), e assim, elevar a quantidade oferecida desse bem no
mercado.
b) preço dos fatores de produção: a oferta de um determinado bem no
mercado depende dos custos relativos a sua produção e conseqüentemente, do preço
pago aos fatores de produção (como os salários – como pagamento da mão de obra e
os aluguéis – como pagamento do uso da terra). Desta maneira, quando o preço dos
fatores de produção se reduz (e consequentemente os custos de produção), a produção
torna-se mais lucrativa. Esta maior lucratividade pode gerar dois efeitos: i) estimular
as empresas existentes a produzirem mais, ou; ii) estimular a entrada de novas
empresas concorrentes no mercado. O que é importante notar é que
independentemente do efeito, ocorrerá a elevação da oferta.
c) tecnologia: a tecnologia é um outro fator que se relaciona diretamente com
os custos de produção e produtividade e consequentemente com a oferta. Assim,
avanços tecnológicos que permitem obter um volume maior de produção a custos
27
Diminuição no preço dos bens substitutos Aumento no preço dos bens substitutos na
na produção produção
100
080
Preço (R$ unid)
060
040
020
000
1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1901ral 1901ral
Qtde de camisas
100.00
80.00
Excesso de Oferta
Preço (R$/unid)
60.00
E - ponto de equilíbrio
40.00
Excesso de Demanda
20.00
0.00
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
Qtdes demandadas e ofertadas
Oferta Demanda
preço. Vamos supor, portanto, que estes ofertantes decidem cobrar R$ 40,00 por suas
camisas e colocam a disposição cerca de 5000 unidades no mercado. Porém, a este
preço, a demanda se eleva para 7000 camisas, ou seja, na verdade faltarão 2000
unidades. Esta situação de excesso de demanda é caracterizada pela falta de produto
de mercado, ou seja, nem todos conseguirão encontrar camisas no mercado. Esta
situação ainda fará com que os produtores novamente reajustem seus preços e suas
quantidades ofertadas para satisfazer o excesso de demanda.
Assim, o processo de tentativa e erro continua até o momento em que não
houver mais excesso de oferta, nem excesso de demanda. Mas o que se tem na
realidade é que este é um processo constante, ou seja, não tem fim, pois, a todo
instante, existem outros fatores (além do preço do bem) que influenciam e deslocam a
curva de demanda e de oferta para cima ou para baixo, fazendo com que os pontos de
equilíbrio que foram uma vez atingidos precisem ser reajustados.
3. Teoria da firma
TEORIA DA PRODUÇÃO
Assim como exposto por Pinho & Sandoval de Vasconcellos (1998, p. 144) a
teoria da produção fornece conceitos e princípios que norteiam a análise de preços e
32
emprego dos fatores de produção, constituindo-se na base para a análise dos custos e
da oferta dos bens produzidos.
Antes de se prosseguir com a teoria da produção é importante esclarecer alguns
conceitos importantes como o que é firma e o que são fatores de produção. Segundo
Pinho & Sandoval de Vasconcellos (1998, p. 145), firma é uma unidade técnica que
produz bens, enquanto fatores de produção são bens e serviços transformáveis em
novos itens. Estes últimos (fatores de produção) podem ser classificados em
primários, ou seja, aqueles que não são produzidos por outras empresas (como os
recursos naturais, por exemplo) e os secundários, cuja existência deriva do processo
produtivo realizado por outras empresas.
Outro conceito importante é o de produção, definido como:
(...) o processo pelo qual uma firma transforma os fatores de produção [seja
os primários ou secundários] em produtos ou serviços para a venda no
mercado. Assim, a firma é uma intermediária: compra insumos (inputs,
fatores de produção), combina-os segundo um processo de produção
escolhido e vende produtos (outputs) no mercado (SANDOVAL DE
VASCONCELLOS, 2002, p. 118).
q = f(N, K)
Como K é fixo (ou constante no curto prazo), a função de produção desta firma
pode ser reescrita da seguinte forma:
q = f(N)
q = f(N, K)
36
Assim, como existem dois fatores de produção e ambos podem variar, a função
de produção pode ser representada por uma isoquanta. Segundo Sandoval de
Vasconcellos (2002, p. 125) o conceito de isoquanta é:
Isoquanta significa igual quantidade e pode ser definida como sendo uma
linha na qual todos os pontos representam infinitas combinações de fatores,
que indicam a mesma quantidade produzida. Ou seja, a isoquanta expressa
os vários métodos ou processos alternativos de produção, que
proporcionam a mesma quantidade produzida.
140
120
100
Mão de obra - N
80
60
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6 7
Capital - K
Isoquanta
Δq > ΔN=ΔK=ΔMp
37
Δq < ΔN=ΔK=ΔMp
Δq = ΔN=ΔK=ΔMp
CT = CV + CF
CT = pv . Qv + pf . Qf
CVmédio = CV / q
39
CFmédio = CF / q
Assim como exposto por Pinho & Sandoval de Vasconcellos (1998, p. 161):
Existe ainda a análise dos custos marginais que se refere à variação do custo
em resposta a uma variação na quantidade produzida. As formas de cálculo são
apresentadas a seguir:
CTmarginal = ΔCT / Δq
CVmarginal = ΔCV / Δq
Como o custo fixo não se altera no curto prazo, não existe a necessidade de se
calcular e analisar o custo fixo marginal.
35,0
30,0
25,0
15,0
10,0
5,0
0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0
Qtde fator x1
Isocusto = R$ 120,00
4. Elasticidade
Ou mais detalhadamente:
75 – 89
89
E=
55 – 50
50
-14
89
E=
5
50
42
-0,1573
E=
0,1000
E = -1,5730
30 – 25
25
E=
6–8
8
5
25
E=
-2
8
0,2000
E=
-
0,2500
E = -0,8000
ΔQx = 4 – 2 = 2 ΔPy = 3 – 2 = 1
Qx = 2 Py = 2
Qx 2
Qx
Exy = = 2 =2
Py 1
Py 2
Neste exemplo, como o valor de Exy foi positivo (ou seja, maior que zero),
pode-se dizer que estes bens são substitutos, como é o caso, por exemplo, da
manteiga e da margarina. Ou seja, um aumento no preço da manteiga (de R$ 2,00
para R$ 3,00) elevou a quantidade demanda da margarina (de 2 para 4 unidades).
Resumidamente, os coeficientes têm as seguintes interpretações:
5. Estruturas de mercado
Neste tópico pretende-se estudar a forma pela quais são determinados os preços
dos produtos e as quantidades oferecidas nas diversas estruturas de mercado. Porém
tais mercados são estruturados de maneiras diferenciadas. Conforme apontam Passos
& Nogami (2001, p. 228), dois fatores básicos diferenciam estas estruturas de
mercado, a saber: i) o número de firmas produtoras atuando, e; ii) a
homogeneidade/diferenciação existente entre os produtos.
A partir destes dois itens, pode existir as seguintes estruturas de mercado: a)
concorrência perfeita; b) monopólio; c) concorrência monopolista, e d) oligopólio. A
figura abaixo indica a localização de cada estrutura de mercado segundo o critério do
46
CONCORRÊNCIA PERFEITA
Como apontam Passos & Nogami (2001, p 229), a concorrência perfeita é uma
estrutura que visa mostrar qual deveria ser o funcionamento ideal de uma
economia, servindo de base comparativa para outras estruturas. Apesar de ser uma
construção teórica, existem algumas situações que se aproximam a ela, como é o caso
do mercado dos produtos agrícolas, ou de uma feira livre.
A concorrência perfeita é a situação de mercado caracterizada pela existência
de muitos compradores e vendedores, e que são tão pequenos que nenhum deles, de
maneira isolada, é capaz de influenciar o preço de mercado, ou seja, tantos os
produtores como os consumidores são tomadores de preço.
Neste tipo de mercado, os produtos são homogêneos, ou seja, não existem
diferenças entre eles, sendo assim, perfeitos substitutos entre si. A partir disso, tem-
se que os compradores são indiferentes quanto a que empresa irá recorrer para
efetuar a compra do produto.
Uma terceira hipótese básica deste tipo de estrutura de mercado é a
inexistência de barreiras legais e econômicas tanto para a entrada como para a
saída das empresas do mercado. Esta hipótese torna-se importante, pois é a partir
dela que se garante que não haverá um pequeno número de empresas controlando o
mercado e se destacando das demais empresas. É bem sabido, contudo, que esta é
uma hipótese extremamente forte, pois existem diversas barreiras para as empresas
entrarem como até mesmo para saírem de um determinado mercado, como os
aspectos burocráticos, necessidade de grandes investimentos, capital imobilizado de
pequena liquidez, dentre outros.
Existe ainda neste tipo de mercado uma grande transparência, no sentido de
que tanto os compradores como os vendedores têm informações perfeitas sobre o
funcionamento do mercado. Ou seja, existe pleno conhecimento dos custos e lucros
das empresas concorrentes, dos preços praticados no mercado, enfim, plena
existência de informações.
Apesar de serem hipóteses extremamente rígidas e irrealistas, são elas que
garantem o pleno funcionamento do mercado. Apesar deste tipo de estrutura de
47
MONOPÓLIO
O monopólio é uma estrutura totalmente diferente da concorrência perfeita. Na
verdade, é seu extremo oposto. É uma situação de mercado em que existe um só
produtor de um bem (ou serviço) que não tenha substituto próximo, ou seja, o
produto não é homogêneo. Em outras palavras, o grau de diferenciação do produto é
pleno. Com isto, a empresa monopolista exerce grande influência na determinação
do preço a ser cobrado pelo seu produto e das respectivas quantidades que oferecerá
ao mercado.
As principais características desta estrutura de mercado são: a) um determinado
produto é suprido por uma única empresa; b) não existem substitutos próximos para
este produto, e; c) existem obstáculos à entrada de novas firmas no segmento.
Contudo, para que o monopólio exista é necessário manter as concorrentes em
potencial afastadas do mercado através de barreiras que impeçam ou desestimulem o
surgimento de novas competidoras. Estes obstáculos podem ser oriundos do: a)
monopólio natural; b) controle sobre o fornecimento de matérias primas; c) proteção
de patentes; d) processo burocrático do sistema, ou ainda; e) monopólios legais
(como é o caso da Petrobrás – que tem direito exclusivo do governo para operar no
país).
CONCORRÊNCIA MONOPOLISTA
A concorrência monopolista é uma estrutura de mercado que contém
elementos da concorrência perfeita e do monopólio, ficando em uma posição
intermediária entre as duas. Assim como na concorrência perfeita, existe na
concorrência monopolista muitas empresas respondendo por apenas uma pequena
fração da produção total e tendo a possibilidade de ingressar ou abandonar o mercado
com relativa facilidade.
O que irá diferenciar a concorrência monopolista é o afrouxamento da
hipótese de produtos homogêneos, ou seja, na concorrência monopolista, as
firmas produzem produtos diferenciados, porém substitutos próximos. Na
realidade, cada produtor procura diferenciar seu produto a fim de torná-lo
único no mercado.
A diferenciação do produto pode ser classificada em diferenciação real ou
diferenciação ilegítima. A primeira representa as diferenças reais nas características
dos produtos enquanto a segunda são diferenças superficiais, como marcas, design,
embalagens, ou seja, a composição do produto fica praticamente intacta.
E essa diferenciação no produto que dá ao produtor o poder de monopólio,
uma vez que somente ele produz aquele tipo de bem, existindo assim, alguma
liberdade para que os produtores possam fixar seus preços. Exemplos deste tipo
48
OLIGOPÓLIO
É o tipo de estrutura que prevalece nos dias atuais (principalmente no mundo
ocidental). Esta estrutura é caracterizada pela existência de poucas empresas
controlando a oferta de um determinado bem (ou serviço).
O oligopólio pode ser classificado como puro (ou perfeito) ou diferenciado. O
oligopólio puro é aquele em que o grupo (de poucas) empresas oferece exatamente o
mesmo produto homogêneo. Este é o caso encontrado, por exemplo, na indústria de
cimentos, alumínio e outros minerais. No caso dos produtos não serem
homogêneos, o oligopólio é classificado como diferenciado, como é o caso da
indústria de automóvel e cigarros.
MONOPSÔNIO E OLIGOPSÔNIO
O monopsônio é uma situação caracterizada pela existência de muitos
vendedores e um único comprador. É uma situação que pode prevalecer
especialmente no mercado de trabalho. É o caso, por exemplo, da empresa que se
instala em uma determinada cidade do interior e, por ser única, torna-se a demandante
exclusiva de mão de obra.
O oligopsônio, por sua vez, é uma forma de mercado onde existem poucos
compradores, que dominam o mercado, para muitos vendedores.
Este modelo pressupõe que a liderança decorre do fato de uma das firmas rivais
possuírem estrutura de custos mais baixos que as demais. Por esta razão consegue se
impor como líder do grupo. De início, os preços podem ser diferenciados. O mercado,
entretanto, preferirá o produto que esteja sendo oferecido a preços mais baixos. Desta
forma, resta à firmas que oferecem o produto a preços mais elevados duas
possibilidades: ou mantêm o preço, perdendo aos poucos seu mercado e como
consequência são obrigadas a abandoná-lo, ou aceitam o preço praticado pela rival de
menores custos, e continuam no mercado, sem maximizar os lucros, correndo o risco
também, se não conseguirem ajustar e igualar seus custos a concorrente, de fecharem
as portas.
Assim é que a firma líder de preços fica, através de um acordo tácito (ou
seja, um acordo não formal), responsável pela determinação do nível de venda
do produto. As firmas menos favorecidas em termos de preço tornam-se
seguidoras dos preços fixados pela empresa líder.
O Quadro a seguir sintetiza as principais características das quatro principais
estruturas de mercado estudadas neste tópico e a influência de tal estrutura sobre os
preços praticados.
sua confidencialidade e por isso exige-se das empresas uma estrutura de coleta de
informações (inteligência) muito apurada.
O indicador de Relação de Concentração (C) é dada pela seguinte expressão:
𝑛
𝐶 = ∑ 𝑃𝑖
𝑖=1
Na qual:
n = número de firmas (empresas) de um determinado mercado;
Pi = participação da firma (empresa) i no mercado.
𝐼𝐻𝐻 = ∑ 𝑃𝐼 2
𝑖=1
UNIDADE 3 – MACROECONOMIA
O objetivo geral desta seção é descrever o foco de estudo da macroeconomia e
indicar as principais ferramentas que um governo tem para intervir na economia de
modo a atingir determinados objetivos macroeconômicos.
2. Política fiscal
tipo de política fiscal um governo deve utilizar para alcançar certos tipos de objetivos
macroeconômicos.
3. Política externa
POLÍTICA CAMBIAL
Política cambial, portanto, refere-se à forma com que o governo atua na
manipulação da principal variável relacionada com o comércio exterior – a taxa de
câmbio. Segundo Carvalho & Leite da Silva (2002, p. 150), taxa de câmbio é o
preço, em moeda nacional, de uma unidade de moeda estrangeira. Obviamente há
pelo menos tantas taxas de câmbio quantas moedas estrangeiras. É uma taxa de
conversão de moedas, utilizadas para a realização de comércio com outros países.
Assim quando se fala que um dólar americano vale um real e oito centavos, já
está se expressando a taxa de câmbio entre as duas moedas: US$ 1,00 = R$ 1,08.
Pode-se entender mais facilmente taxa de câmbio, como uma taxa de
transformação, ou seja, caso eu tenha R$ 150,00 em minhas mãos e irei viajar para
os EUA onde precisarei de dólares, tenho, portanto, que transformar os Reais em
Dólares. Suponha que a taxa de câmbio do dia da viagem esteja a seguinte: US$ 1,00
= R$ 2,50. Significa que no momento da viagem, quando transformar R$ 150,00 em
dólares, irei receber US$ 60,00 (R$ 150 / 2,50).
Segundo Carvalho & Leite da Silva (2002, p. 150):
Cada país possui sua moeda e as transações devem ser realizadas a partir das
moedas correntes de cada país. Neste sentido, um gaúcho que queira realizar a
compra de um computador na Bahia, basta utilizar em sua transação o Real (R$).
Porém, caso este mesmo gaúcho queira fazer a compra de um computador dos EUA,
como ele deverá proceder?
Primeiramente, é preciso esclarecer que ele não pode comprar este
computador com Reais (R$), pois a moeda corrente nos EUA é o dólar. Outro
aspecto importante é que as transações realizadas entre os países não envolvem
em nenhum instante a movimentação/deslocamento de moeda entre os países.
Tudo funciona através de débitos e créditos no sistema bancário.
Vamos supor, portanto, que este gaúcho queira comprar um computador no
valor de US$ 1.000,00 dólares hoje e a taxa de câmbio no momento da compra esteja
R$ 1,50 por dólar (US$ 1,00 = R$ 1,50). Com estas informações em mãos o gaúcho
deverá proceder da seguinte maneira:
a) deverá ter em mãos a conta corrente da empresa que vendeu o computador a
ele;
b) deverá se dirigir a um banco comercial, que efetuará os cálculos de quanto
(em Reais) o gaúcho deverá pagar pelo computador que comprou. No caso
indicado acima, o computador custava US$ 1.000 e a taxa de câmbio do dia
era R$ 1,50 por dólar. Neste sentido, o gaúcho deverá desembolsar o valor
de R$ 1.500,00.
c) ele deverá, portanto, depositar na conta do americano o valor de R$
1.500,00.
d) automaticamente o sistema bancário irá efetuar o depósito na conta do
americano em dólares, fazendo uma nova conversão, ou seja, convertendo
R$ 1.500,00 em dólares (no caso US$ 1.000,00).
e) é um processo automático, em que os envolvidos na negociação têm apenas
o trabalho de se deslocarem (isso quando tem) ao sistema bancário para
efetuar os respectivos depósitos ou saques.
Importante ainda esclarecer como o valor da taxa de câmbio é determinada.
Segundo Carvalho e Leite da Silva (2002), sendo a taxa de câmbio um preço, ela
também será influenciada pela oferta e demanda, no caso, de divisas, ou seja, pela
oferta e demanda de moeda estrangeira que entra ou sai de um determinado país.
Assim, caso entre muita moeda estrangeira no país, a moeda estrangeira se
tornará menos escassa e, portanto, seu preço em moeda nacional tenderá a se reduzir.
Neste sentido, uma diminuição no preço da moeda estrangeira em moeda nacional
denomina-se de valorização cambial. Caso a moeda estrangeira comece a sair do
país, sua escassez se elevará, ocorrendo um aumento no preço da moeda estrangeira
em moeda nacional, denominando-se de desvalorização cambial. Assim, o termo
desvalorização significa que a moeda nacional passa a valer menos em termos de
moeda estrangeira.
Uma desvalorização da taxa de câmbio estimula as exportações, uma vez
que os exportadores passarão a receber mais reais por dólar de produto exportado; por
outro lado, desestimula as importações, uma vez que os importadores receberão
57
menos reais por dólar de produto importado. Isto faz aumentar o saldo comercial
(exportações menos importações), sendo por isso considerado um eficaz mecanismo
de correção dos déficits em conta corrente do Balanço de Pagamentos.
Por outro lado, não se pode esquecer dos impactos inflacionários de uma
desvalorização cambial, uma vez que ela aumenta o custo dos produtos importados.
No caso de fatores de produção importados, uma desvalorização significa aumentos
nos custos de produção. Se as empresas repassarem esses aumentos de custos para os
preços dos produtos, os preços internos acabam por se elevar e assim gerar inflação.
A política cambial também envolve a determinação do regime cambial. Um
regime cambial pode ser entendido como uma regra que a autoridade monetária de
um país adota para determinar a sua taxa de câmbio (CARVALHO & LEITE DA
SILVA, 2002, p. 150). Como se pode visualizar na figura seguinte, existe
basicamente dois tipos de regimes cambiais.
Regimes Cambiais
Fixo
Flutuante
Flutuante Limpo
Flutuante Sujo
POLÍTICA COMERCIAL
Conforme aponta Carvalho & Leite da Silva (2002, p. 50) política comercial
refere-se aos mecanismos que o governo pode utilizar para intervir sobre o comércio
exterior, seja estimulando as exportações ou estimulando/impedindo as importações.
Todo comércio é formado de transações. Para que uma transação ocorra é
necessário que haja, pelo menos, duas partes interessadas, sendo uma interessada em
realizar uma compra e a outra interessada em realizar uma venda. Assim, todo o
comércio é considerado mutuamente benéfico, pois a transação não se consolidará se
59
implicam em despesa para o governo e esta ferramenta pode entrar em conflitos com
os objetivos de política fiscal. Este tipo de mecanismo, normalmente implica em
menores custos para o produtor. Tais custos, contudo, são assumidos pelo governo.
c) quotas (ou licenças) de importação: são restrições quantitativas impostas
sobre o volume ou sobre o valor das importações. Com estas medidas, um governo
pode, por exemplo, limitar a entrada de um produto em um país, ou ainda criar uma
política seletiva de importações. Esta política seletiva ocorreu com frequência no
Brasil no período em que ele estava se industrializando (1930 a 1980). Para aqueles
produtos que seriam fundamentais para o processo de industrialização, liberavam-se
licenças mais facilmente e quotas mais amplas do que para aqueles produtos
considerados desnecessários para os objetivos do governo.
d) controles cambiais: o governo pode ainda manipular a taxa de câmbio
(através do “dirty floating”) de modo a ampliar as exportações ou reduzir as
importações. Como se estudou anteriormente, uma taxa de câmbio desvalorizada
estimula as exportações e desestimula as importações. Neste sentido, o governo pode
promover intencionalmente desvalorizações cambiais (reduzindo a quantidade de
moeda estrangeira dentro do país) para elevar as vendas e reduzir as compras com
outros países. Ou ainda se o objetivo do governo é aumentar a quantidade importada,
o governo pode manipular a taxa de câmbio (através de medidas de política
monetária, como se estudará mais à frente) de forma a valorizá-la. Outra medida
existente dentro dos controles cambiais se chama mecanismo de taxas múltiplas de
câmbio, na qual, o governo administra diversas taxas de câmbio diferenciadas, sendo
utilizadas de acordo com o seu interesse. Se o governo quer, por exemplo, estimular a
venda de bananas, ele estabelece que as bananas utilizarão uma taxa de câmbio maior
do que a de outros produtos. Resumidamente, quanto maior o interesse em proteger
determinado produto, maior a taxa de câmbio fixada para sua importação.
e) proibição de importações: esta é uma forma direta de controle e pode ser
seletiva em função da mercadoria ou do país de origem.
f) monopólio estatal: esta é uma situação em que o próprio governo centraliza
a importação de um determinado produto e impede a atuação de outros agentes nesse
mercado. No Brasil, o exemplo clássico deste tipo de medida é a importação de
petróleo, monopólio da Petrobrás.
g) depósito prévio à importação: neste tipo de mecanismo, antes de se
realizar a importação de uma determinada mercadoria, seu valor total (ou um
percentual dele) é recolhido por um órgão do governo (normalmente o Banco
Central) e permanece retido por um determinado período. É um método que dificulta
através da burocracia estatal e permite com que o governo tenha um recurso extra por
um determinado tempo para utilizar da forma como ele achar melhor (empréstimo
forçado ao governo).
h) barreiras não-tarifárias: são restrições impostas pelo funcionamento
normal da burocracia e nem sempre tem o intuito principal de reduzir as importações.
Às vezes, inclusive, tais barreiras prejudicam a venda dos próprios produtos, como
foi o caso da carne bovina brasileira no início de 2008, que não se encaixava nos
padrões técnicos e sanitários estabelecidos pelo mercado europeu. Neste caso,
61
5. Política monetária
Funções da moeda
Segundo Lopes & Rossetti (2002, pp. 19-25), as principais funções que a
moeda deve desempenhar são:
a) função de intermediária de trocas: esta função permitiu com que fosse
superada a fase de economia de escambo e passasse para uma economia monetária. A
superação da economia de escambo trouxe muitas vantagens, dentre as quais o
aumento generalizado da eficiência econômica em sensível acréscimo da quantidade
de bens e serviços que passaram a ser posta no mercado para a troca. A moeda
desempenhando a função de intermediária de trocas fez com que não fosse mais
necessário haver a dupla coincidência de desejos para a realização das trocas.
b) função de medida de valor: a generalização da moeda implica na criação
de uma unidade-padrão de medida, à qual são convertidos os valores de todos os
bens e serviços de uma economia. Se esta função não existisse, seria praticamente
impossível apurar a contabilidade social, o nível de produto e da renda, o volume de
consumo, etc.
c) função de reserva de valor: esta terceira função da moeda é a que decorre
da particularidade de a moeda servir como uma reserva de valor, desde o momento
em que é recebida até o instante em que é gasta por seu detentor. Esta capacidade
traduz a forma alternativa de guardar riqueza. A moeda é a representante universal
da riqueza.
d) função liberatória: esta função refere-se à capacidade da moeda de saldar
dívidas, de liquidar débitos, de livrar seu detentor de uma situação passiva.
e) função de padrão de pagamentos diferidos: esta função resulta na
capacidade que a moeda tem de facilitar a distribuição de pagamentos ao longo do
tempo, quer para a concessão de crédito ou de diferentes formas de adiantamentos.
Trata-se de uma função importante, pois a partir disto é garantido, na economia
moderna, a viabilização dos fluxos de produção e renda, que, embora simultâneos e
interdependentes, desenvolvem-se por etapas, exigindo que, ao longo delas, sejam
antecipados diferentes tipos de pagamentos.
f) função de instrumento de poder: a moeda permite que os que a detêm
possuam direitos de haver sobre os bens e serviços disponíveis no mercado, tanto
maiores e mais amplos quanto maior for o montante disponível de moeda. Assim,
quanto maior as quantidades de moeda que cada indivíduo tem, maiores serão seus
poderes, tanto econômicos, políticos ou sociais.
À medida que a moeda de uma determinada economia começa a perder esses
atributos, ela inicia um processo de perda de seu papel no sistema monetário, levando
os governantes à sua substituição. Este foi o caso, por exemplo, da economia
brasileira na década de 80 e início da década de 90, quando a nossa moeda foi
rebatizada por diversas vezes, por meio da alteração de sua medida de valor.
63
e prata para depósitos. Assim e que surgiu a era da moeda fiduciária1 (ou papel
moeda) em que começaram a se emitir certificados sem lastro integral, porém o
uso abusivo desta prática fez com que diversos sistemas econômicos fossem a ruína.
Devido a estes problemas, o Estado foi levado a assumir o mecanismo de
emissões, passando a controlá-lo. Com o passar do tempo, passou-se à emissão de
notas inconversíveis. Atualmente, a maioria dos sistemas monetários são
fiduciários, tendo as seguintes características: a) inexistência de lastro metálico;
b) inconversibilidade absoluta, e; c) monopólio estatal das emissões.
Com a evolução do sistema bancário desenvolveu-se outro tipo de moeda: a
moeda bancária (ou moeda escritural). Ela é representada pelos depósitos a vista e
a curto prazo nos bancos, que passaram a movimentar esses recursos por cheques ou
ordens de pagamentos. Ela é chamada de moeda escritural uma vez que diz respeito
aos lançamentos (débito e crédito) realizados nas contas correntes dos bancos.
Basicamente, nos dias de hoje existem três tipos de moeda: a) moeda metálica;
b) o papel-moeda, e; c) a moeda escritural. A moeda metálica representa as reservar
de barras de ouro retidas no Banco Central e que são utilizadas para saldar as dívidas
com o comércio exterior. O papel-moeda é composto pelas cédulas e moedas
emitidas pelo governo e que circulam legalmente por força de dispositivo legal, que
lhes dá curso forçado no país e são aceitos como forma de pagamento. A moeda
escritural é a moeda dos bancos que são constituídos pelos cheques e ordens de
pagamento. Alguns estudiosos da área indicam ainda a existência de um quarto tipo
de moeda – a moeda eletrônica, constituído pelos cartões de crédito e débito.
Existe ainda as chamadas quase-moedas, que compreendem um conjunto de
ativos do sistema financeiro não monetário. Estes ativos são constituídos por
compromissos assumidos pelas instituições financeiras e pelo governo e se
caracterizam pela sua extrema liquidez, além de possuírem outras propriedades da
moeda. Alguns deles são os títulos da dívida pública, depósitos de poupança,
certificados de depósitos bancários (CDBs), por exemplo. A razão principal para não
serem chamados de moedas se deve ao fato de não ser utilizado para os pagamentos
de nossas despesas de consumo do dia a dia.
1
Vem de “fidus” que significa confiança. Era uma moeda baseada na confiança das pessoas que depositavam suas
riquezas junto as Casas de Custódia.
67
produtividade”. E concluem: “Portanto, deve-se ter claro que não existe a opção de
um maior crescimento sustentável com mais inflação”.
Traduzindo o que foi exposto acima: se os preços são previsíveis, os agentes
econômicos se sentem mais seguros para tomarem decisões de consumo ou de
investimento. Assim, a manutenção de níveis baixos de inflação é altamente
desejável, para que se tenha um ambiente macroeconômico favorável ao
desenvolvimento econômico.
Mas que meios um determinado governo possui para controlar efetivamente a
inflação e promover o crescimento econômico de um país? Uma das diversas formas
é através da política monetária, foco de estudo desta seção. Segundo Lopes &
Rossetti (2002, p. 253), a política monetária, pode ser definida como o controle da
oferta de moeda e das taxas de juros, no sentido de que sejam atingidos os
objetivos da política econômica global do governo. Alternativamente, pode
também ser definida como a atuação das autoridades monetárias, por meio de
instrumentos de efeito direto e indireto, com o propósito de controlar a liquidez
do sistema econômico.
Assim, a política monetária age diretamente sobre o controle da quantidade de
dinheiro em circulação, visando defender o poder de compra da moeda. Tal prática
pode ser expansionista ou restritiva. Em uma política monetária restritiva, a
quantidade de dinheiro em circulação é diminuída (ou mantida estável) e os
empréstimos são encarecidos, com o objetivo de desaquecer a economia e evitar o
aumento dos preços. Já, em uma política monetária expansionista, a quantidade de
dinheiro em circulação é aumentada e o crédito e barateado, com o objetivo de
aquecer a demanda e incentivar o crescimento econômico.
É importante relembrar ainda que o manejo do conjunto de instrumentos de
ação a disposição do governo para a realização de políticas monetárias não é
facilmente conciliável, no sentido de que sejam alcançados os objetivos pretendidos
pela política econômica global. Ou seja, às vezes é necessário se praticar uma política
monetária restritiva para controlar a inflação o que se torna incompatível com o
objetivo do governo de crescimento econômico.
Feita essa ponderação, torna-se importante agora esclarecer quais são os
principais instrumentos de política monetária e seus respectivos modos de
funcionamento que o governo tem a disposição para atingir os objetivos
macroeconômicos globais. Segundo Lopes & Rossetti (2002, pp. 255-269), os
governos dispõem de cinco instrumentos básicos para efetivar a política monetária:
a) incentivo/restrição (controle) ao crédito;
b) compra/venda de títulos públicos (open market);
c) depósitos compulsórios (taxa de reserva);
d) taxa de redesconto;
e) taxa de juros.
Vejamos como cada um desses instrumentos é utilizado:
direto sobre o volume e o preço do crédito) são utilizados pelo governo como
instrumentos de desenvolvimento microeconômico. Assim, se o governo deseja
expandir o agronegócio, cria incentivos para a concessão de créditos aos produtores
rurais. Se deseja restringir o consumo de determinado segmento de produtos, cria
instrumentos que restrinjam o acesso ao crédito para compra de produtos desse
segmento. A utilização desse instrumento pelas autoridades monetárias pode referir-
se às três seguintes formas de intervenção direta: a) controle do volume e da
destinação do crédito; b) controle das taxas de juros, e; c) determinação dos prazos,
limites e condições dos empréstimos.
4) Taxa do Redesconto: é uma taxa exigida pelo Banco Central para cobrir os
eventuais "buracos" nos caixas dos bancos comerciais, ou seja, consiste na concessão
de assistência financeira de liquidez aos bancos comerciais. Na execução desta
operação, o Banco Central funciona como o banco dos bancos, descontando títulos
dos bancos comerciais a uma taxa prefixada, com a finalidade de atender às suas
necessidades momentâneas de caixa, a curtíssimo prazo.
5) Taxa de Juros: na teoria, a taxa de juros tem efeito direto sobre a poupança,
influenciando a remuneração do capital, e sobre os investimentos, influenciando o
custo do capital. Assim, se o objetivo é uma política monetária restritiva, a elevação
da taxa de juros irá diminuir a quantidade de dinheiro em circulação, ao estimular a
poupança e elevar os custos dos investimentos. Ao contrário, para estimular o
consumo e os investimentos, as taxas de juros devem ser mais baixas.
Além destes instrumentos que permitem o governo controlar a quantidade de
moeda na economia de maneira indireta, o governo pode atuar diretamente sobre a
economia, pois é o governo a instância responsável pela emissão ou retirada de papel
moeda em circulação da economia. Ou seja, o governo pode, além dos instrumentos
indicados acima, atuar diretamente sobre a oferta de moeda (SANDOVAL DE
VASCONCELLOS, 2002, p. 195).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Maria Auxiliadora de; LEITE DA SILVA, César Roberto. Economia
Internacional. 2ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2002.
LOPES, João do Carmo; ROSSETTI, José Paschoal. Economia monetária. 8ª ed. São
Paulo: Editora Atlas, 2002.
PASSOS, Carlos Roberto Martins; NOGAMI, Otto. 3ª ed. Princípios de economia. São
Paulo: Editora Pioneira, 2001.
PINDYCK, Robert S.; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. 4ª ed. São Paulo: Makron
Books, 1999.
SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia. 6ª ed. São Paulo: Editora Best
Seller, 2001.