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________/UF
AÇÃO COMINATÓRIA
DOS FATOS
O Requerente e sua família residem no imóvel situado na Rua , nº, bairro , nesta
cidade.
Ocorre que a partir de ___, o Requerente e seus familiares se depararam com uma triste
realidade, isto porque o Requerido, locador (ou proprietário) do imóvel situado na Rua , nº ,
nesta cidade, distante aproximadamente 50 metros do imóvel do Requerente, explora um bar, de
onde os frequentadores provocam ruídos que incomodam sobremaneira o Requerente e seus
familiares.
Várias vezes, as pessoas que frequentam o bar, chegam em seus veículos provocando
ruídos desnecessários que fazem incomodar também.
Outras tantas vezes, não raras, o Requerente e seus familiares são obrigadas a cruzar em
seu passeio com bêbados inconvenientes que estão chegando ou saindo do bar do Requerido.
Não rara as vezes que o Requerente vê suas plantas quebradas e pisadas por indivíduos
que passam para ter acesso ao Bar.
O requerido não ignora todos estes transtornos, no entanto, sua avidez por lucro o
impede de respeitar o direito do Requerente à inviolabilidade, a paz e sossego.
O Requerido, mesmo já notificado e multado no Juizado Especial Criminal, não alterou
a rotina de seu bar, pois os excessos continuam, inclusive com sons acima do permitido,
proveniente das atividades de música mecânica.
Não bastasse a perturbação provocada pelo bar, o Requerente ainda enfrenta a desordem
promovida pelos frequentadores do local, que constantemente se envolvem em brigas, uso de
drogas, urinam nos muros divisórios e na porta das casas dos vizinhos.
DO DIREITO
Assim fixa o Código Civil, na parte dos direitos de vizinhança e do uso anormal da
propriedade, em seus artigos 1277 a 1279, transcrito adiante:
Art. 1.279. Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as interferências, poderá
o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação, quando estas se tornarem possíveis.
Em sua obra Direito Ambiental Brasileiro, afirma o mestre Paulo Affonso Leme
Machado:
“Estudo publicado pela Organização Mundial da Saúde assinala como efeitos do ruído:
perda da audição; interferência com a comunicação; dor; interferência no sono; efeitos
clínicos sobre a saúde; efeitos sobre a execução de tarefas; incômodo; efeitos não
específicos.
Como efeitos o ruído sobre a saúde em geral registram-se sintomas de grande fadiga,
lassidão, fraqueza. O ritmo cardíaco acelera-se e a pressão arterial aumenta. Quanto ao
sistema respiratório, pode-se registrar dispneia e impressão de asfixia. No concernente
ao aparelho digestivo, as glândulas encarregadas de fabricar ou de regular os elementos
químicos fundamentais para o equilíbrio humano são atingidos (como supre-renais,
etc.).
Insta salientar que a acepção de sossego não se encontra atrelado com a completa
ausência de ruídos, mas a possibilidade de afastar ruídos excessivos que comprometem
a incolumidade da pessoa. Trata-se, com destaque, de direito dos moradores de um
estado de relativa tranquilidade, na qual boates, algazarras, animais e vibrações
intensas provenientes acarretam enormes desgastes à paz do ser humano. Ao lado
disso, o sossego deve ser encarado como tranquilidade e, maiormente, paz de espírito,
valores de cunho essencialmente subjetivo, logo, a sua violação atenta contra o
equipamento psíquico do indivíduo e, a partir de tal viés, merece ser encarado como
um dos direitos à integridade moral do homem, tangendo, por vezes, os direitos à
intimidade, à imagem e à incolumidade da mente.
Ementa: Apelação Cível. Ação de Indenização por dano moral. Direitos de vizinhança.
Uso nocivo do direito de propriedade. Poluição sonora. Situação que se manteve por
aproximadamente três anos. Perturbação do sossego. Dever de indenizar. Quantum
mantido. Negaram provimento ao apelo (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul –
Décima Sétima Câmara Cível / Apelação Cível n. 70033119892 / Relatora:
Desembargadora Elaine Harzheim Macedo / Julgado em 25.02.2010).
Não se pode olvidar que, em muitos casos, as perturbações sonoras podem molestar, de
maneira simultânea, o sossego, a saúde e a própria segurança dos vizinhos.
Por outro lado, se for possibilitado ao Requerido que continue com sua atividade danosa
enquanto perdurar o processo estar-se-á permitindo a continuação de uma atividade
comprovadamente danosa, em prejuízo da saúde e do bem-estar de um numero indeterminado
de pessoas que vivem na vizinhança do imóvel. Aí reside o periculum in mora.
Disso resulta a necessidade de concessão de medida liminar inaudita altera parts, sem
necessidade de justificação prévia, determinando-se que o bar do Requerido, conhecido como
________ seja interditado.
VI – seja julgada procedente esta ação em todos os termos do pedido retro, condenando-
se o Requerido ao ônus de sucumbência e demais cominações legais, inclusive honorários
advocatícios;
P. deferimento.
Cidade/MG, data
NOME DO ADVOGADO
OAB/___ N. ____