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de Empresas
Fábio Gomes & Maria Mineiro
2022/2023
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Bloco 3
Revisão dos principais métodos e
modelos de avaliação de
empresas
Avaliação da empresa as is e após
medida de reestruturação
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Agenda
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Agenda
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Porquê avaliar? (1/2)
• Valor Intrínseco ou VA dos CFs futuros. É o valor actual dos cash-flows ou rendas que um ativo gera
a partir de hoje. Os valores passados são irreversíveis (sunk).
• Valor Relativo. Estima o valor de um ativo com base no preço de ativos comparáveis em termos de
lucro, cashflows, valor contabilístico, vendas, quota de mercado, etc.
• Valor Contingente. Depende de ocorrências futuras incertas e pode ser estimado através de
opções.
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Porquê avaliar? (2/2)
Alguns motivos para avaliar uma empresa:
• Avaliar uma empresa (ou uma das suas partes sociais) num processo de sucessão,
MBO, etc;
• Tomar uma decisão relativa à compra (ou venda) de ações (em bolsa ou fora de
bolsa).
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Agenda
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Principais conceitos de avaliação de empresas (1/4)
• O valor de uma empresa (enterprise value) é o valor global do negócio da empresa, i.e. o valor
de todas as responsabilidades financeiras da empresa perante accionistas e credores.
(Valor dos Ativos Afetos à Exploração determinado pela sua capacidade para gerar Lucros,
ou melhor, Cash Flows Futuros)
• FIRM VALUE (FV) é o valor total da empresa = ENTERPRISE VALUE + Valor dos Elementos
Extra Exploração
Nota que os Cash Flows destes ativos não foram incorporados no cálculo do FCFF
– Ativos Extra-Exploração: Engloba geralmente disponibilidades e aplicações financeiras de curto prazo, resultados
extraordinários e cash flows de investimentos em atividades extra-exploração. O preço de mercado é geralmente
próximo do book value.
Principais conceitos de avaliação de empresas (2/4)
• VALOR por AÇÃO = VALOR DOS CAPITAIS PRÓPRIOS/ NÚMERO TOTAL DE ACÇÕES
EXISTENTES
❖ VALOR DO NEGÓCIO
+
❖ VALOR DOS ELEMENTOS EXTRA EXPLORAÇÃO
=
FIRM VALUE
-
❖ Valor de mercado da dívida financeira
=
❖ VALOR DOS CAPITAIS PRÓPRIOS
Principais conceitos de avaliação de empresas (4/4)
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Agenda
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Avaliação pelos CF: Método do Discounted Cash Flow
Em que:
VCn = FCFFn+1/(WACC-g)
DCF: Desenvolver as projeções (from earnings to cash)
• Há duas formas de uma empresa ser financiada: dívida ou capital próprio (debt
vs. equity)
• Ao peso relativo de D e de E chama-se estrutura de capital. Quando se decide a
estrutura de capital de uma empresa, o objetivo é maximizar o valor da empresa
(V) minimizando o custo do capital.
WACC: Weighted Average Cost of Capital
Onde:
D designa o valor de mercado da dívida e E o valor de mercado dos capitais próprios.
• 𝑅𝐸 é a rendibilidade esperada pelos accionistas
• 𝑅𝐷 é o custo da dívida
• T é a taxa de imposto
Exemplo: NEW BURGUER
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Cost of Equity (𝑅𝐸 )
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Cost of Equity (𝑅𝐸 ) and Capital Asset Pricing Model (CAPM)
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Cost of Equity (𝑅𝐸 )
• 𝐂𝐀𝐏𝐌: 𝑹𝑬 = 𝑹𝒇 + 𝜷 ∗ [𝑬(𝑹𝑴 − 𝑹𝒇 )]
Where:
• 𝑹𝒇 é 𝐚 𝐭𝐚𝐱𝐚 𝐬𝐞𝐦 𝐫𝐢𝐬𝐜𝐨
• 𝜷 indica se o investimento é mais ou menos volátil do que o mercado.
– Beta representa a tendência dos retornos de um ativo para responder às oscilações do mercado;
– 𝜷 = 𝟏 indica que o preço do título se move com o mercado.
– 𝜷 <𝟏 indica que o preço do título é menos volátil do que o mercado;
– 𝜷> 𝟏 indica que o preço do título é mais volátil do que o mercado.
– E.g. se o beta de uma ação for 1.2, é teoricamente 20% mais volátil do que o mercado.
• 𝑬(𝑹𝑴 − 𝑹𝒇 ) é o prémio de risco do mercado, reflete a tolerância ao risco dos investidores e determina o
prémio de risco na economia.
– É, assim, a diferença entre a rendibilidade esperada para o Mercado no seu conjunto e a rendibilidade de
um investimento sem risco.
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Cost of Equity (𝑅𝐸 ) - Beta
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Cost of Equity (𝑅𝐸 )
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Proxies para aplicar o CAPM
𝑫
𝜷𝑳 = 𝜷𝑼 + 𝜷𝑼 − 𝜷𝑫 ∗ *(1-t)
𝑬
𝐸 𝑡𝐷
𝛽𝑈 = 𝛽𝐿 ∗ − 𝛽𝐷 ∗
𝐸 + 𝐷 − 𝑡𝐷 𝐸 + 𝐷 − 𝑡𝐷
Proxies para aplicar o CAPM
– Calcular o cost of equity via CAPM utilizando o levered beta do passo anterior;
– Calcular o WACC.
Business Plan: Avaliação pelos CF
• O método mais vulgar é o da % das vendas, também conhecido como modelo de Rappaport
• Projeta-se primeiro a evolução das vendas (receitas operacionais), sendo normal admitir um
cenário decrescente para a taxa de crescimento
• Depois admite-se como regra que os gastos operacionais acompanham a evolução das vendas, ou
seja considera-se que são gastos variáveis.
• Excecionalmente admite-se que alguns gastos são fixos (amortizações, custos com o pessoal), pelo
que podem não acompanhar exatamente a evolução das vendas
• Ainda que se possa fazer uma projeção do resultado operacional para mais anos, é costume limitar
a previsão dos resultados líquidos a um horizonte de 3 a 5 anos.
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Business Plan: Avaliação pelos CF
• Para o qual também se projetam os gastos financeiros, os impostos e os dividendos, o que obriga a
elaborar os balanços previsionais (ainda que estes não tenham importância direta para os
resultados da avaliação – apenas importantes em sede de modelização).
• Por norma a maioria das rúbricas tende a acompanhar o crescimento das vendas
(fundamentalmente os ativos correntes de exploração e os passivos correntes de exploração, ou
seja o chamado fundo de maneio necessário, ou working capital).
• Os ativos não correntes e os passivos não correntes podem seguir ritmos próprios decorrentes do
plano de investimentos e de financiamento (ou Plano Financeiro).
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Business Plan: Avaliação pelos CF
• Os ativos extra exploração (como os meios monetários) e/ou os empréstimos a curto prazo são
utilizados como a “válvula” para equilibrar os balanços e o plano financeiro
• Atingida a maturidade assume-se que a partir daí as várias rúbricas vão acompanhar o crescimento
das vendas.
• Ano Cruzeiro: Cuidados a ter com o FCFF (renda perpétua em progressão geométrica):
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Business Plan: Avaliação pelos CF
• O Valor Residual do FCFF será calculado fazendo:
• Em que:
• n+1 = Ano Cruzeiro (ou de Estabilização do Crescimento)
• FCFF em (n+1) = calculado pelo processo atrás descrito
• WACC = Custo Médio Ponderado do Capital Normalizado
• g = Taxa de Crescimento Perpétuo do FCFF (e das restantes variáveis modelizadas)
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Avaliação pelos CF: Free Cash Flow to Equity
• Em que:
• Cash Flow do Capital Alheio = juros líquidos de impostos – Reembolso da Dívida + Dívida Obtida
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Avaliação pelos CF: Free Cash Flow to Equity
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Avaliação pelos CF: Free Cash Flow to Equity
• Os FCFE são descontados para o momento da avaliação à rendibilidade desejada pelos acionistas (Re), a qual
reflete necessariamente o prémio para risco financeiro decorrente da consideração de um Beta Alavancado
(Bl=Bu) em vez de um Beta Não Alavancado ou do Negócio (Bu Unlevered)
• Se, pelo contrário, os Cash Flows previsionais incluírem os proveitos financeiros decorrentes dos ativos extra
exploração então não se deverá adicionar ao Valor Atual dos FCFE o Saldo de balanço dos Ativos Extra
Exploração, para evitar duplicações.
• A avaliação do FCFE pode divergir da baseada no FCFF fundamentalmente devido à incapacidade de refletir
adequadamente os efeitos do endividamento sobre a rendibilidade desejada pelos acionistas, ou seja, devido
às dificuldades na estimativa do prémio para risco financeiro.
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Avaliação pelos CF: Vantagens e Desvantagens
VANTAGENS:
• Baseia-se num conceito central e unificador da teoria financeira
• Segue uma ótica maioritária uma vez que se pressupõe que os investidores decidem livremente sobre a
distribuição dos Cash Flows
• Alterações nos pressupostos e estimativas podem ser facilmente incorporados, através da alteração do
modelo.
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Avaliação pelos CF: Vantagens e Desvantagens
• LIMITAÇÕES/INCONVENIENTES:
• O Modelo de Gordon só deve ser aplicado quando a empresa está na Fase de Maturidade
• Nas empresas cujo FCFF é presentemente negativo (entre as quais estão as Empresas ainda em Fase de Forte
Crescimento) poderá ser difícil projetar os cash flows futuros … mas mais tarde deverão gerar FCFF positivos
(quando saírem da fase de crescimento anómalo)
• Estimar os cash flows futuros não é uma ciência exata. Existe alguma incerteza associada nas estimativas
durante o first stage… E essa incerteza aumenta quando calculado o valor de continuidade.
• As estimativas das taxas de desconto podem alterar ao longo do tempo devido a alterações no mercado de
capitais ou alterações que afetam especificamente a empresa em questão.
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Agenda
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Economic Value Added (EVA)
• Assim:
EVA= 𝐸𝐵𝐼𝑇𝑁 𝑥 1 − 𝑡 − 𝑊𝐴𝐶𝐶 ∗ 𝐼𝐶𝑁 (𝑏𝑜𝑦)
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Economic Value Added (EVA)
• A equação pode ser apresentada de outra forma, pois 𝐸𝐵𝐼𝑇𝑁 1 − 𝑡 = 𝑅𝑂𝐼𝐶 ∗ 𝐼𝐶𝑁 (𝑏𝑜𝑦).
• Assim:
Sublinha a relação entre a
rendibilidade obtida pela empresa
EVA= (𝑹𝑶𝑰𝑪𝑵 −𝑾𝑨𝑪𝑪) ∗ 𝑰𝑪𝑵 (𝒃𝒐𝒚)
e o custo do capital que emprega
• O EVA aumenta quando:
– Aumenta a rendibilidade do capital investido, ou seja, fruto de uma maior eficiência operacional, a
empresa consegue aumentar a rendibilidade do capital que dispõe sem efetuar novos investimentos;
– Diminui o WACC, seja devido a uma gestão mais eficiente, seja por fatores externos à própria empresa;
– A empresa procede a investimentos adicionais em projetos com uma rendibilidade superior ao custo do
capital que utiliza.
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Economic Value Added (EVA) - Praticar
A empresa New Shoes passou por um processo de reestruturação em 2019 (ano 0). M€
Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3
1) A operação seria bem sucedida se o Volume de negócios 1000 1500 2000 2080
objetivo for aumentar a rendibilidade do EBIT 100 150 200 208
capital investido para níveis acima de 10%? Working Capital 150 225 300 312
Ativo Fixo Líquido 200 300 400 416
Capital Investido 350 525 700 728
Ativos Extra-Exploração 10 10 10 10
2) Determina o EVA para os primeiros três anos Ativo Total 360 535 710 738
de projeções. Capital Próprio 144 214 284 295
Dívida Financeira 216 321 426 443
•
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Market Value Added (MVA)
𝐸𝑉𝐴𝑡
𝑀𝑉𝐴 = σ𝑁
𝑇=1 (1+𝑊𝐴𝐶𝐶)𝑡
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Market Value Added (MVA)
Onde:
• 𝐼𝑚𝑝𝑙𝑖𝑒𝑑 𝐸𝑉 = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑝𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜 𝑐𝑜𝑡𝑎çã𝑜 𝑥 𝑛. º 𝑑𝑒 𝑎çõ𝑒𝑠 +
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑎 𝑑í𝑣𝑖𝑑𝑎 − 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎 𝑒𝑥𝑝𝑙𝑜𝑟𝑎çã𝑜
• MVA POSITIVO: O mercado acredita que da atuação da empresa irá resultar uma rendibilidade superior ao
custo do capital investido.
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Enterprise Value e Firm Value
𝐸𝑉𝐴𝑡
• EV= 𝐼𝐶 + 𝑀𝑉𝐴 = 𝐼𝐶 + σ𝑁
𝑇=1 (1+𝑊𝐴𝐶𝐶)𝑡
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Economic Value Added (EVA) - Praticar
A empresa New Shoes passou por um processo de reestruturação em 2019 (ano 0). M€
Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3
3) Determina o valor de uma ação da New Volume de negócios 1000 1500 2000 2080
Shoes. EBIT 100 150 200 208
Working Capital 150 225 300 312
Ativo Fixo Líquido 200 300 400 416
4) Considera agora que o valor da cotação da
Capital Investido 350 525 700 728
ação é de 13,4 Euros. Ativos Extra-Exploração 10 10 10 10
Concorda com o WACC utilizado na alínea a)? •
Ativo Total 360 535 710 738
Capital Próprio 144 214 284 295
Dívida Financeira 216 321 426 443
Custo do Capital Próprio 13%
Custo médio da dívida financeira 8%
WACC 11%
Taxa de crescimento perpétuo 4%
Taxa de imposto sobre lucros 40%
N.º de ações existente (em milhões) 50 50 50 50
EPS 0,99 1,49 1,99 2,07
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EVA e MVA: Ano Cruzeiro
• CUIDADOS COM O EVA NO ANO CRUZEIRO (Ano de Base para o Cálculo do Valor
Residual ou de Continuidade)
• A ideia essencial é que para que seja possível aplicar a fórmula da perpetuidade
crescente em progressão geométrica é necessário que:
• Os Resultados Previsionais
• O Encargo de Capital e, consequentemente,
• O Capital Investido (este até já mesmo no próprio ano cruzeiro, porque tem efeito
de segunda ordem)
• Todos cresçam à taxa g (de crescimento perpétuo)
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EVA e MVA: Vantagens
• Segue também uma ótica maioritária uma vez que se pressupõe que os
investidores se apropriam de todo o EVA criado
• Permite aferir a avaliação feita com base no Valor Atual dos Cash Flows Futuros
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EVA e MVA: Limitações e Inconvenientes
• Para além das observações feitas a propósito da avaliação baseada nos Cash Flows
há uma série adicional de limitações que estão relacionadas com as deficiências da
contabilidade na medição do capital investido.
• Entre as mais citadas (as correções propostas pela Stern & Stewart são várias
dezenas…):
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EVA e MVA: Limitações e Inconvenientes
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Agenda
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Avaliação por múltiplos (1/2)
• Principal objetivo confrontar o valor da empresa com o de outras que lhe sejam
comparáveis (ou com a média do setor de atividade);
ATENÇÃO:
• A principal restrição desta metodologia é a subjetividade da escolha das empresas comparáveis e
do múltiplo a utilizar;
• A utilização da avaliação por múltiplos deve ser encarada como complementar ao DCF ou EVA e
nunca como substituta.
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Avaliação por múltiplos (2/2)
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Avaliação por múltiplos – Como utilizar
• Imagina que o PER de uma empresa comparável (ou o PER do setor) ao da empresa em
avaliação, que não está cotada, é de 8.
• Caso se entenda que esta última tem níveis de rendibilidade e perspetivas de crescimento
similares ao benchmark utilizado, então também deveria ter um PER similar.
• Assim, se o seu resultado líquido for de 200, qual será o seu valor de mercado?
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Avaliação por múltiplos – Praticar