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Controladoria –
uma reflexão sobre o

AULA
tema

Meta da aula
Apresentar os objetivos, funções e princípios da
controladoria, bem como sua relação com as
características da informação contábil.
objetivos

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
• Montar um plano de estudos de modo a aproveitar o
curso da melhor maneira.
• Definir a contribuição da controladoria no
processo decisório.
• Desenvolver competências para a tomada
de decisão com base na função de
Controladoria.

Pré-requisitos
Para que você acompanhe com proveito esta
aula, é necessário estar familiarizado com a
terminologia contábil, que já foi apresentada nas
disciplinas anteriores.
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INTRODUÇÃO Esta será nossa primeira aula de Controladoria. Nela, você aluno irá
compreender que a controladoria, tem como finalidade, garantir
informações adequadas ao processo decisório, colaborar com os gestores
para a eficácia em suas áreas e coordenar os esforços dos gestores para
que atinjam a eficácia pretendida. É um campo de estudo que utiliza
tanto informações advindas da Contabilidade Financeira, quanto da
Contabilidade Gerencial. A controladoria não compete o comando do
navio, pois essa é tarefa do primeiro executivo: representa, entretanto,
o navegador que cuida dos mapas de navegação.

Em nível internacional, conforme Weber e Schaffer (2008) a


controladoria no setor privado surgiu em 1880, em uma empresa de
transporte norte-americana. Nessa época as funções desempenhadas
pelo controller eram essencialmente relacionadas à gestão financeira,
com títulos e ações de propriedade da empresa.

No Brasil, a origem da controladoria está intimamente relacionada ao


desenvolvimento das primeiras empresas multinacionais norte-
americanas no país. O conchecimento sistêmico da organização fez com
que, à época, o profissional da controladoria estivesse ligado à área
financeira ou da contabilidade da organização.

De lá para cá, as transformações econômicas e estruturais que o Brasil


passou, bem como a globalização modificou a forma de comunicação das
empresas com seu ambiente. Assim, para que o país pudesse se inserir
neste contexto globalizado foi necessário a adaptação a uma nova forma
de fazer negócios a nível mundial. Neste contexto, está inserido a
evolução da controladoria.

Mas você aluno deve estar se perguntando: quais as principais funções


desempenhadas pela controladoria? Pois bem, a uma discussão na
literatura que as principais funções da controladoria são (i) o
planejamento, (ii) o controle e (iii) a elaboração e interpretação de
relatórios.

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Isso não significa que funções como lançamentos contábeis, auditoria,

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fiscal, proteção de ativos e análise e avaliação econômica não integrem
Controller ou
as funções exercidas pelo controlador, mas sim que as funções controlador
anteriormente citadas são as mais relevantes. Profissional responsável
por apresentar os dados
contábeis aos gestores,
qualificando a tomada
de decisão na empresa.

A seguir, você terá uma pequena reflexão sobre a controladoria.

DESENVOLVIMENTO

1. UMA PEQUENA REFLEXÃO SOBRE CONTROLADORIA

A controladoria não compete o comando do navio, pois essa é tarefa


do primeiro executivo: representa, entretanto, o navegador que cuida dos
mapas de navegação.

“É sua tarefa manter informado quanto à distância percorrida, ao local em


que se encontra e a velocidade da embarcação, à resistência encontrada, aos
desvios da rota, aos recifes perigosos e aos caminhos traçados nos mapas, para
que o navio cheque ao destino...” (Heckert e Wilson apud TUNG, 1985, p. 34)

De nada adianta ter um navegador, com todo o


instrumental, indicando precisamente onde estamos,
quando não sabemos a que porto queremos chegar. Neste
ponto, poder-se-ia então dizer:

• Objetivo é o porto de destino;

• Planejamento é rota;

• Controle são os instrumentos de navegação;

• A controladoria assegura a chegada ao porto objetivando, na rota


prevista.

• Em síntese: Para praticar o controle, precisa-se de objetivo;

• Para atingir o objetivo, precisa-se de controle.

Há duas formas de se ver a controladoria:

1. Como órgão administrativo:

2. Como ciência.

Como órgão administrativo, a controladoria tem como finalidade,


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garantir informações adequadas ao processo decisório, colaborar com os
gestores para a eficácia em suas áreas, coordenar os esforços dos gestores

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para que atinjam a eficácia pretendida.

Os controladores, inicialmente, eram recrutados entre os


colaboradores que atuavam na área contábil ou de finanças, da organização,
por já possuírem uma visão ampla empresa.

A controladoria pode ser conceituada como um conjunto de


princípios, procedimentos e métodos oriundos de outras ciências
(Administração, Economia, Psicologia, Estatística e principalmente a
Contabilidade) que se consolidam e que se ocupam da gestão Econômica das
Empresas, com o fim de orientá-las para a eficácia.

Logo podemos dizer que a contribuição da economia é gerar riqueza;


a contribuição da administração é gerir a eficácia empresarial, a contribuição
da contabilidade é a gestão do patrimônio, a contribuição da psicologia são
as relações humanas necessárias no papel do controller. A estatística é uma
ferramenta utilizada pela controladoria para as projeções futuras, baseadas
no histórico da empresa e no meio ambiente em que a empresa opera, o
sentido de obter a eficácia e suas ações.

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A controladoria é multidisciplinar?
Você viu que a controladoria pode ser conceituada como um conjunto de
princípios, procedimentos e métodos oriundos de outras ciências. Portanto a
mesma é multidisciplinar, porque emprega conceitos advindos da Administração,
Economia, Psicologia, Estatística e principalmente a Contabilidade.

2. MISSÃO DA CONTROLADORIA

Para Padoveze (2005, p. 39) “a Controladoria tem uma missão e


atribuições especificas que implicam um comportamento proativo e
profundamente responsável e influenciador no desempenho do negócio”.

Nascimento e Reginato (2007) definem a missão da controladoria como:

“A área de controladoria tem como missão estabelecer as conexões


do processo de gestão, elemento central da dimensão de controle

de gestão, com as informações por ele requeridas, obtidas a partir do uso de


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sistema de informações que possibilite a ela exercer essa atividade.”

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Florentino (2015), define a missão da controladoria em:

“Suprir os decisores de relatórios obtidos através do estabelecimento


de conexões do processo de gestão com as informações obtidas a partir do uso
de sistema de informações adequado que possa fornecer elementos
necessários, tempestivos e relevantes para a tomada de decisão; estabelecer
um comportamento proativo e influenciador no desempenho global do negócio
da organização, zelando, desta forma, para a continuidade da organização
assegurando a otimização de resultados, com comportamento proativo,
responsável, não devendo ter sua essência administrativa alterada, porém
cuidadosamente adaptada à cultura e a própria missão da organização no qual
está inserida.

2.1 OBJETIVOS DA CONTROLADORIA

A controladoria deve informar, influenciar e organizar as informações


da organização, necessárias para instruir a administração na consecução de
seus objetivos. De acordo com Catelli (2003), os objetivos da controladoria
são:

a) Promover a eficácia organizacional;

b) Viabilizar a gestão econômica;

c) Promover a integração das áreas de responsabilidade.

Logo para atingir esses objetivos é necessário que se obtenha


resultados econômicos de acordo com as metas e condições estabelecidas em
reuniões tomadas a respeito da gestão econômica da organização, com
enfoque em abordagens sistêmicas. Este é o ponto de congruência, se for
considerada a hierarquia de objetivos.

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Assim sendo, a controladoria passa a contribuir como área de
responsabilidade, ao lado das demais áreas que compõe a empresa, o sentido

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de atingir os objetivos definidos mantendo, assim, a continuidade da
organização.

A controladoria poderá ter como filosofia de atuação:

1. Coordenar esforços visando a sinergia das ações;

2. Participar ativamente no processo de planejamento;

3. Integrar a apoiar as áreas operacionais;

4. Induzir a melhores decisões para a empresa;

5. Gerar credibilidade, persuadir e motivar.

2.2 FUNÇÕES DA CONTROLADORIA

De acordo com Padoveze (2005, p.35), a Controladoria tem como


função principal a responsabilidade pelo processo de gestão da empresa como
um todo (planejamento estratégico, planejamento operacional,
programação, execução e controle), ao mesmo tempo em que auxilia
subsidiariamente as demais atividades da companhia em seus processos de
gestão específicos.

Heckert e Wilson (1963) apud Mosimann e Fisch (2008), estabelecem


as seguintes funções para a Controladoria:

• Planejamento;

• Controle;

• Relatar;

• Contábil;

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• Outras:

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• Supervisão, Auditoria; Controles Internos.

Figueiredo e Caggiano (2006, p. 27) corroboram com as funções


apresentadas pelos autores Heckert e Wilson (1963) apud Mosimann e Fisch
(2008):

a) Planejamento – estabelecer e manter um plano integrado


para as operações consistentes com os objetivos e as metas da companhia, a
curto e a longo prazo, que deve ser analisado e revisado constantemente,
comunicado aos vários níveis de gerência por meio de um apropriado sistema
de comunicação.

b) Controle – desenvolver e revisar constantemente os padrões


de avaliação de desempenho para que sirvam como guias de orientação aos
outros gestores no desempenho de suas funções, assegurando que o resultado
real das atividades esteja em conformidade com os padrões estabelecidos.

c) Informação – preparar, analisar e interpretar os resultados


financeiros para serem utilizados pelos gestores no processo de tomada de
decisão, avaliar os dados, tendo como referência os objetivos das unidades e
da companhia; preparar as informações para uso externo para que atendam às
exigências do governo, aos interesses dos acionistas, das instituições
financeiras, dos clientes e do público em geral.

d) Contabilidade – delinear, estabelecer e manter o sistema de


contabilidade geral e de custos em todos os níveis da empresa, inclusive em
todas as divisões, mantendo registros de todas as transações financeiras nos
livros contábeis de acordo com os princípios de contabilidade e com finalidades
de controle interno. Preparar as demonstrações financeiras externas de acordo
com as exigências do governo.

e) Outras funções – administrar e supervisionar cada uma das


atividades que impactam o desempenho empresarial, como impostos federais,
estaduais e municipais, envolvendo-se até mesmo como negociações com as
autoridades fiscais, quando necessário. Manter relacionamento adequado
como os auditores internos e externo; estabelecer planos de seguro;
desenvolver e manter sistemas e procedimentos de registro; supervi-

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sionar a tesouraria; instituir programas de financiamento; e muitas outras
atividades.

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3. PRINCÍPIOS NORTEADORES DA CONTROLADORIA

Os princípios que norteiam a controladoria servem tanto para a


controladoria, enquanto órgão administrativo, quanto para o controller, o
responsável pelo órgão:

1. Iniciativa:

Deve procurar antecipar e prever problemas no âmbito da gestão


econômica global e fornecer as informações necessário aos gestores das áreas
diretamente afetadas.

2. Visão econômica:

Na função de assessoria a outros gestores, deve captar os efeitos


econômicos das atividades exercidas em qualquer área, estudar os métodos
utilizados no desempenho das tarefas da área, sugerir alterações que
otimizem o resultado econômico global e suprir o gestor com as informações
necessárias a esse fim.

3. Comunicação racional:

Deve fornecer informações às áreas, em linguagem compreensível


simples e útil aos gestores, e minimizar o trabalho de interpretação dos
destinatários.

4. Síntese:

Deve traduzir fatos e estatísticas em gráficos de tendência e em


índices, de forma que haja comparação entre o resultado realizado e o
planejamento, e não entre o resultado realizado no período e o realizado no
período anterior.

5. Visão de futuro:

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Deve analisar o desempenho e os resultados passados com vistas à
implementação de ações que melhorem o desempenho futuro, pois o passado

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é imutável.

6. Oportunidade:

Deve fornecer informações aos gestores em tempo hábil às alterações


de planos ou padrões, em função de mudanças ambientais, contribuindo para o
desempenho eficaz das áreas e da empresa como um todo.

7. Persistência:

Deve acompanhar os desempenhos das áreas à luz de seus estudos e


interpretações e cobrar as ações sugeridas para otimizar o resultado econômico
global;

8. Cooperação:

Deve assessorar os demais gestores a superar os pontos fracos de suas


áreas, quando detectados, sem se limitar a simplesmente criticálos pelo fraco
resultado;

9. Imparcialidade:

Deve fornecer informações à cúpula administrativa sobre a avaliação do


resultado econômico das áreas, mesmo quando evidenciarem sinais de ineficácia
dos gestores. Embora essa ação possa trazer dificuldades no relacionamento
interpessoal dos tais gestores, deve ter sempre em mente o controle
organizacional para otimização do resultado econômico empresarial;

10. Persuasão:

Deve convencer os gestores da utilização das sugestões, no sentido de


tornar mais eficaz o desempenho de suas áreas e, consequentemente, o
desempenho global, desde que haja compreensão dos relatórios gerenciais
fornecidos;

11. Consciência das limitações:

Embora possa suprir os gestores com informações econômicas,


assessorá-los quanto às questões de gestão econômica e, inclusive, aprovar ou
não seus planos orçamentários tendo em vista a eficácia empresarial, terá uma
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influência mínima em questões de estilo gerencial, capacidade criativa e
perspicácia dos gestores;

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12. Cultura Geral:

O conhecimento das diferenças culturais básicas entre raças e


nações, o conhecimento das diferenças sociais e econômicas entre países ou
blocos econômicos é importante para a percepção de oportunidades e
ameaças à empresa diante de cenários estratégicos;

13. Liderança;

Como administrador de sua área, tem subordinados, e compete a ele


conduzi-los a realizações de suas tarefas de forma eficiente e eficaz para que
a empresa atinja seus objetivos;

14. Ética:

Deve ter sua conduta profissional firmada em valores morais aceitos


de forma absoluta e pela sociedade

Agora, você pode estar se perguntando: existem outros princípios?


A literatura sobre controladoria é extensa e bem estruturada. Por
exemplo, Almeida, Parisi e Pereira (1999, p.372) mostram que os objetivos
da controladoria são:
a) Promoção da eficácia operacional;
b) Viabilização da gestão econômica;
c) Promoção da integração das áreas de responsabilidade.
Já Heckert & Wilson (1963, p. 13-14) citam cinco funções básicas da
controladoria:
a) Planejamento: estabelecimento e manutenção de um plano
operacional de curto e longo prazo, compatíveis com os objetivos globais.
b) Controle: desenvolvimento, teste e revisão por meios de padrões,
medindo o desempenho real em confronto com os padrões.
c) Função de relatar: preparação, análise e interpretação financeira
para uso da administração, preparação de relatórios para terceiros, conforme
suas exigências.
d) Função contábil: contabilidade geral e de custos, instalação e
custódia de todos os livros contábeis, os registros e formas requeridos para
registrar as transações financeiras.
e) Outras funções relacionadas: supervisão e operações com
impostos, auditorias independentes, seguros, desenvolvimento e
manutenção de padrões, procedimentos e sistemas, entre outras.
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Como podemos observar os princípios norteadores estabelecem o
desempenho eficaz das tarefas da controladorida e do controller. E para
melhor adequação dos princípios no dia a dia da empresa, devem ser

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considerados o tamanho e a natureza do negócio, experiência dos executivos
e assessores, empregados, locação física, filosofia de administração e os
objetivos dos negócios.

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO

A controladoria deve ser regida por princípios. Dentre estes podemos


destacar:

I. Promoção da eficácia operacional; II. Função de relatar; III. Planjamento;


IV. Liderança.

São verdadeiras as afirmações contidas nas opções:

a) II e III apenas b) I, II, III e IV

c) I e II apenas d) III e IV apenas

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2. O controller é responsável por:

a. Calcular os impostos de uma empresa

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b. Prepara o fluxo de caixa de uma empresa

c. Todo o processamento da informação contábil da empresa

d. Auditar a empresa

e. Preparar as notas explicativas

RESPOSTA COMENTADA

O item correto é o c, porque você viu que: a controladoria relaciona todas


os setores de uma empresa, bem como é multidisciplinar. Dentre o papel do
controller podemos destacar o processamento da informação contábil. Esta
informação pode ser tanto de cunho financeiro, quanto gerencial. Os itens
a, b e e estão incorretos, pois são função exclusivas do departamento
contábil. Já o item d é função da auditoria interna e externa da empresa.

3. Acerca do conceito e da missão de controladoria é correto afirmar


que a controladoria presta contribuições importantes ao progresso
organizacional, pois tem como missão a identificação dos culpados
pelo insucesso da organização, das dificuldades existentes no
ambiente operacional, dos responsáveis por roubos e desperdícios,
além de efetuar a contratação e demissão de todos os
funcionários/servidores?

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RESPOSTA COMENTADA
A resposta está incorreta, porque não é função da controladoria a
auditoria, tampouco a gestão de Recursos Humanos de uma organização.
Uma resposta correta seria que: Nos dias atuais é imprescindível para uma
grande organização um serviço contínuo da controladoria, pois é o setor
que detém todas as informações gerenciais da instituição. Planejando,
organizando, controlando e dirigindo todos os risco e custos, de forma a
maximizar o resultado para garantir o sucesso da mesma.

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AUTO-AVALIAÇÃO

Você conseguiu responder a todas as atividades? É muito importante que você

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domine os conhecimentos iniciais de controladoria. Se ainda tiver dúvidas,
converse com seus colegas e com o seu tutor.

LEITURAS RECOMENDADAS

OLIVEIRA, A. B. S. Controladoria: fundamentos do controle empresarial. 2. ed. São


Paulo: Saraiva Uni, 2014. 448 p.

PADOVEZE, C. L. Controladoria estratégica aplicada: conceitos, estrutura e sistema


de informações. 1. ed. Boston, Massachusetts: Cengage Learning, 2016. 256 p.

PADOVEZE, C. L. Controladoria estratégica e operacional. 3. ed. Boston,


Massachusetts: Cengage Learning, 2012. 528 p.

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