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Ministério da Educação
Instituto Médio Politécnico do Namibe nº56 “Pascoal Luvualu”
FASCÍCULO
Moçâmedes, 2020
1
NOTA INTRODUTÓRIA
Existe uma preocupação em assegurar a coerência formal e de conteúdos, para que o
aluno aprenda, gradualmente, os conceitos básicos. Desta forma, captará de forma mais
clara os processos que se desenvolvem numa empresa industrial.
A Organização e Gestão Industrial proporciona a obtenção de valências e capacidades
que permitem interpretar e analisar dados relativos a um conjunto de sectores e
actividades ligados ao mundo empresarial, nomeadamente ao das empresas industriais.
Para além de uma visão global e simplificada da contabilidade empresarial são
analisados os dados constantes das peças contabilísticas fundamentais, permitindo
diagnósticos da situação económica e financeira de uma empresa.
2
OBJECTIVOS DA DISCIPLINA
3
Índice
CAPÍTULO 1- O PLANEAMENTO EMPRESARIAL
1.1 Introdução
1.2 Planeamento
1.2.1 Tipos de planeamento
1.2.2 Fases do planeamento
1.2.3 Métodos de planeamento
Propostas de trabalho
CAPÍTULO 3- O APROVISIONAMENTO
3.1 A organização das compras
3.1.1 Introdução
PROPOSTAS DE TRABALHO
4
CAPÍTULO 4- O CONTRATO DE COMPRA E VENDA
4.4.1 Noção
5.4.3 Documentação
PROPOSTAS DE TRABALHO
5.2 O património
5.3 O balanço
5.3.1 Noção
5
CAPÍTULO I- O PLANEAMENTO EMPRESARIAL
CONTEÚDO
1.1. Introdução
1.2. Planeamento
1.3. Tipos de planeamento
1.4. Fases do planeamento
1.5. Métodos de planeamento
PROPOSTAS DE TRABALHO
OBJECTIVOS
6
1.1 INTRODUÇÃO AO PLANEAMENTO
Gerir uma empresa é uma tarefa muito complexa, cheia de desafios, mas aliciante, pois
cada empresa é um ente que apresenta características próprias e únicas. Não existe duas
empresas que apresentam as mesmas características, pois os recursos humanos
colocados à sua disposição são diferentes, os meios de que dispõem e os objectivos que
perseguem variam, e o mercado onde actuam apresentam características diferenciadas.
É ao gestor que compete harmonizar os recursos humanos, materiais e financeiros de
que dispõe para alcançar os objectivos que se propõe atingir.
Assim, são actividades do gestor:
Recursos Financeiros Objectivos
Humanos Tarefas Produção de bens e
Materiais Planificar prestação de serviços
Instalações Organizar
Máquinas Dirigir
Controlar e avaliar
Onde:
Planificar: prever aspectos de actuação futura, de modo a atingirem-se as metas que
foram fixadas previamente.
Organizar: congregar os meios humanos, materiais e financeiros postos à disposição
do gestor, de modo a alcançarem-se, com eficácia, as metas previamente fixadas.
Dirigir: procurar gerir com eficiência os recursos disponíveis de forma a alcançarem-se
as metas propostas.
Controlar e avaliar: observar e ajustar, sempre que necessário, as actividades em
execução ou já executadas de modo a verificar se o que já foi planificado foi atingido e,
no caso de o não ter sido, analisar os desvios verificados de modo a corrigir no futuro os
erros cometidos.
Gestão: é a ciência tipicamente humana, em que se pretende alcançar os objectivos
definidos para a empresa, utilizando de uma forma racional os recursos humanos,
materiais e financeiros que foram colocados à sua disposição.
O planeamento é uma actividade contínua, sistemática e disciplinada que consiste em
ordenar e estruturar as tarefas a desenvolver de modo a alcançarem-se determinados
objectivos que, previamente, foram fixados.
7
Estas quatro tarefas podem ser analisadas isoladamente, formando uma sequência
cíclica, denominada ciclo administrativo.
Planeamento
Controlo e
Organização
avaliação
Direcção
No entanto, estas quatro tarefas, em termos empresariais, devem ser visualizadas numa
abordagem integral, pois encontram-se intimamente relacionadas numa interação
dinâmica em eu cada uma afecta as demais.
Essa interligação em que cada tarefa se relaciona com as demais interações dinâmica e
em que o todo é maior que a soma das partes, constitui aquilo a que se chama o
processo administrativo.
Planeamento
Controlo e
Organização
avaliação
Direcção
1.2 Planeamento
O bom funcionamento de qualquer empresa começa por uma planificação correcta das
actividades a desenvolver.
Afirma-se que o planeamento é uma função crítica porque um erro grave de previsão
pode conduzir ao fim da empresa. Assim, não admira que os gestores dediquem cada
vez mais tempo aos estudos relacionados com a planificação.
8
Se a empresa não possui um planeamento coerente, se não fizer previsões, realizará
operações incoerentes que a maior parte das vezes levam a empresa ao desnorte.
No entanto, deve ter-se em atenção que uma correcta planificação deve atender não
apenas à previsão correcta da vida futura da empresa, mas igualmente à possibilidade do
controlo das tarefas realizadas, uma vez que é realizado. Esta análise é fundamental pois
permite detectar o que correu mal de forma a evitar que no futuro ocorram os mesmos
erros.
O Planeamento empresarial é importante pois, não é só para o crescimento e
fortalecimento da empresa, mas também para evitar perdas de tempo, esforço e
investimento; chegar onde deseja com menor custo possível.
9
Seu desenvolvimento se dá pelos níveis organizacionais intermediários, tendo como
objectivo a utilização eficiente dos recursos disponíveis com projeção em médio prazo.
Em grandes empresas, identifica-se facilmente este nível de planeamento, ele se dá nos
escritórios e superintendências regionais.
c) Os planeamentos em nível operacional
Correspondem a um conjunto de partes homogéneas do planeamento táctico, ou seja,
identifica os procedimentos e processos específicos requeridos nos níveis inferiores da
organização, apresentando planos de acção ou planos operacionais. É elaborado pelos
níveis organizacionais inferiores, com foco nas actividades rotineiras da empresa,
portanto, os planos são desenvolvidos para períodos de tempo bastante curtos.
A maioria dos planos é focada em inúmeras projeções, promessas que dependem de
inúmeros factores a serem cumpridas especificamente em um novo negocio. O
planeamento deve ser feito dentro da empresa e de preferência juntamente com os
funcionários e deve estar "exposto" a todos.
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Princípio da flexibilidade – os objectivos definidos não devem obedecer ao
princípio da rigidez, isto é, se um objectivo pré-definido puser em causa as
metas que se pretendem atingir, o mesmo deve ser reformulado.
Não obstante, além do enunciado nos princípios supra, qualquer objectivo deve ser:
quantificável, calendarizado, realista, motivante, útil e consistente.
b) Análise do contexto externo à empresa
Consiste em analisar a envolvente contextual da empresa, ou seja, as variáveis
tecnológicas, económicas, sociais, legais, demográficas, políticas, ecológicas, que
envolvem a empresa e que podem ser uma fonte de ameaças ou de oportunidades para
as actividades que essa desenvolve.
c) Conhecimento dos recursos da empresa
A empresa deve saber e avaliar os recursos (humanos, materiais e financeiros) de que
dispõe para atingir os objectivos a que se propõe, medindo deste modo as suas forças e
fraquezas.
d) Definição e selecção da estratégia
Consiste em saber como a empresa pode e deve afectar os recursos de que dispõe para
atingir os objectivos que previamente definiu seleccionando, para o efeito, a alternativa
mais adequada face aos recursos de que dispõe.
e) Elaborara um plano de actuação e o respectivo orçamento
A empresa deve determinar, face as tarefas a desenvolver, qual o tempo necessário para
a execução de cada uma, fazendo-se previsão do momento em que as mesmas têm o seu
início e conclusão.
f) Controlo e avaliação
Esta última fase do planeamento tem como objectivo comprovar se tudo foi bem
executado de acordo com o programado, para se poderem analisar os desvios e/ou as
lições para os processos de planeamento futuros.
A definição e selecção de uma estratégia empresarial consistem na explicitação das
opções efectuadas quanto à forma como a empresa vai competir nos seus mercados
tirando partido das oportunidades e ultrapassando as ameaças descortinadas no ambiente
em que se move, tendo em conta e como suporte os seus aspectos mais positivos em
comparação com a concorrência (os seus pontos fortes) e ultrapassando os seus aspectos
desfavoráveis (os pontos fracos).
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1.4 Métodos de planeamento
Como vimos, o planeamento é das funções da gestão e, concomitantemente, uma etapa
fundamental para o correcto funcionamento da empresa. Não admira, no entanto, que a
partir do século passado, altura em que a gestão passou a assentar em métodos
científicos, vários gestores e matemáticos se preocupassem em criar modelos que
possibilitassem à empresa visualizar o seu futuro.
Entre esses modelos destacam-se o Gráfico de Gantt e o Modelo Pert.
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Para a execução do modelo é necessário, em relação a cada tarefa estabelecer:
Uma estimativa optimista da sua realização (x) – se tudo correr bem, qual
será o tempo necessário para a realização da actividade?
Alguns registos apontam para 1910 e outros para 1917
Uma estimativa pessimista (y) – estabelecer o tempo que seria necessário
para a execução da mesma tarefa se tudo correr mal?
Uma estimativa provável (z) – definição do tempo que a tarefa leva a ser
executada em condições normais e de acordo com situações anteriores.
Gantt, por combinação destas três estimativas, apresentou a seguinte média aritmética
ponderada para a determinação do tempo esperado de duração para a execução de uma
tarefa (te).
Te = K1 (x + y) + K2 (z), onde K1 e K2, são os pesos.
Através dos estudos estatísticos chegou-se a conclusão de que o tempo mais provável
tem uma possibilidade de ocorrência quatro vezes maior que qualquer dos outros dois
tempos, logo:
T𝑒 = (𝑥 + 𝑦 + 4z) / 6
A elaboração do gráfico de Gantt requer:
Uma listagem prévia das tarefas a executar;
O estabelecimento de uma sequência para a execução de tarefas;
A determinação do tempo necessário para a realização de cada tarefa.
Para a construção do gráfico deverá elaborar-se um quadro de dupla entrada
onde:
- Na coluna do lado esquerdo deverá representar o reteiro operacional, ou seja, a
indicação das etapas por ordem que devem ser executadas;
- Na primeira linha do quadro representar não só o tempo esperado par aa realização de
todas as actividades, mas ainda o tempo que se prevê ser necessário para a realização de
cada tarefa.
No quadro que se segue está representado o gráfico de Gantt, referente ao trabalho a
realizar para a fabricação de um conjunto de peças envolvendo as seguintes tarefas.
A- Planeamento- 10 dias
B- Aquisição de materiais-15 dias
C- Fabricação das peças- 8 dias
D- Montagem final- 4 dias
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E- Controlo de qualidade- 2 dias
Em relação ao exemplo anterior pode-se afirmar que no vigésimo segundo dia estava
terminada a fase do planeamento, e a fase de aquisição de materiais, iniciando-se a fase
de fase de fabricação.
O gráfico Gantt permite ainda, durante a fase de execução, a comparação entre o
previsto e o realizado, pois permite conhecer as tarefas que estão atrasadas ou
adiantadas, em relação ao que estava previsto.
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• Estimativa do tempo necessário para cada tarefa.
Exercício
E empresa “A contabilística Lda.”, deseja instalar um no software de contabilidade para
a gestão dos seus fornecedores, pelo que estabeleceu o seguinte plano de actividades.
Tarefas Tempo de execução Tarefa precedente
A- Planificação do sistema 6 ___
B- Elaboração do plano de custos 8 A
C- Instalação do sistema 4 A
D-Estabelecimento do circuito de documentação 5 B
E- Formação de quadros 7 C
F- Arranque do sistema 2 D, E
Pretende-se que:
a) Elabore o gráfico de PERT, para esta construção.
b) Enumere as actividades consideradas críticas e as não críticas.
c) Determine a duração do caminho crítico
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ESCLARECIMENTOS
As setas representam as actividades a serem executadas;
O fim de uma actividade está representado por um círculo e recebe o nome de
evento;
Observam-se arranjos diferentes de actividades e eventos, pois, por vezes, uma
actividade não pode ser iniciada, sem que a anterior termine; outras vezes, diversas setas
partem do mesmo evento, porque decorrentes podem efectuar-se em simultâneo.
Caminho Crítico é o tempo mínimo necessário para a execução do projecto. O
caminho crítico é obtido quando se percorrer o percurso mais longo através da rede.
Comprimento do caminho crítico é o que se obtém pela soma dos tempos
individuais que vão ligando os círculos ao longo do caminho crítico.
Tarefas Críticas são as que se encontram ao longo do caminho crítico.
Tarefas não críticas são aquelas que embora fazendo parte do projecto, não se
encontram no caminho crítico.
Assim, o caminho crítico representado no diagrama sagital atrás referido é de 21 dias e é
constituído pelas tarefas críticas A, B, C, D, F.
As tarefas não críticas neste modelo são C e E, uma vez que uns atrasos de 2 dias na sua
execução não vão prejudicar o prejecto.
Em resumo:
Ao longo deste capítulo estudámos uma das actividades mais difíceis e complexas da
Gestão Empresarial- o planeamento. Sabe-se que engloba um conjunto de actividades
efetuadas no dia-a-dia de uma empresa, pelo que a instabilidade é uma constante; assim,
existe uma rápida necessidade de adaptação às novas situações.
Os clientes alteram os pedidos, os stocks modificam-se diariamente, a competitividade é
cada vez mais feroz e os equipamentos evoluem rapidamente. Assim, torna-se
necessário que o planeamento seja pormenorizado.
Nota-se ainda que um planeamento a curto prazo aliado a uma série avaliação das
operações é uma questão fulcral na Gestão Empresarial.
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PROPOSTA DE TRABALHO
1. Comente as seguintes afirmações:
a) O planeamento é um processo permanente e contínuo.
b) O planeamento é sistemático.
c) O planeamento é uma técnica de mudança e inovação.
2. Na construção de um armazém estão previstas dez actividades com as seguintes
prioridades e tempos de execução:
Actividade Actividade antecedente Duração (dias)
L _________ 30
M L 60
N L 40
O M 20
P M 15
Q N 90
R N 28
S O 110
T P, Q 100
U R 45
V T, U, S 18
Pretende-se que:
a) Elabore o gráfico de rede de PERT, para esta construção.
b) Enumere as actividades consideradas críticas e não críticas.
c) Determine a duração do caminho crítico.
d) Determine a margem de execução das actividades O, Q e U.
e) Se a actividade M tivesse um tempo de execução de 90 dias, que alteração sofria
e qual seria a data de conclusão da obra?
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3. Para a execução de uma mobília foi construída a seguinte tabela de actividades:
Actividades M N O P Q R S T U
Precedência ____ M M N N 0 Q, R P S, T
Duração 5 7 3 2 9 5 7 11 3
Pedidos:
a. Contrua o gráfico de Gantt e em seguida faça uma análise da situação dos
trabalhos sabendo que se encontra integralmente executadas as tarefas M, N, O e
P, que se encontram executadas a 50% as tarefas Q, R e T e ainda não iniciadas
as tarefas S e U.
b. Construa o gráfico de rede PERT.
c. Indique as actividades consideradas críticas.
d. Calcule a duração do caminho crítico
e. Calcule a margem das actividades não críticas e explique o seu significado.
Pedidos:
a. Construa o gráfico de rede PERT.
b. Determine o caminho crítico, bem como a sua duração.
c. Calcule a margem livre das actividades F, H, I e M e explique o seu significado.
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CAPÍTULO 2: ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL
CONTEÚDO
2.1- Introdução
2.2- Estruturas organizacionais
2.3- A Hierarquização e a Departamentalização
Proposta de trabalho
OBJECTIVOS
Deduzir a importância de uma correcta organização empresarial
Dar a noção de estrutura
Distinguir organigrama de fluxograma
Elaborar organigrama
Analisar organigramas
Distinguir hierarquização de departamentalização
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2.1- INTRODUÇÃO
Toda a empresa deve ser uma estrutura organizacional. Enquanto que nas grandes
organizações as estruturas são por vezes, pesadas e com vários níveis de
responsabilidade, nas pequenas empresas estas estruturas são mais leves, atingindo-se o
princípio de uma pessoa, uma função, um nível de responsabilidade.
As estruturas organizacionais devem ser flexíveis e a organização deve ter a capacidade
de adaptação às realidades do mercado que se encontra em constante mutação. As áreas
de acção não se podem sobrepor, evitando assim responsabilidades indefinidas. Desta
forma. Torna-se fundamental saber, todo o momento e de forma clara, quem se ocupa
de quê, qual a responsabilidade assumida por cada um, quem dá as ordens e a quem se
deve prestar contas.
A organização também deve possuir critérios de avaliação do desempenho dos
colaboradores. Estes critérios devem ter em conta quer aspectos quantitativos como por
exemplos o ritmo de produção e critérios qualitativos como a qualidade do trabalho
realizado com os restantes, bem como a sua integração na cultura organizativa.
A segunda função empresarial constante do ciclo administrativo consiste na
organização empresarial.
Planeamento
Controlo e
Organização
avaliação
Direcção
Deve ainda ter-se em atenção que não existem duas empresas com a mesma
organização, pois tanto os recursos a forma de se relacionarem são diferentes e variam
de empresa para empresa.
Na organização empresarial, são de considerar quatro componentes essenciais:
Pessoas - cada pessoa é responsável por uma parte específica do trabalho global a
realizar na empresa.
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Trabalho - consequência directa da divisão das actividades desenvolvidas na empresa
o que conduz à especialização.
Órgão - agrupamentos de pessoas que desempenham actividades com características
similares ou perseguem objectivos semelhantes.
Relações - envolvendo as ligações entre:
Pessoas com o seu trabalho;
Pessoas de um departamento com outras de outro departamento da empresa;
Pessoas de empresa com outras fora da empresa.
Estrutura: modo como são combinados e relacionados, quer de forma horizontal quer
forma vertical, os recursos que a empresa tem ao seu dispor.
O conceito apresentado não é estático mas sim dinâmico, pois o gestor com os recursos
de que dispõe deve ser capaz de os adaptar permanentemente às políticas definidas para
a empresa.
Só com uma correcta organização é possível:
Tornar claras a autoridade e a responsabilidade das pessoas que trabalham na
empresa;
Estabelecer comunicação sem ruídos dentro da empresa;
Possibilitar tomadas de decisão correctas, adequadas e atempadas;
Conhecer os destinatários das actividades atribuídas;
Efectuar um correcto controlo na empresa.
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Criar a estrutura ideal para o correcto funcionamento da empresa;
Descrever os direitos, responsabilidades e qualidades exigidas para cada
tarefa ou conjunto de tarefas;
Preencher as funções quer com as pessoas existentes na empresa quer
recrutando-as no exterior, tendo em conta que o ideal será colocar a pessoa
certa no lugar certo.
2.3 A HIERARQUIZAÇÃO E A DEPARTAMENTALIZAÇÃO
Constate-se que é impossível uma só pessoa abarcar todas as actividades no seio de uma
empresa, daí que seja necessário delegar autoridade nos seus subordinados. Mas ao
confiar-lhes a execução de determinadas tarefas, exige-lhes, simultâneo, a
responsabilidade pela sua execução.
Há empresas onde existe mais delegação de autoridade do que outras, pelo que se
podem considerar vários tipos de estrutura.
Uma estrutura pode ser visualizada do ponto de vista vertical ou horizontal, daqui
resulta que existe hierarquização ou departamentalização.
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Contrato
Transporte
Recebimento
Armazenamento
Autorização
Exemplo:
Fluxograma simplificado de aquisição de um bem pelo departamento de compras.
Actividade Chefe do Fornecedor Conferente Apontador
departamento
Recebimento do pedido da
secção necessitada
Escolha do fornecedor
Autorização de compra
Nota de encomenda
Recebimento da mercadoria
Conferencia da mercadoria
b) Organigrama
Organigrama: gráficos estáticos, constituídos por rectângulo, quadros ou círculos,
ligados entre si por linhas horizontais ou verticais.
Todos os organigramas devem permitir visualizar de forma clara:
A estrutura hierárquica da empresa;
Aos órgãos que compõem a estrutura empresarial;
Por vezes, o nome das pessoas que chefiam esses órgãos.
Como cada empresa é um caso, não existe esse tipo de estrutura que se adapte a todas as
empresas. Assim, a estrutura deve ser elaborada em função dos seus objectivos, do seu
tamanho, da natureza dos produtos que fabrica, dos serviços que presta e das pessoas
23
que lá trabalham. No entanto, pode-se afirmar que em todas as empresas existem três
níveis hierárquicos básicos.
NÍVEL DE
DECISÃO
NÍVEL DE GESTÃO
NÍVEL DE EXECUÇÃO
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Dificuldades de colaboração entre os diferentes responsáveis do mesmo
nível hierárquico, pelo que é difícil trabalhar em espírito de unidade.
Conduz à autocracia provocando uma disciplina rígida e dificultando a
cooperação e a iniciativa pessoal.
Director geral
Director de Director de
Director de vendas Director financeiro
aprovisionamennto recursos humanos
ESTRUTUIRA FUNCIONAL
Ao contrário da estrutura linear, é caracterizado pela especialização de comandos e não
pela unidade de comando. Há especialistas que concentram os seus esforços numa
determinada área de actividades, isto é, indivíduos com elevada competência em
domínio bem delimitados. Assim, cada função é entregue a um especialista que tem
autoridade e controlo sobre a sua função particular.
A função do director geral é a de coordenação do trabalho dos especialistas, cabendo a
estes conduzir as diferentes actividades da empresa.
Argumentos a favor deste tipo de estrutura:
A especialização, centrada em pessoa com conhecimentos adequados para o
lugar a preencher;
Existe separação clara entre trabalho intelectual e trabalho manual
Permite a comunicação directa entre elementos especialistas e de níveis
hierárquicos inferiores, o que evita que a mensagem transmitida sofra
distorções.
Argumentos contra:
Não existe unidade de comando, o que faz com que o trabalhador possa
receber, em simultâneo, ordens e instruções de vários chefes;
É difícil determinar a extensão da autoridade e da responsabilidade de cada
indivíduo;
25
É difícil determinar entre elementos do mesmo nível hierárquico pode gerar
tensões e conflitos.
Director geral
Director de Director de
Director de vendas Director financeiro
aprovisionamennto recursos humanos
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Director geral
Advogado,
consultor, finanças,
etc.
2.3.1 DEPARTAMENTALIZAÇÃO
Sempre que se verifica a necessidade de efectuar uma especialização por actividades,
tendo em vista a melhoria da qualidade e da eficiência dentro do mesmo nível
hierárquico, ocorre a especialização horizontal, ou seja, a departamentalização.
Quer a especialização vertical que a horizontal, constituem formas de divisão do
trabalho, mas enquanto que pela especialização vertical se evidencia a divisão do
trabalho em termos de autoridade e responsabilidade, na especialização horizontal a
divisão do trabalho permite a criação de departamentos em que as tarefas
desempenhadas apresentam carácter de homogeneidade.
Os casos mais típicos de departamentalização são:
a) Departamentalização por produtos
A empresa é dividida de acordo com os produtos, os projectos ou programas que
desenvolve. Este tipo de estrutura possibilita:
Que a responsabilidade de cada departamentalização seja avaliada pelo sucesso
ou insucesso de cada bem produzido;
Que a preocupação básica esteja centrada no produto, permitindo a análise a
cooperação entre especialistas;
A inovação tendo em vista a obtenção do sucesso face a produtos similares.
No entanto, a departamentalização por produtos pode:
Gerar a especialização excessiva, na medida em que criar grupos de trabalho
virados para produtos particulares;
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Criar inseguranças nos trabalhadores, pois o insucesso do produto poderá
significar o desemprego.
Director geral
b) Departamentalização territorial
Nas empresas que utilizam este tipo de estrutura, as actividades estão agrupadas de
acordo com o local onde a empresa desenvolve o seu trabalho ou com a área em que a
empresa exerce a sua influência.
A departamentalização territorial permite a supervisão local e descentralizada, pelo que
as empresas comerciais de distribuição acham este tipo de estrutura bastante atraente.
Director geral
28
PROPOSTA DE TRABALHO
1- A origem das funções na empresa.
Quando uma empresa é de dimensão muito pequena, o respectivo chefe desempenha
todas as operações como a compra, a venda e produção, resolve os problemas
financeiros, contrata pessoal, etc. à medida que a empresa se vai desenvolvendo,
aumenta a carga de trabalho do respectivo chefe e este vê-se obrigado a confiar algumas
das suas actividades a colaboradores, que, em princípios, as executarão em melhores
condições. Um exemplo muito simples permite uma melhor compreensão da forma
como o empresário, mercê do aumento da carga de trabalho, vai delegando nos seus
colaboradores as várias funções empresarias.
Suponhamos uma empresa artesanal- uma alfaiataria. A principio, o alfaiate confecciona
fatos para determinados clientes com ajuda de um certo número de costureiros. É ele
que compra as fazendas, os forros, os botões e as linhas; talha os fatos, dirige as
empregadas na sua confecção, e prova aos clientes. O negócio começa a correr bem e
ele tem que contratar mais costureiras e um chefe de costureiras para dirigir e controlar
o trabalho das suas subordinadas. Passado algum tempo sente novamente a necessidade
de mais pessoal para dar vazão às encomendas que tem. Contrata mais costureiras, duas
chefes e empregados para cortar, orientados por um novo chefe, contrata um director
que dirige os chefes do corte e das costureiras e surge assim individualizada a função
técnica de produção mais o nosso alfaiate continua a comprar as fazendas, os forros, os
botões e as linhas, a vender os fatos, a contabilizar as entradas e saídas de dinheiro a
fazer pagamento aos operários e a contratar o pessoal.
O negócio continua a prosperar e o nosso homem pensa na hipótese de contratar um
contabilista, daí a algum tempo ao outro, e assim sucessivamente, até que pensa que o
melhor é entregar a parte da contabilidade e financeira (entrada de dinheiro através das
vendas e saídas com as compras, salários, rendas, impostos, etc..) a um outro
colaborador que contrata para este fim que será director financeiro, surgindo assim a
função financeira e contabilística. Porém, o alfaiate continua a fazer as compras das
fazendas, das linhas, dos botões e dos forros, a fazer as vendas e a contratar pessoal.
Como a empresa contínua acrescer ele já não consegue dominar o mercado, parece-lhe
que será conveniente arranjar quem lhe faça as vendas, pois não será possível encontrar
quem o faça com eficiência se não for interessado nos resultados. Contrata vendedores
com o chefe e como vê a necessidade do estudo do mercado, da criação de novos
29
produtos, etc., resolve entregar essa função a um novo director surgindo assim a função
venda ou comercial.
No entanto, continua a comprar e a contratar pessoal. É-lhe difícil delegar estas funções,
pois o próprio compra sempre melhor e ao contratar o pessoal dá uma certa
preponderância ou poder ao indivíduo.
A empresa a prosperar; tem um mercado vastíssimo de actuação e o empresário tem
forçosamente de delegar a função compra, mas mantem a do pessoal, visto que não
quer perder o domínio sobre o elemento humano que trabalha na sua empresa. A certa
altura, os problemas que surgem com o pessoal, são de natureza tão complexa (previsão
da necessidade de mais mão-de-obra, recrutamento do pessoal, a sua selecção, a
aprendizagem, formação e aperfeiçoamento, remunerações, apreciação do pessoal,
promoção e transferências, etc.), que o nosso homem não tem outro remédio se não
contratar um chefe de pessoal e, mais tarde, tornar essa função autónoma com a criação
do lugar do director de pessoal (recursos humanos).
E qual a função do nosso empresário? Certamente que a de supervisor, de director geral,
coordenando a actividade de todos os directores encarregados da produção, finanças,
vendas, compras e pessoal.
Pedidos:
a) Dê uma noção de “organização” e de “função”.
b) Porquê sentiu o empresário sentiu necessidade de transformar o seu processo
organizativo?
c) O que entendes por organigrama?
d) Construa um organigrama para esta empresa, no seu estado final.
e) Analise o tipo de estrutura obtido.
2- A sociedade de “Sabonetes S.A.” produz sabonetes obtendo massa de sabão e
glicerina. Compra olhos gordos e sodas cáustica, mistura-os em cubas aquecidas,
obtendo massa de sabão e glicerina. Esta é, de seguida, vendida e a massa de sabão é
seca dando lugar a sabão em palhetas. A este junta-se perfume e, após moldagem desta
mistura, resultam sabonetes que, de seguida são adicionados e embalados.
Para conseguir realizar este processo produtivo a empresa possui:
Um armazém de matérias primas;
Um armazém de produtos acabados;
Um serviço administrativo;
30
Um serviço de aprovisionamento;
Um armazém de perfumes.
Pedido: elabore um organigrama que sirva de base à estrutura empresarial desta
sociedade.
2. A “Cerâmica do Norte, Lda.”, é uma empresa que se dedica à produção de azulejos,
lisos e decorados, de igual dimensão. Dispões de uma unidade industrial no norte do
país onde se encontram também os restantes serviços da empresa. Os órgãos que
asseguram o desempenho das diferentes funções estão escalonados por níveis
hierárquicos, que são os seguintes:
Direcção de aprovisionamento
Direcção de produção
Direcção comercial
Direcção administrativa e financeira.
Pedido: Elabore um organigrama que sirva de base à estrutura empresarial, desta
sociedade.
3. Trabalho em grupo
Construam o organigrama de funcionamento da escola. Após a sua elaboração
deverão proceder à sua análise identificando o tipo de estrutura adoptado.
31
CAPÍTULO 3- O APROVISIONAMENTO
CONTEÚDO
3.1- A organização das compras
3.2 A gestão dos stocks
3.3- O serviço de transportes
Proposta de trabalho
OBJECTIVOS
Dar uma noção de aprovisionamento.
Conhecer as áreas de actividade.
Deduzir a importância do aprovisionamento de empresa.
Conhecer as funções principais de um departamento de compras.
Enumerar as fases de realização de uma compra.
Analisar o processo de armazenamento.
Determinar o valor do lote económico.
Avaliar a importância da curva ABC como método de gestão.
Interpretar curvas ABC.
Deduzir a importância de um serviço de transportes na empresa.
32
3.1 A ORGANIZAÇÃO DAS COMPRAS
3.1.1 Introdução
Aprovisionamento - conjunto de actividades que têm por finalidade o abastecimento,
em tempo oportuno, de todos os bens e serviços necessários ao funcionamento regular
da empresa, na qualidade desejada, sempre ao menor custo possível.
Preço - ter em atenção que preço baixo significa, em geral, baixa qualidade mas
preços elevados não são garantia de qualidade.
Data de aquisição - é fundamental para evitar que a empresa fique com stocks
demasiadamente elevados, ou esgote os stocks.
33
Ruptura de stocks;
Grandes locais de armazenagem que provocam custos elevados de
manutenção;
Pessoal desnecessário para fazer a gestão dos stocks;
Elevados custos administrativos.
A função de aprovisionamento abrange, fundamentalmente, as seguintes
áreas de actividade:
As compras – o serviço de compras procura de forma contínua e dinâmica
obter, quer no mercado interno quer no mercado externo, bens nas melhores
condições possíveis.
O armazenamento – abrange as actividades físicas e administrativas tendo em
vista não só minimizar a possibilidade de deterioração, acidente e roubo dos
bens também racionalizar a sua movimentação.
A gestão dos stocks – tem em vista a manutenção das existências de modo a
manter o abastecimento regular da empresa ao menor custo em condições
óptimas.
Os transportes – têm como finalidade a movimentação rápida. Segura e
económica de todos os bens necessários ao abastecimento da empresa.
34
3.1.3 Etapas de realização de uma compra
1ª- constatação da necessidade de compra
Constatada a necessidade de comprar bens em qualquer departamento da empresa, este
deverá emitir uma requisição de materiais assinada pelo chefe do departamento,
especificando a quantidade e qualidade dos bens a adquirir.
A aquisição é emitida pelo menos em duplicado, seguindo o original para o serviço de
compras e ficando o duplicado na posse do departamento requisitante para que possam
comprovar se o material que pediram é igual ao que irão receber.
35
O departamento de recepção – recebe e compara os bens chegados com os
registos constantes da Guia de remessa e da Nota de encomenda. As
anormalidades verificadas deverão ser comunicadas ao serviço de compras.
O departamento de compras – recebe a guia de remessa dos serviços de
recepção, junta-se com a Nota de encomenda até à chegada da Factura. A
Factura, é conferida pelo serviço de compras e procede ao pagamento da
importância em dívida, e efectua o seu registo.
O departamento de contabilidade –tem por missão o controlo da factura para
posterior pagamento do valor em dívida.
Departamento
requisitante
5 4
Secção de Armazém de
Contabilidade
compras compras
2
6 3
Fornecedor
Legenda:
1 Requisição 4 Recepção e
conferência
2 Encomenda 5 Registo da
factura
3 Remessa de bens 6 Pagamento da
factura
36
3.2 A GESTÃO DOS STOCKS
3.2.1 A GESTÃO MATERIAL DE STOCKS
A gestão de stocks de uma empresa pode ser analisada segundo três ópticas:
A gestão material;
A gestão administrativa;
A gestão económica.
Assim, para que exista uma eficaz gestão são necessários armazéns que
devem:
Estar localizados próximo dos locais se recebimento dos bens;
Estar situados próximo dos departamentos que servem;
Permitir um fácil acesso aos bens armazenados;
Estar construídos e equipados, de tal maneira que os bens armazenados estejam
protegidos de incêndios, roubos e deteriorações.
Deve ainda ter-se em conta que o lugar onde os bens são guardados deve estar
preparado para que:
Os bens mais pesados sejam sempre colocados em lugares baixos, para se evitar
que sejam erguidos;
Os locais de armazenamento sejam convenientemente explicitados, de
preferência num diagrama, de forma a que os bens sejam facilmente
localizáveis;
37
Os stocks mais antigos estejam arrumados à frente dos mais recentes, de forma a
poderem ser primeiramente utilizados;
As vias de circulação no interior do armazém sejam de tal modo amplas que as
pessoas, os bens e os veículos transportadores circulem em segurança;
Se minimizem os percursos, para se evitarem custos de circulação
desnecessários.
38
a. Guia de entrada
Estabelecimento de um registo de entradas se existências com base nas requisições
dos serviços ou da secção das vendas e que deve conter entre outros, os seguintes dados:
GUIA DE ENTRADA
Encomenda n°--------------- Guia de entrada n°----------------------
Completa Data-----/-------/--------
Não completa
Código Designação Quantidade Existência
Recebida Aceite
b. Guia de saída
É preenchida com base na guia de saída do fornecedor, podendo apresentar os
seguintes dados:
GUIA DE SAÍDA
Encomenda n°--------------- Guia de entrada n°----------------------
Completa Data-----/-------/--------
Não completa
Código Designação Quantidade Existência
Recebida Aceite
39
d. Fichas de armazém
Escrituradas, em quantidade, de acordo com as diferentes espécies de bens
existentes em armazém.
FICHA DE ARMAZÉM
Artigo: Critério:-----------------
--
Data Descrição Entrada Saída Existência
Quant. P.U Import. Quant. P.U Import. Quant. P.U Import.
Ficha de stock
Registo de saídas
Requisições
40
Sobre a entrada de stocks - tarefa mais consistente, pois a empresa poderá
prever não só o volume de cada encomenda, mas também a cadências das
entregas.
A gestão económica do stock - actividade que tem como objectivo racionalizar o
tratamento dos stocks de modo a que seja mínimo o custo de aquisição e
manutenção e máxima a rentabilidade obtida com o seu uso.
Em resumo, as principais preocupações de um serviço de gestão de stocks
incidem sobre:
A vigilância do nível de stocks;
O momento de renovação de stocks.
Para se efectuar uma correcta gestão económica dos stocks há que ter em
conta:
A previsão dos consumos;
Os prazos de abastecimento;
O nível de preços;
O custo de efectivação de cada encomenda;
O custo de transporte;
O custo em armazém.
Lote económico: quantidade de cada bem a comprar ao menor custo total e no
momento oportuno.
Custo em armazém: valor líquido da factura + despesas de transporte + despesas
de efectivação da encomenda + custo de posse do stock.
Para se determinar o momento de aquisição e a quantidade a encomendar em cada
encomenda há que calcular o lote económico. A sua determinação é baseada em
previsões quer das quantidades a utilizar nos últimos períodos quer dos custos dos
artigos em armazém.
O valor da factura é o que consta do documento de liquidação que é a factura.
As despesas de transporte são as que a empresa tem de suportar para ter os bens nos
seus armazéns.
As despesas de efectivação da encomenda abrangem todas as despesas a suportar
pela empresa, quando para renovar o seu stock tem de efectivar uma nova
encomenda. Entre estas despesas há a considerar:
O custo de funcionamento do departamento de compras;
41
O custo com a recepção, ensaios e análises dos bens adquiridos;
As despesas com os serviços de contabilidade;
Os custos com a documentação a emitir.
42
Como em 30/4 o stock deste artigo estará esgotado, dando-se a ruptura de stock, a
empresa deverá reconstituir o seu stock antes do final de 30/4 para evitar que o stock
fique nulo com todas as consequências negativas que daí advêm.
Vamos supor que a empresa repõe sempre os seus stocks para o nível anterior um
mês antes dos mesmos se esgotarem.
A representação gráfica de tal situação mostra-nos uma linha a que sugestivamente
se chamou Cuva em dentes de serra.
Esta representação gráfica permiti-nos ainda a obtenção de dois novos conceitos:
Stock de segurança ou stock de protecção(Ss) que, no exemplo apresentado, é de
150 unidades, e que tem por finalidade evitar a ruptura do stock.
Stock activo (Sa) que, no exemplo, pode variar de 150 a 600 unidades.
RESOLUÇÃO MATEMÁTICA:
2𝑄 ∗ 𝐷
𝐸=√
𝐶
Onde:
Q- Número de unidades a encomendar por ano;
E- Número de artigos por encomenda (lote económico);
D- Despesas de passagem por encomenda;
C- Custo de posse por unidade encomendada.
44
No exemplo apresentado teríamos:
𝟐 ∗ 𝟐𝟒𝟎𝟎 ∗ 𝟐𝟎𝟎𝟎
𝑬=√ = √𝟏𝟔𝟎𝟎𝟎𝟎 = 𝟒𝟎𝟎 𝒖𝒏𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆𝒔
𝟔𝟎
Do que atrás se disse verifica-se como é importante a empresa vigiar os seus stocks.
Com base nos dados apresentados é possível fazer-se a seguinte representação
gráfica tendo a curva obtida recebido o nome de curva ABC.
Da análise da curva resulta que:
Os bens do grupo A requerem uma gestão rigorosa e uma vigilância muito
frequente;
Os artigos do grupo B requerem uma gestão menos rigorosa que os bens do
grupo A. A sua vigilância ainda deve ser cuidada, mas pode ser menos
frequente;
Os artigos do grupo C requerem uma gestão abranda devido ao fraco valor dos
investimentos aplicados. Uma gestão mais intensa poderia acarretar custos de
segurança elevados, devido ao facto do seu custo unitário ser bastante baixo.
45
No caso de compra de bens, o serviço deverá especificar o meio de transporte a
utilizar e, simultaneamente, controlar o andamento e o recebimento dos bens
transportados.
A escolha do meio de transporte utilizado pela empresa depende, fundamentalmente,
da urgência, da segurança ou do custo desse meio de transporte.
Compete-lhe ainda averiguar se:
As quantidades e os preços das tarifas dos bens transportados estão correctos;
A rota utilizada pela empresa transportadora é a adequada;
Os custos totais apresentados na factura da companhia transportadora estão
correctos.
46
PROPOSTAS DE TRABALHO
47
O custo de lançamento de cada encomenda 2500kz
O custo de posse de cada unidade em armazém 100kz
O stock de segurança 600 unidades
Pedidos:
a. Calcule o lote económico deste bem.
b. Apresente o gráfico em dentes de serra marcando os respectivos pontos de
encomenda.
c. Elabore o gráfico dos diferentes custos suportados pela empresa com a matéria-
prima Beta.
48
CAPÍTULO 4- O CONTRATO DE COMPRA E VENDA
CONTEÚDO
4.1- Noção de contrato
4.2- Requisitos dos contratos
4.3- Garantias de cumprimentos dos contratos
4.4- Contrato de compra e venda
Propostas de trabalho
OBJECTIVOS
Definir direito
Conhecer os ramos do Direito
Distinguir Direito Civil de Direito Comercial
Definir lei
Definir contrato
Conhecer os requisitos dos contratos
Conhecer as garantias do cumprimento dos contratos
Distinguir fianças, de penhor e de hipoteca
Descrever os intervenientes do contrato de compra e venda
Conhecer a documentação de suporte do contrato de compra e venda
49
4.1 NOÇÃO DE CONTRATO
Para as relações sociais se desenvolverem em equilíbrio e harmonia, de forma a que a
sociedade possa subsistir e evoluir, é necessário criar normas.
Há normas como as morais, religiosas, de cortesia, etc, que visam melhorar a
convivência do grupo sem serem impostas pelo estado, outras há que são indispensáveis
para que haja equilíbrio e organização na sociedade, limitando a liberdade de alguns
para o benefício de todos. São as normas Jurídicas.
Nos princípios da humanidade não existia a norma jurídica escrita mas sim uma série de
normas que tinham a ver com o costume e, como tal, eram impostas aos indivíduos.
Com a evolução da Humanidade, as normas jurídicas passaram a ser escritas, sugerindo
a Lei como fonte geradora do Direito.
Todas as leis apresentam três características fundamentais:
Generalidade- a lei aplica-se a todos.
Obrigatoriedade- a lei é imposta aos cidadãos, pelo Estado.
Coercibilidade- o não cumprimento da lei implica uma sanção (multa, prisão,
indemnização, etc.).
Normas: regras de conduta que terminam o que deve ou não acontecer e que foram
criadas pela vontade conjunta de diferentes pessoas socialmente unidas entre si.
Normas Jurídicas: normas impostas pelo estado e que, como tal, são obrigatórias e
coercivas.
Lei: é uma norma jurídica escrita.
Direito: é um conjunto das leis.
O Direito é apenas um, mas o desenvolvimento da sociedade conduzir a uma
vastidão de normas jurídicas. Assim surgiu a necessidade de dividir esta área em
diversos ramos:
Direito público - regula a organização geral do estado e as relações que se
estabelece entre este os particulares, intervindo o primeiro numa posição de
soberania. Exemplos: Direito constitucional, administrativo, fiscal, processual.
Direito privado - regula as relações jurídicas que se estabelecem entre os
particulares ou entre particulares e o Estado intervindo este numa posição de
igualdade.
Direito civil - regula as relações entre as pessoas em questão de propriedade e
de direitos puramente individuais.
50
Direito comercial - regula os actos de comércio, sem que seja necessário serem
praticados por comerciantes.
À compilação, de forma sistematizada, de um conjunto de leis relativas a cada um dos
ramos do Direito dá-se o nome de Código.
51
4.1 CONTRATO DE COMPRA E VENDA
5.4.1 Noção
Contrato de bilateral em que uma das partes (o vendedor) tem a obrigação de entregar o
bem ou ceder o direito sobre algo e o direito a receber o preço. A outra parte (o
comprador) tem o direito a receber o bem ou direito sobre algo e a obrigação de entregar
o preço. Assim, constituem efeitos do contrato de compra e venda:
A transmissão de propriedade da coisa ou da titularidade do direito (do vendedor
para o comprador).
A obrigação de vendedor entregar a coisa.
A obrigação de o comprador pagar o preço.
Bens/director
Vendedor Preço Comprador
Este contrato pode ter natureza civil ou comercial conforme a intenção com que é
celebrado.
São consideradas comerciais:
As compras de coisas móveis para revenda ou simplesmente para lhes alugar
o uso;
A venda de coisas móveis e de títulos de crédito negociáveis quando a
aquisição é feita na intenção de as revender;
As compras e revendas de bens imóveis ou direitos a eles inerentes, quando
as compras foram efectuadas no intuito da respectiva revenda;
As compras e vendas de quotas ou de acção de sociedade comerciais.
Exemplos de contratos de compra e venda com natureza comercial:
As compras feitas pelos armazenistas ou retalhistas de artigos para vendas.
A compra, por um stand de automóveis, de um veículo usado a um particular
desde que o mesmo se destine a ser vendido.
A compra de título da dívida pública com a intenção de os revender.
A venda de bens móveis e imóveis quando a compra foi efectuada na
intenção de os vender.
A compra e venda de quotas ou acções de sociedades comerciais, não
interessado a sua intenção.
52
Não são consideradas comerciais:
As compras de coisas móveis destinadas ao uso ou consumo do comprador
ou família e as revendas que desses objectos se venham a fazer;
As vendas que o proprietário ou explorador rural faça de produtos de
propriedade sua ou por ele explorada e do género em que lhe houverem sido
pagas quaisquer rendas;
As compras que os artistas, industrias, mestres e oficiais de ofícios
mecânicos, que exercem directamente a sua arte, industria ou ofício, fizerem
de objecto para transformarem ou aperfeiçoarem nos seus estabelecimentos e
as vendas de tais objectos que fizerem depois de transformados ou
aperfeiçoados;
As compras e vendas de animais feitas pelos criadores ou engordadores.
Exemplos de contratos de compra e venda de natureza civil:
A compra de uma viatura, para uso pessoal, a um particular que a havia
comprado para utilizar.
As vendas efectuadas pelos agricultores de bens relativos à sua exploração.
As vendas de obras de arte realizadas por artistas plásticos.
De uma maneira geral, poder-se-á dizer que o contrato tem natureza civil quando:
O objecto comprado tenha por fim o consumo ou uso do comprador ou
família, desde que o vendedor não tenha comprado o objecto com a intenção
de o revender;
O objecto vendido tenha sido adquirido pelo vendedor para uso pessoal e
não haja intenção do comprador de o revender.
1 Encomenda
Vendedor 2 Entrega Comprador
3 Liquidação
4 Pagamento
53
1- Encomenda – proposta de compra por parte do comprador.
2- Entrega – envio de mercadoria ao comprador.
3- Liquidação – fixação do preço a pagar pelo comprador.
4- Pagamento – entrega pelo comprador da importância fixada.
De referir que, muitas vezes, as quatro fases se processam em simultâneo, como
acontece, por exemplo, quando, num estabelecimento, adquirimos determinado bem e o
pagamos imediato.
1- Encomenda
Nesta fase, o comprador faz ao vendedor uma proposta de compra, indicando a
natureza, quantidade da mercadoria que pretende adquirir, podendo ainda indicar outras
condições, tais como local e data de entrega, fixação do preço, forma de pagamento, etc.
À vista;
Por catálogo;
Escolha da Por amostra;
Mercadoria Por análise;
Por tipo
determinado.
Encomenda Por marca
A esmo, em
bloco ou por
Indicação de partida inteira;
quantidade Por peso,
conta e
medida.
A quantidade da mercadoria
A escolha da quantidade da mercadoria, propriedade que a distingue das outras, é
condição essencial para se adquirir o que se pretende. Quanto a este aspecto são,
normalmente, usadas as seguintes modalidades:
À vista – quando a escolha é feita na presença das mercadorias e, vendo-as,
pode-se escolher aquela que corresponde à quantidade pretendida
(examinando-a, experimentando-a ou provando-a).
Por catálogo – quando a escolha é feita através de catálogos que
referenciam as características das mercadorias a transacionar. Ex.: tintas,
livros, loiças, etc.
54
Por amostra – quando a escolha é feita através de pequenas porções de
mercadoria de qualidade exactamente igual á da mercadoria a transacionar.
Ex.: perfumes, tecidos, medicamentos, etc.
55
Imediata A ponto A
Época ou data Prazo
Fraccionada
Entrega Forma
Condicionada
Local
No domicílio ou For/Fot
no armazém do
vendedor Faz
No domicilio ou Fob
no armazém do Cif
comprador
Num terceiro
lugar
56
Condicionada – quando a entrega está dependente da ocorrência de um
determinado facto como, por exemplo, a chegada do navio que transporta a
mercadoria
Relativamente ao local de entrega das mercadorias, a sua indicação de máxima
importância, para conhecer:
Quem deve suportar as despesas de transporte;
Quem fica responsável pelos ricos (roubos, deterioração, etc) da mercadoria
durante o transporte;
Qual o preço que o vendedor deve cobrar pela mercadoria (se deve incluir ou
não o transporte seguro).
Sempre que o local de entrega não seja fixo, a entrega deverá ser feita no domicílio do
vendedor, o que implica que o comprador assuma, a partir daí, todas responsabilidades
(despesas de transporte e respectivo risco).
Quanto ao local de entrega, as modalidades mais frequentes são as que constam no
esquema seguinte.
No domícilio do vendedor, o
comprador assume todas as suas
despesas e riscos de transporte
Comércio a
retalho No domícilio do comprador, todas
as despesas e riscos são por conta
do vendedor
Comércio interno
nacional
No armazém do vendedor, todas
as despesas e riscos de
transporte são por conta do
comprador
Indicação de
No armazém do comprador,
quantidade
todas as despesas e riscos são
por conta do vendedor
57
No que se refere ao comércio internacional é frequente a utilização de termos
internacionais incoterms para definir os custos, riscos e responsabilidade do comprador
e vendedor.
Os termos existentes vão desde a situação em que o vendedor é responsável por tudo até
ao outro extremo em que é o comprador responsável.
No comércio terrestre internacional, o termo mais utilizado é Ferroviário.
F.O.R-Fre on rail (livre sobre vagão) - o vendedor deverá colocar a mercadoria,
livre de qualquer encargo para o comprador, sobre o vagão no local de embarque
designado no contrato de compra e venda. A seguir a expressão F.O.R. é sempre
indicado o local de embarque.
No que respeita ao comércio marítimo internacional são de considerar os seguintes
termos:
F.A.S.-Fre alongside ship (livre ao lado do navio) -o vendedor deverá colocar a
mercadoria, livre de qualquer encargo ao lado, do navio sobre o cais, no porto
de embarque convencionado.
Despesas por conta do vendedor: embalagem + carreto + frete + despacho + tráfego
portuário do porto de embarque.
Despesas por conta do comprador: estiva + seguro + frete + destiva + tráfego
portuário + despacho + carreto.
F.O.B. - fre on board (livre a bordo do navio no porto de embarque) -o
vendedor deverá colocar a mercadoria a bordo do navio no ponto de embarque
designado no contrato compra a venda. A seguir a expressão F.O.B. deve ser
sempre mencionado o porto de embarque.
Despesas por conta do vendedor: embalagem + carreto + tráfego portuário + fretagem
+ estiva.
Despesas por conta do comprador: seguro + frete + descarga + tráfego portuário do
porto do destino + despacho + carreto.
G.I.F. - Cost, insurance and freight (livre a bordo no porto destino) - o
vendedor deverá colocar a mercadoria, livre de qualquer encargo a bordo do
navio no porto de destino. Depois do termo C.I.F. deve ser indicado o porto do
destino.
58
Despesas por conta do vendedor: embalagem + carreto + despacho +tráfego portuário
+ estiva + seguro + frete.
Despesas por conta do comprador: descarga + tráfego portuário + porto do destino +
despacho +carreto.
No que respeita ao transporte aéreo, a modalidade mais utilizada é F.O.B. - AirportAs
despesas por conta do comprador e do vendedor são análogas as do F.O.B.
3-Liquidação
Nesta fase, o vendedor procede ao cálculo do preço da mercadoria a entregar pelo
comprador quando efectuar o pagamento. A determinação da importância total (custo da
mercadoria) a entregar pelo comprador é condição essencial para a viabilidade do
contrato, pois, como se sabe, o comprador é obrigado a entregar o preço.
Algumas vezes, o termo liquidação é utilizado no sentido de pagamento porque estas
duas fases ocorrem simultaneamente, como acontece nas vendas em que o pagamento é
imediato. Todavia, é fácil de identificar a diferença entre estes dois conceitos nas
vendas com o pagamento a prazo, em a liquidação terá de proceder o pagamento.
Na compra e venda comercial, a moeda é o bem que serve para fixação de preço, pelo
que se deverá ter em consideração a espécie de moeda a utilizar, a forma de determinar
a respectiva quantidade e as possíveis reduções.
4-Pagamento
Nesta última fase, o comprador realiza a entrega do preço fixado ao vendedor. Deste
preço podem constar, para além do preço da mercadoria, certas despesas, tais como
transporte, seguro, etc. Quando tais despesas forem por conta do comprador e tiverem
sido pagas pelo vendedor.
Preço a pagar = Preço de mercadoria + despesas com a entrega
59
As condições mais vulgarmente conhecidas para o pagamento são as seguintes:
Antecipado
Imediato
Quanto à data ou
época A ponto
A dinheiro
A prazo
Pagamento
A termo
A contra
No documento
domicilio do vendedor
No domicilio do comprador
Quanto ao local
Num terceiro lugar
60
Pagamento a termo – geralmente, é utilizado nas compras e vendas realizadas
na bolsa e consiste em o vendedor e o comprador se obrigarem a entregar e a
pagar a mercadoria decorrido determinado prazo sobre a realização do contrato.
Pagamento contra-documentos - quando é efectuado na altura da recepção de
determinando documento enviados pelo vendedor que assegurem a propriedade
da mercadoria. Esta modalidade é usada no comércio internacional e os
documentos podem revestir a seguinte natureza: conhecimento do embarque,
guia de transporte e certificado de origem.
61
PROPOSTAS DE TRABALHO
1. Suponha o contrato realizados entre as seguintes formas:
Vendedor (armazenista) – Empresa de “Equipamentos, Lda.”
Sede: Rua do Comércio. 625, Luanda
Contribuinte n.º 501607004
Capital social: 500 000 kwanzas
Conservatória do Registo Comercial de Luanda. N.º 15623
Transacção comercial:
10 computadores “PHILIPS” a 350 000 kz/ cada
50 máquinas de calcular “Casio” a 5 000 kz/ cada
Condições:
Entrega no armazém do comprador
Desconto de revenda de 4%
Pagamentos 60 dias da factura
Devolução e reclamação no prazo de 4 dias
Pedidos:
a) Defina o contrato celebrado e indique os seus efeitos.
b) Refira os direitos e obrigações inerentes a cada um dos contraentes.
c) Indique a natureza do contrato e dê exemplos de um contrato de compra e venda
de natureza civil.
d) Exponha as fases contrato de compra e venda.
e) Relativamente ao local de entrega, indique por conta de quem ocorrem as
despesas respeitantes a transacção.
f) Calcule o desconto mencionado.
62
2. O senhor B deu como garantia de cumprimento de um contrato, celebrado com o
senhor A, determinadas joias que possuía.
a) Que espécie de garantia tem o senhor A? Caracterize-a.
b) Se B não cumprir com a sua obrigação, exponha, justificando, o que acontecerá?
3. Imagine um contrato em que A empresta B, a 380 000 kz, devendo B restituir a
quantia emprestada em 25/02/n.
a) Exponha em que consiste o contrato e porque o contrato referido é bilateral.
Dê exemplos de um contrato unilateral.
b) Indique os direitos e obrigações dos contraentes.
c) Suponha que A é menor, o contrato será considerado válido? Justifique
d) Distinga as incapacidades que apenas produzem efeitos depois de o tribunal
as declarar.
e) Refira, justificando, que acontece se B não cumprir a obrigação no prazo
estabelecido.
4. Suponha que B, ao contrair o empréstimo atrás referido, deu como garantia o
proprietário C.
a) Que espécie de garantia tem A? Caracterize-a nos seus aspectos
fundamentais.
b) Se B não cumprir a obrigação, exponha, justificando, o que acontecerá.
5. Suponha que B, ao contrair o empréstimo atrás referido, deu como garantia um
terreno que possuía.
a) Que espécie de garantia tem A? Caracterize-a.
b) Se B não cumprir a obrigação, exponha, justificando, o que acontecerá.
63
CAPÍTULO 5- A EMPRESA INDUSTRIAL
CONTEÚDO
5.1- Funções e divisões da contabilidade
5.2- O património
5.3- O balanço
5.4- A conta
Propostas de trabalho
OBJECTIVOS
Conhecer a evolução da contabilidade
Descrever as funções da contabilidade
Distinguir contabilidade financeira de contabilidade analítica
Dar uma noção de conta
Agregar os elementos patrimoniais em conta
Conhecer o conteúdo das principais contas
Distinguir activo, passivo e de capital próprio
Elaborar balanços
64
5.1 FUNÇÕES E DIVISÕES DA CONTABILIDADE
5.1.1 Funções da contabilidade
65
Conhecer, com maior exactidão possível, os custos por que os produtos ficaram
â empresa;
Determinar, com base nos preços de custo, o preço de venda dos produtos;
Determinar a quantidade, qualidade e valor das matérias a adquirir e a consumir
ou das mercadorias a adquirir;
Analisar, comparativamente, a produtividade dos trabalhadores da empresa com
a das outras empresas similares.
66
Contabilidade analítica/ objectivos:
Fornecer oportunamente os custos totais e unitários dos produtos
resultantes da actividade laboral da empresa;
Hierarquizar responsabilidades no seio da empresa, uma vez que é
possível dividi-las em secções, cada uma funcionando como um centro
de custos próprios;
Levar a cabo estudos economicidade e rentabilidade, não só internos,
mas também de comparação com outras empresas do mesmo ramo de
actividade;
Ser um precioso auxiliar de gestão empresarial, habilitando-se a tornar
decisões mais esclarecidas, rápidas, seguros e eficazes.
5.2 O PATRIMÓNIO
5.2.1 Os elementos patrimoniais
Será que a empresa possui um património? É evidente que sim, uma vez que a
empresa é um ente com uma individualidade própria e a composição do seu
património é um espelho da actividade a que se dedica.
Supondo que a empresa “Helena & Zacoeiro, Lda.”, possui o seguinte património
em 1 de Janeiro de n (valores em kwanzas):
- Moedas em caixa------------------------------------------------------------------- 100.000
- Dívida do cliente “David Machado, Lda.”-------------------------------------- 250.000
- Depósito do cliente no Banco de Angola------------------------------------- 500.000
- Dívida à Fábrica de Sapatos “A Moderna, SA.”------------------------- 3.100.000
- Dívida do cliente “Sapataria Elegante, Lda.”-------------------------------- 200.000
- Sapatos e carteiras na loja----------------------------------------------------- 5.040.000
- Maquinaria para escritório---------------------------------------------------- 1.100.000
- Depósito, a prazo, no Banco de Angola--------------------------------------- 720.000
- Ferramentas-------------------------------------------------------------------- 250.000
- Dívida ao Fornecedor “A. Batuca, Lda.”------------------------------------ 7.050.000
- Carrinha-------------------------------------------------------------------------- 3.400.000
- Mobiliário------------------------------------------------------------------------ 870.0000
- Quota na sociedade “David & Costa, Lda.”----------------------------------- 1.120.000
- Empréstimo obtido no Banco de Angola, a liquidar dentro de 2 anos ---- 4.200.000
67
- Notas em caixa---------------------------------------------------------------------- 10.000
- Trespasse----------------------------------------------------------------------------- 500.000
- Acções adquiridas para revenda-------------------------------------------------- 180.000
- Dívida à Caixa de Providência----------------------------------------------------300.000
- Edifício--------------------------------------------------------------------------- 8.500.000
68
O conjunto de bens, direitos e obrigações que a empresa possui em determinado
momento constitui o seu património. Trata-se, como vimos, de um conjunto
bastante heterogéneo, mas que apresentam três características agregadoras.
São redutíveis a valores monetários;
Estão afectos a mesma gestão;
Estão referidos a uma determinada data.
Património: conjunto de bens, direitos e obrigações de uma empresa em determinada
data, devidamente valorados e utilizados para atingir determinados objectivos.
No que respeita à empresa “Helena & Zacoeiro, Lda.”, atrás referida, os seus
elementos patrimoniais, em 1 de Janeiro de n, agregam-se nas seguintes contas:
ACTIVO
Elementos patrimoniais Titulo da conta Observações
g) Maquinaria do escritório Imobilizações Corpóreas Estamos perante elementos
i) Ferramentas Imobilizações Corpóreas patrimoniais materiais ou
s) Edifício Imobilizações Corpóreas intangíveis, que se destinam a
k) Carrinha Imobilizações Corpóreas permanecer na empresa, por
69
um prazo superior a um ano e
l) Mobiliário do escritório Imobilizações Corpóreas que são indispensáveis à sua
actividade operacional
São igualmente elementos
patrimoniais que se destinam
a permanecer na empresa, por
Imobilizações
p) Trespasse um prazo superior a um ano.
Incorpóreas
São, no entanto, elementos
patrimoniais abstractos ou
intangíveis.
Neta conta representam-se
participações de capital da
nossa empresa noutras
m)Quota na sociedade empresas, aquisições de
Investimento Financeiro
“Daniel & Costa, Lda.” títulos ou outros
investimentos de natureza
financeira com carácter de
permanência.
70
Nesta conta e numa empresa
comercial apresentam-se os
elementos patrimoniais
activos, adquiridos para
serem vendidos e que se
encontram, em geral, no seu
armazém ou no local de
f) Sapatos e venda. São as suas
Mercadorias
carteiras na loja existências. Numa empresa
industrial, as existências
seriam constituídas por
matérias-primas, matérias
subsidiarias, produtos
acabados e intermédios,
subprodutos, desperdícios,
resíduos e refugos
c) Divida de Nesta conta, apresentam-se as
cliente “ David Clientes dividas dos clientes à
Machado, Lda.” empresa, em virtude de venda
g) Divida de de bens ou da prestação de
cliente “ serviços que se lhes fez.
Clientes
Sapataria
Elegante, Lda.”
Nesta conta, incluem-se os
fundos que a empresa aplica,
nomeadamente em acções e
q) Acções adquiridas para
Títulos Negociáveis obrigações, com o objectivo
revendas
de as revender a curto prazo.
São, pois, aplicações de
tesouraria.
Nesta conta, incluem-se os
g) Dinheiro a prazo no
Depósito a Prazo fundos que a empresa coloca
Banco de Angola
a prazo nas instituições de
71
crédito.
Nesta conta, representam-se
meios líquidos de pagamento
c) Dinheiro à ordem no que são pertença da empresa
Deposito à Ordem
Banco de Angola e se encontram depositados à
vista em instituições de
credito.
a) Moedas em caixa Caixa Representam-se nesta conta
os meios líquidos de
pagamento, tais como notas,
moedas, cheques e valores
o) Notas em caixa Caixa
postais que são propriedade
da empesa e se encontram
nos seus cofres.
PASSIVO
Elementos patrimoniais Titulo da conta Observações
a) à Fábrica de Esta conta serve para nela
Sapatos “A Fornecedores se agrupar todas as dívidas
Moderna, SA da empresa por aquisição
de bens e serviços com
j) Dívida ao Fornecedor “ excepção dos que se
Fornecedores
A. Batuca, Lda.” adquirem e se destinam ao
imobilizado
É a conta onde se registam
ao Estado, Autarquias e
r) Dívida à Caixa de Instituições de Previdência,
Estado
Providência vulgarmente impostos,
taxas e contribuições para a
Segurança Social.
n) Empréstimo obtido no Esta conta serve para
Empréstimos
Banco de Angola registar os empréstimos que
72
a empresa obtém com
excepção dos que provém
dos sócios da empresa.
Imobilizações Corpóreas
- Maquinaria para escritório---------------------------------------------------- 1.100.000
- Ferramentas-------------------------------------------------------------------- 250.000
- Carrinha-------------------------------------------------------------------------- 3.400.000
- Mobiliário------------------------------------------------------------------------ 870.0000
- Edifício--------------------------------------------------------------------------- 8.500.000
14.120.000
Investimentos financeiros
Quota na sociedade “Daniel & Costa, Lda.”-------------------------------------- 1.120.000
Mercadorias
Sapatos e carteiras----------------------------------------------------------------- 5.040.000
Clientes
“David Machado, Lda.”----------------------------------------------------------- 250.000
“Sapatos Elegantes, Lda.”-------------------------------------------------------- 200.000
450.000
Títulos negociáveis
Acções adquiridas para revendas----------------------------------------------------- 180.000
73
Depósitos a prazo
Banco de Angola----------------------------------------------------------------------- 720.000
Deposito à Ordem
Banco de Angola----------------------------------------------------------------------- 500.000
Caixa
Moedas em caixa ---------------------------------------------------------------------- 100.000
Notas em caixa------------------------------------------------------------------------- 10.000
110.000
Total do activo ---------------------------------------------------------------------- 22.740.000
PASSIVO
Empréstimos
Banco de Angola----------------------------------------------------------------------- 4.200.000
Fornecedores
“A. Butuca, Lda.”------------------------------------------------------------------- 750.000
Fábrica se sapatos “A Moderna, SA”-------------------------------------------- 3.100.000
3.850.000
Estado
Caixa da providencia---------------------------------------------------------------- 300.000
Total do Passivo 8.350.000
Todas as contas apresentam dois elementos comuns. Todas têm um título, isto é, são
designadas por um nome e todas apresentam uma extensão, isto é, um valor, de acordo
com os elementos patrimoniais que as integram.
74
Valor do Passivo--------------------------------------------------------------------- 8.350.000
Valor do património (Activo - Passivo) ----------------------------------------- 14.390.000
Ao valor do património dá-se, tradicionalmente, o nome de Situação Liquida ou
Capital Próprio. Este nome resulta do facto de ele nos dar a conhecer a posição em que
a empresa ficaria, se, nesse momento, tivesse de saldar todas as suas dívidas.
1. Quanto à ordenação
Inventário simples ou corrido: quando os seus elementos se
apresentam indescritivelmente, sem a menor preocupação de ordem ou
selecção.
Inventário classificado ou selectivo: quando os seus elementos activos
e passivos aparecem separados e agrupados nas respectivas contas,
obedecendo a uma certa ordem.
2. Quanto ao conteúdo
Inventário total ou geral: quando nele estão inscritos todos os
elementos patrimoniais da empresa, em determinado momento.
Inventário simples ou corrido: quando apenas são listados
determinados elementos do património da empresa.
Inventário atrás referido é total, uma vez que neles estão incluídos todos os elementos
patrimoniais de “Helena & Zacoeiro, Lda.”. seria parcial o inventário em que apenas
registássemos o imobilizado da empresa, por exemplo.
75
3. Quanto à apresentação
Inventário analítico: quando, além do título da conta, nele são
apresentados todos os seus elementos integrantes, devidamente
valorados.
Inventario sintético: quando nele apenas surgem as contas integrantes
com o respectivo título e extensão.
Os inventários da empresa “Helena & Zacoeiro, Lda.”, até agora apresentados são
analíticos.
ACTIVO
Imobilizações Incorpóreas ---------------------------------------------------------- 500.000
Imobilizações Corpóreas ------------------------------------------------------- 14.120.000
Investimentos financeiros --------------------------------------------------------- 1.120.000
Mercadorias----------------------------------------------------------------------------5.040.000
Clientes-------------------------------------------------------------------------------- 450.000
Títulos negociáveis -------------------------------------------------------------------- 180.000
Depósitos a prazo----------------------------------------------------------------------- 720.000
Deposito à Ordem----------------------------------------------------------------------- 500.000
Caixa----------------------------------------------------------------------------------------110.000
Total do activo----------------------------------------------------------------------- 22.740.000
PASSIVO
Empréstimos -------------------------------------------------------------------------- 4.200.000
Fornecedores ------------------------------------------------------------------------ 3.850.000
Estado -------------------------------------------------------------------------------- 300.000
Total do Passivo 8.350.000
76
5.3 O BALANÇO
5.3.1 Noção
Balanço: é igualdade entre dois membros referida a uma determinada data e referente a
uma dada empresa, representando o seu património, quer em composição quer em valor.
No caso da empresa que temos vindo a apresentar, “Helena & Zacoeiro, Lda.”, o seu
activo, em 1/01/n, era de 22.740 kwanzas, o Passivo de 8.350.000 kwanzas, pelo que a
sua situação liquida, nesta data, era de 14.390.000 kwanzas (22.740.000 – 8.350.000).
Uma vez que o activa é maior que o passivo, significa que os bens e direitos da empresa
são maiores que as suas obrigações, pelo que a sua situação líquida é favorável ou
positiva. Isto é:
Sendo A > P
Teríamos A – P > 0
Ou seja, A = P + SLA
BALANÇO
Passivo
Suponhamos, agora, que era possível encontrar uma empresa em que o activo e o
passivo somassem exactamente o mesmo valor. Assim, teríamos A = P
77
BALANÇO
Activo Passivo
A < P, teríamos A – P < 0, ou seja, a situação líquida seria negativa. Quando isto
acontece, dizemos que estamos perante uma situação Líquida passiva (SLP), ou seja,
A + SLP = P
BALANÇO
Activo
+
Passivo
Situação líquida passiva
Em resumo:
Situação
1.º caso A>P implica A–P>0 ou seja A = P + SLP Líquida
Activa
Situação
2.º caso A=P Implica A–P=0 ou seja A=P Líquida
nula
Situação
3.º caso A<P implica A–P<0 ou seja A+ SLP = P Líquida
Passiva
78
Em qualquer dos três casos representados chegamos sempre a uma igualdade. Esta pode
ser representada num quadro em forma de T no qual, por convenção, do lado esquerdo –
1º membro – representamos o activo da empresa e do lado direito – 2º membro – o seu
passivo. A situação líquida regista-se do lado mais fraco, a fim de que a igualdade entre
os dois membros se mantenha.
Activo Passivo
+ +
1º Membro 2º Membro
Clientes 450.000
79
Depósito a ordem 500.000
Caixa 110.000
PROPOSTAS DE TRABALHO
- Balcões 40.000
- Expositores 90.000
80
- 50 casacos compridos «Quadrado» 150.000
- Cruzetas 30.000
- Edifício 4.000.000
Pedidos:
Elementos
Valores Bens Direitos Obrigações Activo Passivo
patrimoniais
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Dinheiro em caixa 50.000
Balcões 310.000
Peixe 500.000
Expositores 260.000
Edifício 3.800.000
Massa 430.000
Farinha 480.000
Mobiliário de 90.000
escritório
82
Quota na “B. Matos, 1.000.000
Lda.”
Manteiga 170.000
Pedidos:
83
- Dívida à Confecções “D. Vaz, Lda.” 500.000
- 50 casacos 170.000
Pedidos:
3.1 Classifique esta empresa sob o ponto de vista económico, justificando a sua
resposta.
3.2 Elabore o inventário classificado e analítico desta empresa no dia 3 de Outubro
de n.
3.3 Elabore um balanço sintético, inicial, da empresa.
84