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Administração

Financeira
OS MOTIVOS PRINCIPAIS DO DISPÊNDIO DE CAPITAL E
AS ETAPAS DO PROCESSO DE ORÇAMENTO DE CAPITAL
A TERMINOLOGIA BÁSICA UTILIZADA PARA
DESCREVER PROJETOS, DISPONIBILIDADE DE FUNDOS,
TIPOS DE DECISÃO E PADRÕES DE FLUXOS DE CAIXA
O CÁLCULO DO INVESTIMENTO INICIAL ASSOCIADO
A UMA PROPOSTA DE DISPÊNDIO DE CAPITAL
E MUITO MAIS...

PRINCÍPIOS DE
FLUXOS DE CAIXA E
ORÇAMENTO DE CAPITAL
PRINCÍPIOS DE
FLUXOS DE CAIXA E
ORÇAMENTO DE CAPITAL
Prof. Célio Freitas Bouzada

Olá! Seja bem-vindo ao módulo Princípios de Caixa e


Orçamento de Capital, juntos discutiremos sobre os
Princípios de Fluxos de Caixa e Orçamento de Capital.
Este módulo apresenta esse processo, denominado
orçamento de capital, e explica como identificar as saídas
e as entradas relevantes a serem consideradas na tomada
de decisões de investimento.
E então, pronto para começarmos? Bons estudos!

26 Princípios de Fluxos de Caixa e


Orçamento de Capital
APRESENTAÇÃO
Caro (a) aluno (a), no módulo anterior você aprendeu que o Valor do Dinheiro no Tempo é
uma ferramenta muito importante que os administradores financeiros e outros participan-
tes do mercado utilizam para avaliar o impacto de alternativas de ação propostas.

Neste módulo você aprenderá que Orçamento de Capital é o processo de avaliação e


seleção de investimento de longo prazo compatíveis com o objetivo de maximização da
riqueza do proprietário da empresa.

Você verá que, utilizando uma variedade de ferramentas e técnicas, os administradores


estimam os fluxos de caixa que um investimento proposto poderá gerar e depois aplicam
as técnicas apropriadas de decisão para julgar o impacto do investimento sobre o valor da
empresa. O aspecto mais difícil e importante desse processo de orçamento de capital é a
elaboração de boas estimativas dos fluxos de caixa relevantes.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desse módulo você deverá ser capaz de:

• Entender os motivos principais do dispêndio de capital e as etapas do processo de


orçamento de capital, iniciando com uma geração de propostas e finalizando com
o seu acompanhamento;
• Apresentar a terminologia básica utilizada para descrever projetos, disponibilidade
de fundos, tipos de decisão e padrões de fluxos de caixa;
• Discutir os principais componentes dos fluxos de caixa relevantes, diferenças entre
os fluxos de caixa nas decisões de expansão versus decisões de substituição de
investimentos, orçamento de capital internacional e investimentos a longo prazo;
• Calcular o investimento inicial associado a uma proposta de dispêndio de capital,
utilizando os dados de custo relevantes, depreciação, impostos e capital circulante
líquido;
• Determinar as entradas de caixa operacionais que são relevantes em uma proposta
de orçamento de capital, utilizando a demonstração do resultado;
• Determinar o fluxo de caixa residual associado a uma proposta de orçamento de
capital, utilizando os dados relevantes de preço de venda, depreciação, impostos
e capital circulante líquido.

Princípios de Fluxos de Caixa e


Orçamento de Capital 27
O processo de decisão de
orçamento de capital
O processo de orçamento de capital envolve a geração de propostas de investimento a
longo prazo, a avaliação, análise e seleção delas, e a implementação e acompanhamento
das que foram selecionadas. Por que os gerentes financeiros dão tanta atenção a essas
decisões de investimento a longo prazo?

ORÇAMENTO DE CAPITAL
Processo que consiste em avaliar e selecionar investimentos a longo prazo, que sejam
coerentes com o objetivo da empresa de maximizar a riqueza de seus proprietários.

As empresas costumam fazer uma série de investimentos a longo prazo, mas o investi-
mento mais comum em uma empresa industrial é em ativos imobilizados, os quais incluem
imóveis (terrenos), instalações e equipamentos. Esses ativos muitas vezes são denomi-
nados de ativos rentáveis, porque geralmente fornecem a base para a geração de lucro e
valor à empresa.

RAZÕES PARA O DISPÊNDIO DE CAPITAL


Dispêndio de capital é um desembolso de fundos feito pela empresa, com a expectativa
de gerar benefícios após um ano.

Dispêndio corrente é um desembolso que resulta em benefícios obtidos em prazo inferior


a um ano.

Desembolsos efetuados em ativos imobilizados são dispêndios de capital, mas nem todos
os dispêndios de capital são classificados como ativos imobilizados. Os dispêndios de
capital são feitos por muitas razões, o Quadro 1 a seguir fornece uma breve descrição dos
motivos principais para os dispêndios de capital.

Motivo Descrição
Expansão O motivo mais comum para fazer dispêndio de capital é expandir
o nível de operações, através de aquisição de ativos imobilizados.
Exemplo: infra-estrutura adicional como imóveis e instalações fabris
Substituição À medida que o crescimento da empresa diminui e ela atinge a
maturidade, a maior parte de seus dispêndios de capital será para
substituir ou renovar ativos obsoletos ou gastos. Exemplo: atualiza-
ção de softwares, manutenções preventivas com consumo de peças.
Modernização É frequentemente uma alternativa à substituição. A modernização
pode incluir a reconstrução, recondi-cionamento ou adaptação de
máquina ou das instalações existentes. Exemplo: instalações elétri-
cas, de ar condicionado, reconstrução de aeronaves.
Outras finalidades Alguns dispêndios de capital não resultam na aquisição ou trans-
formação de ativos imobilizados tangíveis constantes do balanço
patrimonial da empresa; antes, envolvem um comprometimento de
recursos a longo prazo, na expectativa de um retorno futuro.Tais
dispêndios incluem gastos com propaganda, pesquisa e desenvolvi-
mento, serviços de consultoria a administração e novos produtos
Tabela 1 - Motivos principais para fazer dispêndios de capital.

28 Princípios de Fluxos de Caixa e


Orçamento de Capital
ETAPAS DO PROCESSO DE ORÇAMENTO DE CAPITAL
O processo de orçamento de capital consiste de cinco etapas distintas, porém
interrelacionadas:

1. Geração de propostas;
2. Avaliação e análise;
3. Tomada de decisão;
4. Implementação;
5. Acompanhamento.

Prezado(a) aluno(a), antes de iniciar o desenvolvimento


de conceitos, ferramentas e técnicas relacionadas
com as etapas de avaliação e análise, e tomada de
decisão no processo de orçamento de capital, convém
entender algo da terminologia básica dessas áreas.
Então vamos lá!

TERMINOLOGIA BÁSICA

Projetos independentes versus


projetos mutuamente excludentes
Os dois tipos mais comuns.

PROJETOS INDEPENDENTES

São projetos cujos fluxos de caixa não estão relacionados ou são independentes entre si;
a aceitação de um deles não exclui a consideração posterior dos demais projetos.

PROJETOS MUTUAMENTE EXCLUDENTES

São projetos que possuem a mesma função e consequentemente competem entre si. A
aceitação de um projeto desse tipo elimina a consideração posterior de todos os outros
projetos do grupo.

Fundos ilimitados versus racionamento de capital


A disponibilidade de fundos para dispêndios de capital afeta o ambiente decisório da
empresa.

FUNDOS ILIMITADOS

É a situação financeira na qual a empresa é capaz de aceitar todos os projetos indepen-


dentes que propiciam um retorno aceitável.

RACIONAMENTO DE CAPITAL

É a situação financeira na qual a empresa tem somente um valor monetário fixo para
alocar entre alternativas de investimento que competem entre si.

Princípios de Fluxos de Caixa e


Orçamento de Capital 29
Abordagem de aceitar-rejeitar versus
abordagem de classificação
O enfoque de aceitação-rejeição envolve a avaliação de propostas para determinar se
atendem ao critério mínimo de aceitação da empresa.

O enfoque de classificação envolve o ordenamento de propostas com base em uma medi-


da predeterminada, tal como a taxa de retorno.

Fluxos de caixa convencionais versus e


fluxos de caixa não convencionais
Os padrões de fluxos de caixa associados a projetos de investimentos de capital podem
ser classificados como convencionais e não convencionais. O padrão convencional de
fluxo de caixa consiste de uma saída inicial de caixa seguida por uma série de entra-
das. O padrão não convencional de fluxo de caixa pode ser qualquer um no qual uma
saída inicial de caixa não é seguida por uma série de entradas. As Figuras 1 e 2 a seguir
exemplificarão:

$2,000 $2,000 $2,000 $2,000 $2,000 $2,000 $2,000 $2,000

Entradas de caixa 0
Saída de caixa 1 2 3 4 5 6 7 8

Final do ano
$10,000

Figura 1 - Fluxo de caixa convencional

$5,000 $5,000 $5,000 $5,000 $5,000 $5,000 $5,000 $5,000 $5,000

Entradas de caixa 0 5
Saída de caixa 1 2 3 4 6 7 8 9 10

$20,000
$8,000

Final do ano

Figura 2 - Fluxo de caixa não convencionais

Fluxos de caixa em anuidade versus série mista


Anuidade é uma série uniforme de fluxos de caixa anuais.

Série mista de fluxos de caixa é uma série que exibe qualquer padrão que não seja uma
anuidade. As entradas de caixa de $2.000 ao ano (durante oito anos) conforme mostra-
do na Figura 1 são anuidades, enquanto que o padrão desigual das entradas na Figura 2
representa uma série mista.

30 Princípios de Fluxos de Caixa e


Orçamento de Capital
Fluxos de caixa relevantes
É à saída de caixa incremental, após os impostos (investimento) e as entradas de caixa
subseqüentes resultantes, associadas a um dispêndio de capital proposto.

Fluxo de caixa incremental


São fluxos de caixa adicionais – entradas ou saídas – que se espera obter como resultado
de uma proposta de dispêndio de capital.

Principais componentes do fluxo de caixa


O fluxo de caixa de qualquer projeto, que possua padrão convencional, pode incluir três
componentes básicos:

1. Investimento inicial – é a saída de caixa relevante no instante zero, associado a


um projeto proposto;
2. Entradas de caixa operacionais – entradas de caixa incrementais, após os impos-
tos, originários do projeto ao longo de sua vida;
3. Fluxo de caixa residual – é o fluxo de caixa não-operacional, após o imposto e
renda, que ocorre no final do projeto, em geral decorrente da liquidação do projeto.
A Figura Componentes do Fluxo de Caixa apresenta o diagrama do fluxo de caixa de um
projeto. Cada componente do fluxo está identificado.

Fluxo de
caixa final

$25,000

Entrada de caixa operacionais

$4,000 $5,000 $6,000 $7,000 $7,000 $8,000 $8,000 $8,000 $9,000 $10,000

Entradas de caixa 0
Saída de caixa 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

$50,000
Final do ano

Investimento
Inicial
Figura 3 - Componentes do Fluxo de Caixa

Princípios de Fluxos de Caixa e


Orçamento de Capital 31
Fluxos de caixa para expansão versus
fluxos de caixa para substituição
O desenvolvimento de fluxos de caixa relevantes é mais direto no caso de decisões de
expansão. Nesse caso, o investimento inicial, as entradas de caixa operacionais e o fluxo
de caixa residual são simplesmente as entradas e saídas de caixa, após o imposto de
renda, resultantes da proposta de investimento.

O desenvolvimento de fluxos de caixa relevantes para decisões de substituições de ativos


é mais complicado; a empresa deve determinar as entradas e saídas de caixa incremen-
tais que resultarão da proposta de substituição. O investimento inicial, nesse caso, seria
determinado subtraindo-se o valor necessário para a aquisição do novo ativo da entrada
de caixa líquida (após o imposto de renda) prevista com a venda do ativo a ser substituído.

Investimentos no exterior
A análise internacional de orçamento de capital difere da análise puramente doméstica
por que:

• As entradas e saídas de caixa ocorrem em moeda estrangeira;


• Os investimentos no exterior envolvem riscos políticos significativos.

Cálculo do investimento inicial


O investimento inicial é a saída de caixa relevante ocorrida no instante zero para a imple-
mentação do investimento proposto a longo prazo. As variáveis básicas que devem ser
consideradas ao se determinar o investimento inicial relacionado a um projeto são: os
custos de instalação do novo ativo, os recebimentos (se houver) pela venda do ativo velho
depois de descontado o imposto de renda e as mudanças (se houver) no capital líquido.

Custo do novo ativo


É a saída líquida de caixa exigida pela aquisição de um novo ativo.

Custos da instalação
Quaisquer custos adicionais necessários para se colocar um novo ativo em funcionamento.

Custo do novo ativo instalado


É o custo do ativo mais os custos de instalação; equivale ao eu valor depreciável.

Resultados após o imposto de renda, obtido


com a venda dos ativos velhos
É o resultado obtido na venda do ativo velho, deduzido do imposto de renda incidente.

32 Princípios de Fluxos de Caixa e


Orçamento de Capital
Resultados obtidos com a venda de ativos velhos
Entradas de caixa, líquidas de quaisquer custos de venda ou remoção, resultantes da
venda de um ativo existente.

Imposto de renda incidente sobre a


venda de um ativo velho
Valor do imposto de renda que decorre da relação entre o preço de venda do ativo, seu
preço inicial de compra e seu valor contábil.

Valor contábil
Valor do ativo, dado pelo seu custo total inicial, menos a depreciação acumulada.

A tabela a seguir mostrará o formato básico para se determinar o investimento inicial.


Pode-se verificar que se não existirem custos de instalação e a empresa não está substi-
tuindo um ativo existente, o preço de aquisição do ativo, acrescido dos ajustes devidos a
eventuais mudanças no capital circulante líquido, resulta no investimento inicial.

Custo do novo ativo

+ Custos de instalação

- Recebimentos depois do imposto de renda com a venda do antigo ativo


(Recebimento com a venda do antigo ativo +-Imposto sobre a venda do antigo ativo )

-
+ Variação de capital de giro líquido
=
Custo instalado do novo ativo
=
Investimento Inicial

Figura 4 - Formato básico para determinação do investimento inicial

Regra básica para tributação


Quatro situações potenciais sujeitas à tributação podem ocorrer na venda de um ativo.
Essas situações dependem da relação entre o preço de venda do ativo, seu preço inicial de
compra e seu valor contábil. As três formas básicas de resultado e seu tratamento tributá-
rio estão resumidas conforme a Tabela 2 a seguir. As alíquotas de imposto utilizadas aqui
são mostradas na coluna final da tabela.

Princípios de Fluxos de Caixa e


Orçamento de Capital 33
Tratamento tributário de vendas de ativos
Alíquota presumida
Forma de rendimento Definição Tratamento tributário
tributável
O ganho total de capital é
Parcela do preço de venda tributado como rendimento
Ganho de capital acima do preço inicial de ordinário, independente 40%
compra do prazo pelo qual o ativo
pertenceu à empresa.
Parcela do preço de venda
acima do valor contábil e Toda depreciação reavida é
Depreciação reavida que representa recupera- tributada como rendimento 40%
ção da depreciação ante- ordinário.
riormente contabilizada.
Se o ativo for depreciável
40% da perda permi-
e usado nas operações, a
valor pelo qual o preço de te redução do imposto
perda é deduzida do rendi-
Perda na venda do Ativo venda é inferior ao valor devido.
mento ordinário.
contábil 40% da perda permite
Se o ativo não for depreci-
erdução do imposto devido
ável ou não for usado

Tabela 2 - Tratamento tributário de vendas de ativos

As quatro situações possíveis, decorrentes de um ou mais procedimentos de tributação


são as seguintes:

• o ativo é vendido pro preço superior ao seu preço inicial de compra;


• o ativo é vendido por preço superior ao seu valor contábil, porém inferior ao seu
preço inicial de compra;
• o ativo é vendido por seu valor contábil; e
• o ativo é vendido por preço inferior ao seu valor contábil. Essas situações estão
exemplificadas no Quadro 1 a seguir.

Preço de venda

$110.000 $70.000 $48.000 $30.000

$110.000 Ganho de capital


Preço de ( $10.000 )
compra inicial $100.000
Depreciação
reavida
( $52.000 )
$70.000
Depreciação
reavida
( $22.000 ) Sem ganho
Valor contábil $48.000
nem prejuízo Prejuízo
( $18.000 )
$30.000

$0
Quadro 1 -Regra básica de tributação

34 Princípios de Fluxos de Caixa e


Orçamento de Capital
Variações no capital circulante líquido Variações no capital circulante
líquido
É a diferença entre as alterações nos ativos circulantes e as alterações nos Ocasionalmente, esse item é
passivos circulantes. É o montante pelo qual os ativos circulantes de uma intencionalmente ignorado para
aumentar a atratividade de um
empresa excedem os seus passivos circulantes. Frequentemente ocorrem
investimento proposto e, dessa forma,
mudanças no capital circulante líquido devido às decisões de dispêndio de aumentar sua chance de aceitação.
capital, não importando o motivo delas. Omissões intencionais similares e/ou
estimativas mais otimistas são feitas
às vezes para aumentar a aceitação do
EXEMPLIFICANDO projeto. A existência de procedimentos
de revisão formal e análise ajudariam
Uma indústria metalúrgica está pensando em expandir suas operações para a empresa a se assegurar de que
as estimativas dos fluxos de caixa
atender o crescimento da demanda por seus produtos. Além dos novos
de um orçamento de capital sejam
equipamentos que esta empresa irá adquirir, os analistas financeiros espe- realistas e isentas de distorções, e
ram que as mudanças nas contas circulantes, conforme são resumidas na quês “melhores projetos” – aqueles
Tabela 3 a seguir, ocorrerão e se manterão durante da à fase de expansão. que mais contribuem para a riqueza
dos proprietários – sejam aceitos

Cálculo de variação de capital de uma indústria metalúrgica

Item circulante Variação do saldo

Caixa + $4.000

Contas a receber + $10.000

Estoques + $8.000

(1) Ativos circulantes + $22.000

Contas a pagart + $7.000

Despesas a pagar + $2.000

(2) Passivos circulantes + $9.000

Variação do capital de giro líquido [(1) - (2)] + $13.000

Tabela 3 - Cálculo de variação de capital de uma indústria metalúrgica

Cálculo das entradas de caixa operacional


Entradas de caixa operacionais são as entradas de caixa relevantes, resultantes de um
investimento a longo prazo, ao longo de sua vida. Dadas as estimativas de receitas de
vendas, despesas e depreciação associadas ao ativo em uso e ao novo ativo, como você
estimaria as entradas de caixa operacionais no caso de uma decisão de substituição?
Antes de prosseguir, reflita alguns instantes sobre essa questão.

Princípios de Fluxos de Caixa e


Orçamento de Capital 35
INTERPRETAÇÃO DO TERMO ENTRADA DE CAIXA
As entradas de caixa operacionais são as entradas incrementais operacionais após o impos-
to de renda, esperados como resultado da implementação da proposta. Todos os benefícios
esperados de um projeto proposto devem ser medidos na forma de fluxo de caixa.

As estimativas de receitas e despesas (excluindo depreciação) de uma empresa, com a


nova máquina proposta e com a máquina atual, são fornecidas na Tabela 4. Tanto a vida
útil estimada da máquina proposta quanto a vida útil restante da máquina atual são iguais
a cinco anos. O valor a ser depreciado com a máquina proposta é calculado somando-se
o preço de compra de $ 380.000 aos custos de instalação de $ 20.000.

Receitas e despesas (excluindo depreciação) para a máquina proposta e a máquina atual

Com a máquina proposta Com a máquina atual

Despesas Despesas
(excluindo (excluindo
Ano Receita (1) depreciação) (2) Ano Receita depreciação) (2)

1 $ 2.520.000 $ 2.300.000 1 $ 2.200.000 $ 1.990.000

2 $ 2.520.000 $ 2.300.000 2 $ 2.300.000 $ 2.110.000

3 $ 2.520.000 $ 2.300.000 3 $ 2.400.000 $ 2.230.000

4 $ 2.520.000 $ 2.300.000 4 $ 2.400.000 $ 2.250.000

5 $ 2.520.000 $ 2.300.000 5 $ 2.250.000 $ 2.120.000

Tabela 4 - Receitas e despesas (excluindo depreciação) para a máquina proposta e a máquina atual

As depreciações resultantes sobre essa máquina para cada um dos seis anos, bem como
para os três anos remanescentes da máquina usada são calculadas conforme Tabela 5 a
seguir:

36 Princípios de Fluxos de Caixa e


Orçamento de Capital
Despesas de depreciação da máquina proposta e da máquina atual

Com a máquina proposta

Taxas de depreciação aplicáveis Depreciação [(1)x(2)]


Ano Custo (1) segundo o MACRS* (2) (3)

1 $400.000 20% $80.000

2 $400.000 32% $128.000

3 $400.000 19% $76.000

4 $400.000 12% $48.000

5 $400.000 12% $48.000

6 $400.000 5% $20.000

Totais 100% $400.000

Com a máquina atual

Taxas de depreciação aplicáveis Depreciação [(1)x(2)]


Ano Custo (1) segundo o MACRS* (2) (3)

1 $240.000 12% (depreciação do ano 4) $28.800

2 $240.000 12% (depreciação do ano 5) $28.800

3 $240.000 5% (depreciação do ano 6) $12.000

4 0
Como a Máquina atual está no final do terceiro ano da recuperação de seu
5 custo, no momento em que a análise é feita, ela só tem os três anos finais de 0
depreciação (como observado anteriormente).
6 0

a
Total $69.600

a
O total de $69.600 representa o valor contábil da máquina atual no final do terceiro ano, como calculado no
exemplo anterior.

Tabela 5 - Despesas de depreciação da máquina proposta e da máquina atual

Princípios de Fluxos de Caixa e


Orçamento de Capital 37
Sistema modificado de recuperação acelerada de custo – MACRS (Modified accelerated
cost recovery system), este método de depreciação não é aceito pela receita federal no
cálculo do custo das empresas, no entanto, é bastante utilizado para elaboração de orça-
mentos de investimentos.

As entradas de caixa operacionais em cada ano podem ser calculadas através da utiliza-
ção do seguinte formato de demonstração do resultado:

Cálculo das entradas de caixa operacionais usando o formato de uma demonstração de resultado

Receita

– Despesas (excluindo depreciação)

Resultado antes da depreciação e do imposto de renda

– Depreciação

Lucro Líquido antes do Imposto de Renda

– Imposto de Renda

Lucro líquido depois do Imposto de Renda

+ Depreciação

Entradas operacionais de caixa

Tabela 6 - Cálculo das entradas de caixa operacionais usando o formato de uma demonstração de resultado

Após os dados das Tabelas 4 e 5 serem substituídos nesse modelo e admitindo-se uma
alíquota de imposto de renda de 40 %, obtêm-se as entradas de caixa operacionais para
cada ano, tanto da máquina proposta como da máquina atual, como demonstra a tab. 7.

38 Princípios de Fluxos de Caixa e


Orçamento de Capital
Cálculo das entradas operacionais de caixa p/a máq.proposta e a máq. atual

Com a máquina proposta

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6

a
Receita $2.520.000 $2.520.000 $2.520.000 $2.520.000 $2.520.000 $0

b
Despesas (excluindo depreciação) $2.300.000 $2.300.000 $2.300.000 $2.300.000 $2.300.000 $0

Resultado antes da depreciação e do


$220.000 $220.000 $220.000 $220.000 $220.000 $0
Imposto de Renda

c
Depreciação $80.000 $128.000 $76.000 $48.000 $48.000 $20.000

Lucro líquido antes do imposto de renda $140.000 $92.000 $144.000 $172.000 $172.000 $20.000

Imposto (alíquota 40%) $56.000 $36.800 $57.600 $68.800 $68.800 $8.000

Lucro Líquido depois do Imposto de


$84.000 $55.200 $86.400 $103.200 $103.200 $12.000
Renda

c
Depreciação $80.000 $128.000 $76.000 $48.000 $48.000 $20.000

Entradas operacionais de caixa $164.000 $183.200 $162.400 $151.200 $151.200 $8.000

Com a máquina atual


a
Receita $2.200.000 $2.300.000 $2.400.000 $2.400.000 $2.250.000 $0

b
Despesas (excluindo depreciação) $1.990.000 $2.110.000 $2.230.000 $2.250.000 $2.120.000 $0

Resultado antes da depreciação e do


$210.000 $190.000 $170.000 $150.000 $130.000 $0
Imposto de Renda
c
Depreciação $28.800 $28.800 $12.000 $0 $0 $0

Lucro líquido antes do imposto de renda $181.200 $161.200 $158.000 $150.000 $130.000 $0

Imposto (alíquota 40%) $72.480 $64.480 $63.200 $60.000 $52.000 $0

Lucro Líquido depois do Imposto de


$108.720 $96.720 $94.800 $90.000 $78.000 $0
Renda
c
Depreciação $28.800 $28.800 $12.000 $0 $0 $0

Entradas operacionais de caixa $137.520 $125.520 $106.800 $90.000 $78.000 $0


a
Da coluna 1 da Tabela 8.5

b
Da coluna 2 da Tabela 8.5

c
Da coluna 3 da Tabela 8.6

Tabela 7 - Cálculo das entradas operacionais de caixa para a máquina proposta e a máquina atual

Princípios de Fluxos de Caixa e


Orçamento de Capital 39
A tabela 8 demonstra o cálculo das entradas de caixa operacionais incrementais (relevan-
tes) de uma empresa para cada ano. As estimativas de entradas de caixa operacionais
desenvolvidas na tabela 7 são apresentadas nas colunas 1 e 2.

Os valores da coluna 2 representam o montante de entradas de caixa operacionais que


a empresa irá receber se a máquina atual não for substituída. Caso a máquina proposta
venha a substituir a máquina atual, as entradas de caixa operacionais da empresa, para
cada ano, serão aquelas mostradas na coluna 1.

Subtraindo as entradas de caixa com a máquina atual, das entradas de caixa com a nova
máquina, em cada ano, tem-se entradas de caixa operacional incrementais para cada ano,
conforme será mostrado na coluna 3 da Tabela 8:

Entradas operacionais de caixa incrementais (relevantes)

Incrementais (relevantes)
a a
Ano Máquina proposta (1) Máquina atual (2) [(1)-(2)](3)

1 $ 164.000 $ 137.520 $ 26.480

2 $ 183.200 $ 125.520 $ 57.680

3 $ 162.400 $ 106.800 $ 55.600

4 $ 151.200 $ 90.000 $ 61.200

5 $ 151.200 $ 78.000 $ 73.200

6 $ 8.000 $0 $ 8.000

Da Última linha da Tabela 7 para a respectiva máquina

40 Princípios de Fluxos de Caixa e


Orçamento de Capital
Síntese
Neste módulo você pôde perceber que uma responsabilidade básica dos administradores
financeiros é rever e analisar decisões de investimentos, propostas para garantir que sejam
implantadas apenas aquelas que contribuem positivamente para o valor da empresa.

Utilizando uma variedade de ferramentas e técnicas, esses profissionais estimam os


fluxos de caixa que um investimento proposto poderá gerar e depois aplicam as técnicas
apropriadas de decisão para julgar o impacto do investimento sobre o valor da empresa.
No próximo módulo você estudará sobre Análise de Investimentos. Então, até lá!

Referência
GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira – essencial. 7.ed. São Paulo:
Harbra Ltda, 1997.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE PRODUÇÃO DE INFRA-ESTRUTUTURA E SUPORTE


EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DESIGN MULTIMÍDIA Coordenação
FICHA TÉCNICA

Coordenação Anderson Peixoto da Silva


COORDENAÇÃO
Rodrigo Tito M. Valadares
Profa. Simone Grace de Paula
Design Multimídia AUTORIA
GESTÃO PEDAGÓGICA Alan J. Galego Bernini
Coordenação Gabriel Lopes Barbosa Prof. Célio Freitas Bouzada
Gabrielle Nunes Paixão Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Transposição Pedagógica Editoração 2013
Karina Gomes de Souza Nathan Ackerman Chagas de Souza

BELO HORIZONTE - 2010

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