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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO SÓCIO ECONÔMICO


CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

THIAGO PATRICIO FURTADO

PERÍCIA CONTÁBIL TRABALHISTA

FLORIANÓPOLIS
2012
THIAGO PATRICIO FURTADO

PERÍCIA CONTÁBIL TRABALHISTA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à


Universidade Federal de Santa Catarina –
UFSC como um dos pré- requisitos para
obtenção do grau de bacharel em Ciências
Contábeis.

Orientador: Prof. Dr. Nivaldo João dos Santos.

FLORIANÓPOLIS
2012
THIAGO PATRICIO FURTADO

PERÍCIA CONTÁBIL TRABALHISTA

Esta monografia foi julgada adequada para obtenção do grau de Bacharel


em Ciências Contábeis, e aprovada em sua forma final pelo Curso de Ciências
Contábeis da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, SC,

___________________________
Professor Irineu Afonso Frey, Dr.
Coordenador de TCC do Departamento de Ciências Contábeis

Professores que compuseram a banca:

________________________________________
Prof. Dr. Nivaldo João dos Santos (Orientador)

______________________________
Prof. Vladimir Arthur Fey, Msc.

______________________________
Prof. Loreci João Borges, Dr.

Florianópolis, 10, julho de 2012


Este trabalho é dedicado aos meus pais Paulino e Maria Goreth, meus primeiros
incentivadores; Ao meu irmão Michel; E a minha esposa Thaís.

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu


o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele
crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (João 3.16)
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por te me sustentado durante esse


período na academia.

Aos meus familiares, pai, mãe e irmão, que com carinho, amor e
compreensão neste período de faculdade me incentivaram a estudar e me
condicionando para tal, ensinando-me valores básicos para uma sociedade mais
justa.

Ao Sr. Antônio Paulino Furtado Filho, que com sua vasta sabedoria
mostrou os caminhos iniciais da Perícia Trabalhista e especialmente nos cálculos
das verbas trabalhistas.
Ao professor Nivaldo João dos Santos, pela dedicação e pelos
ensinamentos dispensados na realização deste trabalho.

A minha amada esposa, Thais Furtado, que com muito amor e paciência
me auxiliou nas muitas etapas deste trabalho.
RESUMO

FURTADO, Thiago Patrício. Perícia Contábil em Ação Trabalhista. 2012, 72


páginas. Curso de Ciências Contábeis. Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis.

Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de abordar os procedimentos adotados


pelo perito contador, quando do cálculo das principais verbas trabalhistas. A
contabilidade possui, entre seus vários ramos de atuação, a perícia contábil. Esta,
por sua vez, investiga, analisa, examina os fatos contábeis, a fim de se obter uma
prova ou opinião sobre um litígio. A justiça do trabalho tem competência para julgar
as ações que envolvem relações de trabalho, ou seja, problemas sucedidos de uma
relação trabalhista, tais como horas extras, intervalo intrajornada, aviso prévio,
dentre outras questões que podem ocorrer de uma relação de trabalho. E para
facilitar o entendimento deste tema, consta neste trabalho um estudo de caso
verídico de uma reclamatória trabalhista na qual o empregado pleiteou na justiça do
trabalho algumas verbas trabalhistas que lhe foram negadas na vigência de seu
contrato de trabalho e na sua rescisão contratual. Neste caso prático são abordadas
as fases de um processo trabalhista desde a petição inicial até a liquidação de
sentença, inclusive, com a demonstração da perícia contábil trabalhista que liquidou
os valores sentenciados, num total de R$ 14.772,29 a receber pelo autor. Valor esse
advindo do somatório das horas extras, intervalo intrajornada, verbas rescisórias,
FGTS + multa de 40% e dos juros legais, descontando ainda o INSS que incide
sobre essas verbas.

Palavras chave: Perícia trabalhista, Perícia contábil, Ação trabalhista.


LISTA DE SIGLAS

CF – CONSTITUIÇÃO FEDERAL
CPC – CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
CRC – CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE
CTPS – CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL
CLT – CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS
CRC – CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE
CRFB – CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
FGTS – FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO
IR – IMPOSTO DE RENDA
INSS – INSTITUTO NACIONAL DE SEGURIDADE SOCIAL
NBC – NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE
TRCT – TERMO DE RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
TRT – TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO
TST – TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Jornada de Trabalho Diária ou Semanal...................................................32


Quadro 2: Cálculo do FGTS + Multa de 40% - Do Contrato......................................43
Quadro 3: Cálculo das Verbas Rescisórias................................................................44
Quadro 4: Cálculo das Horas Extras Excedente da 8ª Diária e 44ª Semanal e
Reflexos.....................................................................................................................45
Quadro 5: Cálculo da Indenização Substitutiva pela Supressão de Intervalo
Intrajornada................................................................................................................46
Quadro 6: Resumo das verbas calculadas.................................................................47
Quadro 7: Resumo da Liquidação de Sentença.........................................................67
Quadro 8: Contribuição Previdenciária - (Sobre as verbas contratuais
reconhecidas).............................................................................................................68
Quadro 9: Contribuição Previdenciária - (s/ as verbas tributáveis sentenciadas)......68
Quadro 10: Imposto de Renda...................................................................................68
Quadro 11: Resumo de Apuração das Extras............................................................69
Quadro 12: Levantamento de Horas Extras...............................................................69
Quadro 13: Correção Monetária.................................................................................71
Quadro 14: Cálculo Juros Legais...............................................................................72
LISTA DE FIGURA

Figura 1: Fluxo Básico da Reclamação Trabalhista...................................................26


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................11
1.1 TEMA E PROBLEMA................................................................................................11
1.2 OBJETIVOS.............................................................................................................12
1.2.1 Objetivo Geral.....................................................................................................12
1.2.2 Objetivo Específico............................................................................................12
1.3. JUSTIFICATIVA...................................................................................................13
1.4. METODOLOGIA..................................................................................................13
1.4.1. Delimitação da Pesquisa..................................................................................15
1.5 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ...........................................................................16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................................17
2.1 PROVA PERICIAL...................................................................................................17
2.2 CONCEITO DE PERÍCIA........................................................................................20
2.2.1 Perícia Judicial....................................................................................................21
2.2.2 Semijudicial..........................................................................................................21
2.2.2 Perícia Extra Judicial..........................................................................................22
2.2.3 Perícia Arbitral.....................................................................................................22
2.3 PERÍCIA CONTÁBIL................................................................................................23
2.4 A PERÍCIA CONTÁBIL EM AÇÕES TRABALHISTAS.............................................24
2.4.1 O Contrato de Trabalho......................................................................................25
2.4.2 Reclamação Trabalhista.....................................................................................25
2.4.3 Fases do Processo Trabalhista..........................................................................26
2.4.3.1 Da Petição Inicial................................................................................................28
2.4.3.2 Da Defesa do Reclamado...................................................................................28
2.4.3.3 Perícia na Fase de Instrução..............................................................................29
2.4.3.4 Perícia na Fase de Liquidação...........................................................................30
2.4.4 Principais Verbas Trabalhistas..........................................................................31
2.4.4.1 Jornada de Trabalho..........................................................................................31
2.4.4.2 Horas Extraordinárias.........................................................................................33
2.4.4.3 Intervalo Intrajornada..........................................................................................34
2.4.4.4 Aviso Prévio.......................................................................................................35
2.4.4.5 Décimo Terceiro Salário.....................................................................................37
2.4.4.6 Férias e terço Constitucional..............................................................................38
2.4.4.7 Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço.........................................................38

3 ESTUDO DE CASO....................................................................................................40
3.1 PROCESSO TRABALHISTA....................................................................................40
3.1.1 Da Petição Inicial.................................................................................................40
3.1.2 Da Contestação...................................................................................................41
3.1.3 Da Sentença.........................................................................................................42
3.1.4 Da Nomeação do Perito......................................................................................42
3.2 FASE DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA.................................................................43

4 CONCLUSÃO..............................................................................................................48

REFERÊNCIAS..............................................................................................................50
ANEXOS
ANEXO A – Petição Inicial.............................................................................................53
ANEXO B – Sentença....................................................................................................58
ANEXO C – Laudo Pericial.............................................................................................63
ANEXO D – Resumo da Liquidação...............................................................................67
ANEXO E – Contribuição Fiscal e Previdenciária..........................................................68
ANEXO F -– Apuração de Horas Extras........................................................................69
ANEXO G – Fator de Atualização Monetária.................................................................71
ANEXO H – Cálculo Juros Legais..................................................................................72
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1 INTRODUÇÃO

Este capítulo apresenta, o tema, os objetivos, suas justificativas e a


metodologia utilizada para elaboração desta monografia.

1.1 TEMA E PROBLEMA

De acordo com Nascimento (2004), o marco relevante na história que se


conhece para estudar o direito do trabalho começou com a Revolução Industrial
na Inglaterra, no século XVIII, principalmente com a descoberta do vapor como
fonte de energia e da sua aplicação nas fábricas e nos meios de transporte. Com
a expansão da indústria e do comércio, houve a substituição do trabalho escravo
e servo pelo trabalho assalariado em larga escala.
Giglio (2007) relata o momento em que a Justiça do Trabalho começou a
surgir, uma vez que a utilização das máquinas causou um grande número de
desemprego à época. Com o aumento da mão-de-obra, e com a baixa procura
por trabalhadores, houve a baixa dos salários. Com a concentração de riquezas
nas mãos de poucos empresários e o empobrecimento tomado por toda a
população, os trabalhadores atentaram para seus interesses e, com movimentos
reinvidicatórios impetuosos, forçaram os empregadores à época a pagar
melhores salários, a diminuir a jornada laboral e a propiciar ambientes de
trabalho menos insalubres. A partir desse século, surgiram as primeiras leis
trabalhistas, incluindo-as nas constituições de alguns países.
No Brasil, a Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), criada
em 1988, trouxe normas específicas de direito do trabalho e relativa inovação
aos direitos individuais, coletivos e processuais dos trabalhadores como:
redução da jornada semanal para 44 horas; trabalho em turnos – terá limite de
seis horas; horas extras – deverá ser paga com 50% a mais, no mínimo, da hora
normal; férias – pagamento de 1/3 a mais do salário normal, segundo
Nascimento (2004).
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A Constituição Federal de 1988 foi benéfica ao trabalhador, pois ampliou o


leque de direitos e concedeu garantia no âmbito trabalhista à grande parte dos
trabalhadores.
Este trabalho visa demonstrar os critérios e as formas referentes aos
cálculos das principais verbas trabalhistas. Para isso, serão abordados alguns
conceitos no seu âmbito, tais como: os conceitos de horas extraordinárias,
intervalo intrajornada, aviso prévio, décimo terceiro salário, férias, terço
constitucional e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Diante do exposto, este trabalho apresenta a Perícia Contábil nas ações
Trabalhista como tema a ser estudado, com o objetivo de oferecer soluções
práticas para os cálculos muitas vezes considerados complexos.
A partir das premissas contábeis e sociais acima expostas, a questão
norteadora desta pesquisa é: Quais os procedimentos de cálculo utilizados
pelo perito contador das principais verbas trabalhistas?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral do presente trabalho é abordar os procedimentos,


adotados pelo perito contador, quando do cálculo das principais verbas
trabalhistas, em processos Judiciais.

1.2.2 Objetivos Específicos

Para atingir o objetivo geral, houve a necessidade de delimitar o estudo


em sua especificidade, a saber:
 identificar as fases do processo trabalhista;
 abordar os conceitos pertinente à matéria Pericial;
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 Identificar os procedimentos do Perito Contador com relação ao cálculo das


principais verbas trabalhistas;
 apresentar um caso prático de cálculos em reclamatória trabalhista.

1.3 JUSTIFICATIVA

Este trabalho concentra-se sob dois aspectos: a sociedade e principalmente a


pesquisa acadêmica. Quanto à relevância do estudo, de acordo com Vergara (2003,
p. 32) esta acontece quando o pesquisador “justifica seu estudo, apontando-lhe
contribuições de ordem prática ou ao estado da arte na área”. Nesse sentido, o tema
da pesquisa precisa ter relevância do ponto de vista teórico e/ou prática justificado.
A contribuição deste trabalho está centrada sob o ponto de vista
teórico/prático, no sentido da utilização dos conceitos técnicos compreendendo
as áreas relativas ao direito e a contabilidade no decorrer da atividade pericial
em processos trabalhistas, de forma que auxiliem a atuação dos profissionais
contábeis, principalmente os que estão começando neste segmento da
contabilidade.
Portanto essa pesquisa se justifica por apresentar procedimentos de
cálculos realizados pelo perito contador na quantificação das verbas trabalhistas
contidas em uma reclamatória trabalhista verídica. Também é justificada no
sentido de ser mais uma fonte de pesquisa servindo de embasamento teórico e
prático, para atuantes nesta área da contabilidade.

1.4 METODOLOGIA

Com a finalidade de responder aos objetivos propostos neste estudo, este


tópico descreve o método utilizado para alcançar tais objetivos. Seu
desenvolvimento foi previamente planejado de acordo com métodos e técnicas que
o auxiliassem. Segundo Silva e Menezes (2005), a metodologia da pesquisa define a
maneira e o local onde a pesquisa é realizada.
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É importante frisar que, de acordo com Severino (2009) “quaisquer que sejam
as perspectivas de abordagem, a atividade visa articular e consolidar o processo
formativo do aluno pela construção do conhecimento científico em sua área”.
Esta monografia foi classificada como sendo uma pesquisa exploratória, que
segundo Gil (2002) tem como objetivo adequar maior familiaridade com o problema,
com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses, pois sendo o tema
escolhido pouco explorado, torna-se difícil formular conceitos precisos.
Com relação a forma de abordagem seguida, desenvolveu-se através de
pesquisa qualitativa, por necessitar de profundo conhecimento sobre o tema
exposto. O autor conceitua a abordagem qualitativa, segundo o trecho abaixo, da
seguinte forma:
Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a
complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas
variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos
sociais (RICHARDSON, 2008, P.80).

Quanto aos procedimentos, será realizado um estudo de caso verídico, com


base em uma reclamatória trabalhista da 4º Vara do Trabalho de Florianópolis, o
qual foi solicitado pelo autor o pagamento de verbas que lhe foram negadas durante
seu contratato de trabalho e também na sua rescisão contratual. Devido a não
autorização pelas partes, seus nomes e dados não serão divulgados, mas apenas a
matéria em questão.
A sistematização do conteúdo selecionado para a elaboração desta pesquisa
é realizada por uma sequência de fatos de forma a melhor orientar a redação do
trabalho.
Quanto ao trabalho de pesquisa, foi realizada em materiais já publicados,
principalmente utilizando instrumentos legislativos, sendo as fontes:
 Legislação processual civil e trabalhista;
 Normas brasileiras de contabilidade;
 Pesquisas em livros, monografias, artigos e utilização de casos práticos.
Para atingir os objetivos gerais e específicos aqui propostos, o primeiro passo
consiste na organização do material obtido e identificar o material bibliográfico que
aborda questões inerentes a Pericia Trabalhista.
Para a continuidade da pesquisa e, assim, cumprir suas propostas, o segundo
passo destina-se à análise dos dados, separando-os de acordo com sua categoria
de informação. Segundo Meksenas (2002, p. 136), esta etapa é fundamental para
15

efetivação da pesquisa, pois “todo método em pesquisa empírica leva à obtenção de


informações a respeito do objetivo investigado. Tais informações, entretanto,
aparecem de forma dispersa e fragmentada.”
De acordo com Severino (2009, p. 131), “os resultados de cada uma destas
etapas é que constituirão as partes do relatório final do trabalho, ou seja, os seus
capítulos”.

1.4.1 Delimitação da Pesquisa

Para Fachin (2006) a delimitação do universo torna-se mais evidente a


partir da seleção do objeto. Diz ainda que, mesmo antes da escolha do assunto,
já se tem ideia geral do universo da pesquisa, onde irá ocorrer a investigação do
assunto e transformar-se-ão em fonte de informação. Contudo no momento da
elaboração do projeto é necessário reunir informações mais precisas, para que
não resulte num campo de pesquisa muito abrangente.
O estudo só é viável quando o pesquisador adota técnicas restritas que
tornem a pesquisa passível de conclusão. Uma forma de tornar viável o projeto, de
acordo com Luna (2000, p. 45), “a primeira, e mais importante, é exatamente a
extensão que se confere ao problema em sua formulação ou, dito de outra forma,
que se permite que o problema assuma por não se imporem limites ao formulá-lo”.
Este trabalho se limita a abordar e conceituar as fases do processo
trabalhista, bem como, focando nos procedimentos realizados pelo perito contador
em uma reclamatória trabalhista. Não tendo, ainda, a pretensão de ensinar e trazer
conceitos referentes ao direito do trabalho e o direito processual do trabalho, mas,
sim, permitir ao leitor o entendimento dos procedimentos realizados pelo perito
contador das principais verbas trabalhistas.
16

1.5 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

Este trabalho está subdividido em quatro partes, no primeiro capítulo


apresentam-se as considerações iniciais relacionadas ao tema da pesquisa. Em
seguida, é feita a caracterização do problema, dos objetivos pretendidos e a
metodologia utilizada na elaboração deste. Logo após, é apresentado a
organização do estudo.
O segundo capítulo aborda a fundamentação teórica, na qual visa
apresentar o conceito de perícia em geral, ressaltando seus objetivos e sua
função como prova dentro de um processo. Nesse capítulo é analisada ainda, a
perícia contábil em ações trabalhistas, detalhando e conceituando as fases mais
importantes dentro de um processo judicial trabalhista.
Na sequência, no terceiro capítulo, é apresentado o estudo de caso, onde
será exposta uma síntese do desenvolvimento do processo trabalhista até chegar à
fase de execução. Sendo demonstrados os cálculos de liquidação de sentença, o
laudo de liquidação e demais etapas de atuação do perito contador.
No quarto capítulo, são apresentadas as conclusões e as considerações
para futuros estudos.
E, para finalizar, são apresentadas as Referências citadas na elaboração
deste trabalho.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA

No presente capítulo, são abordados conceitos que servirão ao


desenvolvimento deste trabalho, tais como: definição de provas pericias,
conceito de perícia e de seus diversos tipos, os seus objetivos e a abordagem da
perícia contábil em uma ação trabalhista.

2.1 PROVA PERICIAL

Gonçalves (1995) argumenta que a prova, em um ato processual, tem por


alvo a persuasão do Juiz. Pois, em face do disposto no art. 131 do CPC, o Juiz
atenderá aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não
alegados pelas partes, para formar o seu convencimento, cumprindo-lhe,
contudo, fundamentar os despachos e sentenças. O autor ainda completa que a
prova, é o pedestal da sentença, o coração do processo.
O autor trás no trecho abaixo, o conceito da seguinte forma:
Em conformidade com o CPC, “Todos os meios legais, bem como os
moralmente legítimos, ainda que não especificados nesse código, são
hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se fundamenta a ação ou a
defesa”. Dessa maneira, incube ao litigante em juízo para sair vitorioso
convencer o julgador, por meio da prova, que está com a razão (HOOG,
2009, p.99).

Segundo Hoog (2007), a mais robusta de todas as provas é a perícia


contábil, pois o perito contábil conhece ciência e tecnologia, conclusão esta
estribada no art. 145 do CPC: “Quando a prova do fato depender do
conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito...”.
De acordo com Alberto (2010), os principais meios de provas admitidos
em processos judiciais pela legislação brasileira são: depoimento pessoal,
confissão, exibição (de documento ou coisa), testemunho, perícia e inspeção
judicial. A Perícia Contábil é, portanto, considerada um meio de prova de grande
valor.
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Relata Martins (1999) que se não houver acordo entre as partes, será
iniciada a instrução do processo (art. 848 da CLT). Todos os meios legais são
hábeis para provar a verdade dos fatos em que se funda a ação ou a defesa.
Martins (...) afirma que os meios de prova para a instrução do processo são as
espécies de provas, que serão relatadas em juízo. A seguir, é possível observar
os meios de provas segundo Martins (1999):
Depoimento pessoal: consiste na declaração prestada pelo autor ou pelo
réu perante o juiz, sobre os fatos objeto do litígio.
Confissão: é considerada, quando há admissão da verdade de um fato
que é contrário ao interesse da parte e favorável ao adversário (CPC, art. 348 ).
Documentos: é a forma de uma coisa poder ser conhecida por outra, de
modo a reproduzir certa manifestação de pensamento. O documento representa
um fato ocorrido.
Exibição (de documento ou coisa): o Juiz poderá determinar que a parte
exiba documento ou coisa em juízo, desde que se ache em seu poder (art. 355,
CPC). A reclamada não tem obrigação de fazer para a reclamante a respeito, por
exemplo, de seu horário de trabalho. A empresa não tem obrigação de juntar aos
cartões de ponto a pedido da reclamante, a não ser que o juiz assim o
determine.
Testemunhas: são terceiros em relação à lide que vem apresentar
depoimento em juízo, por ter conhecimento dos fatos narrados pelas partes. No
processo do trabalho, a prova testemunhal normalmente é a única forma de as
partes fazerem a prova de suas alegações, principalmente o reclamante que não
tem acesso aos documentos da empresa ou estes não retratam a realidade do
trabalho, como poderia ocorrer com os cartões de ponto.
Perícia: faltando conhecimento especializado ao juiz, este indica um
profissional que possa fazer o exame dos fatos objeto da causa, transmitindo
esses conhecimentos aos Magistrados, por meio de um parecer. Portanto
considera-se que a prova pericial é a prova judicial e consiste em exame, vistoria
ou avaliação.
Inspeção judicial: o juiz pode ir diretamente ao local de trabalho do
empregado, por exemplo, para fazer observações de pessoas ou coisas, que são
objeto dos fatos articulados pelas partes nos autos. Nisso consiste a inspeção
judicial.
19

Portanto, através desses meios de provas acima elencados, o Magistrado


irá pautar suas decisões.
O perito contábil em qualquer trabalho que venha desenvolver terá acesso
a todos os documentos necessários para a elaboração do laudo pericial,
inclusive, em alguns casos, poderá solicitar o depoimento dos envolvidos,
conforme consta no Código de processo Civil – CPC, art. 429.
Para Zanna (2005) são áreas em que se aplica a perícia contábil:
 Na contabilidade: onde é feita em lançamentos, livros fiscais, balanços e
qualquer tipo de escrituração em que as partes litigantes deem o nome de
contabilidade. A perícia contábil, por mais estranho que possa parecer aos
leigos, é feita inclusive sobre empresas ou atividades que não dispõem de
contabilidade ou dela estão dispensadas.
 Nas finanças: neste caso a perícia é feita sobre contratos de empréstimos, de
leasing, contratos de seguros dentre outros. Quando ocorre litígio sobre
juros, encargos financeiros, etc.
 Na administração de empresas: onde a perícia está relacionada com
atividades comerciais como compras, vendas, ou ainda quando relacionadas
a condomínios, direitos autorais, royalties, e ainda incluem neste rol as
perícias em igreja, escolas, clubes, dentre outros.
 Na área trabalhista: é exercida junto a Justiça do Trabalho, iniciadas nas
Juntas de Conciliação e Julgamento, embora o caso possa chegar ao
Superior Tribunal do Trabalho, e versa sobre questões havidas entre
empregados e empregadores. A maior parte das questões na perícia
trabalhista se refere a assuntos de salários ou ordenados, horas extras,
férias, aviso prévio, indenizações, comissões e dispensas.
 Na área fiscal: atua-se na revisão das contas e os procedimentos adotados
pela empresa perante o fisco, federal, estadual e municipal. .
E quanto às provas nos litígios judiciais, esta é uma parte de suma
importância dentro dos processos, pois é com base nas provas que o juiz irá
formar suas convicções a respeito dos fatos relatados nos autos. Dentre todos
os tipos de provas acima explicitadas, a perícia é um tipo de prova na qual o
magistrado precisará de um profissional que dará o suporte necessário à sua
tomada de decisão.
20

2.2 CONCEITO DE PERÍCIA

Conforme Alberto (2010) a perícia existe desde o começo da humanidade,


quando essa começou, a reunir-se em sociedade, iniciou-se assim o processo
civilizatório. No qual, aquele que tinha maior poderio, físico ou intelectual,
comandava a sociedade primitiva, no caso o perito, juiz, legislador e executor ao
mesmo tempo, já que examinava (na sua ótica), julgava, fazia e executava as
leis. É notório que não era a perícia ainda, mas o embrião básico correspondente
ao exame de situação, coisa ou fato.
Segundo Lopes de Sá (2004), a necessidade de se verificar a verdade dos
fatos, já se manifestava entre os sumérios-babilônicos. Também descobriram-se
indícios na índia do surgimento do árbitro eleito pelas partes, e este
desempenhava o importante papel de perito e juiz ao mesmo tempo.
“Encontram-se ainda outros vestígios de perícia nos antigos registros da
Grécia e do Egito, com o surgimento das instituições jurídicas, onde o cidadão
buscava as pessoas especializadas.” (MÜLLER, ANTONIK E JUNIOR, 2008,
p.26). Afirmando assim, desde os primórdios, o anseio da sociedade em se ter
um profissional apto a julgar suas causas com precisão. Pois como define Sá
(2004), a expressão Perícia advém do Latim: Peritia, na qual significa em seu
sentido próprio Conhecimento, bem como Experiência.
“Perícia é um instrumento especial de constatação, prova ou
demonstração, científica ou técnica, da veracidade de situações, coisas ou fatos”
(ALBERTO, 2010, p.3). Portanto é possível constatar que a perícia é uma
ferramenta importante e confiável para àqueles que dela necessitam.
Neste estudo são apresentados quatro tipos de perícia contábil, que serão
expostos os conceitos de forma particularizada segundo os autores, conforme
segue:
21

2.2.1 Perícia judicial

Alberto (2010) descreve que perícia judicial é aquela realizada dentro dos
procedimentos do Poder Judiciário, por determinação, requerimento ou
necessidade de seus agentes ativos, e se processa segundo regras legais
específicas.
“A Perícia Judicial foi introduzida pelo Código de Processo Civil de 1939,
em seus arts. 208 e 254, que regulam a perícia, nomeação do perito pelo juiz e
indicações pelas partes” (MÜLLER, ANTONIK E JUNIOR, 2008, p.26).
O conceito de perito judicial é descrito através do seguinte trecho:
Perito Judicial é o auxiliar da Justiça, pessoa civil, nomeado pelo juiz ou
pelo tribunal, devidamente compromissado, assistindo-o para realizar prova
pericial consistente em exame, vistoria ou avaliação, valendo-se de
conhecimento especial, técnico ou científico (MÜLLER, ANTONIK E
JUNIOR, 2008).

De acordo com Sá (2010) a perícia judicial visa servir de prova, elucidando


o Magistrado sobre assuntos em questão que merecem seu julgamento, e se
torna indispensável quando o que se discute depende de apreciação
especializada.

2.2.2 Perícia semijudicial

Para Alberto (2010) a perícia semijudicial é realizada por meios políticos,


ou seja, fora do Poder Judiciário, sendo que sua finalidade é ser meio de prova
nos ordenamentos institucionais usuários.
Neste tipo de perícia é possível perceber a semelhança com a perícia
judicial, contudo diverge no que diz respeito ao lugar onde será conduzida. Pois
a Judicial se dá no âmbito do Poder Judiciário, já a perícia semijudicial, se dá
fora do ambiente judiciário.
22

2.2.3 Perícia extrajudicial

De acordo com Müller, Antonik e Junior (2008), perícia extrajudicial é


aquela realizada fora do judiciário, por vontade das partes. Seu objetivo poderá
ser: demonstrar a veracidade ou não do fato em questão, discriminar interesses
de cada pessoa envolvida em matéria conflituosa; comprovar fraude, desvios e
simulações.
Segundo Alberto (2010), a perícia extrajudicial é aquela realizada fora do
estado, por necessidade e escolha de entes físicos e jurídicos privados, no
sentido estrito, ou seja, não é submetida a outra pessoa para arbitrar a matéria
conflituosa.

2.2.4 Perícia arbitral

Alberto (2010) relata que a perícia arbitral nada mais é do que aquela
perícia realizada no juízo arbitral, na qual é a instância decisória criada por
vontade de ambas as partes.
É a perícia realizada por um perito devidamente registrado no seu
respectivo órgão de classe, e, embora não seja judicialmente determinada, tem
valor de perícia judicial, mas natureza extrajudicial, pois as partes litigantes
escolhem as regras que serão aplicadas na arbitragem. No que diz respeito à
arbitragem do processo, os autores afirmam que:
A arbitragem é, portanto, um método extrajudicial para solução de conflitos,
cujo árbitro desempenha função semelhante à do juiz estatal. Embora a
arbitragem fosse prevista no Código Civil Brasileiro de 1916, apenas no ano
de 1996 a Lei 9.307/96, definitivamente institui a mediação e arbitragem no
Brasil. A Lei, também chamada de Lei Marco Maciel, confere as decisões
arbitrais a mesma força das sentenças estatais, fazendo crescer o peso e a
responsabilidade do perito arbitral (MÜLLER, ANTONIK E JUNIOR, 2008,
p.28).
23

2.3 PERÍCIA CONTÁBIL.

Segundo Alberto (2010) a perícia contábil é uma ferramenta técnico-


científico de constatação, prova ou demonstração quanto à verdade de casos ou
fatos provenientes das relações, efeitos e haveres que manam do patrimônio de
quaisquer entidades.
Para Fonseca ET AL. (2000) a Perícia contábil tem como objetivo
fundamentar as informações demandadas, mostrando a veracidade dos fatos de
forma imparcial e merecedora de fé, tornando-se meios de prova para o juiz de
direito resolver as questões propostas.
A seguir, Alberto (2010) cita os objetivos da perícia contábil, aqueles segundo
por sua experiência profissional considera que seja a finalidade que se persegue:

 a informação fidedigna;
 a certificação, o exame e a análise do estado circunstancial do objeto;
 o esclarecimento e a eliminação de dúvidas suscitadas sobre o objeto;
 o fundamento científico da decisão;
 a formulação de uma opinião ou juízo técnicos;
 a mensuração, a análise, a avaliação ou o arbitramento sobre o quantum
monetário do objeto; e
 trazer à luz o que está oculto por inexatidão, erro, inverdade, má-fé, astúcia
ou fraude.
Zanna (2005) diz que o objetivo da perícia contábil é apresentar a verdade dos
fatos econômicos, comerciais, e trabalhistas, dentre outros, segundo os casos de
cada um, e também de acordo com o que está sendo discutido na Inicial
apresentada pelo reclamante.
24

2.4 A PERÍCIA CONTÁBIL EM AÇÕES TRABALHISTAS

Na área trabalhista, a perícia contábil, lida com duas pessoas: o


empregado, que na grande maioria dos litígios existentes nas varas de trabalho,
também chamado de autor ou reclamante, e o empregador, chamado de réu ou
reclamado. O Processo Trabalhista busca manter os direitos equalizados nessas
situações, pois quase sempre o empregador vai deter mais poder sobre o
empregado, seja ele social ou econômico. E é por isso que, nessas situações o
reclamante recorre a Justiça do Trabalho, para que a Lei possa dar a ele
„proteção‟, amparo legal.
O papel do perito contador no processo trabalhista começa de acordo com
Zanna (2005) quando for dada a sentença pelo juiz, na qual decide os direitos
que o empregado terá. Porém esses direitos só podem ser conhecidos mediante
cálculos dos direitos sentenciados. Nos casos em que não acontece o acordo
entre as partes, ou seja, o empregador não aceita os cálculos apresentados pelo
empregado e vice-versa, surge, neste momento, a dúvida no Magistrado, e a
sentença que define o valor sentenciado pelo juiz, dependerá de perícia contábil.
Essa fase chama-se, perícia contábil em matéria trabalhista.
Ainda Zanna (2005) diz que, como o réu, por natureza é mais organizado,
por ser responsável por uma entidade, tem a obrigação de manter os registros
referentes a seus empregados. E nesse caso cabe ao perito buscar na
documentação e na escrituração contábil do mesmo, as informações necessárias
para cumprir seus objetivos.
Segue abaixo conceitos que vão servir para embasar a elaboração de
cálculos trabalhistas e informações sobre o rito processual e o momento que o
juiz pode nomear o perito, quer como calculista das partes, como perito do Juízo
ou assistentes técnicos, até a entrega do laudo, que define o “término” do
trabalho do perito, desde que não venha o laudo do perito, ser impugnado.
25

2.4.1 Contrato de Trabalho

O contrato de trabalho está definido na CLT no art. 442: “Contrato


individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação
de emprego”. As características do contrato de trabalho podem ser, segundo
Saraiva (2005, p. 78), “[...] de direito privado, informal, bilateral, intuitu personae
em relação ao empregado, comutativo, sinalagmático, consensual, de trato
sucessivo ou de débito permanente, oneroso” .
A CLT não exige forma especial para o contrato de trabalho, podendo ser
verbal ou escrito, decorrente de acordo tácito ou expresso. O ajuste expresso
escrito é quando há um contrato escrito de trabalho, para que não restem
dúvidas quanto à duração do contrato. Já o acordo tácito é caracterizado pela
inexistência de palavras escritas ou verbais. O contrato tácito é encontrado na
prática nos casos de subemprego, situações em que nada é formalizado, porém,
os elementos típicos da relação de emprego estão presentes.

2.4.2 Reclamação Trabalhista

Na maioria dos casos o empregador vai terá mais poder sobre o


empregado, seja ele social ou econômico. É por isso que nessas situações o
trabalhador recorre a essas ações na justiça do trabalho para que a Lei possa
dar a ele o amparo legal necessário.
Segundo Pont (1993), no decorrer do contrato de trabalho, podem ocorrer
divergências sobre algumas verbas devidas, na visão do empregado, e a paga
pelo empregador. Novamente, (Pont 1998) diz que nessa ocasião o empregado
teria direito de contestar a reparação de que se julga merecedor, para o que
recorre a proteção do estado, aqui representado pela Justiça do Trabalho. Na
maioria das vezes, o ingresso com uma reclamação trabalhista implica que o
empregador proceda a demissão do reclamante.
O procedimento adotado, para se ter uma ação trabalhista, está
oficializada no seguinte trecho:
26

As reclamações coletivas, a seu turno, dentre as quais se destaca o dissídio


coletivo, devem ser propostas junto aos Tribunais Regionais do Trabalho
(art. 677, da CLT), que passam a ser a 1ª instância dos referidos processos,
incumbindo-lhes a eventual execução derivada da sentença normativa
prolatada (PONT, 1993, p.14).

Essas ações decorrem por haver muitos pontos conflitantes na legislação


trabalhista, como, na interpretação da lei salarial, na integração de horas
extraordinárias laboradas, no repouso semanal remunerado, férias e 13º salário
entre outros. Para isso faz-se necessário o perito proceder análise de todas as
informações do processo, como a petição inicial, as contestações e documentos
como os cartões de ponto e a convenção coletiva do trabalhador, por exemplo.

2.4.3 Fases do Processo Trabalhista

O processo trabalhista em situação normal tem duas etapas básicas, as


quais são, a fase de conhecimento e a fase de liquidção.
O processo de conhecimento tem início com o ajuizamento da ação,
prosseguindo pela fase de instrução e logo após tem-se o julgamento, que é
dado após se esgotarem todos os recursos possíveis.
Encerrado a etapa inicial de estudo do processo, tem-se a fase de
liquidação de sentença, cujo objetivo é converter o que foi sentenciado na ação,
em numerários bem definidos.

Figura 1: Fluxo Básico da Reclamação Trabalhista

PETIÇÃO INICIAL é onde o reclamante indicará contra quem reclama (réu) apresentará as
razões da reclamação e formulará o seu pedido, quando possível com valores líquidos.

Recebida a inicial, a justiça autuará os documentos, formando o processo trabalhista. Após,


notificará o reclamado, enviando cópia da inicial e designando data para a realização da
audiência inicial.
27

Audiência inicial: a) a ausência injustificada do reclamante, provocará o arquivamento do


processo; b) a ausência injustificada do reclamado, implicará revelia, vale dizer, poderão ser
consideradas verdadeiras as alegações contidas na inicial.

Na fase de instrução, as partes poderão indicar testemunhas, solicitar perícias (médicas, de


segurança, econômicas ou contábeis), com intuito de produzir provas. Poderão, as perícias, ser
indeferidas pelo juiz.

Com base nos elementos juntados aos autos, ou seja, pedido inicial, contestação, provas
testemunhal e/ou pericial, e não tendo conciliação, o juiz prolatará sentença.

Alternativas das partes frente à sentença da justiça:

- havendo acatamento da sentença, sendo parcial ou total, inicia-se a liquidação da sentença,


visando a execução;

- havendo acatamento da sentença e tendo esta declarado improcedente o pedido, arquiva-se o


processo;

- em não sendo acatada a sentença de 1º grau, por uma ou ambas as partes, deverá ser
interposto recurso ordinário perante o TRT.

Alternativa das partes frente à decisão (acórdão) do TRT:

- em havendo acatamento do acórdão, retornam os autos a justiça para que o processo siga seu
curso normal, ou seja, inicia-se a fase de liquidação de sentença ou arquiva-se o processo,
conforme o caso;

- em não sendo acatado a sentença de 2º grau, restará às partes ingressarem com recurso de
revista junto ao TST.

Tendo sido realizado a liquidação de sentença visando à execução, e essa concluída, arquiva-se
o processo. Sendo aquela frustrada, será feita uma tentativa de apontar bens do réu para se
levar a leilão, com o objetivo de ressarcir o reclamante e os demais credores do processo.
28

Tendo sido exitosa a execução, seja pelo pagamento dos créditos trabalhistas por parte do
reclamado, seja pelo resultado do leilão, remetem-se os autos ao Arquivo Geral, onde deverão
ser guardados pelo prazo de 5 anos.

Fonte: Pont (1998)

2.4.3.1 Da Petição Inicial

É uma das peças que compõe um processo judicial, e é através da


mesma que o autor da ação relata à justiça a sua pretensão no processo.

A petição inicial é a materialização da pretensão à prestação jurisdicional.


Manifesta a vontade da pessoa no sentido de propor uma ação e contém o
articulado pelo qual se pleiteia a declaração de um direito ou de uma
relação de direito e sua proteção cautelar; ou a constituição de uma
situação jurídica; podendo culminar com o pedido da aplicação de uma
sanção (condenação) contra quem violou o direito do autor (ALMEIDA,
1991, p.23).

De acordo com Almeida (1991) a petição inicial é de suma importância,


pois é a afirmação mais convincente do princípio dispositivo, e, por
consequência, torna a perda de direito de acusar futuramente. E significa, para o
réu, a garantia de que as regras do jogo não irão mudar, o demonstra uma
lealdade processual.
Em suma, a petição inicial serve para que o autor possa apresentar sua
pretensão aos órgãos judiciários trabalhistas, para que haja uma solução neste
conflito de interesse.

2.4.3.2 Da Defesa do Reclamado

Também chamada de contestação, a defesa do reclamado consiste na


defesa que o réu irá fazer com relação ao que o autor pediu na inicial, é a peça
processual em que o reclamado se opõe a pretensão do reclamante.
Gonçalves (1995) comenta que no processo trabalhista, existem várias
modalidades de se apresentarem a resposta do reclamado, uma delas é a
29

contestação, que é por meio da qual que o réu impugna o processo e a


pretensão do reclamante.
Para Pont (1993), a defesa do mérito é a defesa contra a ambição da
reclamante, por meio da qual o reclamado objetiva uma sentença que rejeite a
pretensão trazida em juízo.
Contudo, é nessa fase que o reclamado contestará o mérito do pedido, ou
seja, no que foi pedido na petição inicial. Ao réu cabe discutir o fundamento da
pretensão do autor, cabendo-lhe ainda o poder de pedir a rejeição da demanda e
também o de participar do processo, com vistas à rejeição do pedido do autor.

2.4.3.3 Perícia na Fase de Instrução

Denomina-se de instrução a fase do processo destinada à produção das


provas. Abre-se logo após a primeira proposta de conciliação, que, obviamente,
resultou negativa, e se não há qualquer questão processual a ser resolvida
(ALMEIDA, 1991, p.111).
O trecho abaixo irá ilustrar os aspectos formais da perícia:

É cada vez mais frequente, dada a complexidade e abrangência trabalhista,


o juiz necessitar de provas periciais, que destinam-se a demonstrar a
existência de fato ou de situações técnicas que exigem conhecimentos
específicos, com a finalidade de orientar-lhe a formar sua convicção a
respeito da controvérsia entre partes. Essas provas periciais são realizadas
por peritos nomeados pelo Juiz, facultando-se às partes a indicação de
assistentes técnicos e a formulação de quesitos (perguntas) (PONT, 1993,
p.24).

O magistrado tomará sua decisão com base aos fatos e circunstâncias


contidos nos autos do processo, quanto mais bem fundamentado (com provas,
documentos) estiver esse processo, melhor será para o autor convencer o juiz
daquilo que relatou na petição inicial.
As partes devem, conforme o caso, provar os fatos constitutivos
(reclamante) e os fatos impeditivos, modificativos ou extintivos (reclamados)
(CLT, art. 818).
30

Segundo D‟Auria (1962), apud Alberto (2010), a função pericial torna-se


necessária, ressaltando que não raras vezes entram em litígio partes
interessadas em determinados negócios, e dada a oposição de interesse, cada
uma defende critério próprio harmonizando à sua conveniência. Surgem dúvidas
de interpretações que somente podem ser apreciadas por uma pessoa imparcial
contendo o adequado conhecimento do assunto, têm-se então o exame pericial.
O art. 420 do CPC descreve que a prova pericial consiste em exame
realizada por um perito acerca de móveis, semoventes, pessoas, livros
comerciais, documentos e papéis em geral. Com relação às provas periciais
contábeis, realizadas na fase de instrução, tem o papel de apurar as evoluções
salariais e levantar eventuais diferenças em que deveria ter sido paga ao
funcionário (Reclamante). Outro objetivo da chamada perícia contábil, é apurar o
valor exato de horas extras que teria direito o Autor ou as comissões sobre
vendas, comparando-as aos valores pagos pelo Empregador.

2.4.3.4 Perícia na Fase de Liquidação

No trecho abaixo, o autor mostra a definição da perícia na fase de


liquidação da sentença:
a liquidação de sentença é o processo em que se estabelece valor para
cada parcela deferida na sentença, quando a mesma é ilíquida. Assim,
antes de executar a sentença condenatória se faz dispensável a limitação e
certeza do direito deferido, bem como a fixação do seu valor (ARAGÃO,
1996, p.166).

É nessa fase do processo que se estabelece valor para cada parcela


deferida na sentença pela magistrada. Sem a liquidação, nem o autor saberia
quanto receber nem o réu quanto deveria pagar.
Teixeira (1996) apud Pont (1998) declara que a liquidação é um
pressuposto efetivo para que a sentença se torne realizável, pois é por meio dela
que irá fixar, quantitativamente, a obrigação decorrente do título executivo
judicial. Sem a liquidação, nem o autor saberia quanto receber nem o réu saberia
quanto deveria pagar.
31

Diante disso, é possível perceber a importância de uma fase em que há a


quantificação da dívida, nos casos em que a sentença limitar-se a trazer a
existência do direito a favor do reclamante, sem fixar-lhe o valor apropriado.

2.4.4 Principais Verbas Trabalhistas

Serão abordados neste tópico, conceitos e fundamentos no âmbito


trabalhista, os quais serão utilizados no estudo de caso abordado no próximo
capítulo. Esses itens serão abordados no estudo de caso como sendo verbas
causadoras de litígios trabalhistas.

2.4.4.1 Jornada de Trabalho

A jornada de trabalho é o tempo em que o empregado fica à disposição do


patrão, nesse período pode-se estar trabalhando ou simplesmente aguardando
ordens de seu empregador. Com relação a jornada de trabalho, o autor
conceitua da seguinte forma:
é o lapso temporal diário em que o empregado se coloca à disposição do
empregador em virtude do respectivo contrato. É, desse modo, a medida
principal do tempo diário de disponibilidade do obreiro em face de seu
empregador como resultado do cumprimento do contrato de trabalho que os
vincula (DELGADO, 2006, p.830).

A Constituição Federal de 1988, no capítulo dedicado aos direitos sociais,


se posiciona como segue:
“Art. 7º são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhora de sua condição social:

(...)
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e
quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho”.

De acordo com Lima (1990, p.102/104) apud Pont (1998) a duração da


jornada de trabalho é fixada no limite máximo, ficando a critério das partes
32

convencionarem duração inferior a esse limite. A lei, com isso, visa preservar o
descanso dos trabalhadores, assim, estabeleceu a duração máxima de oito
horas (por dia) e no máximo de seis dias por semana com um mês de férias por
ano trabalhado. Porém nada impede que se adote jornadas inferiores, como
acontece com algumas categorias, como bancário, que utilizam jornadas de 30
horas (semanais), telefonistas e operadores cinematográficos que fazem
jornadas de 36 horas (semanais). Existem ainda, aqueles empregados excluídos
da jornada de trabalho, que são os domésticos, os gerentes e os vendedores
externos, pois seria praticamente impossível a comprovação de horários, seja
por fixação de cartão ponto no caso do vendedor externo ou pelas horas de
trabalho confundidas com as de lazer, no caso dos domésticos.
Em suma a carga horária de trabalho diária corresponde ao somatório das
horas laboradas durante o dia, em que não poderá exceder a 8 horas de trabalho,
com intervalo para refeição e descanso, chamado de intervalo intrajornada. Do
Quadro 1, a seguir, a jornada de trabalho que poderá ser adotada diária ou
semanalmente é exemplificada:

Quadro 1: Jornada de Trabalho Diária Ou Semanal

Dias da Sem Acordo de Alternativa Com Acordo


Compensação
semana Horas Minutos Horas
Horas
Minutos Minutos

Seg. 7 20 8 - 8 48
Ter 7 20 8 - 8 48
Qua 7 20 8 - 8 48
Qui 7 20 8 - 8 48
Sex 7 20 8 - 8 48
Sab 7 20 8 - 0 0
Total em 7hX6=42h 20x6=120 8x5=40h 48X5=240
m
minutos 42hX60m=2520m 40hX60m
=2400m
Total em 2520m+120m= 2400m+240m
horas =
2640m:60=44h 44H
2640:60=44h
Fonte: COAD (2005-2006)
33

Para ser cumprido àquilo que relata a Constituição Federal de 1988 com
relação a jornada de um trabalhador normal, no caso o cumprimento de no máximo
44 horas semanais ou 8 horas diárias, o quadro 1 mostra duas formas em que
poderá ser cumprido essa jornada. A primeira jornada é laborada de segunda-feira
ao sábado, sendo cumprindo 7 horas e 20 minutos por dia totalizando 44 horas na
semana. Já na outra jornada, deverá ter um acordo entre as partes para que se
cumpra uma jornada a cima de 8 horas diárias, o que é proibido pela CF/88, salvo se
houver acordo coletivo para tal procedimento.

2.4.4.2 Horas Extraordinárias

Para Salem (2004) hora extra pode ser considerada como a hora laborada
que extrapola o horário normal de trabalho. Em se tratando da maioria dos
casos, 8 horas diárias ou 44 semanais consistem na jornada normal, de acordo
com a Carta Magma citado anteriormente. Ou, no caso de horários reduzidos
como o de bancário, telefonista, onde é considerada extra, a hora prorrogada
além das 6 horas diárias e não além das 8 horas.
Com relação às horas extraordinárias, a Consolidação das Leis
Trabalhistas – CLT, art. 59, informa que: “A duração normal do trabalho poderá
ser acrescida de horas suplementares, em número não excedente de 2 (duas),
mediante acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato
coletivo de trabalho”.
Contudo Pont (1998, p.205) relata que é licito ao empregador estabelecer
jornada maior do que oito horas diárias para compensar o dia de sábado.
Todavia é indispensável que seja feito um acordo expresso entre o funcionário e
o empregador, garantindo o aceite do empregado. Inexistindo este contrato, as
horas que extrapolarem a oitava diária, mesmo que não supere a jornada
semanal de 44 horas, são devidas como hora extra.
A Constituição Federal de 1988, diz que “a remuneração do serviço
extraordinário, deverá ser paga no mínimo, em cinquenta por cento à do normal”.
Dessa forma Pont (1998) relata que partindo da remuneração do
empregado, verifica-se o divisor que deverá ser adotado, que varia de acordo
34

com a categoria profissional do empregado ou com acordos coletivos ou ainda


pela jornada em que o empregado foi contratado, para obter-se o valor da hora
normal. Ao valor da hora será acrescentado o adicional de 50%.
A seguir, será apresentado exemplos práticos de cálculos de horas extras.

a) Se um empregado que trabalhou 10 horas extras durante o mês com seu


salário base de R$ 1.100,00, e trabalhando 44 horas semanais, o valor de suas
horas extraordinárias será calculado da seguinte forma:

Salário Hora: [R$ 1.100,00] = R$ 5,00


220 h

Hora Extra: R$ 5,00 x 50% = R$ 2,50

Total das horas extras: (R$ 5,00 + R$ 2,50) x 10 HE = R$ 75,00

b) No caso de um empregado ter laborado 22 horas extras no mês, recebendo


salário base de R$ 1.000,00 e mais Gratificação por Tempo de Serviço de R$
80,00/mês, trabalhando 44 horas semanais, o total de extras que irá receber será
de:

Hora Extra: [R$ 1.000,00 + R$ 80,00 ] x 1,5 x 22 HE = R$ 162,00


220 h

2.4.4.3 Intervalo Intrajornada

Almeida (2008) relata que intervalo intrajornada é o período período dentro


da jornada normal de trabalho com a finalidade de alimentação e descanso, em
que o empregado não presta serviços. Nesse sentido, existem dois tipos de
intervalos intrajornada, ou seja, que são feitos dentro da própria jornada de
trabalho. De acordo com o artigo 71 da Consolidação das Leis Trabalhistas
(CLT), os empregados que trabalham de seis a oito horas têm o direito a um
intervalo de no mínimo 1 (uma) hora e no máximo de 2 (duas) horas. Já o § 1º
desse mesmo artigo determina um intervalo de 15 minutos àqueles empregados
35

que cumprem de quatro a seis horas no labor. Salientando que ambos os


intervalos acima citados, não integram a jornada de trabalho, portanto não se
considera como tempo de serviço.
Com relação ao empregado que não tiver esse intervalo dado pelo
empregador, o trecho abaixo traz o seguinte:

Essa hora de intervalo há que ser paga como extra, mesmo que não
importe em extrapolação diária ou semanal da jornada normal. Caso
contrário, o § 4º do art. 71 da CLT seria inócuo, não teria razão de ser, já
que as horas extras além da 8ª diária ou além da 44ª semanal já vêm
assinaladas como extras nos arts. 58 e 59 da CLT e 7º, XIII, da CF/88.
Assim, se o empregado trabalhar 8 horas por dia ou até mesmo 7 horas por
dia e não obteve o intervalo, essa hora de intervalo trabalhada deverá ter o
acréscimo de 50% (cinqüenta por cento) no mínimo (SALEM, 2004, p.64).

De acordo com Orientação Jurisprudencial (OJ) nº 307 da SDI-1 do TST


dispõe que:
Após a edição da Lei nº 8.923/1994, a não concessão total ou parcial do
intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, implica o
pagamento total do período correspondente, com acréscimo de, no mínimo,
50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da
CLT)

No caso de o empregador conceder somente 30 minutos de intervalo para


os empregados que têm direito a 1 (uma) hora, no mínimo, não terá somente que
arcar com os 30 minutos restantes, mas sim com 1 (uma) hora integral, junto
com o adicional de 50% no mínimo.

2.4.4.4 Aviso Prévio

Fonseca (2009) descreve que aviso prévio é o direito mútuo entre o


empregador e o empregado, de precaverem à parte contrária que não há mais
interesse de continuar com o contrato de trabalho vigente. Nessa circunstância,
o empregador que demite o empregado, assim como o empregado que pede
demissão, deverá oferecer o aviso prévio à outra parte interessada.
Godinho (2006, p.1170) explica que:

O aviso prévio é instituto provindo do campo civil e comercial do Direito,


inerente aos contratos de duração indeterminada que permitam sua
terminação pelo simples exercício da vontade unilateral das partes; o pré-
36

aviso desponta, nesses casos, como mecanismo atenuador do impacto da


resilição, conferindo ao contratante surpreendido certo prazo para se ajustar
ao término do vínculo.

Atualmente com a nova Nota Técnica nº 184/2012/CGRT/SRT/TEM, que


esclarece lacunas da Lei 12.506/2011, no qual abrangem todos os tipos de
trabalhadores, o aviso prévio terá uma variação de 30 (trinta) a 90 (noventa)
dias, de acordo com o tempo de serviço que o empregado prestou à mesma
empresa ou empregador. Baseado na Nova Técnica, o aviso terá acréscimo de 3
(três) dias a cada ano trabalhado.
A CLT estabelece dois tipos de avisos prévios: o trabalhado e o
indenizado. O aviso prévio trabalhado é aquele na qual o em pregado irá cumprir
suas obrigações para com a empresa, se valendo de duas alternativas, a
primeira com redução diária de duas horas e a segunda consiste em o
empregado deixar de trabalhar nos últimos 7 dias de aviso prévio, laborando,
contudo, o período anterior sem a redução das duas horas já mencionadas
anteriormente.
Salem (2004) descreve o aviso prévio indenizado como sendo de “no caso
o empregador querer dispensar o trabalho do funcionário no prazo do aviso, ele
indenizará o período do aviso ao empregado”. Ocorre tanto na situação em que o
empregador não tem mais o interesse em manter o funcionário em serviço no
período do aviso, escolhendo, dispensá-lo de imediato, pagando-lhe o valor
correspondente ao período, quanto na situação em que o empregado não deseja
mais cumprir seu contrato, sendo descontado, portanto, um mês de seu salário
fixo.
Em suma o aviso prévio é a obrigação de uma parte avisar a outra sobre a
quebra do contrato, ou seja, o fim do vínculo empregatício. Portanto um fator
necessário para se ter o aviso é a surpresa na recisão contratual, se não há
surpresa na quebra, não tem o porque avisar com antecedência a outra parte da
ruptura do vínculo.
37

2.4.4.5 Décimo Terceiro Salário

Pode-se dizer que o 13º salário, ou também conhecido como Gratificação


Natalina, é uma gratificação paga anualmente e visa propiciar aos trabalhadores
um natal com maior fartura e ao mesmo tempo desenvolver a atividade
econômica através do aumento das vendas no período de festas natalinas. Foi
criado pela Lei nº 4.090/62, regulamentada pelo Decreto nº 57.155/65. Pont
(1998, p.136) cita a Lei nº 4.090/62 que institui a Gratificação de Natal para os
Trabalhadores nos seguintes termos:

Art. 1º No mês de dezembro de cada ano, a todo empregado será paga,


pelo empregador, uma gratificação salarial independentemente de
remuneração a que fizer jus.
§ A gratificação será 1/12 avos da remuneração devida em dezembro, por
mês de serviço, do ano correspondente.
§ A fração igual ou a 15 (quinze) dias de trabalho será havida como mês
integral para os efeitos do parágrafo anterior.
Art. 2º As faltas legais e justificadas ao serviço não serão deduzidas para os
fins previsto no § 1º, do art. 1º desta Lei.
Art. 3º Ocorrendo recisão, sem justa causa, do contrato de trabalho, o
empregado receberá gratificação devida nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 1º
desta lei, calculada sobre a remuneração do mês da recisão.

A CF/88 garante no art. 7º, inciso VIII, que se trata de décimo terceiro
salário, sendo devido ao empregado urbano e rural, doméstico, avulso, servidor
público, pago proporcional na admissão ou demissão e integral se o trabalhador
cumpriu doze meses de trabalho. O valor proporcional é pago na fração 1/12 por
mês trabalhado sendo igual ou superior a quinze dias trabalhados.
De acordo com a Lei 4.749/65, que trata sobre o pagamento do 13º
salário, a 1º parcela pode ser paga ao trabalhador entre os meses de fevereiro a
novembro. Já a 2º parcela deve ser quitada até o dia 20 de dezembro do mesmo
ano. Terá direito ainda de receber o adiantamento da 1º parcela junto com suas
férias, desde que requeira essa parcela no mês de janeiro do mesmo ano.
Para Delgado (2006) essa gratificação tem natureza salarial, portanto é
devida em todas as situações de quebra de contrato, contudo, rompendo o
contrato antes do mês de dezembro, a parcela é devida proporcionalmente aos
meses laborados no respectivo ano, chamado de 13º salário proporcional.
De acordo com o exposto acima, o funcionário que não laborou o ano
todo, seja porque foi admitido com o ano em andamento, ou porque foi demitido
38

antes de dezembro, terá direito ao décimo terceiro salário proporcional aos


meses que efetivamente trabalhou no ano.

2.4.4.6 Férias e terço Constitucional

A Constituição da República Federativa do Brasil e a Consolidação das


Leis Trabalhistas (CLT) garantem aos empregados o gozo de férias anuais
remuneradas com adicional de um terço a mais do que o salário normal, o
chamado terço constitucional de férias.
Para Carrion (1997) apud Pont (1998) consiste nos 30 dias corridos de
férias, pagamento em dobro quando a mesma for gozada a destempo, fixação
judicial diante da omissão, férias coletivas possíveis, direito de receber em
dinheiro parte do período não gozado, tudo isso contido na CLT, dos arts. 132 a
153. Já a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 assegura o
direito ao pagamento de um terço a mais da remuneração normal junto com as
férias.
A CLT em seu art. 130 nos remete que a concessão das férias será
condicionada ao número de faltas injustificadas conforme segue: 30 dias de
férias quando tiver de 0 a 5 faltas; 24 dias de férias quando tiver de 6 a 14 faltas;
18 dias de férias quando tiver de 15 a 23 faltas; 24 a 32 faltas = 12 dias de
férias; mais de 32 faltas não há direito a férias.
É possível concluir então que as férias é um período em que o empregado
tem o direito a ausentar-se do trabalho, desde que tenha completado um ano no
emprego, e então será gozado sempre no ano seguinte ao ano em que
completou os 12 meses de trabalho com remuneração normal e mais um terço.

2.4.4.7 Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço

Segundo Salem (2004) o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço –


FGTS é nos dias atuais uma garantia ao trabalhador que não possui a
39

estabilidade em seu vínculo empregatício. Consiste nos depósitos no valor de


8% no qual é calculado sobre a remuneração do empregado, onde o empregador
tem de depositar até o dia 7 de cada mês subsequente ao mês vencido. O FGTS
foi criado pela Lei nº 5.107/96 e é um direito adquirido pela CF/88 aos
empregados urbanos e rurais, como consta o no art. 7º, III, da mesma.
De acordo com Pont (1998) em caso de despedida sem justa causa, o
empregado tem direito aos valores dos depósitos referentes ao mês da recisão e
ao imediatamente anterior que ainda não houver sido recolhido. Serão pagas ao
trabalhador também o valor de 40% do montante de todos os depósitos
realizados na conta do trabalhador, durante a validade do contrato de trabalho,
atualizados monetariamente e acrescido dos juros. Pont (1998) ainda diz que se
considera remuneração, para efeito da incidência do FGTS, o salário base
acrescida de horas extras; adicionais de periculosidade, insalubridade e do
trabalho noturno; adicional por tempo de serviço; salário família; gorjetas; diárias;
13º salário; dentre outras verbas de caráter remuneratório. No âmbito do
processo trabalhista, o FGTS será pedido em duas ocasiões:

a) Quando constatado que não houve recolhimento do FGTS sobre as


remunerações pagas pelo empregador durante seu contrato de trabalho, nesse caso
a ação é proposta apenas com a finalidade de obter o ressarcimento pelo Fundo não
recolhido, através da execução direta em favor do reclamante. Nesse caso sobre as
remunerações pagas, incidirá taxa de 8%.
b) Quando não houverem sido pagas verbas salariais, o pedido será no sentido de
incluir como parcelas necessárias o FGTS sobre as verbas a serem deferidas.
Nesse sentido serão calculadas as verbas como, horas extra, 13º salários, entre
outras de caráter remuneratório, com isso, basta incidir sobre o montante
encontrado o percentual de 8%.
40

3 ESTUDO DE CASO

O presente estudo de caso foi realizado em uma reclamatória trabalhista


verídica. Visa exemplificar e descrever as principais etapas de uma perícia
trabalhista em um processo judicial, bem como aos procedimentos realizados
pelo perito contador das verbas sentenciadas pela juíza. Tendo como ponto de
partida a petição inicial, parte esta em que o autor apresenta sua pretensão no
processo, aquilo que ele pretende ganhar na ação. Seguindo até a fase de
cálculo da liquidação de sentença, o qual o perito contador quantificará o
dispositivo sentencial a que o autor tem direito.

3.1 PROCESSO TRABALHISTA

Devido ao fato das partes da ação trabalhista não permitirem que seus
dados constassem neste estudo, seus nomes não serão mencionados de forma
verídica. Esta ação se dá na 4ª vara do Trabalho de Florianópolis e o litígio diz
respeito a determinadas verbas que, segundo o autor, não foram devidamente
remuneradas em sua rescisão contratual. O reclamante, Sr. José da Silva,
trabalhou durante dois meses como garçom para o réu, Alfa Ltda. (restaurante
localizado em Jurerê Internacional) na temporada de verão, por um período de
dois meses apenas, sendo contratado em 01/12/2009 e demitido em 17/01/2010.

3.1.1 Da Petição Inicial

De acordo com a petição inicial, conforme (Anexo A) o autor requereu o


pagamento das verbas rescisórias (13º proporcional, férias proporcionais, mais
1/3 de férias constitucionais, aviso prévio indenizado e multa de 40% sobre o
FGTS).
41

Requer ainda, horas extras, FGTS e hora intrajornada, pois trabalhava


sem descanso necessário para refeição durante o dia de trabalho. Por fim, o
autor solicitou que seja a reclamada condenada ao pagamento da multa prevista
no art. 477, da CLT, pois afirma não ter recebido o pagamento das verbas
rescisórias em prazo legal.
A Vara do Trabalho emite notificação ao reclamado, juntamente com a
cópia da inicial, para que este se manifeste e conteste os pedidos estabelecidos
pelo autor.

3.1.2 Da Contestação

A contestação, ou seja, a impugnação da pretensão do reclamante permite


ao reclamado apresentar alegações com a qual não concorda com os pedidos do
autor. É a peça processual mais conhecida como defesa do réu. Nesse caso, a
empresa não apresentou defesa quanto ao pedido do autor na inicial, ocorrendo
assim, a figura jurídica denominada de “revelia”.
A revelia é o procedimento em que o réu não se manifesta sobre as
alegações que lhe foram impostas pelo reclamante, no prazo legal determinado
pela justiça, ficando a determinada ação sem a defesa prévia. O juiz então
julgará, sem essa peça do processo.
O artigo 844 da CLT determina que:
“O não comparecimento do reclamante à audiência importa o
arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado
importa em revelia, alem de confissão quanto à matéria de fato”.

Nesse caso, é o procedimento em que o réu não se manifesta sobre as


alegações que lhe foram impostas pelo reclamante, no prazo legal determinado
pela justiça. Sendo julgado pelo juiz, nesse caso, sem essa peça processual.
42

3.1.3 Da Sentença

Considerada a peça mais importante de um processo, a sentença é o ato


no qual o juiz decidirá o litígio. Não havendo a conciliação entre as partes, a
Vara do Trabalho pronuncia a decisão de 1º grau (ANEXO B). E neste caso em
questão, a Magistrada proferiu a sentença de acordo com o referido dispositivo
sentencial, na qual é o resumo das verbas a serem pagas ao autor, proferida
pela juíza em sua sentença.

DISPOSITIVO SENTENCIAL:

a) horas extras e reflexos;


b) indenização substitutiva pela supressão de intervalo intrajornada;
c) aviso prévio de 30 dias;
d) 3/12 de férias acrescidas do terço constitucional;
e) 2/12 de gratificação natalina;
f) FGTS de todo o período contratual, acrescido da indenização de 40%.
Juros e correção monetária conforme fundamentação.
Para fins de apuração das parcelas deferidas, observa-se como salário, o
valor de R$140,00 por dia.

3.1.4 Da Nomeação do Perito

A nomeação de perito judicial (Art. 421 do CPC) foi efetuada pela


magistrada, “para liquidação de sentença, nomeio contador “ad hoc” o Bel. João
Carvalho, que deverá concluir o trabalho no prazo de vinte dias,
especificamente, em 20.08.2010”.
43

3.2 FASE DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

É nessa fase, que a sentença irá se quantificar, pois é através desta peça
que os pedidos, do reclamante, contidos na decisão sentencial se transformarão
em numerários correspondentes que o autor tem de direito. No referido
processo, para se chegar a essa quantificação, os cálculos foram efetuados da
seguinte forma:

1. FGTS + MULTA DE 40%

Este cálculo foi realizado, pois o autor não teve seus depósitos efetuados de
forma correta como prevê a Lei n. 5107/96, durante todo seu contrato de trabalho, e
é calculado de acordo com o quadro 2.

Quadro 2: FGTS + multa de 40% - Do Contrato

PERÍODO SALÁRIO DIAS BASE DE FGTS ÍNDICE FGTS MULTA


DIÁRIO TRAB CÁLCULO .8% CM CORRIG DE 40%
01/dez/09 140,00 28,00 3.920,00 313,60 1,0217293 320,41 128,17
13º/09 140,00 326,67 26,13 1,0219273 26,71 10,68
17/jan/10 140,00 17,00 2.380,00 190,40 1,0217293 194,54 77,81
AV PRÉVIO 140,00 30,00 4.200,00 336,00 1,0217293 343,30 137,32
13º/10(1/12) 140,00 350,00 28,00 1,0217293 28,61 11,44
13º/Ind(1/12) 140,00 350,00 28,00 1,0217293 28,61 11,44
FP(3/12)+1/3 140,00 1.400,00 0,00 1,0217293 0,00 0,00
TOTAL EM 01/09/2010 942,18 376,87
(*) - Conforme comando de letra "f", do dispositivo sentencial.
Fonte: Autor.

Diante disso, temos o período em que irá ser calculado o FGTS mais a
multa de 40%, sendo o mês de dezembro de 2009, sendo representado pelo dia
em que o autor foi admitido pela empresa, o mês de janeiro, representado pela
data em que foi demitido, temos os 13º proporcionais, o aviso prévio sentenciado
pela magistrada e as férias proporcionais que teria direito o empregado. Temos
ainda a coluna do salário diário, sentenciado pela juíza no valor de R$ 140,00
por dia, temos os dias laborados pelo autor resultado então, na base de cálculo
do FGTS (salário/dia x dias trabalhados). Na qual foi aplicado o percentual de
8% ao mês, sendo corrigido pela correção monetária (planilha esta, fornecida
44

pelo TRT, Anexo G) resultando R$ 942,18, aplicando a multa de 40% sobre o


mesmo, resultando R$ 376,87.

2. VERBAS RESCISÓRIAS

Tais verbas expostas no quadro 3, são referentes às que o autor deixou de


receber em sua rescisão contratual, que são: 13º proporcional; as férias
proporcionais e o aviso prévio.

Quadro 3: Verbas Remuneratórias Sentenciadas


VERBAS DATA BASE DE VLR REFLEXO TOTAL VLR DIFER ÍNDICE PRINCIPAL
BASE CÁLCULO DEVIDO 1/3 FÉR DEVIDO PAGO DEVIDA CM CORRIG
1. Aviso prévio de 30 dias 17-jan-10 4.200,00 4.200,00 4.200,00 0,00 4.200,00 1,0217293 4.291,26
2. 13º sal. prop. (1/12) 17-jan-10 4.200,00 350,00 350,00 44,17 305,83 1,0217293 312,48
3. 13º sal. ind(Av-1/12) 17-jan-10 4.200,00 350,00 350,00 350,00 1,0217293 357,61
4. Férias prop. (3/12) 17-jan-10 4.200,00 1.050,00 350,00 1.400,00 117,77 1.282,23 1,0217293 1.310,09
TOTAL EM 01/09/2010 6.271,44
(*) - Conforme comando de letras "c", "d" e "e", do dispositivo sentencial.
Fonte: Autor.

O aviso prévio é calculado somando-se o salário mensal do autor, no caso


foi um mês cheio de 30 dias, percebendo, no entanto R$ 4.200,00. Com relação
ao cálculo das gratificações natalinas, obtém-se dividindo o salário do
empregado por doze meses e multiplicando-se pelo número de meses laborados,
no caso 2/12 avos que foi o sentenciado pela magistrada. Já as férias são
calculadas também de forma proporcional aos meses em que o autor laborou na
empresa, tomando-se por base o salário mensal do autor, dividindo-se por doze
meses e multiplica-se pelo número de meses trabalhados inteiros ou fração
superior a 15 dias, incidindo ainda 1/3 de acréscimo sobre o valor da férias.
Descontado sobre os valores calculados pelo perito, a quantia que a empresa já
havia pagado ao empregado na sua rescisão, tendo então a diferença devida.
Aplica-se a correção, (tabela TRT, Anexo G) perfazendo um total de
R$ 6.271,44.
45

3. HORAS EXTRAS

Tais horas extras foram relativas àquelas horas em que o autor trabalhou a
cima de sua jornada de normal, porém, durante seu contrato de trabalho, a empresa
não remunerou o empregado por tais horas extras devidas, fazendo com que a juíza
sentenciasse para que o perito calcule a quantia exata que o autor tem de direito.

Quadro 4: Horas Extras Excedentes da 8ª Diária E 44ª Semanal E Reflexos

BASE
PERÍODO SALÁRIO BASE DE NºHE VLR REFLEXO REFLEXO TOTAL ÍNDICE PRINCIPAL DO FGTS FGTS
MENSAL CÁLCULO C/50% DEVIDO RSR 1/3 FÉR DEVIDO CM CORRIG FGTS .11,2% CORRIG
01/dez/09 4.200,00 4.200,00 1,14 32,73 5,45 38,18 1,0217293 39,01 38,18 4,28 4,37
13º/09 4.200,00 4.200,00 0,10 2,73 2,73 1,0219273 2,79 0,00 0,00
17/jan/10 4.200,00 4.200,00 132,43 3.792,27 632,05 4.424,32 1,0217293 4.520,46 4.424,32 495,52 506,29
AV PRÉVIO 4.200,00 4.200,00 11,13 318,75 318,75 1,0217293 325,68 0,00 0,00
13º/09(1/12) 4.200,00 4.200,00 11,04 316,02 316,02 1,0217293 322,89 0,00 0,00
13º/Ind(1/12) 4.200,00 4.200,00 0,93 26,56 26,56 1,0217293 27,14 0,00 0,00
FP(3/12)+1/3 4.200,00 4.200,00 12,06 345,31 115,10 460,42 1,0217293 470,42 0,00 0,00
TOTAL EM 01/09/2010 5.708,38 510,66
(*) - Conforme comando de letra "a", do dispositivo sentencial.
Fonte: Autor.

O cálculo das horas extras foi efetuado tomando-se por base o salário
mensal do autor dividindo a mesma por 220 (44 horas semanais : 6 dias úteis =
7,33 horas/dia x 30 dias = 220 horas/mês) multiplicando pela quantidade de
horas extras (apuradas em planilha auxiliar – ANEXO F) e ainda incidindo
adicional Constitucional de 50% de acordo com a CF/88. Incide ainda sobre tais
verbas, reflexo do repouso semanal remunerado (RSR) na base de 1/6 (trabalha
6 dias e folga 1) e reflexo de 1/3 sobre as férias, que somando com a coluna do
valor devido tem-se o total devido, sendo corrigido pela CM, tem-se o principal
de R$ 5.708,38 a título de HE. Aplica-se ainda o FGTS que totaliza R$ 510,66.
46

4. INTERVALO INTRAJORNADA

As horas relativa ao intervalo intrajornada, ou seja, aquele intervalo em que o


empregado deveria ter de descanso e para realizar suas refeições dentro do período
de trabalho, foram negadas em seu período contratual, fazendo com que a
magistrada sentenciasse como verba a ser paga pela reclamada.

Quadro 5: Indenização Substitutiva Pela Supressão de Intervalo Intrajornada

PERÍODO SALÁRIO BASE DE NºHE VLR ÍNDICE PRINCIPAL


MENSAL CÁLCULO C/50% DEVIDO CM CORRIG
01/dez/09 4.200,00 4.200,00 28,00 801,82 1,0217293 819,24
13º/09 4.200,00 4.200,00 0,00 0,00 1,0219273 0,00
17/jan/10 4.200,00 4.200,00 17,00 486,82 1,0217293 497,40
TOTAL EM 01/09/2010 1.316,64
(*) - Conforme comando de letra "b", do dispositivo sentencial.
Fonte: Autor.

Esta hora, tem a mesma base prática das horas expostas anteriormente,
ou seja, é calculada com base no salário mensal do autor dividindo a mesma por
220 (44 horas semanais / 6 dias úteis = 7,33 horas/dia x 30 dias = 220
horas/mês) multiplicando pela quantidade de horas de intervalo intrajornada
(apurada em planilha auxiliar – ANEXO F) e ainda incidindo adicional legal de
50%. Aplicando a correção (tabela fornecida pelo TRT, Anexo G), tem-se um
total de R$ 1.316,64.
Tomando por base os cálculos acima expostos, o valor a que o autor tem
de direito relativo ao FGTS + multa de 40% - do contrato foi R$ 1.829,71; com
relação às verbas rescisórias o total calculado foi de R$ 6.271,44; as horas
extras lhe renderam R$ 5.708.38; e o intervalo intrajornada foi de R$ 1.316,64.
Sobre esse subtotal de R$ 15.126,17, incide juros legais de 3,47% que equivale
a R$ 524,88, valor esse que somado ao subtotal, será de R$ 15.651,05. Deduz
desse valor o INSS de R$ 878,75, que incide sobre o valor total calculado pelo
perito, finalizando com um montante de R$ 14.772,29 a receber da reclamação
trabalhista.
47

Quadro 6: Resumo das verbas calculadas


Em R$
AUTUAÇÃO: 20/mai/10 cnpj réu: 00.000.000-00
PRESCRIÇÃO: - cpf autor: 111.111.111-11
TRT/SC - débito
DÉBITO TRABALHISTA POSICIONADO PARA: 01/set/10 Tabela adotada: trabalhista
TRT/SC - débito
FGTS POSICIONADO PARA: 01/set/10 Tabela adotada: trabalhista

A - CRÉDITOS DO AUTOR R$

1. PRINCIPAL 13.296,45

2. FGTS+40% 1.829,71

3. SUBTOTAL 15.126,16

4. JUROS LEGAIS - 104 dias = 3,47% 524,88

5 (-) INSS - cota autor (878,75)


6. TOTAL LÍQUIDO COM IMPOSTO DE RENDA DEVIDO AO AUTOR 14.772,29

Fonte: Autor.
48

4 CONCLUSÃO

Neste estudo foi possível verificar os procedimentos realizados pelo perito


contador na quantificação das verbas sentenciadas pela magistrada, assim,
também como as diferentes fases em que perícia contábil pode ser empregada
em uma ação trabalhista. Tanto na fase de instrução processual, servindo de
prova para fundamentar a decisão, como também, na fase de liquidação de
sentença, possibilitando ao perito, com base na decisão do Magistrado e na
legislação pertinente, usar de técnicas periciais contábeis para tornar líquida a
decisão.
Foi apresentado um estudo de caso real, possibilitando, assim, analisar os
aspectos de um litígio trabalhista, desde sua petição inicial culminando na fase
de liquidação de sentença até o valor da condenação proferido pela Juíza.
Através dos cálculos realizados pelo perito contador do caso em questão,
o autor, ao final do processo recebeu a quantia total de R$ 14.772,29 conforme
(quadro 6), soma essa, desenvolvida de acordo com as verbas do comando
sentencial proferido pela magistrada. Em sua rescisão contratual, o reclamante
havia recebido uma quantia de R$ 158,41, valor esse muito aquém do apontado
pelo perito.
Quanto ao objetivo geral, o qual foi o abordar os procedimentos de cálculo
utilizado pelo perito contador das principais verbas trabalhistas, foi alcançado n o
desenvolvimento do capítulo 3, na qual foi desenvolvido em cima de um estudo
de caso verídico, sendo efetuados os devidos cálculos pelo perito para a
quantificação das verbas sentenciadas pela juíza do processo.
Já com relação aos objetivos específicos, os mesmos foram apresentados
durante o capítulo 2 e 3, na qual foram identificadas as diversas fases de um
processo trabalhista e legislação pertinente à perícia contábil trabalhista através
da abordagem de conceitos. Houve também a demonstração das etapas em que
um perito contador atua em uma ação trabalhista e, por fim, a análise de um
modelo prático de reclamatória trabalhista, sendo que foram demonstrados os
procedimentos de cálculos utilizados pelo perito para a quantificação das verbas
proferidas pela magistrada no processo em questão.
49

Finalizando, sugere-se a elaboração de trabalhos futuros na área da


perícia contábil, que contemplem aspectos relacionados aos passivos
trabalhistas das empresas, analisando seu endividamento por esses passivos
constantes no Balanço Patrimonial, e conferindo se estas empresas estão
atendendo as NBC com relação às provisões para eventuais perdas no futuro,
tema este que não foi objeto de estudo nesta pesquisa.
50

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SALEM, Luciano Rossignolli; DINÁ, Aparecida Rossignolli. Cálculos trabalhistas:


doutrina, legislação, jurisprudência e prática – 2ª. ed. – São Paulo: LTr, 2004.

SANTOS, José Luiz dos; SCHMIDT, Paulo; GOMES, José Mário M. Fundamentos
da Perícia Contábil – São Paulo: Atlas, 2006.

SARAIVA, Renato. Direito do Trabalho. 7ª. ed. - São Paulo: Método, 2008.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 23ª ed. São


Paulo: Cortez, 2007.

VERGARA, Sylvia Constant. Projeto e relatório de pesquisa em administração.


4ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.

ZANNA, Remo Dalla. Prática de Perícia Contábil – São Paulo: IOB Thomson,
2005.
52

ANEXOS
53

ANEXO A – Petição Inicial

José da Silva, brasileiro, solteiro, desempregado, portador do RG nº


444.222-00, CPF 22222222-33, residente e domiciliado à Rua areias, nº 555,
apto. 111, Ingleses, Florianópolis/SC, Cep: 00011-333, vem respeitosamente
perante V. Exa., através de sua procuradora infra firmada, instrumento
mandatário em anexo, propor a presente RECLAMATÓRIA TRABALHISTA –
RITO SUMARÍSSIMO, em face do Alfa Ltda., empresa inscrita no CNPJ sob o
nº: 01.006.098/0001-22, com sede à Rua Ivo Silveira, nº 444, Jurerê
Internacional, Florianópolis/SC, Cep: 00000-222, pelos fatos e fundamentos que
passa a expor:

I – DO CONTRATO DE TRABALHO

O Reclamante laborou para a Reclamada, como garçom, do período de


01/12/2009 à 17/01/2010, onde foi demitido imotivadamente, tendo em vista que
o Contrato de Experiência efetuado entre as partes, terminara em 14/01/2010,
como verifica-se na copia da CTPS em anexo. O horário de trabalho do
Reclamante era das 11:00 hrs às 3:00 hrs, sem folga intrajornada, de segunda-
feira à domingo.

II – DA REMUNERAÇÃO

O Reclamante laborava como garçom, sendo que recebia apenas a


porcentagem de 10% (dez por cento) do valor bruto diário ao qual a casa
recebia, sendo dividido por todos os garçons, ao qual o Reclamante fazia uma
remuneração média diária de R$140,00 (cento e quarenta reais), perfazendo o
valor total mensal de R$4.200,00 (quatro mil e duzentos reais), todavia a
Reclamada assinara a CTPS do Reclamante com a remuneração de R$530,00
(quinhentos e trinta reais), devendo a remuneração do Reclamante ser alterada,
constando a remuneração total ao qual o mesmo recebia, qual seja: R$4.200,00
(quatro mil e duzentos reais).
54

III – DA RESCISÃO CONTRATUAL

Ocorre que as partes efetuaram um Contrato de Experiência de 45


(quarenta e cinco) dias, podendo o mesmo ser renovado pelo mesmo período,
todavia a Reclamada demitiu o Reclamante imotivadamente após o Contrato de
Experiência ter expirado, passando o presente contrato a vigorar por tempo
indeterminado, tornando-se o Reclamante credor da rescisão contratual por
tempo indeterminado, bem como mediante a remuneração correta do mesmo,
conforme item acima, qual seja: R$4.200,00 (quatro mil e duzentos reais).

IV – AVISO PREVIO

Tendo em vista que a Reclamada não efetuara o pagamento do aviso


prévio, uma vez que demitira o Reclamante imotivadamente e após o término do
Contrato de Experiência, torna-se o mesmo credor ao recebimento do aviso
prévio, bem como seus reflexos, no valor de uma remuneração, qual seja:
R$4.200,00 (quatro mil e duzentos reais), bem como que o mesmo seja anotado
na CTPS do Reclamante.

V – DAS HORAS EXTRAORDINÁRIAS

Ocorre que o Reclamante laborava das 11:00 hrs às 3:00 hrs, de domingo
à domingo, sem folga intrajornada, tornando-se credor ao recebimento das horas
extraordinárias durante toda a vigência do contrato de trabalho em questão, que
perfaz um valor total de R$5.603,70 (cinco mil seiscentos e três reais e setenta
centavos), bem como seus reflexos.

VI – FOLGA INTRAJORNADA

Uma vez que o Reclamante não tinha folga intrajornada, durante toda a
vigência do presente contrato, torna-se credor ao pagamento em dobro da hora
laborada, perfazendo um valor total de R$457,90 (quatrocentos e cinqüenta e
sete reais e noventa centavos), bem como seus reflexos.
55

VII – FGTS ACRESCIDO DA MULTA DE 40%

Tendo em vista que o Reclamante fora demitido imotivadamente e, após o


contrato de experiência ter expirado, passando a vigorar o presente contrato por
tempo indeterminado, bem como aplicando-se a remuneração integral ao qual o
Reclamante recebia, torna-se credor ao pagamento da diferença do FGTS,
durante o período laborado, bem como a multa de 40%, acrescido dos reflexos
dos itens acima descritos, no valor total de R$995,30 (novecentos e noventa e
cinco reais e trinta centavos).

VIII – FÉRIAS PROPORCIONAIS ACRESCIDAS DE 1/3

O Reclamante é credor da diferença salarial sobre as férias proporcionais


acrescidas de 1/3 Constitucional, tendo em vista a remuneração total do mesmo,
o aviso prévio, bem como o reflexo das horas extraordinárias, intervalo
intrajornada e repouso semanal, tornando-se credor do valor total de R$1.582,10
(um mil quinhentos e oitenta e dois reais e dez centavos).

IX – 13º SALÁRIO PROPORCIONAL

O Reclamante é credor da diferença salarial sobre o 13º salário


proporcional, tendo em vista a remuneração total do mesmo, o aviso prévio, bem
como o reflexo das horas extraordinárias, intervalo intrajornada e o repouso
semanal, tornando-se credor do valor total de R$1.186,60 (um mil cento e oitenta
e seis reais e sessenta centavos).

X - MULTA DO ART. 477 DA CLT

Tendo em vista que a Reclamada não efetuou ao pagamento da rescisão


contratual sobre a remuneração, é devedor da multa que trata o art. 477 da CLT,
no valor de uma remuneração, que perfaz o valor total de R$4.200,00.
Diante do exposto, REQUER:
56

a) A total PROCEDÊNCIA da presente Reclamatória Trabalhista,


condenando a Reclamada ao pagamento, no valor total de R$20.400,00 (vinte
mil e quatrocentos reais), referente as verbas rescisórias, abaixo mencionadas;
b) A condenação da Reclamada à assinatura na CTPS do Reclamante,
referente ao contrato por tempo indeterminado, incluindo o Aviso Prévio
indenizado, que perfaz da data de saída em 17/02/2010, bem como a
remuneração correta durante toda a contratualidade;
c) A PROCEDÊNCIA da remuneração total do Reclamante, incluindo a
média mensal das comissões recebida pelo mesmo durante toda a
contratualidade, perfazendo o valor total de R$4.200,00 (quatro mil e duzentos
reais) mensais;
d) A condenação da Reclamada a diferença do pagamento da rescisão
contratual, sobre a remuneração total do Reclamante;
e) A PROCEDENCIA do presente Contrato de Trabalho vigorar como por
tempo indeterminado, já que o Contrato de Experiência já havia expirado no
momento da rescisão contratual;
f) A condenação da Reclamada a efetuar o pagamento, no valor de R$
4.200,00 (quatro mil e duzentos reais), referente ao aviso prévio indenizado;
g) A condenação da Reclamada a efetuar o pagamento, no valor de
R$5.603,70 (cinco mil seiscentos e três reais e setenta centavos), referente as
horas extraordinárias efetuadas pelo Reclamantes e, não pagas pela Reclamada,
bem como seus reflexos;
h) A condenação da Reclamada a efetuar o pagamento, no valor de
R$457,90 (quatrocentos e cinquenta e sete reais e noventa centavos), referente
a folga intrajornada, bem como seus reflexos;
i) A condenação da Reclamada a efetuar o pagamento no valor de
R$995,30 (novecentos e noventa e cinco reais e trinta centavos), referente a
diferença do FGTS, sobre a remuneração total do Reclamante, acrescido da
multa de 40% e, dos reflexos dos itens acima descritos;
j) A condenação da Reclamada a efetuar o pagamento, no valor de
R$1.582,10 (um mil quinhentos e oitenta e dois reais e dez centavos), referente
as férias proporcionais acrescidas de 1/3 Constitucional;
57

k) A condenação da Reclamada a efetuar o pagamento, no valor de


R$1.186,60 (um mil cento e oitenta e seis reais e sessenta centavos), referente
ao 13º salário proporcional;
l) A condenação da Reclamada a efetuar o pagamento no valor de
R$4.200,00 (quatro mil e duzentos reais), referente a multa do art. 477 da CLT;
m) A citação da Reclamada, por seu representante legal, para querendo e
dentro do prazo legal, contestar a presente Ação, sob pena de confissão e
revelia;
n) Seja concedido o benefício da AJG ao Reclamante, tendo em vista que
o mesmo não possui condições financeiras, sem prejuízo seu e de sua família,
para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios;
o) A condenação do Reclamado ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios;
p) A inversão do ônus da prova, tendo em vista a hipossuficiência do
trabalhador em relação a Reclamada;
q) Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitido,
principalmente documental, testemunhal e depoimento pessoal das partes.

Dá-se a causa o valor de R$20.400,00 (vinte mil e quatrocentos reais).


58

ANEXO B – Sentença

TERMO DE AUDIÊNCIA

Autos da Ação nº XXXX/2010


(PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO)

Aos trinta dias do mês de julho do ano dois mil e dez, às 16h41min, na
sala de audiências da 4ª Vara do Trabalho de Florianópolis, sob a Presidência da
Excelentíssima Juíza MARIA DA SILVA PEREIRA, foram apregoadas as partes:
José da Silva, autora, Alfa Ltda, réu, para verem publicada a sentença que
segue em seu inteiro teor.
Partes ausentes.
Procedidas às formalidades legais foi proferida a seguinte

SENTENÇA
1. RELATÓRIO: Dispensado, nos termos do art. 852-I, da CLT, com a
redação dada pela Lei nº 9957/2000.

2. FUNDAMENTAÇÃO:

2.1.Gratuidade Judiciária

Os requisitos para a concessão da gratuidade judiciária estão previstos


nas Leis 5584/70 e 1060/50, com a redação que foi dada pela Lei 7510/86,
sendo necessário que o trabalhador perceba salário inferior ao dobro do mínimo
legal ou declare não possuir condições econômico-financeiras para arcar com as
despesas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou da família.
Preenchidos os requisitos legais (declaração na p.1 do marcador 3), o
requerimento é deferido.

2.2. Dos Pedidos

Alega o autor que firmou contrato de experiência com o réu com prazo de
45 dias, que deveria vigorar no período de 01/12/2009 a 14/01/2010, porém
59

trabalhou até 17/01/2010. Que trabalhava como garçom, laborando das 11h às
03h, de segunda-feira a domingo, sem intervalo intrajornada nem folga semanal.
Que recebia R$140,00 por dia, totalizando R$4.200,00 por mês, mas em sua
CTPS o réu registrou o salário de R$530,00 mensais. Entende que o contrato se
transformou em contrato por prazo indeterminado, requerendo o pagamento de
aviso prévio (com anotação de sua projeção em CTPS), horas extras e
intervalares, adicional noturno, FGTS acrescido da indenização compensatória
de 40%, férias acrescidas de 1/3, gratificação natalina e multa do artigo 477, da
CLT.
Não foram ouvidas testemunhas.
Além do reconhecimento da representante do réu, a cópia da CTPS,
juntada pelo autor na p.1 do marcador 5, comprova que em 01/12/2009 as partes
firmaram contrato de experiência, com vigência de 45 dias. O prazo foi
extrapolado, razão pela qual o contrato passou a vigorar sem determinação de
prazo.
Quanto ao valor do salário, o réu não apresentou nenhum comprovante de
pagamento efetuado ao autor e, na audiência, sua representante disse que não
os possui.
Sendo assim, considerando que cabe a quem paga manter o
correspondente recibo de pagamento e não tendo o réu os apresentado,
considero verdadeiro o valor do salário apontado na inicial, qual seja, R$140,0 0
por dia.
No tocante ao horário trabalhado, não há nenhuma afirmação, na inicial,
de que o estabelecimento do réu possuísse mais de dez empregados, o que o
obrigaria a manter cartões ponto, nos termos do artigo 74, § 2º, da CLT.
Sendo assim, cabia ao autor fazer prova de que laborava nos horários que
afirmou, por se tratar de fato constitutivo de seu direito, mas desse ônus não se
desvencilhou.
Por tal razão, do cotejo da inicial e contestação, fixo que o autor até
25/12/2009 trabalhou das 11h às 19h, com 30 minutos de intervalo, com uma
folga semanal; de 26/12/2009 até o final do contrato o autor trabalhou das 11h às
19h, com 30 minutos de intervalo, retornando às 20h e laborando até às 03h,com
outro intervalo de 30 minutos, sem folga semanal (pois sabe-se que em tal
período o movimento nos bares e restaurantes é intenso, principalmente no
60

bairro de Jurerê Internacional, em que localizado o réu), sendo que dia


02/01/2010 a 09/01/2010 (semana posterior ao réveillon) o autor não usufruiu
intervalo intrajornada nem folga semanal.
Fixados os horários acima, condeno o réu a pagar ao autor horas extras,
assim consideradas todas as laboradas a partir da 8ª diária e 44ª semanal,
acrescidas de 50%, com reflexos em repousos semanais remunerados, férias
acrescidas do terço constitucional, natalinas e FGTS acrescido da indenização
compensatória de 40%.
No mais, considerando que o contrato passou a vigorar sem determinação
de prazo e restando incontroverso que o autor foi dispensado sem justa causa,
condeno o réu pagar-lhe:
a) aviso prévio de 30 dias;
b) 3/12 de férias proporcionais acrescidas de 1/3;
c) 2/12 de gratificação natalina proporcional;
d) intervalo intrajornada nos dias em que o autor não usufruiu o repouso
de 01h, acrescido de 50%, sem reflexos ante a natureza indenizatória da verba;
e) FGTS do período contratual, acrescido da indenização compensatória
de 40%.
Deverá a ré retificar a CTPS do autor para fazer constar como data de
saída o dia 17/02/2010 (considerando o período de projeção do aviso prévio).
Rejeito o pedido de aplicação da multa do artigo 477, da CLT, pois as
diferenças somente reconhecidas em Juízo não geram direito ao pagamento
dessa parcela. Não há sequer alegação de mora no pagamento das rescisórias
que foram efetivamente pagas.
Em liquidação, deduzam-se os valores constantes do TRCT juntado no
marcador 9, porventura pagos sob as mesmas rubricas que as deferidas acima,
para evitar enriquecimento sem causa do reclamante.

2.3. Descontos fiscais e previdenciários

Ficam autorizados os descontos fiscais e previdenciários, com


comprovação documental nos autos pela demandada, respeitadas as seguintes
diretrizes:
61

a) os cálculos serão realizados pelo mesmo órgão competente para a


liquidação da sentença (contadoria do Juízo ou contador ad hoc);
b) os descontos relativos ao Imposto de Renda Retido na Fonte serão
calculados pelo regime de caixa, ex vi legis.
c) as contribuições previdenciárias devidas pelo empregado e pelo
empregador (cotas-partes) sobre as verbas de natureza salarial, obedecerão ao
disposto no art. 22, § 2º, e art. 28, § 9º, da Lei 8.212/91 e no § 4º do art. 276 do
Decreto nº 3048/99, com dedução do percentual ao encargo do trabalhador.
d) os juros de mora comporão a base de cálculo do imposto de renda,
conforme dicção dos artigos 43, § 3º e 640 do Decreto nº 3.000/99;
d) as contribuições previdenciárias serão atualizadas pela taxa SELIC e
sobre elas incidirá, ainda, a multa de mora, a partir da época da prestação dos
serviços, conforme dispõem os artigos 34 e 35 da Lei 8.212/91.

2.4. Juros e correção monetária

Os Juros são os moratórios (incabíveis juros compensatórios em se


tratando de verba trabalhista), calculados sobre o total da condenação já
corrigido monetariamente (sem exclusão de nenhuma parcela, inclusive INSS e
Imposto de Renda), devidos desde o ajuizamento da ação até a data do efetivo
pagamento.
Para efeito de correção monetária observe-se a Súmula n.º 381, do TST.

3. DISPOSITIVO:

ISTO POSTO, julgo PROCEDENTE EM PARTE o pedido formulado para


condenar ALFA LTDA. a pagar a JOSÉ DA SILVA, no prazo legal e conforme se
apurar em liquidação, observados os parâmetros da fundamentação supra que
passa a integrar este decisum, os seguintes títulos:

a) horas extras e reflexos;


b) indenização substitutiva pela supressão de intervalo intrajornada;
c) aviso prévio de 30 dias;
d) 3/12 de férias acrescidas do terço constitucional;
e) 2/12 de gratificação natalina;
62

f) FGTS de todo o período contratual, acrescido da indenização de 40%.


Juros e correção monetária conforme fundamentação.
Para fins de apuração das parcelas deferidas, observe-se, como salário, o
valor de R$140,00 por dia.
Deverá o réu comprovar os recolhimentos fiscais e previdenciários, estes
sob pena de execução.
Custas de R$ 240,00, calculada sobre o valor da condenação de
R$12.000,00, pelo réu.
Publique-se.
Registre-se.
Intimem-se as partes.

MARIA DA SILVA PEREIRA


Juíza do Trabalho
63

ANEXO C - LAUDO PERICIAL

Este tópico abordará sobre o laudo pericial, que é o documento produzido ,


de forma escrita, pelo perito e deve conter a forma de como foi efetuada a
perícia, neste caso, a trabalhista.

EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 4ª VARA DO TRABALHO DE


FLORIANÓPOLIS/SC.

PROCESSO N.º: RT 08855-2010-033-12-00-5

EXEQÜENTE: JOSÉ DA SILVA


EXECUTADO: ALFA LTDA.

Eu, JOÃO CARVALHO, Bacharel em Ciências Contábeis, devidamente


registrado no Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina, registrado
sob nº. 888.88888, perito nomeado nos autos do processo em referência, vem
com o devido respeito e acatamento, apresentar a Vossa Excelência O LAUDO
DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA, em obediência ao comando de fls. 143.

Requer por fim, a fixação de honorários periciais por Vossa Excelência, no


valor de R$ xxx,xx, corrigidos pelos critérios aplicados aos débitos trabalhistas
até a data do efetivo pagamento.

Nestes Termos
Pede Deferimento.

Florianópolis, 01 de setembro de 2010.

JOÃO CARVALHO
PERITO DO JUÍZO
64

Este relatório foi realizado atendendo as Normas de Perícia Contábil


(NBC.T.13), do Conselho Federal de Contabilidade.
A matéria em questão é relacionada a uma Reclamatória Trabalhista,
devendo atender a Consolidação das Leis Trabalhistas, Lei n.º 5.452 de
01/05/1943. No qual todo o conhecimento deverá ser despendido pelo perito, e
este deverá atender às leis pertinentes à área trabalhista, devendo ainda,
observar os fatos ocorridos entre reclamante e reclamado.
O objeto da perícia foi examinar o valor devido ao autor do processo.
Utilizando-se da evolução matemática aplicada às fundamentações, conceitos
técnicos e jurídicos dispostos pelo reclamante e pelo reclamado. E estes serão
os objetos de interesses da causa, a ser julgado pelo Magistrado.

1. Dos critérios das verbas sentenciadas:

1.1 Multa do art. 477, da CLT

Esta é uma verba na qual o empregador deverá pagar ao empregado


demitido, referente a um mês de salário, caso as parcelas da rescisão não forem
pagas dentro dos prazos estabelecidos pelo mesmo art. 477 da CLT, o qual diz
que este valor deve ser pago até o 1º dia útil após a demissão, ou até o 10º dia
após ser demitido e não tiver cumprido ou tiver sido dispensado do aviso prévio.
Neste caso, a juíza rejeitou o pedido da inicial ao pagamento da multa do art.
477 da CLT, cabendo ao perito, não apurar tal valor pedido pelo autor.

1.2 Horas Extras e reflexos

Com relação às horas extras, foi acatado pela juíza, o horário dito pelo
autor na inicial, que consequentemente resultou em horas extraordinárias, na
qual teria direito o autor, sendo que esta não foi paga. Se essa verba tivesse
sido paga normalmente no prazo certo, iria incidir sobre outras verbas
remuneratórias, como não foi isso que aconteceu, neste momento foi feito o
chamado reflexo das horas extras em outras verbas que teria direito à época o
reclamante.
65

1.3 Intervalo Intrajornada

O Intervalo Intrajornada, foi dado pela juíza na forma de verba


indenizatória, de acordo com horário exposto na inicial pelo autor e acatado pela
Magistrada. Caracterizou-se supressão da hora para lanche e descanso do
reclamante durante seu horário de trabalho. A verba indenizatória se difere da
remuneratória na questão da prestação do serviço, pois enquanto as verbas
remuneratórias são aquelas que retribuem pelo serviço prestado do empregado,
a indenizatória não há essa contraprestação. Esta advém de um dano sofrido ou
por uma situação desvantajosa por parte do empregado. Consequentemente não
terá reflexos em outras verbas, pois na época do contrato o autor não tinha
direito a esse intervalo, de acordo com sentença da Magistrada.

1.4 Aviso Prévio de 30 dias

O Aviso Prévio foi sentenciado pela juíza, pois era de direito do autor no
final do contrato de trabalho, como remete o art. 7º, XXI da Constituição de 1988,
no qual consta que o prazo mínimo de aviso prévio é de 30 dias. Neste caso, o
réu não forneceu aviso prévio (trabalhado ou indenizado) ao reclamante, tendo
neste momento que pagar ao autor o valor de 30 dias trabalhados.

1.5 Férias + 1/3 constitucional

O autor laborou por um período de dois meses para a empresa Alfa Ltda.,
contudo na sua rescisão contratual, o réu não pagou o que de fato deveria, no
caso, as férias proporcionais mais o terço constitucional de direito. A Magistrada
sentenciou o pagamento pela reclamada de 3/12 de férias mais 1/3 de férias,
pois o reclamante trabalhou dois meses e mais um mês de aviso prévio
sentenciado pela juíza, totalizando a proporcionalidade de 3/12 de férias.
66

1.6 Gratificação Natalina

Com relação ao 13º salário, sentenciou a juíza, o pagamento de forma


proporcional ao reclamante de 2/12 de gratificação, pois como outras verbas
acima descritas, não foram pagas pelo réu na rescisão do contrato de trabalho.
Sendo assim, 1/12 de 13º salário referente há um mês trabalhado no ano de
2009 e o outro 1/12 referente ao mês de aviso prévio sentenciado pela
Magistrada, fazendo jus então, o autor, de 2/12 de gratificação natalina.

1.7 FGTS + multa de 40%

No caso do Fundo de Garantia, o reclamado não efetuou o pagamento no


término do pacto laboral. Fazendo com que a juíza sentenciasse o pagamento
pelo réu do FGTS do período do contrato acrescido de indenização
compensatória de 40%. Foram então realizados os cálculos para o recolhimento
da referida verba com percentual total de 11,2% de que teria direito o autor
durante seu contrato de trabalho.

1.8 Da Contribuição Fiscal e Previdenciária

Neste caso prático, a cota patronal do INSS foi calculada sobre o total das
parcelas deferidas (tributáveis), de acordo com a tabela do INSS sob o código
507, nos seguintes percentuais: Empresa 20%, SAT 1% e Terceiros 5,8%, no
total de 26,8%. No entanto, esses cálculos são ramificações da perícia
trabalhista, e é uma consequência das verbas apuradas em que há incidência no
INSS e no IR.
Isto posto, submeto o laudo em referência à vossa apreciação e
consideração, colocando-me a disposição de Vossa Excelência para quaisquer
esclarecimentos complementares, caso se faça necessário.

Florianópolis, 01 de setembro 2010.

JOÃO CARVALHO
Perito Contador
67

ANEXO D – Resumo da Liquidação

Quadro 7: Resumo da Liquidação de Sentença


AUTUAÇÃO: 20/mai/10 cnpj réu: 00.000.000-00
PRESCRIÇÃO: - cpf autor: 111.111.111-11
TRT/SC - débito
DÉBITO TRABALHISTA POSICIONADO PARA: 01/set/10 Tabela adotada: trabalhista
TRT/SC - débito
FGTS POSICIONADO PARA: 01/set/10 Tabela adotada: trabalhista

A - CRÉDITOS DO AUTOR R$

1. PRINCIPAL 13.296,45

2. FGTS+40% 1.829,71

3. SUBTOTAL 15.126,16

4. JUROS LEGAIS - 104 dias = 3,47% 524,88

5 (-) INSS - cota autor (878,75)


6. TOTAL LÍQUIDO COM IMPOSTO DE RENDA DEVIDO AO AUTOR 14.772,29

B - CRÉDITOS DE TERCEIROS
1. HONORÁRIOS ASSISTENCIAIS BASE = R$ 15.651,04
2. HONORÁRIOS PERICIAIS (contábeis)
3. HONORÁRIOS PERICIAIS (médico/engenheiro)
4. IOESC
5. TOTAL

C - CRÉDITOS DA FAZENDA NACIONAL


1. CUSTAS DEVIDA BASE = R$ 15.651,04 313,02
2. CUSTAS PAGAS 0,00
3. SALDO DE CUSTAS 313,02

D - CRÉDITOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL


1. COTA AUTOR 878,75
2. COTA PATRONAL 3.535,46
3. MULTA DE 20% 840,41
4. TOTAL 5.254,61

E - TOTAL GERAL DA CONDENAÇÃO 20.339,92

DISTRIBUIÇÃO DOS VALORES R$

PRINCIPAL LÍQUIDO DEVIDO AO AUTOR COM IMPOSTO DE RENDA 14.772,29


INSS - COTA AUTOR 878,75
INSS - COTA PATRONAL 3.535,46
INSS - MULTA DE 20% 840,41
SALDO DE CUSTAS 313,02
HONORÁRIOS ASSISTENCIAIS 0,00
TOTAL GERAL DA CONDENAÇÃO 20.339,92

Base de cálculo do Imposto de Renda 4.703,62


Imposto de Renda a recolher 600,71

Base do INSS (Portaria nº 176, de 19 de fevereiro de 2010) 12.826,01

1) Obrigação de fazer: a ré deverá retificar a CTPS do autor conforme determinado no fundamento, item 2.2.
Fonte: Autor.
68

ANEXO E – Contribuição Fiscal e Previdenciária

Quadro 8: Contribuição Previdenciária - (Sobre as verbas contratuais reconhecidas)


DISTRIBUIÇÃO DOS VALORES
VERBAS/EVENTO AUTOR RÉU/FPAS RÉU/RAT RÉU/TERC RÉU/TOTAL INSS/TOTAL
Valor Histórico 642,01 1.325,33 66,27 384,35 1.775,95 2.417,96
Juros SELIC até a data do cálculo 33,25 69,02 3,45 20,02 92,49 125,75
INSS - Multa de 20% 483,59
TOTAL 675,26 1.394,36 69,72 404,36 1.868,44 3.027,29
Base do INSS (Portaria nº 176, de 19 de fevereiro de 2010) 6.770,72

Fonte: Autor.

Quadro 9: Contribuição Previdenciária - (Sobre as verbas tributáveis sentenciadas)


DISTRIBUIÇÃO DOS VALORES
VERBAS/EVENTO AUTOR RÉU/FPAS RÉU/RAT RÉU/TERC RÉU/TOTAL INSS/TOTAL
Valor Histórico 194,11 1.186,55 59,33 344,10 1.589,97 1.784,08
Juros SELIC até a data do cálculo 9,38 57,50 2,87 16,67 77,05 86,42
INSS - Multa de 20% 356,82
TOTAL 203,49 1.244,04 62,20 360,77 1.667,02 2.227,32
Base do INSS (Portaria nº 176, de 19 de fevereiro de 2010) 6.055,29

Fonte: Autor.

Quadro 10: Imposto De Renda

VERBAS BASE DE ALÍQ DEDUÇ IR A


CÁLCULO RECOLHER
1. 13º salários 670,08
3. Horas extras e reflexos 5.708,38
3.1. (-) - Av prévio -325,68
3.2. (-) - Férias indenizadas -470,42
4. SUBTOTAL 5.582,36
5. (-) INSS - autor -878,75
TOTAL EM 01/09/2010 4.703,62 27,50 692,78 600,71

Fonte: Autor.
69

ANEXO F -– Apuração de Horas Extras

Quadro 11: Resumo De Apuração Das Extras

PERÍODO HORAS EXCED EXCED INTERV


NOTUR 8ª DIÁRIA 44ª SEM INTRAJOR
01/dez/09 30,86 0,00 1,14 28,00
13º/09
17/jan/10 92,00 0,00 132,43 17,00

Fonte: Autor.

Quadro 12: Levantamento De Horas Extras

DIA DIURNO DIURNO NOTURNO NOTURNO TOTAL H NOT TOTAL TOTAL EXCED TOTAL EXCED TOTAL INTERV TOTAL
DIA/MÊS/ANO 8ª 44ª 44ª
SEM HE ME HS MS HE ME HS MS HE ME HS MS HE ME HS MS H.N. ACUMULADA H.DIA HORAS 8ª DIA DIARIA SEM SEM INTRAJOR INT INTRAJOR
01/dez/09 T 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 7,50 0,00 0,00 0,00 1,00 1,00
02/dez/09 Q 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 7,50 0,00 0,00 0,00 1,00 2,00
03/dez/09 Q 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 7,50 0,00 0,00 0,00 1,00 3,00
04/dez/09 S 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 7,50 0,00 0,00 0,00 1,00 4,00
05/dez/09 SAB 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 7,50 0,00 0,00 0,00 0,00 1,00 5,00
06/dez/09 D 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 0,00 0,00 0,00 0,00 1,00 6,00
07/dez/09 S 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 6,00
08/dez/09 T 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 7,50 0,00 0,00 0,00 1,00 7,00
09/dez/09 Q 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 7,50 0,00 0,00 0,00 1,00 8,00
10/dez/09 Q 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 7,50 0,00 0,00 0,00 1,00 9,00
11/dez/09 S 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 7,50 0,00 0,00 0,00 1,00 10,00
12/dez/09 SAB 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 7,50 0,00 0,00 0,00 0,00 1,00 11,00
13/dez/09 D 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 0,00 0,00 0,00 0,00 1,00 12,00
14/dez/09 S 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 12,00
15/dez/09 T 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 7,50 0,00 0,00 0,00 1,00 13,00
16/dez/09 Q 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 7,50 0,00 0,00 0,00 1,00 14,00
70

17/dez/09 Q 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 7,50 0,00 0,00 0,00 1,00 15,00
18/dez/09 S 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 7,50 0,00 0,00 0,00 1,00 16,00
19/dez/09 SAB 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 7,50 0,00 0,00 0,00 0,00 1,00 17,00
20/dez/09 D 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 0,00 0,00 0,00 0,00 1,00 18,00
21/dez/09 S 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 18,00
22/dez/09 T 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 7,50 0,00 0,00 0,00 1,00 19,00
23/dez/09 Q 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 7,50 0,00 0,00 0,00 1,00 20,00
FERIADO Q 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 8,00 0,00 0,00 0,00 1,00 21,00
25/dez/09 S 11 0 16 0 16 30 19 0 0,00 0,00 7,50 7,50 0,00 0,00 0,00 1,00 22,00
26/dez/09 SAB 11 0 18 30 20 0 22 0 22 0 24 0 0 30 3 0 5,14 5,14 9,50 14,64 6,64 0,00 1,14 1,14 1,00 23,00
27/dez/09 D 11 0 18 30 20 0 22 0 22 0 24 0 0 30 3 0 5,14 10,29 9,50 0,00 0,00 0,00 1,14 1,00 24,00
28/dez/09 S 11 0 18 30 20 0 22 0 22 0 24 0 0 30 3 0 5,14 15,43 9,50 14,64 6,64 0,00 1,14 1,00 25,00
29/dez/09 T 11 0 18 30 20 0 22 0 22 0 24 0 0 30 3 0 5,14 20,57 9,50 14,64 6,64 0,00 1,14 1,00 26,00
30/dez/09 Q 11 0 18 30 20 0 22 0 22 0 24 0 0 30 3 0 5,14 25,71 9,50 14,64 6,64 0,00 1,14 1,00 27,00
31/dez/09 Q 11 0 18 30 20 0 22 0 22 0 24 0 0 30 3 0 5,14 30,86 9,50 14,64 6,64 0,00 1,14 1,00 28,00
FERIADO S 11 0 18 30 20 0 22 0 22 0 24 0 0 30 3 0 5,14 5,14 9,50 8,00 0,00 0,00 0,00 1,00 1,00
02/jan/10 SAB 11 0 19 0 20 0 22 0 22 0 24 0 0 0 3 0 5,71 10,86 10,00 15,71 7,71 0,00 38,29 38,29 1,00 2,00
03/jan/10 D 11 0 19 0 20 0 22 0 22 0 24 0 0 0 3 0 5,71 16,57 10,00 0,00 0,00 0,00 38,29 1,00 3,00
04/jan/10 S 11 0 19 0 20 0 22 0 22 0 24 0 0 0 3 0 5,71 22,29 10,00 15,71 7,71 0,00 38,29 1,00 4,00
05/jan/10 T 11 0 19 0 20 0 22 0 22 0 24 0 0 0 3 0 5,71 28,00 10,00 15,71 7,71 0,00 38,29 1,00 5,00
06/jan/10 Q 11 0 19 0 20 0 22 0 22 0 24 0 0 0 3 0 5,71 33,71 10,00 15,71 7,71 0,00 38,29 1,00 6,00
07/jan/10 Q 11 0 19 0 20 0 22 0 22 0 24 0 0 0 3 0 5,71 39,43 10,00 15,71 7,71 0,00 38,29 1,00 7,00
08/jan/10 S 11 0 19 0 20 0 22 0 22 0 24 0 0 0 3 0 5,71 45,14 10,00 15,71 7,71 0,00 38,29 1,00 8,00
09/jan/10 SAB 11 0 19 0 20 0 22 0 22 0 24 0 0 0 3 0 5,71 50,86 10,00 15,71 7,71 0,00 50,29 88,57 1,00 9,00
10/jan/10 D 11 0 18 30 20 0 22 0 22 0 24 0 0 30 3 0 5,14 56,00 9,50 0,00 0,00 0,00 88,57 1,00 10,00
11/jan/10 S 11 0 18 30 20 0 22 0 22 0 24 0 0 30 3 0 5,14 61,14 9,50 14,64 6,64 0,00 88,57 1,00 11,00
12/jan/10 T 11 0 18 30 20 0 22 0 22 0 24 0 0 30 3 0 5,14 66,29 9,50 14,64 6,64 0,00 88,57 1,00 12,00
13/jan/10 Q 11 0 18 30 20 0 22 0 22 0 24 0 0 30 3 0 5,14 71,43 9,50 14,64 6,64 0,00 88,57 1,00 13,00
14/jan/10 Q 11 0 18 30 20 0 22 0 22 0 24 0 0 30 3 0 5,14 76,57 9,50 14,64 6,64 0,00 88,57 1,00 14,00
15/jan/10 S 11 0 18 30 20 0 22 0 22 0 24 0 0 30 3 0 5,14 81,71 9,50 14,64 6,64 0,00 88,57 1,00 15,00
16/jan/10 SAB 11 0 18 30 20 0 22 0 22 0 24 0 0 30 3 0 5,14 86,86 9,50 14,64 6,64 0,00 43,86 132,43 1,00 16,00
17/jan/10 D 11 0 18 30 20 0 22 0 22 0 24 0 0 30 3 0 5,14 92,00 9,50 0,00 0,00 0,00 132,43 1,00 17,00
30/jan/10 SAB 0,00 92,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 132,43 0,00 17,00
31/jan/10 D 0,00 92,00 0,00 0,00 0,00 0,00 132,43 0,00 17,00

Fonte: Autor.
71

ANEXO G – Fator de Atualização Monetária

Quadro 13: Correção Monetária

Justiça do Trabalho da 12ª Região

Tabela Única de Atualização e de Convversão por


Época Próprioa Aplicável em >>> 30/06/2012
Fator de Atualização e de
Competências Vencimentos Conversão na Data da Tabela

10/2009 07/11/2009 1,022273836

11/2009 05/12/2009 1,022174819

12/2009 07/01/2010 1,021729253

13/2009 20/12/2009 1,021927264

01/2010 05/02/2010 1,021729253

02/2010 05/03/2010 1,021588589

03/2010 07/04/2010 1,020920687

04/2010 07/05/2010 1,020821540

05/2010 07/06/2010 1,020314448

06/2010 06/07/2010 1,019639663

07/2010 06/08/2010 1,018458913

08/2010 06/09/2010 1,017600050

09/2010 06/10/2010 1,016916200

10/2010 06/11/2010 1,016440083

11/2010 06/12/2010 1,015980734

12/2010 07/01/2011 1,014602071

13/2010 20/12/2010 1,015360273

Fonte: Justiça do Trabalho – 12ª Região


72

ANEXO H – Cálculo Juros Legais

Quadro 14: Cálculo Juros Legais

CÁLCULO : JUROS DE MORA

Data da Autuação Cálculos em:


Dia Mês Ano Dia Mês Ano
20 05 10 01 09 10

Nº.dias 104 Juros% 3,47

Fonte: Arnaldo Furtado

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