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SÃO PAULO
PUC-SP
São Paulo
2022
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
São Paulo
2022
Banca Examinadora
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____________________________________
____________________________________
Dedico esta dissertação de mestrado à minha esposa
Priscila e aos meus filhos Rafael e Maria Fernanda, a
minha maior razão de viver.
AGRADECIMENTOS
Quero deixar meus agradecimentos ao Professor Doutor Sérgio de Iudícibus, mestre incansável
e meu orientador, por todo o suporte e por fazer enxergar outros pontos de vista e,
principalmente, por me orientar com tanta didática para que fosse possível a conclusão desta
dissertação.
Ao Coordenador Prof. Dr. Fernando de Almeida Santos pela paciência em acomodar as diversas
demandas em período de Covid, sempre com uma educação magistral.
Aos Magistrados das Execuções Fiscais Federais de São Paulo que contribuíram com a pesquisa
e incentivo ao tema. Apesar do escasso tempo disponível a eles diante das diversas demandas
do judiciário, não hesitaram em colaborar.
Aos Mestres Elizabeth Martos, Márcia de Souza Montanholi e José Paulo Giaquinto que me
abriram oportunidade na vida acadêmica e que me motivam a continuar.
À minha madrinha Mércia Xidieh Paulucci grande professora e que sempre me apoiou com sua
amizade e amor.
Aos meus pais Claudio e Sueli que mesmo diante das dificuldades que tiveram souberam me
mostrar os maiores valores da vida.
Aos meus irmãos Thiago Bortolino de Mendonça e Felipe Bortolino de Mendonça, contadores
na prática que sempre contribuíram com meu conhecimento.
Aos meus sogros Antonio Faricelli Filho e Marilu de Freitas Faricelli pela amizade, bate papos,
incentivo à pesquisa e discussão dos caminhos a seguir.
À minha cunhada, a grande mestra Patrícia Bacheschi Gomez de Lamadrid pelas discussões
acerca da metodologia a ser aplicada, contribuindo com sua experiência.
Aos mestres e Peritos Fernando Viana e Alessandra Ribas Secco, grandes mestres na perícia
que puderam me passar o caminho das pedras.
RESUMO
A dissertação tem como objetivo validar a influência da Perícia Contábil como aspecto de prova
nas decisões judiciais tributárias. Busca-se responder como a Contabilidade pode influenciar
essas decisões, em razão da prejudicialidade entre questões contábeis e critérios legais relativos
à tributação. Para a realização da dissertação utilizou-se de pesquisa bibliográfica sobre
aspectos introdutórios ao tema. Analisou-se a legislação vigente sobre a questão das provas
civil e tributária, demonstrando a relação entre a Contabilidade, o Direito e, mais
especificamente, o Direito Tributário. Foi, ainda, realizada análise temática, com pesquisa
qualitativa, na qual foram entrevistados profissionais do judiciário (exclusivamente
Magistrados no âmbito federal tributário), a fim de se compreender qual a influência das
perícias em suas decisões. Para avaliação de resultados aplicou-se o método de análise temática
de Braun & Clarke para identificar temas e padrões de significado em um conjunto de dados
em relação a uma pergunta de pesquisa. Como contribuição, o presente estudo busca demonstrar
a influência da perícia contábil na sentença judicial tributária e apontar como a contabilidade
poderia ser mais utilizada como instrumento de prova por Contribuintes, Procuradorias e o
Judiciário. A pesquisa, ainda, poderá ser útil em Estados e Municípios brasileiros como objeto
de estudo e para comparação com outros tributos não estudados. Deverá contribuir a reflexão
dos profissionais da área contábil sobre a importância da Perícia Contábil no judiciário
brasileiro.
ABSTRACT
The thesis aims to evaluate how Tax Accounting Expertise can be used in judicial tax decisions.
The purpose is to analyze how accounting can influence decisions, due to the weighting
between accounting issues and taxation. The thesis used bibliographic research on introductory
aspects to the theme. Also, analyzed the current legislation concerning civil and tax evidence,
demonstrating the relationship between Accounting, Law and, more specifically, Tax Law. In
addition, thematical analysis was used, in which judges in charge of federal tax disputes at Sao
Paulo Federal Court were interviewed on the influence of experts accounting analysis in their
judicial trial decisions. Braun & Clarke thematical analysis’ method was utilized to evaluate
themes and patterns of meaning in a set of data in relation to the research questions. Then, thesis
seeks to demonstrate the influence of accounting evidence of proof in judicial decisions,
showing how the accounting analysis of tax disputes shall be more frequently utilized by public
and private lawyers, and by the judiciary. The thesis can still be used in Brazilian States and
Cities in disputes involving other taxes beyond the federal mentioned in the study. The study
shall assist accountants to think about the importance of accounting analysis in the judicial
disputes.
Keywords: Accounting; Law; Tax law; Tax Accounting Expertise; Judicial Decisions
LISTA DE FIGURAS
1. INTRODUÇÃO 14
1.1. Contextualização do tema 14
1.2. Delimitação do tema 14
1.3. Justificativa 15
1.4. Objetivos 16
1.4.1. Objetivo geral 16
1.4.2. Objetivo específico 16
1.5. Estrutura 16
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 18
2.1. A contabilidade e o direito 18
2.2. O direito contábil 19
2.2.1. O caráter informacional da contabilidade 19
2.3. A contabilidade e seus novos usuários 21
2.4. A contabilidade e sua influência no direito tributário 22
2.4.1. Contabilidade Societária, Fisco e Legislações 23
2.5. O Instituto da Prova no Processo Judicial Brasileiro 24
2.5.1. A prova civil 24
2.5.2. A prova tributária 25
2.6. A perícia contábil 26
2.7. A perícia tributária 27
2.7.1. A perícia tributária na fase administrativa 28
2.7.2. A perícia tributária na fase judicial 29
3. ASPECTOS PRÁTICOS (APURAÇÃO TRIBUTÁRIA, OBRIGAÇÕES
ACESSÓRIAS E DECISÕES EM PROCESSOS TRIBUTÁRIOS FUNDAMENTADA
POR ASPECTOS PERICIAIS) 30
3.1. Apuração tributária 30
3.1.1. Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido (CSLL) 30
3.1.2. Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (COFINS) 32
3.1.3. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) 34
3.2. Obrigações acessórias 35
3.3. Decisões em processos tributários fundamentada por aspectos periciais 38
4. METODOLOGIA 42
4.1. Delineamento da pesquisa 42
4.2. População 44
4.3. Instrumentos 44
4.4. Coleta de dados 45
4.5. Critérios de análise 45
5. RESULTADOS DA PESQUISA QUALITATIVA 46
5.1. Dificuldades para maior utilização da Perícia Contábil 46
5.1.1. Aspectos de ausência da solicitação de prova 46
5.1.2. Pagamento pericial 47
5.1.3. Não Ligação Obrigatória entre Direito Tributário e Contabilidade 47
5.1.4. Não relacionamento entre órgãos 48
5.2. Benefícios da perícia contábil ao judiciário 48
5.2.1. Ausência da informação contábil 48
5.2.2. Dependência da contabilidade para aspectos de prova 48
5.2.3. Elemento de prova / instrumento de suporte 49
5.2.4. Influência da perícia 49
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 55
REFERÊNCIAS 58
14
1. INTRODUÇÃO
O presente estudo busca avaliar qual a influência da Perícia Contábil Tributária como
aspecto de prova a influenciar as decisões Judiciais.
A Perícia Contábil Tributária é um ramo da contabilidade no qual se deve atuar somente
peritos profissionais que tenham formação contábil. A perícia é amplamente utilizada em
processos judiciais que têm como pano de fundo disputas tributárias entre fiscos e contribuintes.
O perito é o profissional com conhecimento notório (Lei 6.404/76, art. 163, § 8°), é
experto que desenvolve a ciência contábil, cuja experiência profissional tem certa
publicidade no meio acadêmico e profissional, em especial pela publicação de obras
com valor doutrinário reconhecido pelo menos por um determinado estrato social, ou
seja, parcela da população que tem interesse no assunto; contador que tem notório
conhecimento da ciência e da política contábil; indivíduo que adquiriu vasto
conhecimento ou habilidade graças à experiência oriunda do estudo científico e da
prática extrajudicial e forense no exercício do múnus público de perito. (HOOG, 2011
p. 10).
1.3. Justificativa
1.4. Objetivos
1.5. Estrutura
O estudo divide-se em três partes, a primeira com ênfase em demonstrar a relação entre
a contabilidade e o direito, bem como os aspectos periciais que envolvem a questão diante do
Código Civil, Código de Processo Civil e Código Tributário Nacional – CTN.
Na segunda parte, procurou-se relacionar a Contabilidade e o Direito Tributário através
da explicação das bases tributárias e obrigações acessórias. Adicionalmente, foram citadas
sentenças judiciais que embasaram suas decisões na análise pericial.
Na terceira e última parte, para que fosse possível um aprofundamento acerca da
utilização da Prova Pericial pelos Magistrados Federais da Comarca de São Paulo, atuantes no
17
Fórum das Execuções Fiscais de São Paulo, foram realizadas entrevistas com estes profissionais
com foco em compreender sobre a real influência das perícias em suas decisões.
18
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As ciências existem para o bem. Elas buscam a verdade das coisas e, assim, são justas.
A busca da justiça não é privilégio, e sim, é comum a todas as ciências. Dentre elas a
Contabilidade. Logo, as ciências caminham de mãos dadas o tempo inteiro calçadas
numa verdade única, por esta razão elas dignificam o homem, seu criador, pois estão
acima dos interesses individuais.
19
Respondendo então a indagação que intitula este artigo, podemos confirmar que a
Contabilidade e o Direito sempre caminharão juntos (Pohlmann,1989, p. 01)
Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p. 47) ensinam que “os princípios constituem, de
fato, o núcleo central da estrutura contábil. Delimitam como a profissão irá, em largos traços,
posicionar-se diante da realidade social, econômica e institucional admitida pelos Postulados”.
Niyama e Silva (2013, p. 92) mencionam em seus estudos o fato de que “o Conselho
Federal de Contabilidade definiu que a observância dos princípios é obrigatória no exercício
profissional, constituindo condição que legitima as Normas Brasileiras de Contabilidade
(NBC)”.
Verifica-se, diante destas disposições, ser a Contabilidade não apenas um simples
instrumento de registro de informações econômicas e financeiras das empresas, mas uma
ciência pautada por conceitos e critérios pré-estabelecidos. O Caráter informacional da
contabilidade está vinculado ao respeito a certas determinações contidas em Postulados,
Princípios e Convenções para que lhes possam ser atribuídos caráter de confiabilidade e
transparência.
A moderna teoria contábil vem evidenciar que não há necessidade de uma conotação
jurídica, isto é, de personalidade jurídica para identificar-se uma entidade contábil. Uma
sociedade irregular (de fato) pode, perfeitamente, ser uma entidade contábil, destaca Marion
(2012, p. 149).
Nas lições de Marion sobre o Postulado da Continuidade tem-se que
Niyama e Silva (2013, p. 101) ensinam, pelo princípio da competência, que as receitas
e as despesas devem ser incluídas no resultado do período, ou seja, no momento de sua
ocorrência, independentemente da sua movimentação financeira. Portanto, conforme o regime
de caixa, os fatos que afetam a contabilidade devem ser reconhecidos no momento de sua
ocorrência. Segundo esse regime, os efeitos das transações e outros eventos são reconhecidos
quando ocorrem e são lançados nos registros contábeis e reportados nas demonstrações
contábeis dos períodos a que se referem. (Marion, 2012, pp.159-160)
Niyama e Silva (2013, p. 96) alertam que “o Princípio da Oportunidade se refere ao
processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir
informações íntegras e tempestivas.”
21
Por esta avaliação pode se perceber que não adianta que os fatos estejam registrados de
modos diversos, estes devem obedecer às normas e critérios, devem estar representados apenas
por informações regulares para que possam gerar certeza e confiança aos usuários.
O que se verifica nos livros de contabilidade é sempre a citação dos mesmos usuários
da contabilidade, quais sejam: pessoas físicas ou jurídicas, internos ou externos. Nos internos,
estão: diretores, gerentes, analistas e assistentes; e nos externos: acionistas, quotistas,
fornecedores, instituições financeiras, governo, sindicatos e outros. O fato é que, além destas
pessoas, quem vem se utilizando destas informações como usuários tem sido o judiciário,
aspecto constatado pelo mestrando em seu dia a dia como profissional Perito-Contador quando
da realização de suas perícias.
Essa utilização ocorre nas mais diversas formas e áreas, como por exemplo: a área civil,
quando os Magistrados buscam obter informações dos Lucros ou Prejuízos Acumulados do
período para análise de danos emergentes e lucros cessantes; a área penal quando se verifica a
ausência de registro de operações contábeis que podem concretizar crimes tributários; a área
societária, quando há necessidade de informação de receitas e despesas contidas nos balanços
patrimoniais para a realização da apuração de haveres, entre outras.
22
O Direito Tributário tem se mostrado cada vez mais fascinante, diante dos seus diversos
aspectos, que envolvem discussões entre o Fisco e o Contribuinte. Discute-se, na maior parte
das vezes, valores vultosos e, ainda, possui ampla conexão com a contabilidade.
Nesta área do direito, desde a década de 90 e após a promulgação da Constituição
Federal de 1988, deu espaço a grandes discussões jurídicas, ao passo que a
inconstitucionalidade da exigência de tributos foi muito discutida em seus mais diversos
aspectos.
Em adição às discussões de teses envolvendo as inconstitucionalidades dos tributos,
considerando a dependência que o direito tributário possui em relação aos aspectos contábeis e
também ao surgimento de novas leis tributárias, por exemplo: Lei 11.638/2007, Lei
23
[...] é bem verdade que a incidência tributária decorre, antes de tudo, da lei – trata-se
do exercício da legalidade, e os efeitos tributários dos fatos e eventos econômicos são
determinados pela legislação tributária, nos termos do artigo 109 do Código Tributário
Nacional – CTN. Por outro lado, a definição, o conteúdo e o alcance de institutos,
conceitos e formas de Direito privado não podem ser alterados pela legislação
tributária, devendo observar o quanto delineado pelo Direito Comercial lato sensu
(Societário, Contratos Comerciais etc.), responsável pela formalização jurídica da
atividade econômica, bem como pelo Direito Contábil, como estabelecido pelo artigo
110 do mesmo CTN. Portanto, a ordem natural das decisões a serem tomadas é:
definição da atividade econômica: formulação da roupagem jurídica (forma): registro
contábil (reconhecimento, mensuração); e, finalmente, identificação da incidência
tributária. (2013, p. 99-100)
Aspecto a mencionar como relevante foi o advento das Lei nº 11.638/07, da Medida
Provisória nº 449/08, que se converteu na Lei nº Lei 11.638/2007, Lei 11.941/2009 e Lei
12.973/2015, o que acabou por gerar uma revolução contábil.
Esse problema, que persistiu por muitos anos até o final de 2007, teve uma tentativa
de solução por meio da Lei das S.A. Essa solução foi preconizada pelo art. 177, já em
1976, que determina que a escrituração deve ser feita seguindo-se os preceitos da Lei
das Sociedades por Ações e os “princípios de contabilidade geralmente aceitos’’. Para
atender à legislação tributária, ou outras exigências feitas à empresa que determinem
critérios contábeis diferentes dos da Lei das Sociedades por Ações ou dos princípios
de contabilidade geralmente aceitos, devem ser adotados registros auxiliares à parte.
Tal disposição acabou por tornar a contabilidade independente e desvinculada de
legislações específicas, muitas vezes de cunho especificamente fiscal, sendo um
enorme avanço a independência da ciência contábil em relação às demais ciências, no
qual aqui procura vincular. (IUDÍCIBUS, MARTINS E GELBCKE, 2013, p. 02)
Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser
provado mediante:
I - confissão;
II - documento;
III - testemunha;
IV - presunção;
V – perícia.
contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco
ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios.”
No mesmo sentido, o Novo Código de Processo Civil, no Capítulo “Das Provas” impõe
em seu artigo 418 que as reproduções digitalizadas, ou seja, os livros empresariais, fazem prova
em favor do autor “Os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos por lei provam
a favor de seu autor no litígio entre empresários.”
No sentido oposto, o contribuinte quando de sua defesa deverá também comprovar suas
alegações.
Art. 16º. A impugnação mencionará:
III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as
razões e provas que possuir.
§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o
impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que:
a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força
maior;
b) refira-se a fato ou a direito superveniente;
c) destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.
Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições
legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos,
documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou
produtores, ou da obrigação destes de exibi-los.
Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes
dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos
tributários decorrentes das operações a que se refiram.
Assim, levando tais disposições até a contabilidade, poderia se afirmar que quando estes
documentos e registros forem avaliados por profissional especializado, poderão ser
instrumentos hábeis a serem utilizados como prova.
Assim, o instrumento pericial é faculdade que pode também ser utilizada nas diversas
demandas tributárias (administrativas ou judiciais) ou, ainda, para que se possa avaliar riscos
tributários, caso não se tenha iniciado qualquer destas fases.
Assim, tal prerrogativa cabe ser requerida pelo contribuinte que possui interesse em
fazer esta prova já na esfera administrativa.
O fato da utilização deste artifício na fase administrativa poderá muito favorecer a
defesa do contribuinte, antecipando qualquer disposição de provas que venha a ser necessária,
caso o processo precise seguir para fase judicial.
29
3.1.1. Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido (CSLL)
O IRPJ e a CSLL são tributos de competência federal. Sua tributação se dá através de
três formas: Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado e Simples Nacional.
Lucro Real é a única forma de tributação sobre o lucro das empresas, sendo apurado a
partir do resultado registrado na contabilidade. O Lucro Real é obtido após ajustes que
contemplam “receitas e despesas” que entram no “resultado contábil” e não são consideradas
no resultado fiscal e vice-versa, podendo ser compensados os prejuízos fiscais de períodos
anteriores. Ao fim, sobre este valor aplicam-se as alíquotas vigentes de cada tributo (quadro 1).
31
LALUR
(+) Adições
(-) Exclusões
LUCRO REAL
(-) Compensação de Prejuízo
LUCRO REAL após Compensação
(-) Despesa IRPJ
(-) Despesa CSLL
Fonte: Iudícibus; Martins; Gelbcke, 2013, p, 293.
Adaptado pelo autor.
Lucro Presumido é um regime de tributação que estima, ou melhor, presume o lucro que
será objeto de tributação. O lucro é apurado a partir de percentuais definidos em lei e que devem
ser aplicados sobre a “receita bruta auferida no período de apuração,” obtida pela empresa
(quadro 2).
Percentual de presunção
Percentual de presunção
O Simples Nacional é calculado com base na Receita Bruta anual da empresa, através
da aplicação da alíquota e da parcela dedutível indicadas nos Anexos do Simples Nacional
correspondente à atividade da empresa (quadro 4).
Aliquota efetiva
Simples a pagar
Fonte: Brasil, Receita Federal do Brasil.
Adaptada pelo autor.
No regime Cumulativo (quadro 5), o contribuinte calcula a base que formará o valor
devido de acordo com suas “receitas” auferidas no mês (Faturamento), sem a possibilidade de
descontar créditos sobre os “custos e despesas” incorridas. Depois, aplica-se a alíquota devida
para cada tributo.
Percentual de Tributação
Percentual de Tributação
Percentual de Tributação
Tributo: IRPJ
Decisão: Sentença
Natureza Processual: Embargos à Execução Fiscal
[...]
“Foi deferida a prova pericial contábil (fls. 179).
Esses dois pontos também foram confirmados pelo laudo pericial contábil, como tem-
se da resposta ao quesito 1:
“1. Cotejando os Comprovantes de Arrecadação acostados as fls. 118, 120, 122, 124
e 128 e as Informações lançadas na CDA (cf. cópias acostadas as fls. 119, 121, 123,
125, 127 e 129), informe o Sr. Perito se: (a) Os valores recolhidos sob o código "2362"
39
A sentença é clara em citar que o Laudo Pericial Contábil confirmou haver comprovação
que os comprovantes de arrecadação apresentados (juntados ao processo) eram correspondentes
aos tributos em discussão, confirmando a importância da análise pericial a decisão.
Tributo: IRPJ
Decisão: Sentença
Natureza Processual: Embargos à Execução Fiscal
“A perícia realizada, associada aos documentos juntados, revela, com efeito, que as
objeções trazidas pela embargante — basicamente relacionadas à ideia de pagamento
— são inviáveis.
Por outro lado, vale salientar que a perícia efetivada in concreto, indo além da análise
da DCTE, tratou de confrontá-la com a DIPJ correlata, com o razão e com os
documentos de suporte produzidos pela contabilidade da embargante, trabalho que
permitiu a constatação, para ambas as inscrições, de que os recolhimentos trazidos
pela embargante não quitavam a integralidade dos valores exigidos. Esses valores
encontram-se especificados na resposta ao quesito 2 (fls. 377/9), ocasião em que foi
atestado, ademais de tudo, que parte dos pagamentos invocados pela embargante
alcançariam CNPJs diferentes. Nessa linha, ressalte-se que os recolhimentos de R$
459.377,09 e de R$ 184.040,58 declarados na DCTF da embargante foram
certificadamente vinculados a outras empresas, tudo a justificar seu não
reconhecimento.
A sentença ao citar a Perícia acaba por não concordar com as alegações trazidas pelo
contribuinte em sua defesa, utilizando referido posicionamento para julgar improcedente o
processo em desfavor do contribuinte.
Tributo: PIS
Decisão: Sentença
Natureza Processual: Embargos à Execução Fiscal
Decido.
Na hipótese dos autos, a parte embargante, por intermédio das DCTFs referentes às
competências de julho a dezembro de 1997, formalizou, de ofício e por sua conta e
risco, a compensação do crédito tributário em cobrança na execução fiscal em apenso
com o que apurado nos autos do procedimento administrativo n. 108030.002276/96-
83, conforme relatado pelo senhor perito da seguinte forma:
Nessa quadra, em que pese o “expert” do juízo ter concluído, em seu parecer técnico,
que a embargante detinha saldo de Pis a seu favor, é certo que a compensação não foi
formulada e homologada no âmbito administrativo por razões puramente imputáveis
ao contribuinte.......
(...)
Ante o exposto, JULGO EXTINTO O PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DO
MÉRITO.......
(Processo n. 0050815-40.2012.403.6182– Justiça Federal – Execuções Fiscais de São
Paulo - Data:18/02/2019 / Publicado D.O. 02/04/2019)
Através dos exemplos destes julgados constata-se que foram primordiais para a razão
de decidir dos casos concretos:
I. a origem das informações tributárias registrada na contabilidade e em aspectos fiscais
(obrigações acessórias);
II. a prova tributária associada à análise de um expert contábil;
41
Para poder avaliar com mais propriedade a relação entre o processo de tomada de
decisões judiciais nos casos tributários e a perícia contábil realizada em âmbito judicial, foi
realizada pesquisa de campo, a qual será retratada no capítulo subsequente.
42
4. METODOLOGIA
4.2. População
4.3. Instrumentos
Foram realizadas entrevistas com magistrados do Fórum das Execuções Fiscais Federais
São Paulo, lotados no Estado e Cidade de São Paulo, atuantes exclusivamente na área tributária
federal, que lidam com os casos concretos no dia a dia relacionados ao IRPJ, CSLL, PIS,
COFINS, IPI, SIMPLES e outros, visando auxiliar na solução da problemática proposta.
As perguntas do questionário foram elaboradas com base na experiência do mestrando
em suas atividades de perícia judicial tributária.
45
As entrevistas foram realizadas através do programa Teams e por e-mail (apenas 1(uma)
nesta última modalidade). Tal instrumentalização deve-se ao momento de pandemia de Covid-
19, que exigiu novas práticas, evitando-se o contato direito com o público no período.
Para avaliação, aplicou-se o método de análise temática que, segundo Braun & Clarke
(2013) “é um método para identificar temas e padrões de significado em um conjunto de dados
em relação a uma pergunta de pesquisa”
O ponto deste método é partir do registro das entrevistas por escrito e a cada trecho
atribuir um código, que é uma palavra ou expressão curta (palavra-chave / código) ou expressão
que capture a essência daquela fala.
A escolha dos códigos é subjetiva e reflete uma leitura possível dos dados, tendo em
vista os objetivos da pesquisa. O pesquisador então, juntando os códigos que se repetem entre
as entrevistas vai discernindo os grandes temas comuns. Consiste em um processo de trabalho
demorado e que exige uma boa dose de raciocínio abstrato e não-linear. Braun e Clarke (2013,
cap 7 a 13) propuseram uma sistematização desse processo em fases, que foram observadas
nesta pesquisa: i) transcrição das entrevistas e familiarização com o conjunto de dados; ii)
geração dos códigos iniciais; iii) criação dos temas iniciais; iv) revisão dos temas iniciais; v)
nomeação e definição dos temas e vi) redação do relatório final.
Assim, o produto final da análise das entrevistas é o Capítulo 5. Os relatos codificados
e mapas de códigos foram descritos nos itens 5.1 a 5.5 e as entrevistas se encontram
identificadas no Apêndice A.
46
Ainda que seja discutível haver ou não previsão expressa nos códigos legais ao
requerimento de ofício acerca da perícia, a grande maioria dos entrevistados entende que esta
proposição deveria partir do interessado.
Apesar das demandas tributárias envolverem casos com maior valor em discussão,
muitos contribuintes, advogados e procuradores públicos não querem ter o custo da perícia,
ainda que tal recurso possa ser um amparo para uma melhor decisão.
necessariamente ser interpretado à luz de outros aspectos que não os normativos e alguns
destes aspectos demandam a análise contábil [...] ele se usa da contabilidade para apurar
determinado tributo, analisar a escrituração e registros contábeis para verificar a incidência e
elementos de um tributo. (Conforme Apêndice A – Entrevistas)
48
conversando com colegas às vezes se percebe até uma dificuldade para se nomear perito,
dificuldade de encontrar o perfil técnico que se adeque às necessidades, então poderia até ter
relação institucional entre poder judiciário e representantes de uma ordem de peritos, ou de
um grupo de peritos para que se haja mais colaboração no ambiente de processo tributário.
(Conforme Apêndice A– Entrevistas)
Eis uma sugestão bastante relevante que surgiu a partir da análise das entrevistas.
na escrituração contábil das empresas: “ela depende às vezes de uma análise mais profunda de
uma escrituração contábil, de algum aspecto que não trazido ao processo, até porque, boa parte
da incidência de tributo ela é baseada nos registros contábeis feitas pela pessoa jurídica”
(Conforme Apêndice A – Entrevistas).
Portanto, sua necessidade torna-se pacífica para a qualidade das decisões judiciais
quando há o envolvimento dos aspectos fáticos, os quais carecem de análise técnica-contábil.
eu sempre levo em consideração a prova pericial como elemento relevante para definição da
situação, em maior ou menor grau, sim, influenciam muito, havendo perícia realizada vai
influenciar na prolação da sentença. (Conforme Apêndice A – Entrevistas)
sempre, sempre que existe prova pericial a sentença vai sofrer influência da prova pericial
...a minha lembrança é massivamente influenciaram, eu não consigo me lembrar de um caso
em que o contrário tenha acontecido, necessariamente, algum aspecto do que eu me lembro,
assim na sentença que foram produzidas, sempre faziam referência ao Laudo. (Conforme
Apêndice A– Entrevistas)
50
Ausência da Custo
Solicitação da Maior utilização da pericial
Prova Pericial Perícia Contábil
Unanimidade em Não
Não ligação
afirmação que a relacionamento
obrigatória
Perícia Contábil entre órgãos
entre Direito
deveria ser mais federais e CRC
Tributário e
utilizada* / CFC
Contabilidade
Figura 5: Mapa mental das dificuldades para maior utilização da perícia contábil
Fonte: Braun; Clarke.2013, p. 175.
Adaptado pelo autor.
Após a identificação dos principais temas apontados nas respostas dos entrevistados
com base no método da análise temática, destaca-se aqueles que foram apontados como de
maior dificuldade para uma maior utilização das perícias.
53
Dependência da
Ausência da
Contabilidade
informação
para aspectos de
contábil
base de cálculo
Benefícios da utilização
dos Laudos Contábeis
Após a identificação dos principais temas apontados nas respostas dos entrevistados
com base no método da análise temática, destaca-se aqueles que foram apontados como de
maior benefício ao judiciário através da utilização da perícia contábil pelo judiciário.
Abaixo informa-se a síntese as principais observações colhidas nas entrevistas
(Apêndice A).
54
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A dissertação teve como objetivo validar a influência da Perícia Contábil como aspecto
de prova para influenciar as decisões judiciais tributárias federais em São Paulo - Capital, em
razão da prejudicialidade entre questões contábeis e critérios legais relativos à tributação.
Neste aspecto verificou-se ser a contabilidade fundamentada por princípios. Por outro
lado, os instrumentos de prova estão especificados no Código Civil e no Código de Processo
Civil que aduzem os registros contábeis como instrumentos a serem utilizados.
O que é preciso destacar é que a formação dos tributos se mostra, exclusivamente,
dependente da contabilidade para sua apuração. Para alguns entrevistados, magistrados no
âmbito federal tributário em São Paulo, apesar do Direito Tributário não ser ligado
exclusivamente a contabilidade, ela é um instrumento importantíssimo na análise da tributação.
O que se percebe ao longo destes anos é uma migração da discussão sobre aspectos
materiais ligados somente a questões jurídicas para aquelas que envolvem questões fáticas, o
que no Direito Tributário prescindiria o uso da contabilidade para tal comprovação.
Assim, seria possível concluir que nas demandas tributárias federais em São Paulo –
Capital, que envolvam aspectos de análise prática das informações contábeis, a perícia contábil
é indispensável a decisão do magistrado.
Como mencionado pelos entrevistados, o direito tributário “usa da contabilidade para
apurar determinado tributo, analisar a escrituração e registros contábeis para verificar a
incidência e elementos de um tributo”.
O fato é que havendo discussões sobre aspectos operacionais, a perícia deve ser
requerida.
Às vezes a perícia não é requerida, para alguns magistrados isto impediria a sua
instituição de ofício. Para isto deverá o contribuinte fazer jus a esta faculdade no momento da
propositura de seu direito ou defesa, para que não venha a perder o direito de usar este
instrumento em seu favor.
Os entrevistados revelaram que a instituição da perícia contábil se mostra cada vez mais
necessária e eficaz a colaborar nas decisões das sentenças a ser proferidas que envolvem
aspectos operacionais e fáticos que se encontram registrados na contabilidade.
Sobre o aspecto principal do estudo, quando do questionamento aos entrevistados se os
laudos contábeis tiveram influência na prolação de suas sentenças, os benefícios percebidos
pelos magistrados nos casos que foram designadas a Perícia Contábil, se mostrou de forma
56
totalmente unânime e eficaz, de maneira que todos eles confirmaram a influência nas prolações
de suas decisões.
A questão da existência do Laudo Pericial Contábil foi confirmada como instrumento
extremamente relevante e imprescindível às decisões judiciais.
Como aspecto a ser mais valorizado nas Ciências Contábeis, através da Perícia Contábil,
quando questionados os entrevistados se a mesma poderia ser mais utilizada como instrumento
a colaborar nas decisões de processos tributários, mais uma vez as respostas apontam que sim,
deveria ser mais explorada.
Independente da dependência da contabilidade acerca da comprovação sobre os
aspectos de fato, nos casos em que se discutem estes aspectos no Direito Tributário, o autor
destaca ainda que esta dependência tende a aumentar, haja vista a informatização das
informações contábeis que ocorre a cada vez mais e que acabam gerando mais dificuldade
àqueles que não detém conhecimentos técnicos contábeis.
Quando da análise da base de cálculo, fato gerador, já se havia uma dependência do
Direito Tributário aos aspectos contábeis, esta só aumenta com a informatização das
informações contábeis: SPED, ECF, ECD, etc. fazendo com que esta dependência de
conhecimento fique cada vez maior.
Portanto, o presente estudo demonstrou que há influência da Perícia Contábil na
sentença judicial tributária federal em São Paulo – Capital e apontou como a contabilidade
poderia ser mais utilizada como instrumento de prova neste âmbito. A questão é que advogados,
procuradores, fisco e contribuintes precisam voltar suas atenções para o fato de que podem
utilizar a contabilidade em seu favor, seja através do requerimento da perícia contábil no curso
do processo judicial, ou em análises que a precedem, no âmbito administrativo através da
constituição de assistentes técnicos.
O estudo limitou-se ao entendimento dos Magistrados de São Paulo do Fórum das
Execuções Fiscais Federais que atuam com questões tributárias entre Contribuintes e União
Federal que envolvem exclusivamente processos tributários federais, tais como: o Imposto de
Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ, Contribuição Social sobre Lucro Líquido – CSLL, Programa
de Integração Social – PIS, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social –
COFINS, Imposto sobre Produto Industrializado – IPI e outros.
Este estudo poderá ser utilizado em Estados e Municípios brasileiros como objeto de
estudo e para comparação com outros tributos não estudados.
57
Como proposta de trabalho para o mestrando, este estudo poderá ser utilizado como
parâmetro em outros aspectos em que a Perícia Contábil possa vir a ser utilizada a colaborar
com advogados, procuradores, fisco e contribuintes, fato este que poderá ser concretizado caso
o Projeto de Lei n. 4.468/2000 - Arbitragem Tributária venha a ser aprovado pelo Congresso
Nacional.
Por fim, o estudo deverá contribuir a reflexão dos profissionais da área contábil sobre a
importância da Perícia Contábil no judiciário brasileiro.
58
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BRASIL. Lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404,
de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às
sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações
financeiras. Brasília, DF, 2007.
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parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que especifica;
institui regime tributário de transição... Brasília, DF, 2009a.
BRASIL. Lei 12.973 de 13 de maio de 2014. Altera a legislação tributária federal relativa ao
Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas - IRPJ, à Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido - CSLL, à Contribuição para o PIS/Pasep e à Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social - Cofins; revoga o Regime Tributário de Transição - RTT, instituído pela Lei
nº 11.941, de 27 de maio de 2009; dispõe sobre a tributação da pessoa jurídica domiciliada no
Brasil, com relação ao acréscimo patrimonial decorrente de participação em lucros auferidos
no exterior por controladas e coligadas;... Brasília, DF, 2014.
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TOMÉ, Fabiana Del Padre. A prova no direito tributário. São Paulo: Noeses, 2005.
1
APÊNDICE A – Entrevistas
Sim, a resposta é positiva, há casos sim que a parte não se Partes requeiram produção
movimenta neste sentido, o juiz acaba de ofício tendo que desta prova
Eu não saberia definir sim ou não, se ela poderia ser mais Sim
utilizada como instrumento a colaborar, confesso não ver em
8
Com certeza, quando nós temos uma alegação bem feita e uma
Instrumento
especificação do que seria o excesso ou aquilo que teria sido
recolhido indevidamente, eu como profissional do Direito, vejo
que é impossível para nós, que não temos a informação técnica
9
tributário, então eu acho, André, que tem uma questão aí, que
envolve um pouco premissas do Direito administrativo, o ato
tributário, antes de ser tributário ele é administrativo, então a
administração pública produz o lançamento, ela tá produzindo
um ato administrativo, todos os atos produzidos pela
administração na intenção de chegar até o bolso do contribuinte
são atos administrativos e os atos, eles por presunção, são
legítimos, essa presunção legal é relativa, pode ser derrubada,
só que ela vai ser derrubada pelos meios previstos pelo sistema,
você não tem a propositura de uma ação discutindo tributos de
ofício, o contribuinte precisa provocar, então eu estou
imaginando que o contribuinte ajuizou uma ação, uma ação
anulatória, uma ação de embargos, dizendo que aquele ato
administrativo está equivocado, então ele está colocando em
cheque a presunção relativa que recobre o ato da administração,
ele está colocando em cheque, porque, se esses argumentos eles
são de cunho fático, não basta argumentar, eu tenho que provar
também, eu acho que a presunção que milita em favor do ato
administrativo, ela envolve não só a provocação do Partes requeiram produção
contribuinte, o ato de provocação, aquele que quer se insurgir, desta prova
o ato da propositura da ação, mas também a prática no bojo do
processo de todos os atos necessários, inclusive a provocação
da prova e no caso da prova pericial, eu acho que tem mais
relevância ainda, porque a prova pericial envolve um custo que
outras provas não envolvem, então eu acho que teoricamente a
resposta poderia ser positiva em função de autorização
normativa, mas eu acho que uma perícia não seria determinada
de ofício pelo juízo de início, eventualmente, o que eu posso
ter é uma coparticipação de ofício de juiz. Então, imagine o
seguinte, a parte, o contribuinte, pede a produção de prova
pericial para demonstrar o fato A, B, e C, ele apresenta lá os
quesitos dele, juízo olha para os quesitos, a prova tá aprovada
e aí ele complementa, ele acrescenta quesitos ou reescreve
algum quesito, aclara, aí eu tenho uma participação ativa do
juízo na produção da prova, mas é uma participação que é
coadjuvante, não é uma participação que a gente possa
14
Segurança
Entendo estar ligado, a contabilidade dá segurança, confere
celeridade para proferir um desfecho ao processo.
Acaba estando, o Direito tributário sim, não todo ele, mas uma
parcela significativa da tributação federal, ligada por exemplo
ao Lucro Real, que um conceito contábil e os outros conceitos
dos PIS e da COFINS sobre… esqueci agora o termo… mas
Base de Cálculo
que diz respeito à base de cálculo, se são despesas
imprescindíveis, tem um termo técnico que não me ocorre
agora, mas aquelas despesas dedutíveis, são aquelas, as
imprescindíveis para consecução do negócio, isto são conceitos
indeterminados, tanto é que, uma grande conflituosidade de PIS
e COFINS por conta desta base de cálculo que é fixada pelo
legislador em termos abstratos, mas cujo a concretude vai ser
distinta para cada negócio e, em cada negócio, a contabilidade,
nós esperamos que seja a contabilidade que vai espelhar essas
realidades, então o instrumento no qual o direito tributário vai
conhecer esta realidade empresarial é através da contabilidade,
já que normalmente faz análises documentais, com isto a
contabilidade e o Direito tributário, eles estão para muitos
tributos, umbilicalmente ligados, toda tributação indireta, ela
exige uma clareza muito grande para que as regras jurídicas
possam se fazer presente, fazer valer.
Sim.
Sim
Certamente influenciaram.