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SABRINA MOREIRA MARTINS

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO COMO INSTRUMENTO DE


APOIO À TOMADA DE DECISÃO

Cidade
Ano
SABRINA MOREIRA MARTINS

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO COMO INSTRUMENTO DE


APOIO À TOMADA DE DECISÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Pitágoras, como requisito parcial
para a obtenção do título de graduado em
Ciências Contábeis.

Orientador: Marcelo Cerconi

Belo Horizonte
2021
SABIRNA MOREIRA MARTINS

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO COMO INSTRUMENTO DE APOIO À


TOMADA DE DECISÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Pitágoras, como requisito parcial
para a obtenção do título de graduado em
Ciências Contábeis.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a).

Prof(a)

Prof(a)

Belo Horizonte, 30 de novembro de 2021


Dedico este trabalho inteiramente à Deus
e aos meus pais pois através de todo o
esforço e força que eles me passaram é
que posso concluir essa etapa.
AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus pela minha vida, e por me permitir ultrapassar todos os


obstáculos encontrados ao longo da realização deste trabalho, aos meus amigos e
familiares, que sempre estiveram ao meu lado, pela amizade e companheirismo
incondicional e pelo apoio demonstrado ao longo de todo o período em que me
dediquei a este trabalho, e aos meus professores, pelas correções e ensinamentos
que me permitiram apresentar um melhor desempenho no meu processo de formação
profissional ao longo do curso.
Confie no senhor e faça o bem; assim você habitará na
terra e desfrutará segurança. Deleite-se no Senhor, e ele
atenderá aos desejos do seu coração. Entregue-se no
caminho do Senhor; confie nele e ele agirá: Ele deixará
claro como alvorada que você é justo, e como sol do meio-
dia que você é inocente. Salmos 37:3-6, Bíblia Sagrada
MARTINS, Sabrina Moreira. Planejamento tributário como instrumento de apoio
à tomada de decisão. 2021. 31 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Ciências Contábeis) – Faculdade Pitágoras, Belo Horizonte, 2021.

RESUMO

Tendo em vista a alta carga tributária sobre as empresas brasileiras e a necessidade


de ações de elisão fiscal para redução do ônus tributário, pesquisa-se sobre o
planejamento tributário no âmbito empresarial, a fim de identificar a importância do
planejamento tributário para a tomada de decisão Para tanto, é necessário identificar
conceitos e definições do planejamento tributário; demonstrar e explicar os
procedimentos do planejamento tributário e evidenciar a importância e contribuições
do planejamento tributário como instrumento para a tomada de decisão. Realiza-se,
então, uma pesquisa de metodologia revisão bibliográfica desenvolvida através da
consulta à livros, artigos e trabalhos acadêmicos dos últimos 10 anos. Diante disso,
verifica-se a importância do desenvolvimento de processos de planejamento
tributários através de uma equipe tributária capacitada para realizar a análise dos
processos e criação de um planejamento estratégico tributário para otimizar as
atividades tributárias da empresa, o que impõe a constatação de que o planejamento
tributário beneficia a empresa com informações tributárias efetivas das quais surge
um plano estratégico de ação tributária que influencia diretamente o sentido pelo qual
será tomado a decisão.

Palavras-chave: Planejamento tributário. Gestão tributária. Evasão fiscal. Tributação


estratégica.
MARTINS, Sabrina Moreira. Tax planning as an instrument to support decision
making. 2021. 31 pages. Course Completion Paper (Graduate in Accounting) –
Faculdade Pitágoras, Belo Horizonte, 2021.

ABSTRACT

In view of the high tax burden on Brazilian companies and the need for tax avoidance
actions to reduce the tax burden, research is carried out on tax planning in the business
sphere, in order to identify the importance of tax planning for decision making
Therefore, it is necessary to identify concepts and definitions of tax planning;
demonstrate and explain tax planning procedures and highlight the importance and
contributions of tax planning as an instrument for decision making. Then, a
bibliographic review methodology research is carried out through books, articles and
academic works from the last 10 years. Therefore, it is important to develop tax
planning processes through a tax team capable of analyzing the processes and
creating a strategic tax planning to optimize the company's tax activities, which
requires the observation that tax planning benefits the company with effective tax
information from which a strategic tax action plan emerges that directly influences the
direction in which the decision will be taken.

Keywords: Tax planning. Tax management. Tax evasion. Strategic taxation.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Exemplos de reestruturação societária .................................................. 28


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CSLL Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido


CPT Comitê de Planejamento tributário
CTN Código Tributário Nacional
COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
IR Imposto de Renda
IRPJ Imposto de Renda Pessoa Jurídica
PIS Programa de Integração Social
11

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12
2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ................ 13
3. PROCEDIMENTO DE DESENVOLVIMENTO DO PLANEJAMENTO
TRIBUTÁRIO ............................................................................................................ 18
4. IMPORTÂNCIA E BENEFÍCIOS DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO PARA
TOMADA DE DECISÃO ........................................................................................... 24
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 30
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 31
12

1. INTRODUÇÃO

Atualmente os ônus fiscais de uma empresa representam grande parcela de


seus custos, devido a este fato a administração dos custos tributários através do
planejamento fiscal de operações se tornou imprescindível para as empresas. O
desenvolvimento de ações para redução da carga tributária não só auxilia as
empresas na redução dos tributos a serem pagos, mas também otimiza a gestão do
setor tributário da empresa.
O desenvolvimento deste trabalho foi importante pois contribuiu para a
expansão do conhecimento na área contábil e tributário, e agregou aos possíveis
leitores informações específicas da área de planejamento tributário, expandindo com
o conhecimento financeiro à todas as partes de interesse, sociais e acadêmicos.
Dessa maneira torna-se viável evidenciar a necessidade de planejamento
tributário através de alguns pontos sobre o benefício financeiro que é proporcionado
para as empresas. Diante disso a pesquisa apresentou o seguinte problema de
pesquisa: Quais as contribuições do planejamento tributário como instrumento de
apoio para a tomada de decisão?
O presente trabalho teve como objetivo geral pesquisar as contribuições do
planejamento tributário como instrumento de apoio para a tomada decisão, e como
objetivos específicos identificar conceitos e definições do planejamento tributário;
demonstrar e explicar os procedimentos do planejamento tributário e evidenciar a
importância e contribuições do planejamento tributário como instrumento para a
tomada de decisão.
A pesquisa científica em questão foi desenvolvida fazendo uso da metodologia
de revisão bibliográfica de literatura. Foram realizadas pesquisas em livros, sites com
rigor científico e artigos publicados, nos últimos 10 anos. Para viabilizar a realização
das pesquisas e buscas de fontes, foram utilizadas as seguintes palavras-chave:
planejamento tributário, gestão tributária, evasão fiscal e tributação estratégica.
13

2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

O crescimento do planejamento no mundo empresarial está interligado aos


resultados gerados, pois através dos desenvolvimentos estratégicos as empresas
conseguem impulso frente ao mercado competitivo, planejamento pode ser
considerado a base da contabilidade gerencial. “A contabilidade gerencial proporciona
aos seus administradores informações que permitem avaliar o desempenho de
atividades, de projetos e de produtos da empresa, bem como sua situação econômico-
financeira.” (CREPALDI,2014, p.3).
O planejamento estratégico segundo Kuazaqui (2015, p.10) “se refere a uma
categoria de planejamento que envolve a sobrevivência e a sustentabilidade de uma
empresa, com as responsabilidades relacionadas.” O planejamento dentro de uma
empresa tem várias ramificações desta forma pretende-se conceituar e discutir o
planejamento com enfoque na área tributária e seus benefícios para a empresa.
O planejamento tributário surge do conceito de tax saving que traduzido para
a linguagem de economia se classificaria como antes da ocorrência do fato gerador e
tem por sua essência planejar o valor a ser despendido a título tributário antes de sua
ocorrência a fim de reduzir os custos tributários, ou seja ele programa a incidência dos
tributos antes da ocorrência do fato gerador, que é o fato que vincula o nascimento da
obrigação tributária gerando assim diferentes possibilidades de tributação fazendo
com que a administração possa escolher a mais vantajosa. Esta modalidade de
planejamento tem como sua finalidade evitar a incidência do fato gerador do tributo;
reduzir o valor total do tributo, alíquota ou base de cálculo; adiar o pagamento do
tributo.
Devido à alta incidência de tributos atualmente, o planejamento no ramo
tributário se tornou algo essencial para as empresas. Entende-se que o planejamento
tributário além de fundamental é obrigatório em termos de boa gestão, um bom
administrador planeja as ações de sua empresa e dentre estas ações estão as
despesas tributárias. Além destas vantagens conforme Crepaldi (2021, p. 46):

O planejamento tributário possibilita um melhor conhecimento dos negócios.


As contas ficam em ordem e isso tem um grande impacto no gerenciamento
das finanças e do fluxo de caixa da empresa, permitindo-lhe realizar um
orçamento anual eficaz. Oportuniza prever os cenários desfavoráveis ou
favoráveis do sistema econômico, e, consequentemente, isso provê uma
margem maior para realizar mudanças que se adaptem rapidamente à nova
realidade. É o processo de escolha de ação, não simulada, anterior à
14

ocorrência do fato gerador, visando direta ou indiretamente à economia de


tributos.

A essência do planejamento tributário está na organização estratégica da carga


tributária, ante a ocorrência do fato gerador, segundo Borges (2007, p.37) “Trata-se
assim de um comportamento técnico-funcional, adotado no universo dos negócios,
que visa excluir, reduzir ou adiar os respectivos encargos tributários.”
Portanto, afirma-se que a incidência dos tributos são a fonte do planejamento
tributário, pois é a partir da obrigação tributária gerada por eles que surge a
necessidade de se planejar. A Lei 5.172 (Brasil, 1996) define tributo em seu Art. 3º “É
toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa.” Os tributos têm como objetivo financiar as atividades
governamentais através da arrecadação títulos monetários.
Para fins de planejamento tributário as empresas utilizam-se das informações
fornecidas pela contabilidade tributária que tem a função de controlar e mensurar os
processos fiscais. A contabilidade tributária desenvolve o controle dos processos
tributários a fim de segundo Fabretti (2016, p.34) “Aplicar na prática conceitos,
princípios e normas básicas da contabilidade e da legislação tributária, de forma
simultânea e adequada”, a contabilidade tributária pode ser usada como controle de
planejamento tributário pois através dela é possível identificar se as medidas
planejadas estão sendo colocadas em prática, servindo para os administradores como
uma forma de parametrizar a execução do planejamento tributário. Além destas
funções, Oliveira et al. (2014) descreve as principais funções da contabilidade
tributária como apuração exata do resultado tributário, identificação e orientação dos
registros de provisões de tributos, escrituração dos documentos fiscais,
preenchimento correto das guias de recolhimento, orientação fiscal e treinamentos,
logo fica expresso que a contabilidade tributária faz parte do objeto de estudo do
planejamento tributário mas que suas informações sozinhas podem ter várias
utilidades.
Pode-se entender planejamento tributário como uma forma lícita de redução de
carga tributária que corresponde a carga de tributos que incide sobre a atividade da
empresa, considerando suas três esferas federais, estaduais e municipais, feito
através do estudo antecipado dos efeitos fiscais de tributos incidentes sobre a
atividade da empresa, objetivando a economia tributária. Tal prática é conhecida
15

liberdade fiscal que significa segundo Borges (2007, p.43) “Adoção de ações que
resultam na ausência de tributação, na tributação reduzida ou adiada”, ainda sobre
este tópico Borges (2007) afirma que este ato deve ser válido juridicamente e ser
legítimo, nesse sentido, a liberdade fiscal gera um direito de evasão fiscal que
segundo Oliveira et al. (2014, p.19) “É um procedimento legalmente autorizado, que
pode contribuir, se bem executado, para a redução da carga tributária”. Para que uma
empresa possa executar de maneira eficaz o direito de elisão fiscal cabe aos
administradores uma estratégia de planejamento tributário para que possam lidar com
a carga tributária sem que pratiquem ato ilícito.
No Brasil a carga tributária é muito complexa necessitando o desenvolvimento
de funções para aprimorar seu acompanhamento, dessa maneira, “Dominar essas
funções é o ponto de partida para os administradores planejarem uma possível
redução da carga tributária” (OLIVEIRA et al. 2014, p.19).
O conhecimento das formas de tributação é muito importante para o
desenvolvimento de um plano estratégico-tributário eficaz, diante disso as formas de
tributação podem ser divididas em impostos, taxas e contribuições de melhoria. Cada
uma destas tributações tem grande importância no processo de desenvolvimento de
um planejamento contábil fiscal, tendo em consideração a atividade empresarial,
faturamento, produção pois cada forma de tributação incide sobre atividade
empresarial específica, desta maneira cabe conceituar os tipos de tributação.
Impostos são tributos cujo fato gerador não constitui uma contraprestação de serviços,
ou seja, incide sobre a capacidade contributiva do sujeito. Taxas tem como fato
gerador a utilização de um serviço por parte do contribuinte e a prestação de um
serviço governamental, é dividida em taxas de serviços ou taxas de polícia.
Contribuições de melhoria são tributos cobrados pelo estado em decorrência da
valorização imobiliária gerada através de obras públicas.
Ao conhecer as formas de tributação pode-se entender um pouco mais da
complexidade das operações tributárias no Brasil e o motivo delas demandarem um
planejamento específico, segundo Crepaldi (2021, p.35) “Um planejamento tributário
não é tão simples quanto alguns empresários interpretam.” Dessa maneira, o
desenvolvimento do planejamento tributário é tão complexo quanto à carga tributária,
Crepaldi (2021) refere-se à uma boa execução do planejamento tributário como
realizadas em dois passos, ter um bom planejamento operacional e um profissional
capacitado para a execução da gestão tributária.
16

Assim sendo, um bom planejamento operacional abrange o controle de todas


as áreas da empresa pois para organizar o operacional deve-se organizar os
processos de operações individuais, são alguns exemplos a observação das
operações de: faturamento, produção, controle de custos (gastos operacionais e
despesas administrativas), previsão da margem de lucro e valuation, que significa
valorização da empresa e seus bens.
Apenas seguir este passo não é eficaz pois complexidade de execução da
atividade empresarial por si só já exige um acompanhamento estratégico, para que se
concretize o melhor desenvolvimento de planejamento tributário é necessário a
contratação de um profissional que desenvolva as atividades de contabilidade
tributária através de um departamento de gestão fiscal, criando uma cultura de
planejamento na organização, Crepaldi (2021, p.37) afirma

É altamente recomendável a criação de um Comitê de Planejamento


Tributário (CPT). O objetivo do CPT é manter, permanentemente, um ou mais
profissionais internos e/ou fornecidos por firma especializada (dependendo
do tamanho e da complexidade das operações da empresa), cuja missão é
criar (com total respeito à lei) e avaliar alternativas de planejamento tributário
para reduzir, legalmente, a carga tributária das operações da empresa.

Segundo Oliveira et al. (2014, p.18) ” O gestor tributário precisa conhecer com
grande profundidade a legislação tributária, devido suas responsabilidades quanto a
eficácia e eficiência nesse gerenciamento”, ou seja o gestor tributário e a peça chave
para o desenvolvimento do planejamento tributário, não apenas pelo seu
conhecimento na área mas também pela responsabilidade de execução correta dos
processos fiscais pois caso as estratégias tributárias desenvolvidas não sejam
aplicadas com eficácia o planejamento fiscal ficará comprometido interferindo na
confiabilidade da informação. As informações fornecidas pela contabilidade tributária
das empresas devem ter como característica a confiabilidade que é o que faz com que
o usuário use a informação da contabilidade e a aplique como base de decisões.
Para o desenvolvimento do planejamento tributário é necessário considerar
duas áreas de aplicações importantes, estratégico e operacional, Crepaldi (2021)
descreve sobre estas duas grandes áreas de trabalho para o planejamento tributário
como sendo o estratégico se referindo a aplicação de estratégias tributárias
relacionadas ao planejamento da empresa, ou seja, abrange a criação e a aplicação
de fato de estratégias tributárias sobre a empresa e suas operações e planejamentos,
17

já o operacional é a aplicação do planejamento sobre a legislação, ou seja aplicar o


planejamento tributário estratégico sobre a legislação.
Pode-se dizer que o planejamento tributário estratégico e operacional são dois
passos que se correlacionam pois após desenvolver o planejamento tributário a
empresa aplica ele estrategicamente em suas operações, e em seguida a empresa
obtém o planejamento tributário operacional aplicando na legislação o que foi
estrategicamente desenvolvido resultando assim o pagamento do tributo conforme
planejado pela administração dos tributos.
O planejamento tributário, com relação ao tempo, pode ser preventivo, corretivo
e especial. O planejamento tributário preventivo é realizado sempre preventivamente
independentemente da ocorrência, está no processo da empresa, o planejamento
tributário corretivo é aplicado em correção alguma irregularidade ou à algum
planejamento estratégico, o planejamento tributário especial é aplicado quando surge
um novo evento que não estava incluído na estratégia inicial. A escolha sobre qual
tipo de planejamento será utilizado depende única e exclusivamente do administrador
de gestão tributária da empresa pois esse é o momento da aplicação de todos os
métodos de gestão e conhecimentos tributários desenvolvidos e adquiridos pela
empresa.
18

3. PROCEDIMENTO DE DESENVOLVIMENTO DO PLANEJAMENTO


TRIBUTÁRIO

A operatividade sistêmica do planejamento tributário depende de várias etapas


a serem seguidas, segundo Borges (2007, p.45):

a. A pesquisa do fato objeto do planejamento tributário;


b. articulação das questões fiscais oriundas do fato pesquisado;
c. estudo dos aspectos jurídicos-fiscais relacionados;
d. conclusão; e
e. formalização do planejamento elaborado num expediente técnico-
funcional.

A elaboração de um planejamento tributário se inicia com a pesquisa do fato


objeto do planejamento tributário, que significa realizar um levantamento de um
histórico da empresa, no qual o administrador deve coletar informações que se
referem às atividades operacionais, comerciais e qualquer atividade desempenhada
pela empresa que tenha interferências com as questões fiscais, e ainda que
contenham segundo Chaves (2017, p.4) “Identificação da origem de todas as
transações efetuadas, e escolha da ação menos onerosa para os fatos futuros.”
O levantamento de dados deverá obter alguns aspectos fundamentais tipo de
sociedade para que se possa definir qual é a forma de enquadramento tributário; qual
sistema operacional é utilizado pela empresa, procedências dos materiais e qual é a
cidade, estado de localização para que haja a verificação das possíveis formas de
tributação e o selecionamento da mais vantajosa; quais são as fontes e tipos de
receitas para ponderar se há alguma forma personificada de tributação; e a maneira
que é cobrado o tributo para verificar a possibilidade de adiar o fato gerador.
O objetivo dessas considerações preliminares é identificar se a empresa é
eficiente do ponto de vista tributário, ou seja, se o planejamento tributário desenvolvido
anteriormente está sendo executado de maneira eficaz e se ela pratica elisão fiscal
sem cometer atos ilícitos, em um primeiro momento considerando que o que está
sendo executado é o planejamento desenvolvido anteriormente cabe a essa parte
apenas identificar se os procedimentos estão em conformidade com a legislação.
Logo após o levantamento de dados, deve-se articular as questões fiscais
oriundas do fato pesquisado, através da execução da verificação da ocorrência dos
fatos geradores e análise dos pagamentos para identificação se houve cobranças
incorretas ou recolhimento à maior. Crepaldi (2021) afirma que com base nas
informações constantes desta etapa é possível identificar o objetivo estratégico do
19

planejamento que está sendo executado, se ele visa à redução ou eliminação de carga
fiscal, postergação do pagamento de tributos e contribuições, diminuição da
contingência tributária ou a recuperação de tributos recolhidos.
Identificados os objetivos estratégicos, o administrador deve fazer o estudo dos
aspectos jurídicos-fiscais relacionados, que tem como sua essência a pesquisa ampla
sobre a legislação que rege a atividade fim ou regime de tributação no qual a empresa
está contemplada. Esta pesquisa deve se referir à, segundo Borges (2007, p.46):

a. Os princípios jurídicos que norteiam a elaboração do planejamento


tributário;
b. As diretrizes jurídicas que devem outorgar legitimidade ao
planejamento tributário;
c. Os conceitos, categorias e institutos jurídicos-tributários que devem
respaldar a operatividade do planejamento tributário; e
d. Os procedimentos normativos que devem disciplinar a execução do
planejamento tributário.

Este passo tem objetivo de através do questionamento jurídico definir as frentes


de ações do planejamento tributário para poder promover a reorganização de tributos
conforme os dispositivos legais para alcançar o planejamento tributário desejado sem
que as leis que circulam esse procedimento sejam infringidas. Deve-se ainda,
segundo Chaves (2017, p.4) “Verificar se houve ação fiscal sobre fatos geradores
decaídos, pois os créditos constituídos após cinco anos são indevidos”, essa
verificação parte do entendimento da prescrição da dívida tributária na qual o fisco,
seja ele qual for, perde o direito de execução da dívida tributária acarretando a
extinção dos créditos tributários, ou seja se em cinco anos contando do surgimento
de obrigação tributária o fisco não executar a dívida os créditos relacionados a ela se
extinguem, a lei na qual versa essa questão é a Lei 5.172 (Brasil,1966) em seu Art.
150º:
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar
da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda
Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e
definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo,
fraude ou simulação.

Sobre a fase de conclusão, segundo Borges (2007, p.46) “Esta fase abrange o
trabalho de articulação das respostas referentes às questões formuladas com fulcro
no trabalho desenvolvido da fase anterior”. As fases anteriores associam-se ao
conhecimento dos processos, mas a partir da fase de conclusão é que se constrói
premissas capazes de aprimorar e concluir o planejamento tributário. Segundo Borges
20

(2007, p.48) “é fundamental que elas (respostas) estejam articuladas em perfeita e


integral harmonia com a fundamentação jurídico-fiscal inserida no tópico anterior”
Os questionamentos norteiam a direção que o planejamento tributário deve
seguir, a respeito de solução dos questionamentos podemos dizer que é construído
através de passos, parecidos com os passos do desenvolvimento geral do
planejamento, mas aplicado especificamente sobre as questões levantadas, esses
passos são segundo Crepaldi (2021, p.48) “etapas (metodologia) do planejamento
tributário: revisão da estrutura corporativa, análise do planejamento estratégico,
mapeamento das atividades (Controladoria) e formulação de estratégia tributária”.
Ao analisar as questões aplica-se uma revisão da estrutura coorporativa a fim
de promover a verificação dos pontos levantados e que serão reformados. A análise
do planejamento estratégico é a prática de um exame detalhado de todas as
informações levantadas no questionamento, com base no planejamento estratégico
tributário anterior. A partir da etapa de mapeamento das atividades são listadas as
ações que deverão ser tomadas através da controladoria, que estuda e executa as
funções controles, as diretrizes, e os registros de fatos da administração. Esse
processo é finalizado com a formulação da estratégia tributária, que visa o
desenvolvimento e aplicação da elisão fiscal
A partir das informações retiradas da articulação das questões fiscais oriundas
do fato pesquisado pode-se definir então qual regime de tributação é mais vantajoso
tendo em vista o faturamento esperado da empresa, o faturamento tem que ser um
estudo de anos anteriores, e a aplicação de uma projeção para o resultado bruto do
ano subsequente, pois como explicado anteriormente o planejamento tributário é
realizado ante a ocorrência do fato gerador. Feito a projeção de faturamento, o
próximo passo e realizar o levantamento de uma previsão de despesas operacionais,
essas informações são importantes pois definem o enquadramento nos regimes
tributários que são Lucro Real, Lucro presumido e Simples Nacional.
Para tomar essa decisão é preciso considerar as particularidades de cada
empresa, como porte, operação, áreas de atuação, capital, fluxos de caixa, principais
fontes que geram receita entre outros aspectos que afetam o andamento fiscal da
empresa. Segundo Crepaldi (2021 p.69):
É interessante que a forma de pagar seja definida dentro de um conjunto de
decisões estratégicas. Ao escolher a sistemática de recolhimento do imposto,
devem-se levar em conta os planos da empresa para o futuro, as expectativas
de lucro e a representatividade dos ganhos em relação à receita bruta, entre
outros.
21

Cabe à equipe responsável pela administração tributária analisar e decidir qual


regime de tributação será mais vantajoso para a empresa., esse regime de tributação
não pode ser padronizado tendo em vista as variações e eventos que ocorrem
anualmente.
A decisão por um regime de tributação de lucro real é muito influência pela
capacidade da empresa pois geralmente é optante por esse regime empresas de
grande porte que tem alto faturamento e pela ampla possibilidade de planejamento
tributário devido ao burocrático processo de elaboração. Crepaldi (2021, p.67) “As
empresas obrigadas ao lucro real devem manter escrituração contábil e levantar
balanços trimestrais ou anuais com observância das leis comerciais e fiscais, mesmo
que não sejam Sociedades Anônimas.”
Ao desenvolver um planejamento tributário em uma empresa de lucro real cabe
observar as flexibilidades em sua legislação, que em sua maioria estão concentradas
nas adições e exclusões, na possibilidade de compensação de prejuízos fiscais,
utilização de créditos de PIS e COFINS, principalmente no momento de apurar o
imposto. Segundo Crepaldi (2021, p.67) “Para fins de planejamento tributário, sugere-
se uma análise criteriosa dos valores adicionados, verificando sua procedência, pois
pode ocorrer de determinada adição não ser cabível.”
A apuração do lucro real deverá ser feita seguindo as disposições do Art 6º do
decreto-lei Nº 1.598, (Brasil,1977):
Art 6º - Lucro real é o lucro líquido do exercício ajustado pelas adições,
exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação
tributária.
[...] § 2º - Na determinação do lucro real serão adicionados ao lucro líquido
do exercício:
a) os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e
quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de
acordo com a legislação tributária, não sejam dedutíveis na determinação do
lucro real;
b) os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não
incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação
tributária, devam ser computados na determinação do lucro real.
§ 3º - Na determinação do lucro real poderão ser excluídos do lucro líquido
do exercício:
a) os valores cuja dedução seja autorizada pela legislação tributária e que
não tenham sido computados na apuração do lucro líquido do exercício;
b) os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos
na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, não
sejam computados no lucro real;
c) os prejuízos de exercícios anteriores, observado o disposto no artigo 64.
22

Para que uma empresa opte pela tributação do lucro presumido é necessário
que durante o planejamento tributário exista uma comparação entre o lucro real
apurado pela contabilidade e o lucro presumido para que assim a administração
escolha pela mais vantajosa, “uma das primeiras providências que devem ser
tomadas na hora de optar por uma das formas de recolhimento do IRPJ é verificar o
nível de lucratividade em relação à receita bruta” (CREPALDI,2021, p.101).
Lucro presumido segundo Crepaldi (2021, p.91) “É a apuração do imposto com
base em uma presunção de lucratividade, não sendo adotado o lucro efetivamente
apurado pela empresa.” Como o percentual de lucro é fixo, deve-se levar em
consideração no planejamento tributário segundo Crepaldi (2021, p.100):

•se o percentual de cada atividade pode ser reduzido dentro da tabela, que
vai de 1,6% a 32% de presunção de lucro;
•se há como reduzir o adicional de 10% do IRPJ, para o Lucro Presumido
trimestral acima de R$ 60.000,00, mediante desmembramento em nova
empresa;
•se os balanços/balancetes demonstram que essa sistemática é vantajosa ou
não;
•a adoção do regime de caixa, para fins de tributação;
•a alíquota do PIS (0,65%) e da COFINS (3,0%).

Crepaldi (2021) Cita como exemplo de aproveitamento de planejamento


tributário as empresas que têm diversas atividades, e alerta a possibilidade de
economia tributária, pois como citado anteriormente o percentual de presunção do
lucro varia de 1,6% a 32% percentual classificado por atividade, se a empresa exerce
várias atividades a administração deve utilizar o somatório das alíquotas para
presunção de imposto, questão que um planejamento adequado levantaria e até se
cabível sugeriria a mudança de regime de tributação. Outra circunstância que pode
ocorrer, “que os resultados, sendo tributados pelo Lucro Presumido, estejam onerando
os custos de IRPJ e CSLL sob esse regime” (CREPALDI, 2021 p.101).
Caso o planejamento tributário decida que a empresa se enquadre e opte pelo
regime de simples nacional, que é um regime de tributação simplificado para que
atenda às micro e pequenas empresas, conforme Crepaldi (2021, p.109) “A empresa
que aderir ao Simples desfruta da vantagem de recolher quase todos os tributos
(federais, estaduais e municipais) mediante um único pagamento, calculado sobre um
percentual de sua receita bruta” a apuração e pagamento das obrigações tributárias é
feita de maneira unificada e com alíquotas acessíveis.
23

Ao desenvolver o planejamento tributário em empresas do simples nacional,


além das reduções busca-se também visualizar se os requisitos legais estão sendo
cumpridos e declarados corretamente.
O simples nacional tem uma particularidade pois a partir de 4.800.000 reais de
faturamento anual ele deixa de fazer parte do programa simples nacional, então o
procedimento de desenvolvimento do planejamento tributário é feito a partir da
superação do teto de faturamento, nessa situação o primeiro passo é analisar as
vantagens para empresa em se enquadrar nos outros regimes de tributação, muitas
empresas consideram o lucro presumido como mais vantajoso em um primeiro
momento mas o lucro presumido é ideal para empresas com grande faturamento, se
uma empresa está saindo do simples com um faturamento mais baixo pra ela o ideal
seria o lucro real, por isso e importante planejar tributariamente qual regime optar.
Após finalizar as decisões e mudanças a serem tomadas e aplicadas na
empresa, é o momento de formalização do planejamento elaborado num expediente
funcional no qual deverá ser formalizado com as características que segundo Borges
(2007, p.46) “Clareza; concisão; harmonia; vigor; e objetividade.” Ainda segundo
Borges (2007, p.48) “trata-se de um apêndice ao expediente que formaliza o
planejamento tributário. [...] Instrumento didático para que se possa demonstrar à
superior administração da empresa as vantagens fiscais decorrentes da concretização
do planejamento tributário.”
24

4. IMPORTÂNCIA E BENEFÍCIOS DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO PARA


TOMADA DE DECISÃO

A questão da importância e benefícios do planejamento tributário para a tomada


de decisão foi levantada como problema desse trabalho pois muitas vezes
administradores de empresas colocam em pratica o planejamento tributário, mas não
sabem tangibilizar os benefícios agregados para as empresas.
A ação de desenvolver um planejamento estratégico sozinha já pode ser
considerada uma contribuição para a tomada de decisão, pois otimiza os processos
para que tudo siga um fluxo organizacional, melhorando a visibilidade da situação da
empresa. O planejamento tributário não somente afeta situação da empresa como
também se ativo e eficaz para a necessidade pode melhorar a performance dela no
mercado competitivo, e ainda a performance financeira através da redução de riscos,
de pendências tributárias e da carga tributária em geral. Segundo Borges (2007, p.37):

Dois fatores determinam a importância e necessidade de planejamento


tributário na empresa. O primeiro é o elevado ônus fiscal incidente no universo
dos negócios. O outro é a consciência empresarial do significativo grau de
complexidade, sofisticação, alternância, e versatilidade da legislação
pertinente

Considerando o primeiro fator e os efeitos da carga tributária brasileira sobre


os rendimentos de pessoa jurídica, reconhece-se a necessidade de um planejamento
tributário pois o processo fiscal empresarial é tão complexo que sem a junção das
informações em um só lugar para que o administrador possa visualizar melhor e
planejar as ações da empresa a operação fiscal da empresa é prejudicada podendo
gerar prejuízos. Esses reflexos dos tributos são representados segundo Crepaldi
(2018, p.48):
Estima-se que no Brasil, em média, 33% do faturamento empresarial seja
dirigido ao pagamento de tributos. Somente o ônus do Imposto de Renda (IR)
e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das empresas pode
representar a incrível taxa de 51,51% do lucro líquido apurado. Do somatório
dos custos e despesas, mais da metade do valor é representada pelos
tributos.

“Os benefícios do planejamento tributário estão ligados ao grau de atingimento


do objetivo traçado, ou seja, reduzir, postergar ou evitar a incidência do tributo”.
(CREPALDI. 2021, p.48) dessa maneira, os benefícios agregados pelo planejamento
tributário para as empresas não são definidos como padrão pois variam conforme as
necessidades das empresas que são pulverizadas e variam de negócio para negócio.
25

Uma das principais contribuições fornecidos pelo desenvolvimento do


planejamento tributário é o apoio a tomada de decisão, pois os dados desenvolvidos
com a implantação do planejamento tributário servem indiretamente como detector de
medidas que devem ser tomadas para a melhoria dos processos da empresa, pois é
uma forma fácil de aumentar o lucro sem mexer na rotina da empresa, movimentar a
redução de custos sem alterar em receitas, sem aumentar fornecedores, sem buscar
novos clientes.
É extremamente importante para organização pois tributo implica em custo, e
os custos têm participação considerável nos resultados da empresa. Sendo assim o
planejamento tributário se torna fundamental para a contribuir no embasamento dos
critérios de tomada de decisão na empresa seja ela de cunho fiscal ou não, como por
exemplo o auxílio em outras áreas da empresa, como uma situação em que o
planejamento tributário identifique a necessidade de mudança territorial por algum
benefício fiscal de uma cidade para outra.
Há diversos fatores que influenciam a tomada de decisão, pois a partir do que
for decidido é que serão executados os procedimentos, concentrando assim uma
carga muito importante no ato de decidir sobre a situação futura da empresa, de
acordo com as ideias de Neto e Marques (2020, p.25) “quando nos referimos a uma
decisão de qualidade, estamos falando de uma que pode ser bem fundamentada e
bem justificada. Se, por acaso, a decisão não nos levou ao sucesso, foi porque ela
caiu na probabilidade de risco de insucesso”, todo o processo de planejamento
tributário tem a característica de servir como base para entregar uma decisão de
qualidade pois é uma ferramenta na qual se baseia informações importantes sobre
uma carga que afeta diretamente o faturamento e situação da empresa, ou seja são
informações sobre uma área que apresenta risco para a lucratividade da empresa e o
desenvolvimento do planejamento tributário com objetivo de elisão fiscal por exemplo,
reduz o risco de insucesso citado anteriormente.
O tempo e orçamento podem ser usados como exemplificação de contribuições
do planejamento tributário na tomada de decisão das empresas, em uma situação na
qual a tomada de decisão precisa ser tomada em um período de tempo em um curto
prazo ou a longo prazo a partir da recorrência a estratégia tributária já estará montada
o que gera para o tomador a possibilidade de para o curto prazo realizar análises
anteriores a partir de estratégias antigas e para o longo prazo antecipar a estratégia e
até mesmo modificar estratégias tributárias antigas. Com o desenvolvimento tributário
26

os recursos são otimizados e assim facilita a tomada de decisões que envolvem o


dispêndio de uma maior quantidade de dinheiro.
Outra grande contribuição gerada para a empresa está na capacitação de
funcionários pois o decisor e sua equipe que atuam nas operações tributárias devem
estar alinhados com as necessidades da operação nesse sentido o planejamento
tributário promove o desenvolvimento de conhecimento dos processos, leis, normas e
pronunciamentos que rodeiam a área fiscal da empresa. Dentro desse contexto
organizacional o planejamento tributário age como ferramenta de gestão tirando o
poder de decisão absoluto e o tornando desenvolvido em equipe.
Neto e Marques (2020) afirmam que as decisões devem ter qualidade e ações
que afetam a qualidade da decisão devem ser interrompidas, dentro dessa narrativa
podemos identificar a contribuição do planejamento tributário em fornecer
embasamento de qualidade que suportem a tomada de decisão pois a partir do
momento em que as informações base mudam ou que as necessidades mudam a
estratégia tributária também se altera, sobre a qualidade das decisões Neto e Marques
(2020, p.7) afirma:
[...] a qualidade do processo de decisão é fundamental, pois existem variáveis
desconhecidas, limitações de análise e contextos que precisam ser tratados
no processo de decisão. As variáveis desconhecidas referem-se às que
afetam o problema, mas não são visualizadas pelo decisor. No que se refere
às limitações, podem ser de recursos financeiros, humanos, de tempo, entre
outras. O contexto refere-se à cultura organizacional e aos ambientes
econômico, social e político. Todos esses aspectos influenciam de forma
direta ou indireta o processo de decisão e a qualidade da decisão em si.

O planejamento tributário afeta diretamente na qualidade das decisões fiscais


tomadas, por isso é grande importância desenvolvê-lo antecipadamente à tomada de
decisão voltada para questões fiscais, e para as necessidades da empresa, por isso
ressalta-se a importância de conhecer todas as formas legais, para executar um
panejamento tributário adequado às demandas da empresa e nos dentro dos
conformes legais.
O entendimento da área fiscal que o planejamento tributário gera contribui para
a empresas em diversos aspectos, os benefícios tributários obtidos a partir do
planejamento são segundo Crepaldi (2021, p.48):

a. entender o processo entre planejamento tributário e sonegação fiscal;


b. identificar as oportunidades de eliminação ou minimização da carga
tributária;
27

c. maximizar a utilização de oportunidades com diploma legal da


legislação;
d. estruturar operações de compras e vendas de produtos e serviços,
entradas de ativos, participações acionárias, utilizando atos
societários (fusão, cisão, incorporação e redução de capital
subscrito);
e. utilizar diligência como fonte de dados do planejamento tributário.

Tendo em vista a situação dos tributos no brasil, o desenvolvimento do


planejamento tributário tem como uma de suas vantagens a redução dos valores de
obrigações fiscais sem sonegar, apesar da simplicidade desse tópico muitas
empresas demonstram a dificuldade de compreensão da funcionalidade do
planejamento tributário, quando se refere à agir dentro das disposições legais, existe
uma linha tênue entre elisão e evasão mas ao desenvolver as estratégias fiscais da
empresa o administrador pode perceber e aprender a identificar as diferenças.
Além da redução de valores a execução de um planejamento eficaz possibilita
o postergamento dos pagamentos de tributos, pois a empresa após organizar seu
esquema de pagamento de tributos pode planejar e escolher a melhor data para
quitação do crédito tributário evitando atrasos e multas. Outras possibilidades são de
o administrador conseguir identificar as oportunidades de eliminação ou minimização
da carga tributária através da compensação tributária, essa prática pode inclusive
otimizar os fluxos de caixa da empresa.
Ter uma área responsável pelo planejamento tributário na empresa, contribui
agregando à operação, pois, proporciona um melhor entendimento da legislação
acerca do surgimento, execução e tratamento do crédito tributário por parte de toda a
equipe envolvida no processo. Além disso favorece a utilização de oportunidades com
diploma legal da legislação, pois a elisão fiscal é algo permitido que tem suas
disposições enquadradas em lei, e que gera uma relação de ganhos para empresa e
para o governo pois apesar de reduzir o pagamento do imposto ela reduz a optação
por esquemas que visam o aproveitamento de brechas na lei a título de evasão fiscal.
O planejamento tributário proporciona a possibilidade do uso de incentivos
fiscais que são dispositivos legais para promover a o crescimento e investimento em
uma área social sem que aumente a tributação, ou seja, as empresas têm a
oportunidade de destinar parte do imposto à projetos sociais relacionados à arte,
cultura, esportes etc. Como por exemplo a lei de incentivo à cultura, Lei 8.313 (Brasil,
1991), conhecida como Lei Rouanet, que em seu artigo 118 define como é seu
funcionamento:
28

Art. 18. Com o objetivo de incentivar as atividades culturais, a União facultará


às pessoas físicas ou jurídicas a opção pela aplicação de parcelas do Imposto
sobre a Renda, a título de doações ou patrocínios, tanto no apoio direto a
projetos culturais apresentados por pessoas físicas ou por pessoas jurídicas
de natureza cultural, como através de contribuições ao FNC, nos termos do
art. 5o, inciso II, desta Lei, desde que os projetos atendam aos critérios
estabelecidos no art. 1o desta Lei.

A próxima contribuição é estruturar operações de compras e vendas de


produtos e serviços, entradas de ativos, participações acionárias, utilizando atos
societários (fusão, cisão, incorporação e redução de capital subscrito). Reorganização
societária e constitui uma alteração da natureza jurídica da empresa, muitas empresas
buscam a reorganização societária como forma de redução para a pesada carga
tributária. A figura 1 representa de acordo com Crepaldi (2021) as possibilidades de
reestruturação de uma empresa.

Figura 1 Exemplos de reestruturação societária

Fonte: CREPALDI, Silvio. (2021, p.136).

Quando a reestruturação societária é realizada na empresa ela visa buscar


estratégias que beneficiem a empresas através da diminuição de carga fiscal
objetivando a redução das contribuições fiscais e possibilitando o reenquadramento
nos regimes de tributação oportunizando a escolha do mais vantajoso.
Com relação à estruturação de operações de compra e venda, o planejamento
tributário gera uma potência financeira para a empresa no sentido de permitir uma
folga nos custos e facilitar o reinvestimento do dinheiro nas operações, o que viabiliza
a melhora na situação da empresa.
29

O planejamento tributário promove ao administrador uma noção maior dos


lucros e despesas, pois como explicado anteriormente durante o processo de
planejamento tributário é necessário que faça a previsão de faturamento e de
despesas a fim de decidir sobre o regime tributário, mas além disso com essas
informações o administrador se beneficia ao conseguir enxergar qual será a possível
situação da empresa durante o ano seguinte. Torna a empresa geradora de caixa e
evita o acúmulo de passivos, reduzindo o índice de endividamento da empresa.
Agrega-se também para a empresa mais saúde ao negócio desenvolvido, através da
maior capitalização do negócio, ou seja, maior conversão em capital.
O planejamento tributário possibilita a utilização da diligência como fonte de
dados do planejamento tributário, de fato a diligência é fonte de informações, pois ela
promove o fornecimento de dados confiáveis e importantes para o efetivo
gerenciamento.
30

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando se iniciou este trabalho de pesquisa identificou-se a necessidade de


evidenciar a importância do planejamento tributário para a tomada de decisão nas
empresas. Através do desenvolvimento da pesquisa foi possível concluir que a
construção e implementação de um planejamento tributário eficaz nas empresas além
das possibilidades estratégicas gera uma grande economia financeira.
Constata-se que através deste trabalho de pesquisa científica elaborado sob
uma revisão bibliográfica, o objetivo geral de pesquisar as contribuições do
planejamento tributário como instrumento de apoio para a tomada decisão foi
concluído mediante o desenvolvimento de uma ampla pesquisa científica baseada em
um vasto referencial teórico, retirado de livros, artigos e trabalhos acadêmicos.
Observa-se que para o alcance do objetivo geral o desenvolvimento dos
objetivos específicos foi fundamental, estes foram desenvolvidos através da
identificação dos conceitos e definições do planejamento tributário, demonstração e
explicação dos procedimentos do planejamento tributário e evidenciação da
importância e contribuições do planejamento tributário como instrumento para a
tomada de decisão.
Diante da metodologia proposta foi possível desenvolver um trabalho conciso
e que atendesse aos objetivos traçados, mas através do desenvolvimento da pesquisa
científica possibilitou-se a identificação de uma carência de informações bibliográficas
que tratassem da importância em si do planejamento tributário principalmente
considerando os regimes de tributação, são poucos os autores que dissertam sobre
esse tema que é de grande essencialidade atualmente, portanto propõe-se para as
próximas pesquisas o desenvolvimento de uma pesquisa científica com enfoque maior
nos benefícios do planejamento tributário para cada um dos regimes de tributação,
apontando as vantagens e desvantagens de alteração no regime de tributação das
empresas.
31

REFERÊNCIAS

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S.A, 2007.

BRASIL, Lei Complementar nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977. Institui o Decreto


-Lei. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del1598.htm

BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Institui o Código Tributário


Nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compila
do.htm

BRASIL. Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991. Institui o Lei federal de


incentivo à cultura. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l8313cons.htm

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analítica de dados. Rio de Janeiro: Editora Alta Books, 2020. 9788550817101.
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