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Belo Horizonte
2021
Luiz Henrique Santos do Prado
Belo Horizonte
2021
Luiz Henrique Santos do Prado
CONCEITO __________
Aos meus pais, Heloísa e José.
À minha irmã, Ana.
RESUMO
O planejamento tributário no Brasil e as questões que o abrangem são alvo de debates e estudos
com mais frequência nos últimos anos, devido a grande carga tributária enfrentada pelas com-
panhias atuantes no país. A principal pauta dos estudos mais atuais se trata da busca pelos de-
terminantes da gerência dos tributos e da busca pela elisão fiscal, o que desperta nas companhias
a necessidade de gerenciar seus valores tributários. Nesta pesquisa, analisa-se a ação das limi-
tações financeiras sore os comportamentos de planejamento tributário de uma companhia. O
objetivo geral do estudo se deu por verificar a relação direta entre as limitações financeiras e a
aplicação de mecanismos de planejamento tributário de companhias brasileiras. Para isso, es-
tudou-se o planejamento tributário de companhias do setor varejista e de engenharia presentes
na bolsa de valores B3 nos anos de 2017 a 2020, de forma a verificar valor percentual de des-
pesas tributárias sobre os lucros anuais através da Taxa efetiva de tributos (ETR). Também fo-
ram analisadas as situações financeiras das companhias de maneira a classificar o seu nível de
limitação financeira a partir de índices encontrados em suas demonstrações financeiras e notas
explicativas. Como resultado, descobriu-se relação direta entre a limitação financeira das com-
panhias e o seu planejamento tributário, uma vez que a taxa efetiva de tributos diminuía na
medida em que as organizações se encontravam mais limitadas ou, até mesmo, em crise. Tal
resultado implica que as companhias, quando restringidas financeiramente, buscam métodos de
planejamento tributário e elisão fiscal como forma de reter e poupar seus recursos.
Tax planning in Brazil and the issues that cover it have been the subject of debates and studies
more frequently in recent years, due to the high tax burden faced by companies operating in the
country. The main agenda of the most current studies is the search for the determinants of tax
management and the search for tax avoidance, which arouses in companies the need to manage
their tax values. In this research, the action of financial limitations on the tax planning behaviors
of a company is analyzed. The general objective of the study was to verify the direct relationship
between financial limitations and the application of tax planning mechanisms for Brazilian
companies. To this end, we studied the tax planning of companies in the retail and engineering
sectors present on the B3 stock exchange in the years 2017 to 2020, in order to verify the per-
centage value of tax expenses on annual profits through the Effective Tax Rate (ETR). The
financial situations of the companies were also analyzed in order to classify their level of finan-
cial limitation based on indices found in their financial statements and explanatory notes. As a
result, a direct relationship was found between companies' financial constraints and their tax
planning, since the effective tax rate decreased as organizations were more limited or even in
crisis. This result implies that companies, when financially restricted, seek methods of tax plan-
ning and tax avoidance as a way of retaining and saving their resources.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 19
1.1 Formulação do problema ................................................................................................. 19
1.2 Metodologia da pesquisa .................................................................................................. 22
1.3 Estrutura do trabalho ...................................................................................................... 25
4 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA........................................................................... 52
4 .1 Caracterização da limitação financeira ......................................................................... 52
4 .1.1 Tamanho ......................................................................................................................... 52
4 .1.2 Dividendos ...................................................................................................................... 54
4 .1.3 Recompra de ações ......................................................................................................... 57
4 .1.4 Alavancagem financeira ................................................................................................. 58
4 .1.5 Classificação de risco de crédito ................................................................................... 60
4 .1.7 Aspectos de controle ....................................................................................................... 60
4 .1.7.1 Retorno sobre Ativos (ROA) ....................................................................................... 60
4 .1.7.2 Governança Corporativa ............................................................................................ 62
4 .1.7.3 Crise ............................................................................................................................ 62
4 .2 Taxa efetiva de tributos – ETR ....................................................................................... 63
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 67
19
1 INTRODUÇÃO
Esse fato acaba por chamar a atenção de pesquisadores do setor tributário, que tentam,
através de estudos e pesquisas, identificar as causas geradoras da necessidade da gestão dos
tributos, além de medir a perda relacionada ao governo, na tentativa de instruir administradores
e gerentes públicos em direção à diminuição do problema do problema (POHLMAN &
IUDICIBUS, 2016).
A grande maioria destas pesquisas tem como alicerce a medição das não equivalências
contábeis e também fiscais (Book Taxer Differences – BTD) e das efetivas taxas de tributação
(Effective Tax Rate – ETR), ambas muito aceitas para a avaliação do planejamento tributário
organizacional (HANLON & HEITZMAN, 2015).
Outras características também analisadas pelos estudiosos são as estruturas
organizacionais e econômicas das empresas, isto é, o seu porte, o nivel de endividamento, a
quantidade necessária de recursos para a geração de renda, a presença ou não de conselho fiscal,
dentre outras (SILVA, 2017).
Além das características estruturais das companhias, os níveis de limitações financeiras
das empresas também são indicadores bastante focados pelos estudiosos para promover a
análise do crescimento do nível do planejamento tributário. Law e Mills (2015) basearam sua
pesquisa na quantificação de palavras negativas nas demonstrações apresentadas pelas
empresas americanas daquele ano como representação do valor relativo às limitações das
organizações.
Seguindo o exemplo, Edwards, Schwab e Shelvin (2016) apresentaram um estudo que
promovia a investigação acerca das limitações financeiras e a redução de gastos que a gestão
tributária gerava. Após a coleta de dados e a devida análise, os resultados do estudo indicaram
que existia correlação positiva entre as limitações financeiras e a diminuição dos gastos
provocados pela boa gestão tributária.
Neste sentido, uma parte dos pesquisadores citados chega à mesma conclusão quanto a
origem da relatividade entre a limitação financeira e o exercício do planejamento tributário. Na
parte de limitação de recursos, as ofertas de crédito do mercado se tornam fontes de débitos e
dores de cabeça para os administradores e gestores das companhias. O que instiga a procura de
novas formas de economia e redução de gastos. Sendo assim, o planejamento tributário se
apresenta como uma ferramenta que pode auxiliar a resolver tal necessidade, uma vez que a sua
mecânica principal é baseada em diminuir as bases de cálculo e os lucros tributáveis a fim de
maximizar o crédito fiscal e recolher o mínimo de tributos possível, observando o previsto em
lei.
21
Nesta linha, o presente estudo tem como proposta relacionar as limitações econômico-
financeiras das companhias brasileiras listadas na B3 (Brasil, Bolsa e Balcão) com a procura
por benefícios de economia fiscal através do gerenciamento tributário.
Como relatado anteriormente, ao se depararem com problemas de limitação financeira,
as companhias procuram por soluções alternativas de economia, já que as opções tradicionais
de financiamento se tornam mais onerosas e complexas (EDWARDS, SCHWAB e SHELVIN
2016). Neste sentido, pesquisadores e estudiosos indicam que a economia gerada pelo
planejamento tributário pode também ser vista como uma destas fontes alternativas de
financiamento.
Tal atitude é abertamente estimulada tanto por pesquisadores quanto por gestores
públicos, uma vez que, “...em tempos de crise e limitações financeiras, as empresas tendem a
evadir tributos”, segundo o presidente do Office of Revenue Commissioners (ORC) da Irlanda.
Diante desta situação, a pergunta que direciona a presente pesquisa é: Existe uma relação
direta entre as limitações financeiras das organizações e o exercício do planejamento tributário
das empresas brasileiras listadas na B3 (Brasil, Bolsa e Balcão)?
O objetivo geral do estudo é examinar as possíveis relações diretas entre as limitações
financeiras e a execução de técnicas de gerenciamento tributário das empresas brasileiras
(exceto financeiras) listadas na B3 entre os anos de 2017 a 2020. Mais especificamente, este
estudo objetiva: comparar e analisar métricas de limitações financeiras, buscando encontrar
fatores comuns e explicitar as diferenças e igualdades dentre as variáveis; calcular a progressão
da taxa de efetividade dos tributos sobre o lucro (Effective Tax Rates – ETR) das empresas
brasileiras (exceto financeiras) listadas na B3 entre 2016 e 2020; e, definir os principais motivos
da diminuição da taxa de efetividade de tributos através da observação dos Demonstrativos
Contábeis e das notas explicativas das companhias.
Esta pesquisa tem a pretensão de contribuir com o emaranhado de pesquisas que
abrangem o planejamento tributário e pretende compreender seus determinantes. Apesar de este
ser o principal objetivo das atuais pesquisas da área, a explicação das desigualdades entre o
nível de gerenciamento tributário das empresas ainda não é tida como definitiva (REZENDE,
2015).
Os conhecimentos da área contábil são de extrema importância para estudos de aspecto
tributário e fiscal, uma vez que contam com os conhecimentos necessários para a correta análise
das demonstrações econômico-financeiras das companhias e que, se fundamentada nos corretos
aspectos contábeis e fiscais, pode trazer ricas contribuições ao longo do tempo (HANLON &
HEITZMAN, 2010).
22
Portanto, tais pesquisas são responsáveis por engrandecer a explicação dos malefícios e
recompensas do gerenciamento tributário e ajudar gestores públicos e governantes a
compreender as formas de gerenciamento de resultados das companhias.
Apesar da maioria das pesquisas sugerirem possíveis características padrão de
companhias empenhadas em planejar seus tributos, não existem muitas evidências de como a
situação financeira das empresas (positiva ou negativa) pode influenciar as suas práticas de
gerenciamento tributário.
Esta pesquisa se faz necessária no atual momento de crise e instabilidade político-
econômica enfrentada pelo país. Cada vez mais empresas se encontram em situação de
comprometimento financeiro e sérias dificuldades para a captação de recursos. Os últimos anos
não foram os melhores para os investidores e empresários brasileiros, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto brasileiro (PIB) encontra-
se em decréscimo. No ano de 2015 o país teve crescimento negativo, representando diminuição
de 3,8% em comparação com o ano anterior. Já em 2016, o país retraiu sua atividade econômica
cerca de 4% com relação a 2015. Após período de estabilidade, o índice voltou a cair.
Recentemente, tendo a economia sido impactada pela pandemia do novo Coronavírus, o PIB
registrou queda de 9,7% no segundo trimestre de 2020, colocando o país em situação de
recessão (IBGE, 2020).
Dado que o planejamento tributário é responsável por representar uma fonte de
financiamento e economia para as companhias, enriquecer a literatura acerca do assunto é de
extrema importância quando se trata de auxiliar gestores e administradores a superar suas
limitações financeiras decorrentes de situação econômica adversa.
Também foram utilizados dados encontrados no site da Bolsa de Valores (B3) que
identificam a aplicação da governança corporativa nas organizações estudadas, além de suas
notas explicativas.
Para Vergara (2016, p. 59), “o tratamento de dados refere-se àquela seção na qual se
torna explicito para o leitor como se pretende tratar os dados a coletar, justificando por que tal
tratamento é adequado aos propósitos da pesquisa”.
As demonstrações contábeis e as notas explicativas das companhias brasileiras listadas
na bolsa de valores (B3), exceto financeiras, são do período de 2017 a 2020. Delas foram
extraídas informações suficientes para a análise estatística da possível relação entre o nível de
limitação financeira das empresas e a utilização do Planejamento Tributário em suas
administrações.
Os dados extraídos foram submetidos ao cálculo da progressão da taxa de efetividade
dos tributos sobre o lucro (Effective Tax Rates – ETR), o que facilitará a identificação do índice
correspondente à relação entra a limitação financeira e o Planejamento Tributário.
A metodologia proposta para a pesquisa tem possibilidades e limitações. De acordo com
Vergara (2016, p. 61) “o pesquisador deve explicitar quais as limitações que o método escolhido
para a pesquisa oferece, mas que ainda assim o justificam como o método mais adequado aos
propósitos da investigação”.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo da pesquisa está estruturado desta forma: o tópico 2.1 apresenta conceitos
básicos da contabilidade necessários para o entendimento geral do assunto. No tópico 2.2,
assuntos voltados à interpretação fiscal e tributária da contabilidade são explorados, a fim de
promover ligações entre a base teórica e o entendimento específico. Logo após, no tópico 2.3,
são apresentados alguns dos regimes tributários mais recorrentes em empresas brasileiras e a
suas particularidades. Da mesma forma, no tópico 2.4, os conceitos e entendimentos acerca do
planejamento tributário são explicados e aprofundados. No tópico 2.5, a elisão fiscal é
conceituada e relacionada com os instrumentos teóricos da contabilidade tributária. No tópico
2.6, são apresentados os diversos tipos de limitação financeira, como podem afetar as
organizações e as formas de reverter e contornar estas condições. Por fim, o tópico 2.7 tem o
objetivo de relacionar um apanhado de informações e dados adquiridos em pesquisas anteriores
com objetivos similares.
2.1 Contabilidade
O que toda história tem mostrado é que a Contabilidade torna-se importante à medida
que há desenvolvimento econômico. Hoje, por exemplo, a profissão é muito
valorizada nos países do primeiro mundo. No Brasil, até a década de 1960, este
profissional era chamado de “guarda-livros”, a nosso ver, título pejorativo e pouco
indicador. Todavia, com o milagre econômico na década de 1970, essa expressão
desapareceu e observou-se um excelente e valorizado mercado de trabalho para os
contabilistas.
Na Idade Moderna, em torno dos séculos XIV a XVI, principalmente no
Renascimento, diversos acontecimentos no mundo das artes, na economia, nas nações
proporcionaram um impulso espetacular das Ciências Contábeis, sobretudo na Itália.
Em torno desse período tivemos, sem a preocupação de ordem cronológica, Copérnico,
Galileu e Newton, revolucionando a visão da humanidade, o aperfeiçoamento da
Imprensa por Gutenberg (já referido), Colombo iniciando as grandes descobertas, o
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Assim como nas demais áreas científicas, a contabilidade se viu engrandecida pela nova
forma de ver o mundo e a geração de valor que ela proporcionava recebeu os tão merecidos
méritos.
No meio comercial e financeiro, a contabilidade almeja colher dados, categorizar,
analisar e compreender sua estrutura e seus padrões. De forma à fornecer o máximo de
informações possíveis para a correta tomada de decisão nos âmbitos empresariais.
Neste sentido, Ribeiro (2017) afirma que:
A partir da evolução da área contábil e do mundo como um todo várias foram às novas
funcionalidades da contabilidade. Para atender a demanda criada, várias ramificações foram
desenvolvidas, como a contabilidade do terceiro setor, a contabilidade previdenciária, a
contabilidade pública e a contabilidade fiscal e tributária, esta última que será vista com maior
profundidade a seguir nesta pesquisa.
Com a crescente interferência e regulação dos entes federados para com as organizações
empresariais, fez se necessária a criação de uma vertente contábil que tivesse como objetivo
criar técnicas e métodos para melhorar a relação entre as duas partes e garantir que as
companhias tirassem o melhor proveito possível no cumprimento das exigências estatais.
Neste contexto, Fabretti (2015), define a Contabilidade Fiscal e Tributária da seguinte
forma:
É o ramo da contabilidade que tem por objetivo aplicar na prática conceitos, princípios
e normas básicas da contabilidade e da legislação tributária, de forma simultânea e
adequada.
Como ramo da contabilidade, deve demonstrar a situação do patrimônio e o resultado
do exercício, de forma clara e precisa, rigorosamente de acordo com conceitos,
princípios, pressupostos e normas básicas de contabilidade. O resultado apurado deve
ser economicamente exato.
Entretanto, a legislação tributária frequentemente atropela os resultados econômicos
para, por imposição legal, adaptá-los a suas exigências e dar-lhes outro valor
(resultado fiscal), que nada tem a ver com o resultado contábil.
Com o objetivo de convergir à contabilidade efetivada no Brasil as Normas
Internacionais de Contabilidade, o CFC, por meio de seu comitê de pronunciamentos
contábeis, emanou durante os anos de 2009 e 2010 novos pronunciamentos, de forma
a estabelecer critérios e procedimentos contábeis alinhados aos procedimentos e
normas internacionais, na busca de se ter uma contabilidade não mais elaborada para
atender às exigências tributárias, mas sim para atender a todas as necessidades dos
diversos usuários da contabilidade. Nesse sentido, a Receita Federal elaborou a MP
449/2008, convertida na Lei no 11.941/2009, com o objetivo de tornar os ajustes
decorrentes da legislação tributária não mais uma obrigatoriedade de tratamento e
registro contábil, mas que possam ser controlados por registros auxiliares ou no Lalur,
dependendo do caso. Referida medida vigorou pelos anos de 2009 e 2010 como
regime transitório, estando a Receita Federal estudando procedimento para ser
adotado permanentemente. (FABRETTI, 2015, p. 35)
A contabilidade fiscal e tributária aplica seus mecanismos e conceitos no dia a dia das
companhias para tornar a influência governamental menos onerosa e custosa para a organização.
O profissional responsável por essa área deve se atentar à legislação tributária e como ela
influencia a aplicação dos tributos e das obrigações que o acompanham.
O Código Tributário Nacional apresenta a seguinte definição da legislação tributária:
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O atendimento das exigências das legislações do IRPJ e da CSLL são objetivos comuns
às organizações e derivam da correta aferição da informação fiscal e tributária, e comumente
pode ser a única aplicação da contabilidade fiscal e tributária em companhias optantes pelo
lucro real que limitam a sua utilização.
De acordo com Fabretti (2015) brevemente estas necessidades devem ser atendidas
tendo em vista os objetivos da contabilidade fiscal e tributária:
A contabilidade fiscal e tributária tem normas gerais e abrangentes que podem servir
para todo tipo de organização, uma vez que a obrigação dos tributos se faz igual à todos os
empreendimentos. Entretanto, algumas aplicações podem ser específicas para determinados
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tipos de companhia e, observando a atual vigência, para regimes tributários específicos nos
quais a organização é encaixada ou escolhe se encaixar. A seguir, são relatados os conceitos e
modalidades mais comuns dos regimes tributários.
A forma de calcular dos tributos incidentes no simples nacional foi alterada em 2016
pela Lei Complementar 155, mas, apesar das mudanças, manteve os seus objetivos e resoluções
principais.
De forma a descomplicar o processo de apuração de tributos municipais, estaduais e
federais, o Simples Nacional apresenta a unificação de todos eles em uma forma de contribuição
através do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS). Uma série de tributos estão
contemplados nesta declaração, são eles: o PIS/PASEP; a Contribuição ao Financiamento da
Seguridade Social (Cofins); a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); o Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI); o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ); a
Contribuição para a Seguridade Social; o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS);
e o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e sobre Serviços de Transporte interestadual e
intermunicipal e de Comunicação (ICMS).
O valor faturado mensalmente constitui a base de calculo da arrecadação, já a alíquota,
deve ser encontrada através do calculo do acumulo do faturamento dos últimos 12 meses antes
do período de apuração, devendo ser consultada a tabela direcionada a cada faixa de receita.
Apenas microempresas e empresas de pequeno porte podem optar por este tipo de
regime tributário. A definição é dada pelo artigo 3º da mesma lei complementar:
Além de facilitar as relações das microempresas e das empresas de pequeno porte com
o fisco, o Simples Nacional também cumpre objetivos adjacentes.
Neste contexto, Naylor (2008) afirma que:
Apesar de se apresentar como regime próprio, o Simples Nacional nada mais é do que
um subsistema que se utiliza de artifícios fiscais para fornecer vantagens às microempresas e
empresas de pequeno porte, de forma a estimular o empreendedorismo e desonerar as iniciativas
comerciais na sociedade brasileira.
Art. 14 – [...]
a) cuja receita total, no ano-calendário de 2003, tenha sido superior ao limite de
R$ 48.000.000,00 ou de R$ 4.000.000,00 multiplicado pelo número de meses do
período, quando inferior a doze meses;
b) cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimento, bancos de
desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e
investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretores de títulos,
valores mobiliários câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas
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Art. 224 - A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de
bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado
auferido nas operações de conta alheia. Parágrafo único. Na receita bruta não se
incluem as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos e os impostos
não cumulativos cobrados destacadamente do comprador ou contratante dos quais o
vendedor dos bens ou o prestador dos serviços seja mero depositário.
a) as receitas da prestação de serviços, da venda de produtos de fabricação própria, da
revenda de mercadorias, do transporte de cargas, da industrialização de produtos em
que a matéria-prima, o produto intermediário e o material de embalagem tenham sido
fornecidos por quem encomendou a industrialização, da atividade rural e de outras
atividades compreendidas nos objetivos sociais da pessoa jurídica;
b) as receitas de quaisquer outras fontes não relacionadas diretamente com os
objetivos da empresa;
c) os ganhos de capital;
d) os rendimentos obtidos em aplicações financeiras de renda fixa; e,
e) os ganhos líquidos obtidos em operações realizadas nos mercados de renda variável
(operações em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas).
(BRASIL, 1998, p.1)
Uma vez que a companhia faz a opção pelo Lucro Presumido, deve-se aplicar a todo o
ano-calendário a sua apuração, não podendo ser feita a troca ou opção por outro regime
tributário. Isto é, a definição da opção companhia pelo Lucro Presumido limita a organização a
exercer a sua forma tributária, não podendo optar pela mudança até o ano seguinte; exceto no
caso de lucro arbitrado, que garante às companhias o direito de optar pela tributação baseada
no Lucro Presumido em caso de, em qualquer trimestre, ter o seu lucro arbitrado.
A apuração correta do IRPJ e da CSLL no sistema de Lucro Presumido tem sua base de
cálculo obtida através dos percentuais responsáveis por presumir aplicados sobre o lucro no
trimestre do exercício.
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No caso da apuração da PIS/PASEP e COFINS, uma lista de valores deve ser excluída
da base de cálculo no momento da apuração dos valores:
Além disso, deve-se perceber que a apuração destas contribuições pode ser realizada
com base nos métodos cumulativos e não cumulativos. Cabe à organização e ao profissional
responsável a análise e o enquadramento da companhia na definição que mais se encaixa com
o disposto pela legislação.
Segundo a Lei Nº 9.718/1998, as companhias optantes pela tributação através do Lucro
Presumido necessitam apurar o PIS/COFINS de acordo com o método cumulativo, utilizando-
se das alíquotas de 0,65% e 3% incidentes na receita bruta, subtraindo-se todas as exclusões
permitidas por lei.
Quanto ao sistema do método não cumulativo, as empresas devem utilizar as alíquotas
de 1,65% e 7,6% para a apuração do PIS/COFINS, respectivamente. Além disso, a receita bruta
utilizada para a aplicação as alíquotas podem ser subtraídas de créditos garantidos por lei.
Camargo (2017) elenca os encargos, custos e despesas que podem ser tomados como base para
a apuração dos créditos:
• Bens adquiridos para revenda - Compras realizadas para revenda, seja empresa
comercial ou industrial, apesar de se aplicar mais comumente para empresas
comerciais.
• Insumos na prestação de serviços e na produção - Os bens e serviços utilizados na
produção ou na prestação de serviço destinados a venda pela empresa.
• Aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos - São permitidos créditos sobre
aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos que são utilizados na atividade fim da
entidade, desde que o aluguel seja realizado junto a pessoa jurídica.
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O regime tributário mais complexo e completo é o Lucro Real, onde, para ser
enquadrada na obrigação do sistema tributário do Lucro Real, a companhia deve seguir uma
série de definições previstas na Lei Nº 9.718/98:
Art. 46. O art. 13, caput, e o art. 14, I, da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998,
passam a vigorar com a seguinte redação: Produção de efeito
"Art. 13. A pessoa jurídica cuja receita bruta total, no ano-calendário anterior, tenha
sido igual ou inferior a R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais), ou a
R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais) multiplicado pelo número de meses de
atividade do ano-calendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses, poderá optar
pelo regime de tributação com base no lucro presumido.."(NR)
"Art. 14. .......................................................................
I - cuja receita total, no ano-calendário anterior seja superior ao limite de
R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais), ou proporcional ao número de
meses do período, quando inferior a 12 (doze) meses;."(NR). (BRASIL, 2002, p.1)
As companhias que não se encaixam nas definições legais ainda assim podem optar pela
tributação no regime de Lucro Real, basta que a escolha faça sentido dentro do planejamento
tributário da organização e seja benéfica financeira e economicamente. Caso a empresa não se
enquadre nos requisitos, ela não se torna obrigada a ser tributada no regime tributário de Lucro
Real, podendo assim optar por outra forma qualquer de tributação, uma vez que a sua estrutura
econômica se enquadre nesta.
Assim como no Lucro Presumido, a companhia enquadrada no Lucro Real pode
manifestar a sua escolha através do pagamento, no período de apuração, da primeira parcela ou
parcela única do imposto que é devido. Após isso, a empresa fica enquadrada no regime
tributário pelo período do ano-calendário, podendo optar por outro sistema tributário em
qualquer um dos anos-calendário subsequentes ao primeiro.
Assim como nos demais regimes tributários, o Lucro Real apresenta uma série de
adições e exclusões que devem ser consideradas no ato da apuração do imposto devido.
Neste contexto, Chaves (2015) evidencia algumas das situações em que a companhia
deve considerar adições à base de cálculo:
a) despesas que afetaram o resultado contábil do período, mas não estão autorizadas
pela legislação fiscal como redutoras da base de cálculo do Imposto de
Renda. Exemplos: comissão, multa por infração de trânsito, realização de reserva
de reavaliação etc.;
b) receitas que no período anterior tenham sido excluídas do lucro contábil para definir
o lucro real, por uma condição de deferimento para ser adicionado em períodos
posteriores. Exemplo: venda a prazo de bens ou serviços para órgãos públicos,
para recebimento nos períodos seguintes;
c) despesas que em períodos anteriores foram excluídas do resultado contábil para a
definição do lucro real, em função da antecipação do reconhecimento da despesa fiscal,
mas somente agora está sendo contabilizado. Exemplo: empresa que tenha a
atividade rural e compra equipamentos; o contribuinte considera totalmente
depreciado para fins do Imposto de Renda; contabilmente reconhece a despesa
no prazo da vida útil do bem. (CHAVES, 2015, p. 370)
As exclusões representam valores que podem ser subtraídos ao lucro contábil e são
advindos das seguintes situações também elencadas por Chaves (2015):
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a) receitas que afetaram o resultado contábil, mas a legislação define como receitas
isentas do Imposto de Renda. Exemplo: receita de equivalência patrimonial;
b) despesas que no período anterior tenham sido adicionadas ao resultado contábil,
por uma condição necessária para a sua dedutibilidade;
c) deduções por incentivos fiscais. Exemplo: depreciação acelerada para fins
fiscais. (CHAVES, 2015, p.170)
As definições legais implicam que o Lucro Real se dê através do lucro líquido apurado
pela companhia somando e subtraindo os ajustes relativos às adições e exclusões. Nesse sentido,
o Imposto de Renda deve ser calculado tomando por base o Lucro Real, que por sua vez, terá a
sua apuração realizada de forma extracontábil, em um livro próprio, o Livro de Apuração do
Lucro Real (LALUR).
O LALUR é constituído por duas partes distintas, A e B. Inseridas na parte A estão as
demonstrações de cálculo dos impostos. Já na parte B é feito o controle dos créditos tributários
de ambos os lados, do fisco e da companhia.
São exemplos destes tipos de crédito segundo Chaves (2015):
de utilizar ferramentas regulatórias para estabelecer tal equilíbrio. Devido a isso, a competência
de instituir tributos é utilizada como mecanismo e aplicada aos subordinados do Estado.
Segundo Crepaldi (2017, p. 35) “ao exercer a sua soberania, o Estado pode exigir que os
indivíduos forneçam-lhe os recursos necessários para a sua atividade. Institui-se então o tributo”.
Nesta linha, o art. 3º do CTN define o tributo como sendo “toda prestação pecuniária
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.
Analisando o contexto disposto em lei, é possível notar que a fração do patrimônio
pessoal que será transferida ao Estado é definida pelas leis que vigoram sobre o tema. Entretanto,
mesmo que estas sejam de importância impreterível ao governo, nas ações de instituição e
formação das obrigações tributárias, as leis, na maior parte dos casos, se encontram em via
contrária aos interesses das pessoas e empresas, uma vez que o acumulo de patrimônio é o
objetivo majoritário destes. Tendo em vista esse aspecto, é de fácil compreensão que os
contribuintes busquem procedimentos e artifícios direcionados ao objetivo de diminuir ou
anular o passivo gerado pelas instituições dos tributos (POHLMANN & IUDÍCIBUS, 2016).
Com base nisso, o planejamento tributário tem o dever de adiar, reduzir ou até mesmo
anular, de maneira legal, os custos fiscais. O sistema tributário brasileiro se apresenta complexo
e custoso para as companhias, que necessitam aplicar essas técnicas de gerenciamento tributário
para se manterem ativas e oferecendo concorrência no mercado.
Neste contexto, Fabretti (2015) define a função do planejamento tributário:
1) Planejamento, que tem por objetivo a anulação do ônus fiscal: nesse caso, o
planejamento é voltado a impedir a concretização das hipóteses legais de incidências
tributárias, mediante o emprego de estruturas e formas jurídicas, articulando o
empreendimento ou a atividade econômico-mercantil.
2) Planejamento que tem por objetivo a redução do ônus fiscal: o planejamento
tributário deve organizar o empreendimento ou atividade econômico-mercantil, de
modo que possibilite a concretização de hipóteses legais de incidência tributária,
resultando em uma redução do ônus fiscais.
3) Planejamento que tem por objetivo o adiamento do ônus fiscal: esse planejamento
visa que o empreendimento ou a atividade econômico-mercantil se encontre em uma
das seguintes situações: - deslocamento da ocorrência do fato gerador; -
procrastinação do lançamento ou pagamento do imposto.
A elisão fiscal é um ato formal e jurídico, totalmente lícito, para que o contribuinte
possa reduzir sua carga tributária, por meio de um ato para antever o fato gerador.
Pode ser feita através da própria legislação e, também, por lacunas na legislação.
(SILVA, 2017, p. 16)
A elisão fiscal pode, por vezes, ser confundida por evasão fiscal e ter agregada a sua
imagem um conceito negativo. Nesse sentido, é de extrema importância que os conceitos de
42
evasão e elisão fiscal não sejam confundidos quando o objetivo for traçar um coerente
planejamento tributário com embasamentos legais.
A evasão fiscal não tem caráter lícito e, na maior parte das vezes, é executada após o
acontecimento do fato gerador do tributo e tem o objetivo principal de ocultar ou se desfazer
dele de forma duvidosa.
A Leis de Crimes Contra a Ordem Tributária, Econômica e Contra as Relações de
Consumo – Lei Nº 8.137/90 define a constituição de crimes que atentam contra o sistema
tributário. Podem-se destacar as seguintes definições do texto:
A Lei Nº 9.249/95 apresenta no art. 34 a correta saída para o não enquadramento criminal
de um planejamento fiscal feito de forma equivocada:
Uma companhia pode ser considerada limitada de forma financeira quando os custos ou
a disponibilidade de recursos externos não a permitem adquirir novos investimentos ou
43
A explanação deste método será melhor compreendida quando forem abordados estudos
prévios realizados em pesquisas anteriores, que enquadram as organizações de modo a julgar
os dados baseando-se entra a razão dos dividendos pelo lucro líquido.
44
As taxas de impostos estabelecidas por lei não são realmente capazes de mensurar os
encargos legais que recaem sobre as organizações. Isso se deve, em grande parte, aos
aspectos a serem considerados referentes a essa matéria e também à existência de
regimes fiscais distintos. Nesse sentido, a Effective Tax Rate (ETR) surge como uma
alternativa a esse entrave, pois apresenta como objetivo a mensuração da carga
tributária e os seus efeitos sobre a atividade econômica de uma determinada
instituição. A ETR é obtida através do quociente entre a despesa com imposto de renda
(corrente e diferida) e o lucro contábil antes da incidência do tributo. (CREPALDI,
2017, p. 128)
A ETR deve ser utilizada com os critérios corretos e dentro dos padrões recomendados.
Qualquer interferência nestes quesitos, pode transformá-la em um índice pouco acurado, ou ate
mesmo, maléfico para a gestão da companhia como um todo. O mesmo se aplica a estudos e
46
pesquisas realizados na área tributária. O pesquisador deve ter em mente todas as diretrizes
necessárias para a sua utilização.
Vários estudos, tanto nacionais quanto internacionais, foram realizados com o mesmo
tema desta pesquisa, relacionaram os índices e indicadores do planejamento tributário de
companhias com o nível de limitação financeira encontrada nas demonstrações.
Um grande número de pesquisas tem como ênfase o exame dos principais pontos
determinantes que promovem o comportamento tributário específico das empresas. Esses
estudos procuram desenvolver explicações acerca do motivo principal que incentiva o
contribuinte a planejar os seus tributos, em qual nível essa ação acontece, além de procurar a
mensuração da diminuição da coleta de recursos por parte do Estado que este tipo de técnica
acaba por gerar.
Segundo Crepaldi (2017) os principais temas de pesquisas na área da contabilidade
tributária tendem a ser:
3.1 Varejo
As companhias varejistas representam um dos ramos mais fortes do país, um dos seus
principais pilares, que se mostra responsável por grande parte da variação do PIB e da produção
de riqueza no geral. Mesmo passando por altos e baixos, o setor consegue se manter relevante
e atraente para os investidores. Por serem majoritariamente comercializadores de produtos, as
companhias varejistas precisam lidar com cargas exorbitantes de tributos sobre sua produção.
Tal fato contribui com a pesquisa no sentido de demonstrar a influência dos tributos na forma
de lidar com as restrições financeiras.
Para a pesquisa, foram escolhidas duas companhias que são referência no segmento e
que se encaixam nos objetivos do trabalho: Magazine Luiza S.A. e Lojas Americanas S.A.
Fundada no município de Franca (SP) em 1967, a Magazine Luiza S.A. é hoje uma das
maiores companhias varejistas do Brasil. Possui, no somatório, mais de 1000 lojas
convencionais localizadas de forma estratégica e de grande visibilidade ao público.
48
Além disso conta com filiais em 18 dos estados brasileiros. Seu processo mercadológico
é caracterizado majoritariamente por comércio digital, que surgiu em 1992 em um ambiente
nada favorável economicamente, como uma estratégia inovadora para responder as novas
necessidades da sociedade em pleno crescimento.
A companhia Lojas Americanas S.A. foi inaugurada em 1929, na cidade de Niterói (RJ),
e leva a fama de uma das grandes varejistas nacionais. Conta com mais de 1300
estabelecimentos e se faz presente no mercado com lojas físicas e comércio digital, seu principal
seguimento.
A companhia tenta adotar uma perspectiva de abordagem totalmente diferente e única
no momento de atender seus clientes e consumidores, de forma a oferecer vários formatos de
49
lojas, assim como desenvolver uma plataforma digital, responsável com várias marcas. Além
disso a empresa conta com formas de inovação que pretendem potencializar as plataformas,
desenvolver negócios disruptivos e diversificar iniciativas.
Além das plataformas físicas e digitais, a companhia desenvolve motores de inovação
para a geração de capital em forma de novos negócios e organizações. Desta maneira, a
aquisição de novas marcas e empresas se encontra no escopo organizacional. Marcas como
Submarino, Shoptime, Sou Barato e outras; se encontram entre os investimentos recentes da
gigante do varejo.
Sua posição no mercado se define por 65,03% de ações preferenciais e 34,97% de ações
ordinárias. Os tipos de investidores detentores de seu capital são pessoas físicas (94,48%),
pessoas jurídicas (3,35%) e investidores institucionais (2,17%). As demais ações pertencem a
grandes grupos empresariais, sendo o maior deles a S-velame Adm de Recursos E Participações
S.A., com 55,16%. No ano de 2017, ultrapassou a marca de R$23 bilhões em valor de mercado.
3.2 Engenharia
Suas ações negociadas na bolsa representam 60,88% de seu capital e estão divididas em
pessoas físicas (95,96%), pessoas jurídicas (2,20%) e investidores institucionais (1,84%). O
51
restante das ações se encontra no poder de grandes investidores como Rubens Menin Teixeira
de Souza, que detém cerca de 37,76%. Seu valor de mercado atual é de R$7,75 bilhões.
4 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
Este capitulo tem por finalidade descrever as pesquisas e análises executadas para o
cumprimento dos objetivos específicos e gerais do estudo. No primeiro momento, serão
apresentados os métodos de caracterização da situação de restrição financeira das companhias,
para então serem enumeradas as hipóteses e variáveis relacionadas à pesquisa.
4 .1.1 Tamanho
Analisando os valores de ativo total das companhias é possível perceber que todos elas
possuem determinado crescimento. As varejistas apresentam, em 2020, ativo total superior a
R$ 20 bilhões, o que representa a boa capacidade de acumulo de recursos e, consequentemente,
a facilidade de aquisição de crédito.
Ativo Total
R$35.000.000,00
R$30.000.000,00
R$25.000.000,00
R$20.000.000,00
R$15.000.000,00
R$10.000.000,00
R$5.000.000,00
R$-
Magazine Luiza Lojas Americanas MRV Tenda
Ativo total (Reais Mil) 2017 Ativo total (Reais Mil) 2018
Ativo total (Reais Mil) 2019 Ativo total (Reais Mil) 2020
Quanto as construtoras, a diferença são grandes. A MRV apresenta média de ativo total
superior a R$ 10 bilhões enquanto a Tenda apresenta valores inferiores a R$ 5 bilhões. A
diferença clara no tamanho das companhias deve representar boa correlação e margem de
análise nos índices posteriores da pesquisa.
54
4 .1.2 Dividendos
Lucro Líquido
R$1.000.000,00
R$900.000,00
R$800.000,00
R$700.000,00
R$600.000,00
R$500.000,00
R$400.000,00
R$300.000,00
R$200.000,00
R$100.000,00
R$-
Magazine Luiza Lojas Americanas MRV Tenda
Lucro Líquido (Reais Mil) 2017 Lucro Líquido (Reais Mil) 2018
Lucro Líquido (Reais Mil) 2019 Lucro Líquido (Reais Mil) 2020
Ao analisar o valor de dividendos e JSCP pago pelas empresas, é possível perceber certo
comportamento contido das varejistas e da construtora Tenda, uma vez que o valor pago por
elas não ultrapassou os R$500 milhões em nenhum dos períodos estudados.
56
Gráfico 3 - Dividendos
Dividendos
R$1.500.000,00
R$1.000.000,00
R$500.000,00
R$-
Magazine Luiza Lojas MRV Tenda
Americanas
A construtora tenda, por outro lado, aposta em remuneração mais aguda do seu capital
próprio, chegando a pagar mais de R$1 bilhão em 2017. Apesar da queda durante os anos, seu
valor mínimo ainda supera os valores máximos de todas as outras companhias.
De acordo com Law K. & L. Mills (2015), os analistas tem como um dos principais
indicadores de risco financeiro é a alavancagem financeira. O seu cálculo é responsável por
indicar a capacidade das companhias em levantar ou buscar fundos presentes no mercado.
Desta forma, quando se tem um índice elevado, maior que 1, pode-se dizer que a
companhia, no momento, tem o seu patrimônio líquido valorizado pelo seu capital de terceiros.
E quando o valor é menor que 1, é possível entender que a companhia se encontra em situação
grave de financiamento, pois seus recursos de terceiros depreciam o valor dos recursos próprios.
Assim, quanto menor for o seu índice de alavancagem financeira, maior será a restrição
financeira enfrentada pela companhia e, desta maneira, mais difícil será para a empresa a
captação de recursos externos, como empréstimos. Quando o índice é alto, a companhia
apresenta boa capacidade garantir fundos externos e a manutenção da não limitação financeira.
Após a coleta de dados de Lucro antes dos Juros e Imposto de Renda (LAJIR) e Lucro
antes do Imposto de Renda (LAIR) nas demonstrações financeiras, estes foram os resultados
encontrados para a alavancagem financeira:
59
Alavancagem Financeira
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
Magazine Luiza Lojas Americanas MRV Tenda
Os ratings que são emitidos pelas grandes agências de risco demonstram a situação
financeira e econômica das companhias e afetam diretamente o custo dos empréstimos e na
precificação das ações.
Assim como para as pessoas físicas, os ratings servem para medir o risco envolvido em
determinado negócio ou empresa. A tomada de decisão de avaliadores, investidores e
reguladores são baseadas neste risco medido pelas agências.
A sinalização de uma possível inadimplência da companhia é o principal motivo da
utilização destes índices, uma vez que, eles demonstram aspectos que, muitas vezes, não podem
ser obtidos a partir de uma regular análise dos demonstrativos ou mesmo das notas explicativas.
Para a pesquisa, o rating utilizado será o emitido pela agência Standard & Poor’s,
reconhecida pela experiência e expertise em análises econômicas e financeiras das companhias
ao redor do mundo. Os ratings tem extrema complexidade e diversidade, entretanto, serão
simplificados para contribuir com o entendimento e caracterização da pesquisa. Os valores não
se alteraram durante o período estudado, portanto, a análise foi feita de forma única.
As companhias Magazine Luiza, Tenda e MRV são consideradas pela Standard &
Poor’s como empresas de baixo risco para o mercado e recebem o rating “A”. Tal definição
aponta boa relação das companhias com os investidores e terceiros relacionados e a sua
capacidade de cumprir com suas obrigações de curto e longo prazo.
Já a companhia Lojas Americanas recebeu o rating “B”, que aponta para boa condição
de risco em que não estão excluídas as possibilidades de inadimplência em menor escala. O
rating em questão aponta leve desconfiança do mercado, mas ainda assim, uma boa estrutura
econômica.
Para a análise dos aspectos de controle das companhias, que poderiam influenciar
diretamente na sua posição de risco financeiro, foram utilizados os índices de Retorno sobre os
Ativos (ROA), as informações disponíveis acerca da governança corporativa das empresas e os
fatores de crise presentes no cenário econômico nacional.
O Retorno sobre Ativos pode ser utilizado para, de certa forma, controlar os níveis de
atividade financeira e econômica das companhias. Desta forma, a relação entre a rentabilidade
dos ativos e o planejamento tributário é positiva, ou seja, as empresas mais geradoras de lucro
estão mais propensas a terem taxas efetivas de tributo muito maiores, resultado bastante comum
entre as organizações que tentam adotar práticas tributárias menos agressivas.
Para calcular o índice ROA, foram utilizados os dados de Lucro Líquido e Ativo Total
das companhias, obtendo-se os seguintes resultados:
Tabela 6 - ROA
ROA (Reais Mil)
Companhia 2017 2018 2019 2020
Magazine Luiza 5,27% 6,84% 4,95% 1,76%
Lojas Americanas 1,37% 2,15% 3,38% 1,30%
MRV 5,29% 5,89% 5,33% 3,92%
Tenda 6,02% 10,22% 11,05% 6,94%
Fonte: Demonstrativos Financeiros
Gráfico 6 - ROA
Retorno Sobre Ativos (ROA)
12,00%
10,00%
8,00%
6,00%
4,00%
2,00%
0,00%
Magazine Luiza Lojas Americanas MRV Tenda
4 .1.7.3 Crise
De todas as crises enfrentadas nos últimos anos, econômicas, sociais e políticas, a crise
advinda da pandemia do novo Coronavírus foi a mais impactante para o cenário econômico e
financeiro das companhias, não só brasileiras, mas de todo o mundo.
As medidas de isolamento social, de vital importância para a não proliferação do vírus,
acarretaram no aumento do desemprego, na diminuição do poder aquisitivo de parte da
população e, por consequência, na saúde financeira das companhias.
As empresas analisadas no estudo não foram diferentes, uma vez que seus
demonstrativos financeiros apontam a clara influência da pandemia na estrutura econômica das
companhias.
As variáveis mais afetadas foram a lucratividade das companhias (ROA) e o seu lucro
líquido, que apresentaram significativa queda no ano de 2020, início do período pandêmico.
Em detrimento destas variáveis, o ativo total de todas as companhias cresceu no último ano, o
63
que pode representar tentativas de supressão dos possíveis abalos financeiros gerados pelo
período de crise.
Todos os impactos, de forma evidente, fazem com que as companhias elevem o seu nível
de risco e limitação financeira ao fim do ano de 2020, o que deve ser levado em consideração
no momento da análise dos dados como um todo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma também limitação foi a população estudada, que se tratou apenas de dois grupos
de atividade econômica, não podendo ser estendidas as análises para os demais grupos e
seguimentos.
Vistas as limitações, recomenda-se que as próximas pesquisas utilizem variáveis
distintas presentes nas literaturas para enxergar de forma prática os efeitos do planejamento
tributário; observar se as companhias enquadradas como limitadas financeiramente e
utilizaram-se dos preceitos do planejamento tributário para poupar recursos, tiveram melhores
desempenhos nos períodos seguintes; analisar e encontrar um limiar temporal em que o
planejamento tributário se torna evasão fiscal.
Por fim, o pesquisador conclui que a pesquisa foi de extrema importância para o seu
crescimento acadêmico, haja visto o acumulo de conhecimento literário e analítico para a sua
execução. Além de ter se mostrado uma ótima oportunidade de aplicar conceitos contábeis,
tributários e gerenciais, adquiridos ao longo de todo o curso, a casos reais.
67
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