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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E EXATAS

CAMPUS VI POETA PINTO MONTEIRO

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

CRISTIANE DA SILVA GOUVEIA

A nova contabilidade aplicada ao setor público no Brasil: um estudo com enfoque


após o processo de convergência das normas internacionais.

MONTEIRO-PB

2019
CRISTIANE DA SILVA GOUVEIA

A nova contabilidade aplicada ao setor público no Brasil: um estudo com enfoque


após o processo de convergência das normas internacionais.

Trabalho apresentado para a disciplina de


Pesquisa em Contabilidade, apresentada ao
curso de Ciências Contábeis da
Universidade Estadual da Paraíba para
obtenção de nota na disciplina.

Prof.: M.Sc. Lílian Mazzer

Monteiro – PB
2018

RESUMO

2
O objetivo geral deste trabalho é explicar como funciona a nova contabilidade
direcionada ao Setor público, onde seus próprios objetivos correspondem ao
estabelecimento de normas e procedimentos para o registro contábil destas entidades e a
viabilizar a consolidação das contas públicas. Seus objetivos específicos são: Atender às
necessidades de informação das organizações do setor público, observar formato
compatível com as legislações vigentes, assim como os princípios de Contabilidade e as
Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCASP),
adaptando-se, tanto quanto possível, às exigências dos agentes externos, e
principalmente às Normas Internacionais de Contabilidade do Setor Público.

SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO........................................................................................4
1.1- Apresentação ao tema........................................................................4
1.2- Objetivos.............................................................................................5
3
1.2.1- Objetivos Gerais.................................................................................5
1.2.2- Objetivos Específicos..........................................................................5
1.3- Justificativa........................................................................................6
2- REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................6
2.1- O processo de convergência no Brasil....................................................7
2.2- Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público –
NBCASP.........................................................................................................8
2.3- Processo de convergência das normas internacionais de contabilidade
(International Public Sector Accounting Standards –
IPSAS).................................................................................................................10

3- REFERÊNCIAS........................................................................................13

4
1. INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação do tema

No âmbito brasileiro a contabilidade vem passando por mudanças nos últimos anos,
provocando varias discursões sobre o tema na busca de melhorias e soluções
satisfatórias para as necessidades do patrimônio público e o desempenho dos serviços
públicos, principalmente soluções para os que possuíam investimentos no exterior e
precisavam se adaptar aos padrões contábeis de cada país para o registro, a mensuração
e a evidenciação contábil, a partir dai, iniciou uma discursão sobre o processo de
convergência das Normas Nacionais às Internacionais. O Brasil passa por um momento
de renovação estrutural efetiva focado no patrimônio, na transparência das informações
como indutor de controles e necessidade de convergência com as normas internacionais.
(MAUSS, 2012; FEIJÓ, 2013; BEZERRA FILHO, 2015).

O processo de convergência, termo adotado inicialmente no campo contábil privado


no final da década de 1990, nasceu da necessidade de aumento da compatibilidade dos
padrões contábeis produzidos por Internacional Accounting Standards Board (IASB) e
Financial Accounting Standards Board (FASB), sob a perspectiva de um alto nível de
qualidade da informação (ZEFF, 2007 apud RIBEIRO FILHO, 2009). Apesar da
Convergência ter origem no setor privado, com o decorrer do seu movimento, sua
pratica foi adotada ao setor público para obter resultados em comum, e com isso surgir
possibilidades de abranger os resultados mais próximos possíveis pelos governos e
também a ampliação da evidenciação do setor. Uma das maiores perspectivas para a
contabilidade pública, foi que em 2012, houvesse a convergência das Normas Contábeis
Brasileiras às Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público
(IPSAS – International Public Sector Accounting Standards), visando que essa
transição da contabilidade pública mudaria o enfoque contábil centrado no controle
orçamentário, passando para uma contabilidade pública patrimonial junto ao regime de
competência de receitas e despesas públicas.

Segundo Feijó e Bugarim (2008) o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), o


órgão que é responsável pela orientação, normatização e fiscalização da contabilidade
no Brasil, por meio da Portaria CFC n.º 37/2004, o Grupo de Estudos voltado para a
área pública brasileira, deu origem ao processo de convergência no setor público. No
entanto, esse grupo criou um documento intitulado “Orientações Estratégicas para a
Contabilidade Aplicada ao Setor Público”, com isso, a contabilidade pública brasileira
passou a ter três grandes diretrizes estratégicas: a promoção do desenvolvimento
conceitual, o estímulo à convergência às normas internacionais e fortalecimento
institucional da Contabilidade. O principal objetivo desse processo é reduzir as
consequências negativas da diversidade contábil: dificuldade na consolidação das
demonstrações contábeis, no acesso a mercados de capitais estrangeiros e falta de
5
comparabilidade entre demonstrações contábeis de organizações sediadas em países
distintos (CARVALHO e SALOTTI, 2010).

Esse novo cenário trouxe para o primeiro plano a demanda por informações
contábeis confiáveis e comparáveis, levando à compreensão de que a existência de
padrões contábeis distintos, afeta a qualidade da informação contábil para fins de
divulgação, dificulta a avaliação e comparação do desempenho e da eficiência
econômica de companhias e órgãos que atuam em vários países. (OLIVEIRA e LEMES,
2011; SANTOS et al, 2011). O ministério da Fazenda com a intenção de em aproximar
as normas brasileiras de contabilidade ás normas internacionais, publicou a Portaria MF
nº 184, de 25/08/08. Essa portaria apresenta diretrizes para área publica (abrangida
pelos entes públicos União, Estados e Municípios) relacionados à práticas,
procedimentos, divulgação e elaboração das demonstrações contábeis, com o intuito de
converte-los para a IPSAS (publicadas IFAC) e às Normas Brasileiras de Contabilidade
aplicadas ao Setor Público – NBCASP (editadas pelo CFC).

Nesse contexto, as demonstrações contábeis assumem papel fundamental, por


representarem importantes evidenciações de informações geradas pela Contabilidade,
promovendo transparência dos resultados orçamentários, financeiros, econômicos e
patrimonial do Setor Público (STN, 2012). Diante disso, a STN desenvolveu
ferramentas com o objetivo de promover informações contábeis na elaboração do
Balanço do Setor Público, o sistema de informações contábeis e fiscais no setor publico
brasileiro - SICONFI (Portaria 16 STN nº 702/2014). Contudo, torna-se oportuno a
seguinte questão de pesquisa: Quais os impactos no setor público brasileiro  com
advento do processo de convergência as normas internacionais  de contabilidade
aplicadas ao setor público?

1.1.1 Objetivos
Para atender ao objetivo geral, serão perseguidos e executados os seguintes objetivos
de pesquisa para responder à questão de pesquisa:

1.1.2 Objetivo Geral


Analisar o nível de convergência das NBCASP e mostrar o aprimoramento na
contabilidade pública brasileira após a harmonização com as normas internacionais.

1.1.3 Objetivos Específicos

 Os aspectos conceituais e fundamentais adotados pelas NBCASP e a


convergência no Brasil.
 Destacar os principais pontos de cada norma aprovada.
 Destacar as inovações ocorridas durante o processo de convergência, e o
que mudou na contabilidade pública brasileira.

6
 Levantar os fatores predominantes do estagio atual de harmonização
entre as NBCASP e as normas internacionais direcionadas ao setor
público.
 Para finalizar, as considerações finais ao estudo e apresentação das
referencias bibliográficas.

1.2 Justificativa

Justifica-se a presente pesquisa: pelas recentes mudanças nos padrões contábeis


brasileiros visam modernizar os procedimentos contábeis, possibilitando a geração de
informações úteis para o apoio à tomada de decisão e ao processo de prestação de
contas e controle social, além de permitir a consolidação das contas nacionais (STN,
2012). As recentes mudanças nos padrões contábeis brasileiros visam modernizar os
procedimentos contábeis, possibilitando a geração de informações úteis para o apoio à
tomada de decisão e ao processo de prestação de contas e controle social, além de
permitir a consolidação das contas nacionais (STN, 2012).
Nesse caso, se faz necessário que os órgãos responsáveis por esse setor de mudanças
na contabilidade, tenham total conhecimento sobre o nível de convergência e o que pode
ser atingido na sociedade diante dos procedimentos das normas internacionais. No
entanto, diante disso, não provocou somente alterações na legislação mas também em
toda cultura que diz respeito a contabilidade brasileira, pelo fato de não só existir antes
obrigatoriedade de padrão de contas e de procedimentos contábeis por parte dos
geradores de informações.
Além de contribuir com a literatura, o estudo contribui para a sociedade por
demonstrar e fornecer conhecimento sobre o nível de convergência adotado, e também
para o público alvo que necessitam da implantação da norma. Possibilitando um maior
controle pelos contribuintes dos gastos públicos, tanto pela verificação da eficiência,
quanto pela eficácia da alocação dos recursos públicos.

A contabilidade Aplicada ao Setor Público, a NBC T 16.1 estabelece que a ela caiba
fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de
natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do
setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão, à adequada
prestação de contas; e ao necessário suporte para a instrumentalização do controle
social. (NBC T 16.1, item 4).

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Nesta seção, apresentam-se os tópicos onde ressaltam os componentes que vão


constituir o referencial teórico do presente estudo. Portanto, serão apresentados os
principais conceitos históricos, definições e fundamentos teóricos a respeito da
harmonização do processo de convergência das normas internacionais no setor público

7
brasileiro. Além disso, serão discutidos também nesta seção a revisão da literatura a
respeito do tema.

2.1 O processo de Convergência no Brasil


A Contabilidade Pública, que de acordo com Lima e Castro (2000, p. 16) “é o ramo
da contabilidade que tem por objetivo aplicar os conceitos, Princípios e Normas
Contábeis na gestão orçamentária, financeira e patrimonial dos Órgãos e Entidades da
Administração Pública”, diante das normas, o ramo contábil passa durante os últimos
anos por um processo de discussão e debate, que tem como principal instrumento de
discursão, o processo de convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade Pública
com as Normas Internacionais Aplicadas ao Setor Público.

Para Choi e Meek (2005 apud CARLIN, 2008): [...] a convergência [...] envolve uma
eliminação gradual das diferenças dos padrões nacionais e internacionais de
Contabilidade, por meio do esforço de organismos internacionais, nacionais emissores
desses padrões e outros grupos que necessitam de melhores práticas e reporte da
informação contábil. No entanto, a convergência abrange uma aproximação de critérios,
procedimento, métodos utilizados em um país com adotados internacionalmente, de
forma flexível, porque há uma sobreposição do padrão normativo nacional e
internacional.

Um aspecto relevante é entender a enorme dificuldade vivenciada pelos integrantes


das entidades contábeis normalizadoras. Esses vivenciam grandes dualidades, como a
necessidade de definir se devem aumentar o número de normas acompanhando todas as
novas operações realizadas pelas empresas ou exercer a regulação baseada em
princípios. Ao mesmo tempo, devem definir como equilibrar a postura rígida necessária,
sem que haja restrição total sobre a capacidade do profissional da contabilidade em
retratar a realidade de acordo com as características da empresa e da transação
econômica realizada. E, também, como garantir a aplicação da essência econômica
sobre a forma jurídica. (SZUSTER et al., 2005, p.22-23). Um dos grandes desafios é
padronizar as normas convergentes para garantir a qualidade de informações produzidas
pela contabilidade, mantendo os padrões de compreensibilidade e comparabilidade,
fazendo com que reduza os custos relacionados a esse processo pelos investidores e
usuários em geral.

A Resolução CFC n.º 1.103/07 criou o Comitê Gestor da Convergência no Brasil com
o objetivo de contribuir com o desenvolvimento sustentável do Brasil por meio de uma
reforma contábil e de auditoria que promova maior transparência das informações e
aprimoramento das práticas profissionais, observando a convergência aos padrões
internacionais (CFC, 2007a). Essa resolução criou o comitê para incumbir um plano de
ação e coordenar o processo de convergência das normas brasileiras às internacionais

8
nas áreas de Contabilidade societária, auditoria, Contabilidade publica e assuntos
regulatórios. Na área da Contabilidade pública, o processo de convergência das Normas
Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público – NBC T 16 – às IPSAS teve
inicio do ano de 2012.

Diante da constante busca pelo melhor desenvolvimento da Ciência Contábil, e o


traçado de uma das causas do estágio da globalização (interdependência econômica)
com mercados mais competitivos, exigente, e cada vez mais atuante em nível de nível
de comércio exterior, foi criado o Manual técnico. “O processo de globalização vem
impondo demandas de informações contábeis, o que exige a criação de Sistemas de
Informação que respondam, integral e tempestivamente, a quaisquer usuários internos
ou externos.” (STN, Manual Técnico de Contabilidade aplicada ao Setor Público).

A palavra ‘padrão’, dentro do conceito de convergência, não se relaciona à ideia de


padronização de normas, já que esta última (padronização) se refere à “imposição de um
conjunto rígido e estreito de regras, sem flexibilização, aplicando o mesmo padrão
contábil a diversas situações” (CHOI; MEEK 2005; NIYAMA, 2007 apud CARLIN,
2008).

Outro ponto importante é a relação existente entre ‘convergência’ e ‘harmonização’


de normas. “Harmonização é um processo que aumenta a compatibilidade das práticas
contábeis, [...], nos aspectos em que essas práticas podem ser diferentes [...].” (CHOI;
MEEK 2005 apud CARLIN, 2008). Conceitualmente, ocorre uma pequena diferença
entre os termos convergir e harmonizar, no tocante à eliminação gradual das diferenças
e o aumento da comparabilidade das práticas, respectivamente, mas nada que possa
influenciar os efeitos práticos provocados pelas duas performances. Convergência de
normas ou harmonização de normas são termos normalmente aceitáveis.

Deve-se ressaltar que essas descobertas decorrem da constante busca de suprir as


necessidades dos usuários internos e externos da Contabilidade, através de informações
relevantes e oportunas que possam auxiliar a tomada de decisões. A Estrutura
Conceitual Brasileira – no tocante aos requisitos da informação, objeto e objetivo
contábil e referindo-se também aos procedimentos a serem observados – fez uma
correlação com os dispositivos expostos nas Normas Internacionais do IASB, de forma
a aderir ao processo de harmonização de direito (aproximação normativa).

2.2 Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público –


NBCASP
Em um aspecto amplo, pode-se considerar a Contabilidade Pública como
integrante da área de estudos das finanças públicas, que estuda um dos aspectos
atividades do Estado: a obtenção e emprego dos meios materiais e serviços para a
realização de seus fins, sendo a atividade financeira do Estado envolvendo as funções de

9
obtenção, criação e gestão do dinheiro público, visando à satisfação das necessidades da
sociedade assumidas pelo Estado (AZEVEDO, 2004)

A Contabilidade aplicada ao Setor público, como sistema de informações, vem


incorporando novas metodologias e recuperando seu papel, adotando parâmetros de boa
governança, demonstrando a importância de um sistema que 25 forneça o apoio
necessário à integração das informações macroeconômicas do setor público e à
consolidação das contas nacionais. (CFC, 2008; BEZERRA FILHO, 2015)

Em 21 de dezembro de 2008, com lastro conceitual nos princípios de contabilidade


sob a perspectiva do setor público, o CFC publicou as primeiras dez Normas Brasileiras
de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, e posteriormente em dezembro de 2013,
publicou a NBC T 16.11(quadro 1), elaboradas pelo grupo assessor, em parceira com
contadores públicos do País e submetidas a audiências públicas e debatidas em
seminários e oficinas temáticas com a classe contábil. (BEZERRA FILHO, FEIJÓ,
2012).

Quadro 01: Relação das NBCASP


PNBC T 16 Assunto
NBC T SP 16. 1 Conceituação, objeto e campo de aplicação.
NBC T SP 16. 2 Patrimônio e sistemas contábeis
NBC T SP 16. 3 Planejamento e seus instrumentos sob o enfoque contábil
NBC T SP 16. 4 Transações no setor público
NBC T SP 16. 5 Registro contábil
NBC T SP 16. 6 Demonstrações contábeis
NBC T SP 16. 7 Consolidação das demonstrações contábeis
NBC T SP 16. 8 Controle interno
NBC T SP 16. 9 Depreciação, amortização e exaustão
NBC T SP 16. 10 Avaliação e mensuração de ativos e passivos em
entidades do setor público

RES. 1268/09 Altera, inclui e exclui itens das NBC T 16.1, 16.2 e 16.6
NBC T SP 16.11 Sistema de informação de custos do setor público
Fonte: Adaptado de CFC (2008a -2008i).

Segundo a STN (2015) o gradualismo na implantação dos Procedimentos Contábeis


Patrimoniais (PCP) foi considerado imprescindível, pois a adoção “em bloco” de todos
os PCP estabelecidos no MCASP segundo as NBC T SP mostrou-se inviável, tendo em
vista relatos de experiências de entes da Federação acerca das dificuldades operacionais

10
e de recursos materiais e humanos. Diante disso, a STN publicou em 24 de setembro de
2015 a Portaria STN nº 548, que dispõe sobre os prazos limites de adoção dos
procedimentos contábeis patrimoniais aplicáveis aos entes da Federação, com vistas à
consolidação de Contas Públicas de União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, sob a mesma base conceitual.

A adoção das NBCASP ocorreu de forma facultativa a partir de sua publicação


(final do exercício de 2008 e no exercício de 2009). Para os fatos ocorridos a partir de
janeiro de 2010, a adoção das dez primeiras normas é obrigatória, entretanto, entidades
que estejam sujeitas à
legislação que estabeleça prazo distinto para a adoção inicial das NBC T 16.1 a 16.10
podem adotar essas normas a partir do prazo estabelecido por aquela legislação (CFC,
2009).

Em 2011 o rol de NBCASP em vigor foi ampliado. A NBC T 16.11 padronizou os


conceitos, os objetos, os objetivos e as regras básicas para mensuração e evidenciação
de custos no setor público brasileiro (três esferas da federação), aplicando-se aos
exercícios iniciados a partir de 1º de janeiro de 2012, permanecendo a ressalva quanto
ao prazo de adoção observada nas demais normas (CFC, 2011).

2.3 Processo de convergência das normas internacionais de


Contabilidade (International Public Sector Accounting Standards –
IPSAS)
A Federação Internacional de Contadores, fundada em 1977, é uma organização
global que agregava, em janeiro de 2011, 165 membros e associados em 125 países. A
sua missão é servir ao interesse público, fortalecer a profissão de contador no mundo e
contribuir com o
desenvolvimento de fortes economias internacionais (CFC, 2009a).

Com o grande número de internacionalização dos mercados, foram criadas condições


para que haja uma convergência entre procedimentos contábeis adotados nos países e
aqueles aceitos e praticados internacionalmente, de tal forma que o processo abranja
reduzir às divergências contábeis entre os países, que geram desequilíbrio de
informações afetando assim a tomada de decisão dos que precisam utilizar as
informações contábeis.

A convergência internacional vem ocorrendo há anos, em uma busca incessante de


diversos organismos que dedicam tempo e esforços para alcançar o objetivo de
harmonizar as normas contábeis de vários países, mantendo as peculiaridades e as
características de cada região (SILVA; MADEIRA; ASSIS, 2004; PONTE;
OLIVEIRA; CAVALCANTE, 2010).

11
Segundo Pereira (2009, p. 8): “As normas internacionais [...] privilegiam a essência
sobre forma e ditam, em geral, o princípio a ser seguido, não trazendo uma formulação
detalhada de como proceder em cada tipo de transação, o que implica em um maior
exercício do julgamento profissional [...]” e Matavelli (2009, p. 11): “iremos
assertivamente exercer uma subjetividade responsável, avaliando, julgando, fazendo
juízo de
valor”. Tudo isso por que, atualmente, com a convergência das Normas nacionais com
as internacionais, a base da Contabilidade deixa de ser as regras e passa a ser os
princípios.

O comitê responsável pelos pronunciamentos relativos ao setor público, o IPSASB,


é um órgão de normatização independente que trabalha com o apoio do IFAC e usa as
normas internacionais de Contabilidade (NIC) emitidas pelo IASB como ponto de
partida (ERNEST & YOUNG TERCO, 2010).

No entanto, a estratégia do IPSASB é elaborar IPSAS a partir das IFRS, de


interpretações do International Financial Reporting Committee (IFRIC) e de
interpretações do Standing Interpretations Committee (SIC), observando as
características principais do setor público. Em janeiro de 2012, o conjunto de IPSAS
emanadas pela IFAC agregou trinta e duas normas, apresentadas no Quadro 02.

Quadro 02: Relação das IPSAS

IPSAS n°. Assunto Baseada na


IPSAS 1 Apresentação das demonstrações financeiras IAS 1
IPSAS 2 Demonstração do fluxo de caixa IAS 7
IPSAS 3 Superávit ou déficit líquido do período, erros IAS 8
fundamentais e alterações nas políticas contábeis
IPSAS 4 Os efeitos de alterações em taxas de câmbio IAS 21
IPSAS 5 Custos dos empréstimos obtidos IAS 23
IPSAS 6 Demonstrações financeiras consolidadas e IAS 27
contabilização para entidades controladas
IPSAS 7 Contabilidade para investimentos em associados IAS 28
IPSAS 8 Apresentação de relatórios financeiros de interesses em IAS 31
joint ventures
IPSAS 9 Rendimentos provenientes de transações comerciais IAS 18
IPSAS 10 Apresentação de relatórios financeiros em economias IAS 29
superinflacionárias
IPSAS 11 Contratos de construção IAS 11
IPSAS 12 Inventários IAS 2
IPSAS 13 Arrendamento mercantil – leasing IAS 17
IPSAS 14 Circunstâncias após a data de apresentação das IAS 10
demonstrações financeiras
IPSAS 15 Instrumentos financeiros: divulgação e apresentação -
(substituída por IPSAS’s 28 e 30)
IPSAS 16 Propriedades de investimento IAS 40

12
IPSAS 17 Propriedades, instalações e equipamentos IAS 16
IPSAS 18 Apresentação das demonstrações financeiras por IAS 14
segmentos
IPSAS 19 Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes IAS 37
IPSAS 20 Divulgações das partes relacionadas IAS 24
IPSAS 21 Desvalorização de ativos não monetários IAS 36
IPSAS 22 Divulgação de informação financeira sobre os setores -
do governo em geral
IPSAS 23 Rendimento de transações não comerciais (taxas e -
transferências)
IPSAS 14 Apresentação da informação orçamental nas -
demonstrações financeiras
IPSAS 25 Benefícios do empregado IAS 19
IPSAS 26 Imparidade de ativos geradores de caixa IAS 36
IPSAS 27 Agricultura IAS 41
IPSAS 28 Instrumentos financeiros: apresentação IAS 32
IPSAS 29 Instrumentos financeiros: reconhecimento e mensuração IAS 39
IPSAS 30 Evidenciação de instrumentos financeiros IAS 7
IPSAS 31 Ativos intangíveis IAS 38
IPSAS 32 Acordos de Concessão de Serviços: Concedente IFRIC 9, SIC
29
Fonte: Deloitte Accountants (2011).

Em linhas gerais, as IPSAS dispõem sobre uma Contabilidade Patrimonial Integral,


o que requer o registro de todos os itens de bens, direitos, obrigações e patrimônio
líquido da entidade considerada e estabelecem o regime de competência para o
reconhecimento de receitas e despesas. A ausência de adoção desse regime possibilita
que diversos ativos e passivos não sejam reconhecidos, prejudicando fortemente a
evidenciação da situação financeira e dos resultados do exercício (CFC, 2008).

Galera (2007) sintetiza que as IPSAS devem reforçar a responsabilidade das


entidades do setor público, promover a viabilidade de técnicas de benchmarking e
melhorar a eficiência na prestação de serviços públicos, contribuindo, portanto, com os
processos de prestação de contas e tomada de decisão.

As Normas Internacionais de Contabilidade direcionadas para atender as finalidades


do Setor Público são editadas pelo IPSASB com base nas Normas Internacionais do
IASB voltadas ao Setor Privado. O IPSASB é um conselho dentre vários em que a
IFAC se divide para atingir seus objetivos, os quais se concretizam no ato de “servir ao
interesse público, por meio do desenvolvimento de padrões internacionais de
Contabilidade de alta qualidade, fortalecendo a profissão contábil e contribuindo para o
desenvolvimento econômico internacional” (CARLIN, 2008).

REFERÊNCIAS

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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-70772014000500300]

FEIJÓ, Paulo Henrique; BUGARIM, Maria Clara Cavalcante. Portaria MF 184/2008:


um marco para a implantação do Novo Modelo de Contabilidade Aplicada ao Setor
Público. Revista Brasileira de Contabilidade. São Paulo, v. 173, p. 79 a 89, set./out.
2008.

MATAVELLI, Carlos Alberto. Executivos atribuem atrasos à relevância do processo. p.


11. In: GIROTTO, M. Reportagem: A migração das normas contábeis brasileiras para o
padrão internacional: especialistas analisam o processo. Revista Brasileira de
Contabilidade, Brasília, ano XXXVIII, nº 175, p. 7-23, jan./fev. 2009.

http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso_internacional/anais/6CCF/80_16.pdf

Ministério da Fazenda. Portaria nº 184, de 25 de agosto de 2008. Dispõe sobre as


diretrizes a serem observados no setor público (pelos entes públicos) quanto aos
procedimentos, práticas, elaboração e divulgação das demonstrações contábeis, de
forma a torná-los convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade
Aplicadas ao Setor Público. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,
DF, 26 ago. 2008. Seção 1, p. 24.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas Brasileiras de Contabilidade


Aplicadas ao Setor Público. Disponível em: Acesso em: 08 mai. 2019.

http://www.ppgcont.unb.br/images/Dissertacoes/dissert_mest_002.pd

CARLIN, Diego de Oliveira. Considerações sobre o processo de convergência na


Contabilidade Pública Brasileira. Revista CRCRS, Rio Grande do Sul, n. 8, set. 2008.
Disponível em: Acesso em: 08 mai. 2019.

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