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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS –

UNIPAM
CURSO: CIÊNCIAS CONTÁBEIS
DISCIPLINA: PROJETO INTEGRADOR
TURMA: CC1A
PROFESSOR: Me. Heitor Cunha Barros

Arcabouço fiscal

CAMYLLA MAGALHÃES SOUSA


GABRIEL FARIA SILVA
LARISSA FERREIRA GUIMARÃES
KAROLAYNE TAUANE DA CRUZ
MARIA LAURA L. F. DE OLIVEIRA

PATOS DE MINAS
2023
CAMYLLA MAGALHÃES SOUSA
GABRIEL FARIA SILVA
LARISSA FERREIRA GUIMARÃES
KAROLAYNE TAUANE DA CRUZ
MARIA LAURA L. F. DE OLIVEIRA

ARCABOUÇO FISCAL

Trabalho apresentado
como requisito parcial de avaliação
da disciplina Macroeconomia, do
curso de Ciências Contábeis, do
Centro Universitário de Patos de
Minas.

PATOS DE MINAS
2023
1 INTRODUÇÃO 3
2 O QUE É O NOVO ARCABOUÇO FISCAL? 3
3 PRINCIPAIS PROMESSAS DA NOVA REGRA FISCAL BRASILEIRA 4
3.1 4

1 INTRODUÇÃO

A gestão fiscal desempenha um papel fundamental na estabilidade


econômica e no desenvolvimento sustentável de um país, sendo essencial para
o contexto brasileiro. As políticas fiscais têm sido cruciais na busca pelo
equilíbrio das contas públicas, principalmente agora após a pandemia da
Covid-19, no estímulo ao crescimento econômico e na conquista da confiança
dos investidores. No entanto, devido aos desafios enfrentados nas últimas
décadas, o Brasil tem vem tentando reformar e atualizar seu sistema fiscal.
No ano de 2023, nos primeiros 100 dias do novo governo, foi
lançado o Projeto de Lei Complementar (PLP) 93/2023, que tem como objetivo
estabelecer limites para o crescimento das despesas da União. Essa iniciativa
busca garantir um controle mais rigoroso dos gastos públicos, visando à
sustentabilidade fiscal e ao equilíbrio das contas do país. O projeto representa
um passo importante no sentido de promover uma gestão mais responsável e
eficiente dos recursos, contribuindo para a estabilidade econômica e o
desenvolvimento sustentável do país.
O texto da nova regra adota um conceito de receita "mais estável",
excluindo categorias de arrecadação consideradas "mais voláteis", como
concessões, permissões, exploração de recursos naturais, dividendos e
participações. Essa abordagem tem como motivação assegurar que as
despesas primárias do governo central, que em sua maioria são permanentes e
obrigatórias, sejam financiadas por receitas mais recorrentes, como aquelas
provenientes de tributos e contribuições sociais. O Poder Executivo, ao
justificar o projeto, explica que essa medida visa garantir uma base financeira
sólida e consistente para as despesas governamentais.

2 O QUE É O NOVO ARCABOUÇO FISCAL?

A nova regra fiscal ou arcabouço fiscal é uma proposta de reforma


que engloba dispositivos constitucionais, uma lei complementar e
regulamentos, com o objetivo de substituir o atual teto de gastos estabelecido
pelo governo Temer em 2016. Essa nova proposta visa limitar o crescimento
das despesas anuais, corrigido pela inflação, e apresenta um texto que delineia
a forma como o governo equilibrará e controlará as contas públicas, ao mesmo
tempo em que permitirá investimentos nos próximos anos.
A proposta baseia-se na definição de uma trajetória consistente para
o resultado primário do Governo Central, que representa a diferença entre as
receitas e as despesas deste ente, descontando-se as despesas financeiras
relacionadas à dívida pública. A equipe econômica do governo justifica essa
reforma argumentando que as regras anteriores não alcançaram seus objetivos
e geraram desconfiança sobre a capacidade do governo de controlar as contas
públicas.
De acordo com o novo arcabouço fiscal proposto, o crescimento das
despesas será limitado a 70% da variação da receita dos 12 meses anteriores.
Por exemplo, se o governo arrecadar R$ 1 trilhão no período de 12 meses, de
julho a junho, ele poderá gastar R$ 700 bilhões. A equipe do Ministro da
Fazenda enfatiza que essa medida elimina o risco de descontrole dos gastos
públicos.
É importante destacar que o limite de 70% é baseado nas receitas
passadas, não em estimativas de receitas futuras. Isso significa que futuros
governos ou o Congresso Nacional não poderão inflar artificialmente as
previsões de receitas para aumentar as despesas.
O Projeto de Lei Complementar 93/2023 começará a tramitar na
Câmara dos Deputados, onde requer a aprovação de 257 parlamentares e tem
previsão de votação até 10 de maio. Posteriormente, a proposta será
encaminhada ao Senado, onde dependerá do aval de 41 senadores.

3 PRINCIPAIS PROMESSAS DA NOVA REGRA FISCAL BRASILEIRA

3.1 CONTAS PÚBLICAS


O novo arcabouço fiscal estabelece metas ambiciosas para a saúde
das contas públicas. A proposta visa eliminar o déficit primário já em 2024, ou
seja, alcançar um equilíbrio entre as receitas e as despesas do governo, sem
considerar os gastos com juros da dívida.
Além disso, a proposta prevê um crescimento gradual do superávit
primário nos anos seguintes. Está estipulado um superávit de 0,5% do PIB em
2025, o que significa que as receitas governamentais excederão as despesas
em 0,5% do valor total da produção nacional. Essa margem é ampliada para
1% do PIB em 2026,
No que diz respeito à dívida Bruta do Governo Geral (DBGG),
espera-se que ela atinja um patamar de estabilização em 76,54% do PIB até o
ano de 2026. Esse indicador é crucial para avaliar a sustentabilidade da dívida
pública, e a meta estabelecida demonstra a intenção de controlar o
crescimento da dívida em relação ao tamanho da economia nacional.
É importante ressaltar que, em um cenário otimista com uma queda
nas taxas de juros futuros, espera-se uma redução ainda maior do
endividamento. Nesse cenário, a estimativa é que a dívida Bruta do Governo
Geral alcance 75,05% do PIB em 2026, o que evidencia o impacto positivo de
condições financeiras favoráveis na trajetória da dívida.
Opiniões Economista-Chefe: Santander
Segundo Ana Paula Vescovi e Equipe de Macroeconomia do Banco
Santander, a divulgação do novo arcabouço fiscal recentemente não altera
significativamente o cenário de médio prazo, devido aos desafios esperados
em sua implementação. No entanto, um aumento permanente nas receitas
poderia adicionar um viés positivo às estimativas orçamentárias. No curto
prazo, ainda são observados efeitos favoráveis, impulsionados pelos preços
elevados das commodities e pela recuperação do mercado de trabalho, embora
haja sinais de perda de fôlego. A manutenção do desempenho positivo da
receita é considerada fundamental para um ajuste gradual das contas públicas.
A equipe Macroeconômica destacada a necessidade de lidar com
pressões crescentes para aumentar gastos sociais, enquanto as dificuldades
naturais de aumentar impostos são mencionadas, dada a carga tributária já
elevada do Brasil em comparação com a média de países emergentes.
Aumentos nas despesas, como o salário-mínimo e os gastos com o Bolsa
Família, também são mencionados como fatores que exercem pressão sobre o
orçamento. Nesse contexto, a implementação do novo arcabouço fiscal e o
alcance das metas de primário são considerados cruciais para a consolidação
fiscal no futuro.
As projeções incluem uma estimativa de déficit primário de 1,2% do
PIB para este ano, com receitas maiores relacionadas ao mercado de trabalho
e preços de commodities ainda elevados. A estabilização da dívida é vista
como uma trilha arriscada, com pressões para aumentar gastos. A equipe do
Santander assume que as despesas devem se manter próximas aos níveis
anteriores ao teto de gastos, enquanto a carga tributária do setor público é
projetada em torno de 33% do PIB. O ajuste fiscal necessário para estabilizar a
dívida é calculado em 3% do PIB.
Ana Paula destaca ainda a exclusão dos pagamentos de precatórios
no limite de despesas do novo arcabouço fiscal e menciona a queda no
superávit primário dos entes subnacionais, principalmente devido à diminuição
na cobrança de ICMS sobre bens essenciais. Para 2023, as projeções indicam
um déficit primário do setor público de R$ 125 bilhões ou 1,2% do PIB,
enquanto para 2024, espera-se um déficit consolidado em torno de R$ 120
bilhões ou -1,1% do PIB. A relação dívida bruta sobre o PIB é estimada em
77,4% em 2023, levando em consideração o resultado orçamentário mais
baixo.
Resultado Fiscal no Setor Publico

https://cms.santander.com.br/sites/WPS/documentos/revisao-cenario-abr23/23-04-
06_141447_brcenariomacro060423.pdf

Dívida bruta do governo geral (% PIB)


Bradesco

De acordo com o Departamento de Pesquisas e Estudos


Econômicos, a apresentação do novo arcabouço fiscal pode ter efeitos
positivos na trajetória da dívida pública. Segundo o relatório, a convergência da
dívida depende de diversos fatores, mas a nova regra para a despesa pode
limitar o crescimento real da despesa e contribuir para estabilizar a dívida.
Além disso, o relatório destaca que a trajetória esperada para a dívida é melhor
do que há alguns meses. Em setembro de 2022, por exemplo, a projeção era
de que a dívida bruta chegasse a 93% do PIB em 2023. Já em dezembro de
2022, essa projeção foi revisada para 89% do PIB em 2023. O relatório destaca
também que as contas externas tiveram positivamente nos últimos meses. Em
novembro de 2022, o saldo em transações correntes foi superavitário em US$
1,6 bilhão, resultado acima das expectativas do mercado. Além disso, as
exportações apresentaram um desempenho robusto nos últimos meses,
impulsionadas pela alta dos preços das commodities. Em relação ao mercado
de trabalho, o relatório destaca que houve uma recuperação no início de 2023
após um período de desaceleração no final de 2022. No primeiro trimestre de
2023, a taxa de desemprego ficou em 11%, abaixo dos níveis observados no
final do ano passado. Em resumo, os dados mostram uma melhora nas
perspectivas favoráveis do Brasil, com sinais de resiliência na economia e uma
trajetória esperada para a dívida pública melhor do que há alguns meses. No
entanto, é preciso continuar monitorando os indicadores médicos e
implementando políticas fiscais responsáveis para garantir um crescimento
sustentável da economia brasileira.

Fonte: Bradesco
https://www.economiaemdia.com.br/BradescoEconomiaEmDia/
static_files/pdf/pt/publicacoes/cenario_economico/
Cenario_economico_Abr23.pdf

Macro Visão Itau - Mario Mesquita – Economista-Chefe


O relatório de macro Visão do Itaú apresenta informações relevantes
sobre as diversas regras fiscais adotadas em todo o mundo e destaca a
importância de uma avaliação cuidadosa do novo arcabouço fiscal proposto
pelo governo brasileiro. Segundo dados do FMI, observa-se que a maioria dos
mercados emergentes possui algum tipo de regra fiscal em vigor. Cerca de
60% desses países adotam regras de gasto, enquanto aproximadamente 70%
têm regras relacionadas à dívida e 80% implementam regras voltadas para o
resultado fiscal.
No entanto, é fundamental reconhecer que a perda de confiança
recente nas regras fiscais se configura como um fator crucial a ser considerado
na avaliação desse novo arcabouço fiscal proposto.
O texto menciona ainda a importância de respeitar os princípios
básicos de simplicidade, previsibilidade e aplicabilidade ao estabelecer uma
nova regra fiscal. Além disso, destaca a necessidade de avaliar o impacto da
regra no resultado primário e na trajetória da dívida para o ano de 2024.
Uma das preocupações levantadas é a perda de credibilidade das
regras fiscais anteriores. Isso, combinado com o fato de que a nova regra seria
definida por lei complementar, tornando mais fácil a sua alteração por meio de
um quórum menor, ressalta a importância de obter uma melhora de curto prazo
na situação fiscal.
Atualmente, com base em projeções do mercado (pesquisa Focus
do Banco Central), espera-se apenas uma ligeira melhora no déficit e no
crescimento da dívida. No entanto, é mencionado que a implementação da
PEC da Transição pode ter um impacto fiscal significativo, contando com um
aumento de impostos.

Outro ponto destacado é a importância de avaliar a razoabilidade do


cumprimento e da composição da estratégia de ajuste proposta. Quanto mais
sensível a regra for a diferentes hipóteses de crescimento econômico, deflator
e inflação, menor será a sua credibilidade.

Por fim, sugere-se a incorporação de planos de revisão periódicos


de gastos, conhecidos como "spending review", como forma de aumentar a
eficiência dos recursos públicos. Esses planos podem levar a ganhos fiscais,
seja por meio de economia de recursos, seja por um maior impacto de cada
real gasto no crescimento da economia.
Em resumo, a análise destaca a importância de considerar diversos
aspectos ao implementar uma nova regra fiscal, como respeitar princípios
básicos, avaliar o impacto no resultado primário e na trajetória da dívida,
garantir a credibilidade da regra, e incorporar planos de revisão periódicos de
gastos para aumentar a eficiência dos recursos públicos.
https://www.itau.com.br/content/dam/ibba/analises-economicas/
pdfs/macro-visao/07032023_MACRO_VISAO_FAQ_Fiscal.pdf

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