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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CAMPUS VIII
CENTRO DE CIÊNCIAS, TECNOLOGIA E SAÚDE
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA: ECONOMIA
DOCENTE: CLARICE RIBEIRO BERNARDO DOS SANTOS

KAYLANNE GOMES DE OLIVEIRA

ARCABOUÇO FISCAL

ARARUNA – PB
2023
KAYLANNE GOMES DE OLIVEIRA

ARCABOUÇO FISCAL

Trabalho de pesquisa para curso de


graduação em Engenharia Civil apresentado
à Universidade Estadual da Paraíba.
Professora: CLARICE RIBEIRO BERNARDO
DOS SANTOS

ARARUNA – PB
2023
1. INTRODUÇÃO
O arcabouço fiscal é um conjunto de medidas, regras e parâmetros para a condução
da política fiscal – controle dos gastos e receitas de um país. O governo busca, com
isso, garantir credibilidade e previsibilidade para a economia e para o financiamento dos
serviços públicos como saúde, educação e segurança pública. Os cidadãos, as
empresas e os investidores precisam ter confiança de que as contas públicas então sob
controle e têm regras claras. Isso porque o descontrole fiscal resulta em aumento da
dívida pública e, por consequência, em juros alto e inflação.

A nova regra fiscal (PLP – 93/2023), anunciada no dia 30 de Março de 2023 pelo
governo atual, substituirá o teto de gastos que vigora desde 2016 e limita o crescimento
das despesas ao ano interior, corrigido pela inflação oficial (Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo – IPCA). Quando o governo gasta do que arrecada com tributos,
ou seja, registra déficit, precisa se endividar mais pegando “dinheiro emprestado” por
meio da emissão de títulos. O texto-base do novo arcabouço fiscal foi aprovado pela
Câmara dos Deputados, na noite do dia 23 de Maio de 2023.

A medida busca a substituição do teto de gastos – regra que limita o crescimento de


grande parte das despesas da União à inflação – e prevê o aumento de despesas
atrelado à alta na arrecadação pública. Regras fiscais que apontem para uma gestão
responsável dos recursos públicos são fundamentais para manter a confiança na
capacidade do governo de honrar seus compromissos – tanto os relativos às políticas
públicas para atender as necessidades da população, quanto os referentes aos
pagamentos da dívida pública.

O Teto de Gastos, atual regra fiscal, já apresenta esgotamento, na medida em que


não consegue permitir a aplicação dos recursos necessários: à realização das políticas
públicas essenciais, como o Bolsa Família; Ao acompanhamento de despesas que
crescem acima da inflação, como benefícios previdenciários, reajustados pelo salário
mínimo. O projeto do novo arcabouço fiscal apresenta metas anuais para o resultado
primário (arrecadação menos despesas), para os orçamentos fiscal e da seguridade
social. É em função do cumprimento dessas metas que será fixado quanto o governo
pode gastar no ano seguinte.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Recém-aprovado pela Câmara dos Deputados, o projeto do arcabouço fiscal é um


novo marco para as contas públicas do país. Ao mesmo tempo em que impede o
descontrole fiscal e tranquiliza o mercado financeiro, ele estabelece regras mais rígidas
caso as metas não sejam atingidas. Segundo a Agência Senado:

O Senado começou a analisar o novo arcabouço fiscal, aprovado na


última quarta-feira (24) pela Câmara dos Deputados. A expectativa do
presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, é de que o projeto de lei
complementar (PLP) 93/2023 seja enviado para sanção presidencial
no mês de junho. (AGÊNCIA SENADO, 2023)

A proposta será encaminhada para o rito próprio para que, muito em breve, no
decorrer do mês de junho de 2023, possamos entregar à sanção um regime fiscal
responsável, que terá a contenção de despesas como expressão de responsabilidade
fiscal — disse Pacheco. O texto que chega ao Senado é diferente da proposta original
enviada em abril pelo Poder Executivo. O relator da matéria na Câmara, deputado
Claudio Cajado (PP-BA), sugeriu uma série de mudanças no projeto, mas manteve o
princípio de que o crescimento das despesas deve ser menor do que a evolução das
receitas da União.

Se aprovado no Congresso, o novo marco fiscal segue para sanção do presidente


Lula. A última etapa é a publicação no "Diário Oficial da União". Com isso, o arcabouço
passará a ser oficialmente a âncora fiscal do governo. Mas, afinal, por que o governo
precisa de um novo regime fiscal? E qual a importância da nova regra para a economia
e, consequentemente, para a população?

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, aprovada e sancionada


no fim do ano passado, determinou que o governo apresentasse, via projeto de lei
complementar, uma nova regra fiscal para substituir o teto de gastos. O prazo ia até 31
de agosto deste ano. O objetivo, segundo a emenda, é "instituir regime fiscal sustentável
para garantir a estabilidade macroeconômica do país e criar as condições adequadas
ao crescimento socioeconômico". Essa obrigação de apresentação de uma nova regra
fiscal foi negociada durante o período de transição governamental, no fim de 2022.

2.1 O que propõe o novo marco fiscal?

O arcabouço fiscal limita os gastos do governo e coloca regras para o crescimento


das despesas nos próximos anos. O texto prevê:

 Que o crescimento dos gastos públicos fica limitado a 70% do crescimento


real da arrecadação do governo, caso a meta de resultada das contas
públicas seja cumprida (exemplo: se a arrecadação subir 2%, a despesa
poderá aumentar até 1,4%);
 Que o crescimento dos gastos públicos fica limitado a 50% do crescimento
real da arrecadação do governo, caso a meta não seja cumprida (exemplo:
se a arrecadação subir 2%, a despesa poderá aumentar até 1%);
 Que mesmo que arrecadação do governo cresça muito, será necessário
respeitar um intervalo fixo no crescimento real dos gastos, variando entre
0,6% e 2,5%, desconsiderando a inflação do período;

O texto também prevê gatilhos que obrigam a contenção de despesas sempre


que os gastos do governo ultrapassarem certos limites. Veja quais são eles:

 Se as receitas não avançarem como projetado, o governo será obrigado


a contingenciar despesas;
 Se mesmo contingenciando despesas o governo não conseguir cumprir
as metas ficais (zerar déficit em 2024 e ter superávit em 2025 e 2026),
gatilhos graduais de contenção de gastos serão acionados.

2.2 Por que substituir o teto de gastos?

O entendimento do governo Lula é que o teto de gastos, a regra em vigor


atualmente, não permitiu que o país investisse com deveria nos últimos anos, trazendo
prejuízos para diversas áreas, como infraestrutura, moradia, educação e saúde. Além
disso, o próprio teto de gastos – criado em 2016 e implementado a partir de 2017 – caiu
em descredibilidade, após as exceções que foram criadas nos últimos anos para driblar
o cumprimento da regra.

Vilma Pinto, diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal,


afirmou que:

"A regra do teto vem perdendo eficácia e não há mais garantia de que
será capaz de assegurar a sustentabilidade fiscal" (VILMA PINTO,
2023)

Por isso, com a nova regra, a equipe econômica de Lula quer criar novos
parâmetros fiscais que permitam:

 Estabilizar a dívida pública;


 Equilibrar as contas do governo;
 Aumentar investimento em áreas consideradas prioritárias.
O economista chefe da MB Associados, Sergio Vale, disse que:

"O arcabouço fiscal tem papel de evitar que tenha descontrole


das contas públicas, que significa gasto crescendo de forma
excessiva e que pode pressionar a inflação e o crescimento forte
do endividamento público" (SERGIO VALE, 2023)

2.3 Qual o efeito do arcabouço fiscal a longo e curto prazo?

No curto prazo, o principal efeito do novo arcabouço fiscal deve ser nas expectativas
dos agentes econômicos, afirmam os especialistas. Com a proposta aprovada pela
Câmara, o governo espera que o país passe a contar com mais credibilidade. O
presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já indicou que a nova regra pode
ajudar na queda da taxa Selic, hoje em 13,75%. No entanto, afirmou que ela não será
imediata, e que não existe "relação mecânica" entre os juros e o novo arcabouço.

No médio e longo prazo, caso o novo marco fiscal seja aprovado e bem recebido
pelos agentes econômicos, poderá ajudar no crescimento da economia, na
disponibilidade de crédito e no controle da inflação. Também possibilitará que o governo
invista em políticas sociais.

A professora do FGV Direito Rio, Bianca Xavier, afirmou que:

“Quando a gente fala em arcabouço fiscal, é a tentativa de o


governo fazer políticas públicas, mas com responsabilidade
fiscal, ou seja, equilibrar o que ganha com o que gasta” (BIANCA
XAVIER, 2023)

É como fazer política pública sem causar déficit e alto endividamento [público].

3. REFERÊNCIAS

Novo arcabouço fiscal: entenda efeitos práticos na economia e próximos passos após
aprovação na Câmara. G1, ECONOMIA. 2023. Disponível em:
https://g1.globo.com/economia/noticia/2023/05/24/novo-arcabouco-fiscal-entenda-
efeitos-praticos-na-economia-e-proximos-passos-apos-aprovacao-na-camara.ghtml.
Acesso em: 29 de Maio de 2023.
Agência Brasil explica o que é arcabouço fiscal. Agência Brasil, 2023. Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2023-03/agencia-brasil-explica-o-
que-e-arcabouco-fiscal. Acesso em: 30 de Maio de 2023.

Senado analisa mudanças feitas pela Câmara no novo arcabouço fiscal. Senado
Notícias, 2023. Disponível em:
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/05/26/senado-analisa-mudancas-
feitas-pela-camara-no-novo-arcabouco-fiscal. Acesso em: 30 de Maio de 2023.

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