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Natal/RN
2023
DAVID JUDSON RODRIGUES ABATH
Natal/RN
2023
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA
Agradeço a Deus por estar comigo todos os dias da minha vida, principalmente durante
esses anos de graduação, onde tive muitos desafios, mas com a Sua ajuda consegui vencer todos.
A minha família, em especial a meus pais e meu irmão, por sempre me incentivarem e
se esforçarem para que eu consiga realizar meus sonhos e projetos.
A minha esposa, Luiza, por sempre me incentivar e acreditar que eu sou capaz de vencer
todos os desafios que estão diante de mim.
Aos amigos que fiz durante o curso, Mateus Souza, Gabriel Souza, Beatriz Pinheiro,
Matheus Maciel, Joaquim Alves, Hanna Marjory e Joanna. Obrigado por todo companheirismo,
vocês vão longe!
Aos meus amigos e amigas, José Caio, Israel Câmara, Emerson Oliveira, Ricardo
Cortez, Lucas Danny, Lisandro Kauã, Jucimara Rodrigues e Roberta Brenda.
Aos meus colegas de trabalho, em especial ao meu gestor João Maria, por todo
conhecimento e orientações repassadas.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Anailson Marcio Gomes, pelas orientações repassadas para
desenvolvimento deste trabalho.
Ao corpo docente da UFRN que tem contribuído com o meu aprendizado durante esses
anos de curso.
“A educação é a arma mais poderosa
que você pode usar para mudar o mundo”
Nelson Mandela
RESUMO
A classe empresarial está interessada em entender as leis que regem os tributos no país, pois os
custos da empresa são impactados diretamente pela elisão ou evasão fiscal. Diante dessas
situações, faz-se necessário a criação de um Planejamento Tributário que tenha o objetivo de
auxiliar as empresas a reduzirem a sua carga tributária de forma legal, além de possibilitar ações
corretivas para que as empresas tenham meios para a recuperação de créditos tributários. Sendo
assim, este estudo tem como base apresentar as possibilidades que surgiram através do
planejamento tributário na empresa Beta Ltda a respeito das contribuições do PIS/PASES e
COFINS no regime não-cumulativo entre 2021 a 2022. Para desenvolvimento deste trabalho,
foi utilizada a metodologia descritiva, pois teve o objetivo de apurar, analisar e descrever
informações financeiras da empresa. Além disso, a pesquisa se fez de forma quantitativa e
qualitativa, pois, em primeiro momento foi feito o levantamento de dados, e logo após, houve
uma análise dos motivos que levaram a tais resultados no decorrer de cada ano. Por fim, os
resultados finais destacam as possibilidades de redução de carga tributária que a empresa obteve
da implantação dos procedimentos preventivos e corretivos no que diz a respeito da área fiscal
e tributária.
The business class is increasingly interested in understanding the laws that govern taxes in the
country, because the company's costs are directly impacted by tax avoidance or evasion. Faced
with these situations, it is necessary to create a Tax Planning that aims to help companies reduce
their tax burden legally, in addition to enabling corrective actions so that companies have the
means to recover tax credits. Therefore, this study is based on presenting the possibilities that
have arisen through tax planning in the company Beta Ltda regarding the contributions of
PIS/PASES and COFINS in the non-cumulative regime between 2021 and 2022. For the
development of this study, the descriptive methodology was used, as it had the objective of
investigating, analyzing and describing the company's financial information. In addition, the
research, was carried out in a quantitative and qualitative way since, in the first moment, the
data collection carried out, and soon after, there was an analysis of the reasons that led to such
results during each year. Finally, the final results highlight the possibilities of reducing the tax
burden that the company obtained from the implementation of preventive and corrective
procedures regarding the fiscal and tax area.
Key-words: Tributes; PIS; COFINS, ICMS; Tax Planning; Tax Avoidance.
LISTA DE GRÁFICOS
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA ..................................................... 13
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 14
1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 14
1.2.2 Objetivos específicos ........................................................................................ 14
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 14
1.4 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA .............................................................. 15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 16
2.1 SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO .......................................................... 16
2.2 TRIBUTOS ......................................................................................................... 16
2.2.1 Impostos .......................................................................................................... 17
2.2.2 Taxas ............................................................................................................... 18
2.2.3 Contribuições de melhoria .............................................................................. 19
2.2.4 Contribuição especial ...................................................................................... 19
2.2.5 Empréstimos compulsórios ............................................................................. 19
2.3 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO .................................................................... 20
2.3.1 Elisão e evasão fiscal ...................................................................................... 21
2.4 LUCRO REAL ................................................................................................... 22
2.5 PIS E COFINS NÃO CUMULATIVOS ............................................................. 24
2.5.1 PIS – Programa de Integridade Social ........................................................... 24
2.5.2 COFINS – Contribuição Para o Financiamento da Seguridade Social .......... 26
2.6 ICMS ................................................................................................................... 27
3 METODOLOGIA .............................................................................................. 29
3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA ............................................................................. 29
3.2 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS ..................................................... 29
4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ....................................................... 31
4.1 DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS ...................................................................... 31
4.2 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................... 31
4.2.1 Faturamento de 2021 e 2022 .......................................................................... 31
4.2.2 Redução do PIS e COFINS a alíquota zero ................................................... 33
4.2.3 Utilização de créditos a recuperar .................................................................. 35
4.2.4 Exclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e COFINS.............................. 35
4.3 RESULTADOS DA ANÁLISE .......................................................................... 38
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 40
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 42
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1 INTRODUÇÃO
Diante disso, é necessário que o contador interno ou o escritório que preste o serviço de
consultoria tributária a empresa, possibilite a analise correta das atividades aplicadas dentro da
empresa, para que seja possibilitada a elisão fiscal ao invés da evasão fiscal. Pois, além do
planejamento tributário ser uma ferramenta utilizada para redução de custos, também é um dever
previsto no Código Civil, Lei nº 10406/02, Artigo 1.011: “O administrador da sociedade deverá
ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma
empregar na administração de deus próprios negócios.”
Sendo assim, os profissionais das áreas contábil e fiscal irão avaliar qual o regime de
tributação que mais irá favorecer a empresa, se é: Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro
Real. Mas para escolher o melhor regime de tributação, deve ser feita uma análise criteriosa, já
14
que para tomar a decisão correta, também se leva em consideração a situação econômica e porte
da empresa.
Então, faz-se necessário a aplicação de um planejamento tributário devidamente elaborado,
não somente para que a empresa tenha redução em sua carga tributária, mas para que também
esteja em plena legalidade para realização de suas atividades. Neste estudo, busca-se responder
o seguinte questionamento: Qual a importância do planejamento tributário numa indústria de
médio porte, do setor de alimentos, para a redução de custos?
1.2 OBJETIVOS
Com o fim de alcançar o objetivo geral proposto, são traçados os seguintes objetivos
específicos:
Apresentar os impactos financeiros causados em indústrias através da carga
tributária brasileira;
Apresentar o planejamento tributário como ferramenta para amenizar a carga
tributária em uma indústria de alimentos localizada na região metropolitana de
Natal;
Destacar as possibilidades legais que foram utilizadas para reduzir a carga
tributária da contribuição do PIS e COFINS em 2021 e 2022;
1.3 JUSTIFICATIVA
O sistema tributário brasileiro é formado por uma série de legislações que integram
principalmente no recolhimento de tributos que suportam as ações e serviços que o governo deve
prestar a população. Este é um assunto bem complexo entre a classe empresarial, já que envolve
15
diretamente os custos de seus negócios, desde a compra de insumos até a entrega ao consumidor
final.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (2021), é estimado
que no Brasil, 33% do faturamento das empresas é destinado ao pagamento de tributos. Segundo
Silvio Crepaldi (2021), somente o ônus de Imposto de Renda (IR) e da Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido (CSLL) representam uma taxa de mais de 50% do lucro líquido apurado. Ou
seja, quando se soma os custos e despesas, mais da metade deste valor está sendo representado
por tributos.
E para diminuir os impactos financeiros causados devido à alta carga tributária do país,
muitas empresas estão buscando reduzir os seus impostos através da criação de um planejamento
tributário que seja mais eficiente para o seu negócio. E através desde planejamento, o profissional
da contabilidade irá auxiliar a empresa a reduzir a sua carga tributária através de meios legais e
seguros.
Desta forma, este trabalho tem como justificativa o estudo deste tema, tendo em vista não
somente a abordagem das complexidades existentes no sistema tributário brasileiro, mas busca
retratar principalmente os benefícios legais e financeiros que o planejamento tributário traz para
o setor industrial.
O estudo de caso foi realizado em uma indústria que possuí a natureza jurídica de sociedade
limitada. Além disso ela é de médio porte, do ramo alimentício, tem como objeto a venda de
produtos que são derivados do coco e está localizada no estado do Rio Grande do Norte. A
empresa está no mercado a cerca de 30 anos, possui o capital social de R$ 800.000,00 e iniciou
a sua trajetória como fornecedora de coco seco para outras empresas que vendiam produtos
derivados dessa matéria-prima. Mas após alguns anos, ela deixou de ser uma fornecedora e
passou a industrializar produtos que também derivam do coco.
Além disso, a empresa possuí um quadro com mais de 100 funcionários ativos trabalhando
de forma direta, além de ter mais de 250 funcionários indiretos espalhados por todo o Brasil
exercendo o trabalho de promotores de vendas.
Neste trabalho a empresa será representada por “Beta Ltda”, com o intuito de preservar os
seus dados pessoais.
16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Em outras palavras, o sistema tributário nacional abrange o conjunto de tributos que estão
em vigor no país, que são legalmente amparados pela constituição federal. De acordo com
Crepaldi (2021), os art. 145 até o art. 162 da constituição federal regem as normas constitucionais
do direito tributário, que compreende:
2.2 TRIBUTOS
17
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela
se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
A partir dessa definição, pode-se concluir que tributo é uma obrigação decorrente de lei,
em moeda, que não se constitui em sansão de ato ilícito e tem uma pessoa política por sujeito
ativo, e por sujeito passivo se tem qualquer pessoa que é cobrada por intermédio do vínculo de
atividade administrativa.
A principal função dos tributos é garantir recursos financeiros para o funcionamento do
estado de acordo com o desenvolvido da economia, além do intuito de gerar estabilidade. Além
disso, o tributo tem finalidade de custear alguns serviços que são prestados à sociedade, como
por exemplo: educação, saúde, segurança pública e transporte. E como esses serviços são
prestados de forma gratuita, os cidadãos tem a obrigação de recolher tributos.
Entende-se que os tributos são classificados por suas espécies. Porém, existem algumas
contradições a respeito dessa divisão, pois de acordo com a CF nos incisos I a III do seu art. 145,
classifica os tributos em três espécies, sendo elas: impostos, taxas e contribuições de melhoria.
Sendo destacado de forma idêntica ao art. 5 do CTN. Mas não tão distante disso, o Supremo
Tribunal federal (STF) considera que não são três as espécies de tributos, mas sim cinco, sendo
elas: impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições especiais e empréstimos
compulsórios. Sendo assim, é aceitável a divisão dos tributos em cinco espécies, devido a posição
de Pretório Excelso.
2.2.1 IMPOSTOS
18
Segundo o Código Tributário Nacional no seu art. 16: “Imposto é o tributo cuja obrigação
tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa
ao contribuinte.”
Sendo assim, a receita que é arrecadada através dos impostos é destina a financiar o estado
em suas atividades gerais, ou seja, o seu fato gerador independe de uma atividade especifica. Ex:
o IPVA pode ser destinado a saúde, educação ou até mesmo a segurança, e não diretamente a
manutenção de estradas.
Dependendo de qual for o imposto, eles podem ser pagos tanto por pessoas físicas quanto
por pessoas jurídicas. Os impostos são divididos em três competências, sendo elas: municipais,
estaduais e federais. Os principais impostos por competências são:
2.2.2 TAXAS
Através dessa informação, o CTN complementa a afirmação de que as taxas não podem
ter base de cálculo idênticos ao dos impostos. Além disso, cada ente federado tem a competências
de instituir as suas taxas.
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A contribuição de melhoria é um dos tributos que pode ser direcionado pelo poder
público, através dos Municípios, Estados e União. Seu principal objetivo é arrecadar fundos para
custear obras públicas e fazer com que aconteça uma valorização em imóveis locais através da
obra implantada. De acordo com o CTN em seu art. 81:
“Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída
para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária,
tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de
valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.”
Além disso, a federação responsável pela obra tem o direito de cobrar o tributo aos
contribuintes que foram beneficiados através da obra realizada. Pois houve uma valorização no
seu imóvel.
Instituída pela Constituição Federal, no art. 149, a contribuição especial é mais um dos
tipos de tributos, mas, esse só pode ser integrado pelo Governo Federal. Ela é criada através de
lei ordinária e de competência da União, mas cabe que os Municípios, Estado e o Distrito federal
adotem a previdência própria para que assim haja a criação da contribuição especial.
Nessa categoria de tributo, encontram-se tributos que são cobrados a cima do faturamento
de empresas, como o PIS, COFINS, CSLL e outras contribuições previdenciárias que incidem
por cima da folha de pagamento.
Assim como indica o seu nome, os Empréstimo Compulsórios são empréstimo que o
governo faz ao contribuinte de forma compulsória. De acordo com o art. 15 do CTN, somente a
União pode constituir os Empréstimos Compulsórios nos seguintes casos excepcionais:
II - Calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos
orçamentários disponíveis;
III - Conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.
No art.153 da lei N° 6.404/76, norma da sociedade por ações, é descrito que o administrador
da companhia deve empregar, no exercício das suas funções, o cuidado e a diligência que todo
homem ativo e probo costuma empregar na administração do seu próprio negócio. Para Alves
(2018), é dever de todo administrador aumentar a margem de lucratividade das empresas e buscar
a minimização dos custos.
As empresas que realizam o planejamento tributário, além de provir economia financeira
também ficam livres de preocupações, já que tudo está regido conforme a lei. De acordo com
Souza e Pavão (2020, p.6): “para que exista um bom resultado, é imprescindível que a
organização tenha uma contabilidade fidedigna, ou seja, conforme as normas e princípios
contábeis normalmente aceitos, supondo o que recebe e gasta verdadeiramente”.
Entendida como uma forma licita para redução da carga fiscal, o planejamento tributário
exige uma alta dose de conhecimento técnico, assim como bom senso dos responsáveis pelas
decisões estratégicas no ambiente corporativo. (OLIVEIRA, 2011).
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A elisão e a evasão fiscal são maneiras de barrar a contribuição de tributos. Uma é através
de mecanismos lícitos e aceitos juridicamente e a outra através de métodos ilegais.
A elisão fiscal é uma maneira licita de diminuir ou até mesmo eliminar a obrigação
tributária. Quando o contribuinte utiliza brechas da legislação tributária para pagar menos
impostos, ou seja, transferir menos renda ao estado. Segundo Vaz (1987), “a elisão tributária tem
por objetivo evitar o aparecimento da obrigação tributária”. Mas o intuito do agente não é ser
discordante ou violar o fisco, e sim, pagar menos impostos.
Segundo Alexandre (2010, p.287):
Já a evasão fiscal é caracterizada por utilizar de pratica ilícita para redução ou eliminação
de tributo, conhecida também como sonegação fiscal. Essa pratica é descrita como fraude.
Gregório (2012) afirma: “A evasão fiscal consiste na utilização consciente e voluntaria de
procedimentos que violem diretamente a lei fiscal ou o regulamento fiscal, com o intuito de
suprimir, retardar o cumprimento ou reduzir o tributo “.
Nogueira (1990, p. 201) complementa:
Observe-se bem que a sonegação somente pode ocorrer em relação à fato gerador já
realizado. O que na verdade é ”sonegado‟, escondido, é o conhecimento ao fisco da
realização do fato gerador, da sua natureza ou das suas circunstâncias materiais ou das
condições pessoais de contribuinte. Somente depois de realizado o fato gerador é que
pode nascer objetivamente a obrigação e ser subjetivamente atribuída a alguém. Não
pode cometer sonegação quem não chegue a realizar o fato gerador, porque somente
com ele nasce a obrigação.
Apesar desses conceitos, o conceito de “evasão fiscal” não está descrito em lei, porém as
suas hipóteses estão contidas na lei nº 8. 137, de 27 de dezembro de 1990, art. 1°:
III - Falsificar ou alterar nota fiscal fatura duplicata, nota de venda, ou qualquer outro
documento relativo a operação tributável.
IV - Elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber
falso ou inexato.
V - Negar ou deixar de fornecer, quando obrigatoriamente, nota fiscal ou documento
equivalente, relativa à venda de mercadoria, ou prestação de serviço, efetivamente
realizada. (BRASIL,1990).
A Tabela 02, logo a baixo, demonstra a diferença entre a elisão fiscal e a evasão fiscal
apresentada por Amaral (2002):
De acordo com Oliveira (2009 p. 227) “o lucro real é aquele realmente apurado pela
contabilidade, com base na completa escrituração contábil fiscal, com a estrita e rigorosa
observância dos princípios fundamentais de contabilidade e demais normas fiscais e comerciais”.
O artigo 258, do decreto nº 9.580/18 descreve o lucro real como:
O lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões
ou compensações prescritas ou autorizadas por este Regulamento (Decreto-Lei nº
1.598, de 1977, art. 6º, caput).
§ 1º A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada
período de apuração em observância às disposições das leis comerciais (Lei nº 8.981,
de 1995, art. 37, § 1º).
§ 2º Os valores que, por competirem a outro período de apuração, forem, para efeito de
determinação do lucro real, adicionados ao lucro líquido do período de apuração, ou
dele excluídos, serão, na determinação do lucro real do período de apuração competente,
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Sendo assim, confirma-se que o Lucro Real será regido pelo lucro contábil ajustados
através das adições, exclusões e todas as compensações que são previstas pela legislação vigente.
Além disso, a principal regra para a apuração do IRPJ e CSLL é o próprio lucro real, no qual o
IR é definido a partir do lucro contábil da empresa.
Além disso, as pessoas jurídicas obrigadas a optar pelo regime de tributação do IRPJ com
base no lucro real, estão descritas no artigo 59, da instrução normativa RFB nº 1.700/2017,
conforme a baixo:
Sendo assim, as demais empresas que não se enquadrem nos itens listados no decreto, não
são obrigadas a optar pelo Lucro Real.
O PIS e COFINS são tributos previstos na CF, podendo ser usados no regime cumulativo
ou não cumulativo, sendo a segunda opção atribuída as empresas do Lucro Real.
O primeiro tributo é utilizado principalmente para pagamento do Seguro Desemprego dos
trabalhadores, além de também ser utilizado no abono salarial. Já o segundo tem o caráter mais
voltado para a seguridade social, ou seja, ajuda na previdência e na assistência social. Além disso,
ambos os tributos levam em consideração o faturamento da empresa como a sua base de cálculo.
Porém, a base de cálculo pode ser reduzida caso a empresa tenha respaldo legal que possibilite
essa redução.
De acordo com a Lei nº 10.637/02, art. 1º: “A Contribuição para o PIS/Pasep, com a
incidência não cumulativa, incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica,
independentemente de sua denominação ou classificação contábil “. Sendo assim, para efeitos
deste artigo, o total das receitas irão compreender a receita bruta aferidas pela pessoa jurídica,
assim como são tratadas na lei 1.598/77.
A empresa que é optante pelo Lucro Real poderá deduzir créditos do PIS/PASEP que será
calculado a cima da escrituração de bens, produtos e serviços. A soma total desses valores
representará a base de cálculo, e será utilizado a alíquota de 1,65% para fins de apuração do
tributo. O artigo 3º da lei 10.637/02 informa que a pessoa jurídica poderá descontar os créditos
calculados em relação a:
I - Bens adquiridos para revenda;
II - Bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou
fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes
III - (VETADO)
IV – Aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados
nas atividades da empresa;
25
Ainda de acordo com § 3o do art. 1º da lei 10.367/02, algumas receitas não integram na
base de cálculo do PIS, são elas:
De acordo com o art. 1º da lei 10.833/2003: “A Cofins, com a incidência não cumulativa,
incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua
denominação ou classificação contábil”. Sendo assim, o total da receita é compreendido pelo
total da receita bruta e todas as receitas auferidas pela pessoa jurídica.
A mesma lei, no artigo 3º, define que a pessoa jurídica pode deduzir créditos da COFINS
a cima da soma total de algumas receitas que são possíveis de crédito. E será utilizado a alíquota
de 7,6% a cima do valor total das receitas. Estas receitas são:
Além disso, para fins de não integração da base de cálculo, as receitas que não incidem
no PIS seguem os mesmos protocolos da COFINS.
3 METODOLOGIA
Este trabalho trata-se de uma pesquisa descritiva, pois tem como principal objetivo
descrever características do estudo realizado e de como o planejamento tributário contribui para
a elisão fiscal do PIS e COFINS. Segundo Gil (1999), a pesquisa descritiva tem como finalidade
a descrição das características de determinado fenômeno, população ou a relação entre essas
variáveis. Além disso, o autor também acredita que este tipo de pesquisa aparece de forma
significativa em técnicas de coleta de dados.
Sobre esta pesquisa, ela é enquadrada como um estudo de caso. Yin (2001 p. 33) define
estudo de caso como: “uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo
dentro do seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o
contexto não estão claramente definidos”. Sendo assim, este trabalho se apresenta como um
estudo de caso, pois ele é caracterizado pelo estudo e analise de acontecimentos dos fenômenos
do impacto financeiro que o planejamento tributário proporcionou a empresa.
A coleta de dados para este trabalho ocorreu de forma quantitativa. Para isso, foram
coletados dados do sistema utilizado pela empresa, esses dados são compostos por tabelas e
gráficos que demonstram o faturamento, centro de custos, apuração de tributos e fluxo de caixa.
Esses dados foram filtrados entre 2021 a 2022, onde ocorreram mudanças relevantes para a elisão
fiscal do PIS e COFINS.
ABRIL 1.531.444,14
MAIO 2.217.130,51
JUNHO 2.942.477,00
JULHO 3.157.046,24
AGOSTO 2.351.095,86
SETEMBRO 1.957.947,01
OUTUBRO 2.362.188,33
NOVEMBRO 2.447.658,28
DEZEMBRO 2.040.907,06
27.995.729,54
Fonte: ECAC 2021
AGOSTO 3.295.885,87
SETEMBRO 3.280.999,51
OUTUBRO 1.809.855,41
NOVEMBRO 2.965.601,75
DEZEMBRO 2.563.538,85
Total 32.815.935,04
Fonte: ECAC 2022
alimentício no ano de 2021 foi responsável pelo faturamento de R$ 922,6 bilhões, 16,9% a cima
do que foi faturado no ano de 2020.
A redação do site Mercado & Consumo informou que o aumento do faturamento nos dois
primeiros anos de pandemia foi impulsionado pelo fornecimento do auxilio emergencial. E com
o encerramento do auxilio em outubro de 2021, o mercado já previa que alguns setores tivessem
seu faturamento reduzido. Porém, a empresa em estudo buscou meios fiscais para que houvesse
redução na carga tributária de seus produtos, e que por outro lado também influenciasse
diretamente em seu faturamento.
Afim de reduzir a carga tributária do PIS e COFINS no o ano de 2021, a empresa utilizou
de métodos legais para que isso fosse possível.
O primeiro método utilizado foi a redução do PIS e COFINS a alíquota zero, tomando
como base a lei nº 10.925/2004, artigo 1º, inciso XXIII. Antes da aplicação do método, a
contabilidade e a gestão analisaram que o NCM de um dos produtos acabados ainda estava
enquadrado na regra geral de tributação, seguindo a lei nº 10.637/2002. Sendo assim, as vendas
desse item faziam parte da composição da base de cálculo e era tributado pelas alíquotas da não-
cumulatividade.
Além disso, a lei nº 10.925/2004 abrange a alíquota zero apenas os produtos relacionados
na composição da cesta básica, caso não, o produto será enquadrado na regra geral. Após essa
análise criteriosa, foi tomada a decisão de utilizar esta lei como meio para elisão fiscal do PIS e
COFINS, já que o produto se enquadra de forma legal no que é disposto na legislação.
Entre as tabelas 05 a 08 foram feitas as análises e comparações do impacto financeiro
causado antes e após a aplicação da alíquota zero.
Para apuração dos dados, foram utilizados dados disponibilizados pelo sistema no qual a
empresa utiliza e também pelo eCac. Através do levantamento dos dados, era previsto que a base
de cálculo do PIS e COFINS seria o total do faturamento. Sendo assim, antes da aplicação da
alíquota zero, o valor a recolher de PIS seria de R$ 283.085,63 e de COFINS seria R$
1.303.909,56. Respectivamente representando 1,01% e 4,66% do faturamento anual da empresa.
Após a aplicação da redução da alíquota zero no ano de 2021, pode-se afirmar o valor a
recolher do PIS foi de R$ 48.759,56, representando 0,17% do faturamento do ano. Enquanto isso
o valor a recolher do COFINS foi de R$ 224.589,53, que representou 0,80% do faturamento da
empresa no ano de 2021.
Para reduzir a carga tributária no ano de 2022, a empresa aplicou a exclusão do ICMS na
base de cálculo de PIS e COFINS. Como base para utilizar esse meio para elisão fiscal, a empresa
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acompanhou o processo que começou a ser julgado em março de 2017 e só foi concluído em
maio de 2021, onde o STF decidiu que o ICMS deve ser excluído na base de cálculo das
contribuições.
Sendo assim, a empresa abriu o processo administrativo para os últimos 5 anos afim de
recorrer aos benefícios que a exclusão do ICMS poderia gerar. Além disso, apesar da decisão ter
sido tomada no mês de maio de maio de 2021, a empresa apenas passou a utilizar a nova mudança
em seu sistema a partir de janeiro de 2022.
Para apresentar os impactos financeiros positivos que a exclusão do ICMS na base de
cálculo causou, foi feito um comparativo de quanto a empresa teria pago de PIS e COFINS caso
a exclusão não tivesse sido aplicada e quanto ela de fato pagou em 2022.
Os dados das tabelas 09 a 12 foram retiradas dos relatórios disponibilizados pelo sistema
utilizado pela empresa. Além disso, também foi utilizado a planilha que compõe a estrutura de
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De acordo com o que foi demonstrado entre as tabelas 05 a 12, no ano de 2021 o
planejamento tributário possibilitou para a empresa uma economia de R$ 1.313.646,10.
Enquanto no ano de 2022 houve a economia de R$ 315.769,40, sendo que R$ 147.067,83 desse
valor representa créditos a recuperar em períodos futuros. Além disso, vale ressaltar que a
redução obtida nos dois anos em estudo, foram causadas porque a empresa passou a utilizar meios
autorizados por lei para reduzir a carga tributária.
O gráfico 01 a seguir apresenta o impacto financeiro que foi gerado através dos métodos
utilizados como elisão fiscal no ano de 2021:
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Gráfico 01 – Carga tributária em 2021 sem planejamento tributário x com planejamento tributário
R$ 250,000.00
R$ 200,000.00
R$ 150,000.00
R$ 100,000.00
R$ 50,000.00
R$ -
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
O gráfico 01 mostra que o planejamento tributário aplicado em 2021 foi vantajoso para a
empresa e impactou de forma positiva no financeiro. O principal motivo dessa economia foi a
redução da alíquota do PIS e COFINS a base zero, essa decisão da diretória em aderir a redução
foi assertiva, pois assim foi possível que a carga tributária da empresa tivesse uma redução de
82,78% do que de fato deveria ter sido pago.
Para o ano de 2022, a empresa continuo aplicando o planejamento tributário para elisão
fiscal da Programa de Integração Social e Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social. O método utilizado foi a exclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e COFINS, onde
foi possível reduzir a base de cálculo das saídas de R$ 12.433.044,69 para R$ 8.278.184,11, que
representa uma redução percentual de 33,42%.
Sendo assim, pode-se afirmar que a decisão da empresa em utilizar o método como
ferramenta para elisão fiscal foi assertiva, pois assim como apresentado nas tabelas 08 e 10, a
empresa teve uma redução de 161,99%.
O gráfico 02 apresenta a economia gerada para a empresa no ano de 2022 através da
aplicação do planejamento tributário:
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Gráfico 02 – Carga tributária em 2022 sem planejamento tributário x com planejamento tributário
R$ 100,000.00
R$ 80,000.00
R$ 60,000.00
R$ 40,000.00
R$ 20,000.00
R$ -
R$ (20,000.00)
R$ (40,000.00)
R$ (60,000.00)
R$ (80,000.00)
R$ (100,000.00)
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através das análises realizadas, observa-se que o planejamento tributário aplicado pela
empresa foi um fator importante para a redução da carga tributária do PIS e COFINS no ano de
2021 e 2022. No ano de 2021 era previsto que a empresa tivesse que pagar o valor de R$
1.586.955,19, mas, ao invés disso, o planejamento tributário possibilitou que o valor pago fosse
de R$ 273.349,10. Gerando uma economia de R$ 1.313.646,09.
Já no ano de 2022, a indústria também obteve uma redução significativa em sua carga
tributária a pagar. O valor estimado para pagamento neste período era de R$ 237.256,77, mas,
apesar de alguns meses ter sido gerado um valor a recolher (a pagar), em sua totalidade a empresa
teve o direito de recuperar em períodos futuros o valor de R$ 147.067,83. Gerando uma redução
significativa de R$ 384.324,60.
Sendo assim, o estudo de caso relatado neste trabalho, tem o objetivo de retratar a
importância do planejamento tributário na empresa objeto de estudo. Pois a sua aplicação traz
diversos fatores positivos para elas, principalmente no que diz a respeito à redução de custos
através da elisão fiscal. E neste trabalho, as principais ferramentas utilizadas para essa elisão,
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foram possibilitadas de acordo com a legislação vigente nos períodos em análise. Sendo assim,
tanto a redução de um produto a alíquota zero de PIS e COFINS, quanto a exclusão do ICMS na
base de cálculo PIS e COFINS nas saídas, possibilitaram a redução significativa na carga
tributária da empresa.
Para pesquisas futuras propõe-se analisar os impactos da exclusão do ICMS da base de
cálculo do PIS e da COFINS nas entradas e como elas irão impactar a carga tributária no ano de
2023. Assim como aprovado na MP 1159/2023.
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REFERÊNCIAS
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Diário Oficial da República Federativa do Brasil. 1976. Disponível em:
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 15 abr.
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