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A AUTORA

Possui graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Goiás


(2004). Atualmente é Professora Universitária Efetiva da Universidade Estadual de
Goiás - Jaraguá (desde 2007), no curso de Ciências Contábeis. Possui Especialização
em Auditoria e Gestão Governamental pela Universidade Católica de Goiás (2006) e
Docência Universitária pela Universidade Estadual de Goiás (2009) e Mestre em
Administração pela Faculdade Alves de Faria (ALFA - Goiânia), Mestre em Ciências
Contábeis pela Universidade Federal de Goiás (UFG). É membro do Centro de
Estudos, Pesquisa e Extensão em Contabilidade Financeira (CEPECONF) da
Universidade Federal de Goiás. Tem experiência acadêmica na área de Auditoria,
Administração, Contabilidade Pública, Contabilidade em Geral, Contabilidade de
Custos, Planejamento e Orçamento Público, Gestão Governamental, Análise de
Demonstrações Contábeis, Perícia Contábil, Estrutura das Demonstrações Contábeis,
Teoria da Contabilidade e Docência Universitária e atua em orientações, pesquisas e
publicações na área acadêmica. Email: marcia.couto@ueg.br.
.

FICHA CATALOGRÁFICA – PERÍCIA CONTÁBIL MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM

Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)

C871p Couto, Márcia Helena de Andrade.

Perícia Contábil Mediação e Arbitragem / Márcia


Helena de Andrade Couto – Goiânia: NUTEC, 2022.
84 p.: il. - (Educação a distância UniAraguaia).

Possui bibliografia.
ISBN 978-65-84788-46-6

1. Contabilidade. 2. Perícia Contábil. 3 Perícia –


Profissionalização. 4. Mediação e Arbitragem. I. Centro
Universitário Araguaia. II. Título.

CDU: 657.63

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Leidiany Cruz Melo


CRB-2963
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CENTRO UNIVERSITÁRIO ARAGUAIA - UNIARAGUAIA
1º Edição – 2023
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio e para qualquer
fim. Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais

REITOR
Professor Mestre Arnaldo Cardoso Freire
PRÓ-REITORA ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA
Professora Adriana Cardoso Freire
PRÓ-REITORA ACADÊMICA
Professora Ana Angélica Cardoso Freire
VICE PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
Professor Hernalde Menezes
PRÓ-REITORA PEDAGÓGICA:
Professora Mestra Rita de Cássia Rodrigues Del Bianco
VICE-PRÓ-REITOR PEDAGÓGICO
Professor Mestre Hamilcar Pereira e Costa
COORDENAÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Professora Doutora Tatiana Carilly Oliveira Andrade
COORDENAÇÃO DA EQUIPE DE DESIGN GRÁFICO
Marina Alice Correia Brito
DIAGRAMAÇÃO DO CONTEÚDO TEXTUAL
Marina Alice Correia Brito
Isabela Sant Ana de Souza
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Professor Especialista Rafael Simon

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 8
UNIDADE I – CONCEITOS BÁSICOS DE PERÍCIA CONTÁBIL 10
1.1 Contextualização Histórica da Perícia Contábil 10
1.2. Comparação da Perícia contábil e Auditoria Contábil 14
1.3 Perícia Judicial e Extrajudicial 17
-RESUMO 18
-ATIVIDADES 19
-REFERÊNCIAS 20

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APRESENTAÇÃO

A Perícia Contábil, de acordo com a Norma Brasileira de Contabilidade, é o


conjunto de procedimentos técnicos que tem como objetivo a emissão de laudo ou
parecer sobre questões contábeis, sendo essa análise realizada mediante exame,
vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação ou certificado. Desse modo,
estudaremos nessa disciplina, na Unidade I, os conceitos básicos da Perícia Contábil,
da contextualização histórica, conceituação, distinção, a classificação dos tipos de
Perícia existentes. Em seguida, na Unidade II, abordaremos a normatização da
Perícia Contábil, destacando a artigos do Código de Processo Civil que tratam da
disciplina, as Normas do Conselho Federal de Contabilidade, o Código de Ética do
Contador, os direitos e obrigações do Perito, bem como as responsabilidades do
Perito (Social, Civil, Penal). Na Unidade III, discorreremos sobre a profissionalização
da Perícia, apresentando o perfil do Perito contador, do Perito assistente, o Cadastro
no Banco de dados, a Independência do perito Judicial e os Impedimentos do perito
Judicial. Na Unidade IV, vamos abordar sobre a execução da Perícia contábil,
apresentando sobre a nomeação do perito contador e assistente, a análise e as
respostas aos quesitos, a proposta de honorários, os prazos a serem seguidos, as
diligências, os tipos de provas periciais admitidas e a elaboração do laudo pericial,
dos esclarecimentos de audiência e parecer técnico. Na Unidade V, apresentaremos
sobre a Mediação e Arbitragem, trazendo: o conceito, os tipos, e os procedimentos de
arbitragem; bem como: o conceito, e os procedimentos de mediação. Finalizaremos
com a Unidade VI trazendo uma abordagem interdisciplinar com tema voltado para a
função social da Perícia Contábil, abordando sobre a Declaração Universal dos
Direitos Humanos.
Desejamos que, ao concluir a disciplina, você seja capaz de compreender os
procedimentos da Perícia Contábil, através das Normas Técnicas Profissionais e
conhecimentos propostos, e que seja um despertar de uma oportunidade para uma
futura atuação no mercado.
A disciplina de Perícia Contábil, Arbitragem e Mediação proporciona uma
reserva de mercado para o profissional da área contábil, por ser detentor de um
conhecimento específico, com expertise na área de formação, exigindo assim, cada
vez mais, que o profissional esteja capacitado e atualizado.
Nesse sentido, esta disciplina é uma perfeita oportunidade para você:

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- Obter mais conhecimento da área contábil;
- Ser um profissional Contador e Perito Contador.
Aproveite essa oportunidade!

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UNIDADE I – CONCEITOS BÁSICOS DE PERÍCIA CONTÁBIL

Estudaremos nesta unidade a contextualização histórica da Perícia Contábil,


vamos também comparar a diferença e semelhanças entre Perícia Contábil e Auditoria
Contábil, e os tipos de Perícia existentes.
Com certeza você já ouviu falar sobre Perícia, como: Perícia do INSS, Perícia
Policial e dentre outras, mas agora te convido a conhecer essa fascinante área da
Perícia Contábil!
Venha aprender!

1.1 Contextualização Histórica da Perícia Contábil

Fonte: https://media.istockphoto.com/id/1209636820/pt/foto/think-outside-the-box-on-school-green-
blackboard-startup-education-concept-creative-
idea.jpg?s=612x612&w=is&k=20&c=nXTP6xgDSMsitPESSC9iUZjBiy2iBpb_sUhgG885EKM=

Inicialmente abordaremos o entendimento do que é Perícia, que segundo


Crepaldi (2019), a palavra “perícia” advém do latim peritia, que, em seu sentido
próprio, significa “conhecimento adquirido pela experiência, pela habilidade, pelo
talento”. Constitui-se em espécie de prova consistente no parecer técnico de pessoa
habilitada a formulá-lo.
E em seguida o mesmo conceitua Perícia Contábil, a qual possui objeto,
finalidade, alcance e procedimentos peculiares e é um ramo específico da
contabilidade. O que a caracteriza é a declaração de caráter técnico sobre um
elemento da prova. Serve para provar fatos de percepção técnica, que dependem de
conhecimento pericial.

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Magalhães (2017) define Perícia como o trabalho de notória especialização
feito com o objetivo de obter prova ou opinião para orientar uma autoridade formal no
julgamento de um fato, ou desfazer conflito de interesses de pessoas.
Adicionalmente, Sá (2019) enfatiza que Perícia contábil é a verificação de fatos
ligados ao patrimônio individualizado, visando oferecer opinião mediante questão
proposta. Para tal opinião realizam-se exames, vistorias, indagações, investigações,
avaliações, arbitramentos, em suma, todo e qualquer procedimento necessário à
opinião. E conclui: "Quando precisamos de uma opinião válida, competente, de um
entendedor, buscamos um Perito”.
A Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) TP 01 (R1) (2020) define Perícia
Contábil como um conjunto de procedimentos técnico-científicos destinados a levar à
instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do
litígio ou constatação de fato, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer pericial
contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais e com a legislação
específica no que for pertinente.
Neste sentido, Costa (2017) afirma que essa definição é bastante ampla e
atende perfeitamente à visão sobre o tema. Crepaldi (2019) dispõe que a norma
especificou que a perícia contábil, como técnica especial, possui procedimentos
técnico-científicos peculiares. Sendo assim, ela difere dos conhecidos ramos da
contabilidade: escrituração, demonstrações contábeis, auditoria e análise das
demonstrações contábeis. Dentre os procedimentos típicos da perícia, temos: exame,
vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação e certificação.
E complementa que o perito sempre irá produzir um conhecimento amparado
em provas. Estas serão apresentadas junto ao laudo e levadas a uma instância
decisória. Toda perícia tem por finalidade subsidiar um pedido, uma requisição a ser
esclarecida para uma tomada de decisão.
Sá (2019) apresenta razões, do raciocínio para a formação do conceito de
perícia contábil:

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a) A necessidade de se conhecer uma opinião de especialista em Contabilidade
sobre uma realidade patrimonial, em qualquer tempo, em qualquer espaço, qualitativa
e quantitativamente, em causas e efeitos.

b) O exame do especialista sobre o que se deseja conhecer como opinião.

Logo, examinar, realizar levantamentos, vistoriar, fazer indagações, investigar,


avaliar, arbitrar (diante da falta de elementos mais concretos), em suma, fazer o
necessário para ter segurança sobre o que se vai opinar, são Procedimentos
Periciais. (SÁ, 2019)
1.1 Contextualização Histórica da Perícia Contábil

Fonte: https://media.istockphoto.com/id/1223789411/pt/foto/ai-concept-deep-learning-
gui.jpg?s=1024x1024&w=is&k=20&c=b8GR5V8wKaTe2at9gTWsfUM5uTk9Vx_Hsd8_EDsjm
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Os primeiros registros de perícia contábil remontam ao início da civilização,


conforme afirma Alves et al (2017), assim entre os primeiros povos, sempre havia um
indivíduo que, por sua experiência ou maior poderio físico, liderava o grupo. Segundo
consta, esse líder era, ao mesmo tempo, juiz, legislador e executor, uma vez que,
naquela época, a lei era a do mais forte.
E complementa que você encontra a primeira figura do árbitro na Índia, com o
indivíduo ao qual era dado o poder da verificação dos fatos, do exame do estado das
coisas e lugares, e a decisão judicial. Já na perícia, você vai encontrar no Egito e na
Grécia, onde existiam especialistas que procediam verificações e exames de algumas
matérias específicas.
O ato pericial remonta em diferentes países, mas com finalidades semelhantes
que são basilares para o desempenho da atividade até os dias atuais. O sentimento
de julgamento sob qualquer situação em qualquer aspecto é primitivo e buscava-se
de um modo empírico trazer a justiça ou até a resolução de simples questões que
ocorriam no antigo Egito e na Grécia por exemplo. Segundo pesquisadores, a
contabilidade tem seus primeiros sinais há cerca de 4.000 anos A.C e em paralelo a
perícia. Heródoto relatava que as atividades periciais eram requisitadas no cultivo das
terras às margens do Rio Nilo. Sempre que ocorriam as enchentes existia a
necessidade de um expert refazer as demarcações territoriais (ALBERTO, 2000,
ALVES et al, 2017).

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???? Você sabe como surgiu a Perícia Contábil no Brasil ????

Sá (2019) traz um relato perfeito sobre a história da Perícia Contábil no Brasil,


onde na metade do século XX, no Brasil, a matéria de “Perícia Contábil” foi incluída
para debate pela primeira vez num evento da classe no I Congresso Brasileiro de
Contabilidade de 1924. A discussão gerou a conclusão sobre a necessidade de dividir
em três as funções profissionais: Contador, Guarda-livros e Perito.
Foi no mesmo Congresso de 1924 que se concluiu sobre a necessidade de
“Oficialização da perícia judicial, cujos trabalhos seriam atribuídos privativamente aos
membros das ditas Câmaras”, ou seja, sobre a pretensão de se atribuir aos Conselhos
de Contabilidade, quando criados, a fiscalização do trabalho do perito.
As primeiras décadas do século XX foram palco de uma crise do setor
profissional de perícias, segundo o testemunho dos trabalhos apresentados. Grassava
na época uma “indústria da falência”, ou seja, a maquinação para mascarar situação
nos balanços e manobra falaciosa produzir quebras de empresas.
Em 1924, o contador Emílio de Figueiredo narrou sobre tal crise. Segundo
Figueiredo, ícones da Contabilidade brasileira tiveram que abandonar suas funções
periciais em razão da pressão que sofreu por parte dos “falsários das falências”, onde
“a profissão de perito judicial está aviltada pelos que só vêem a vida pelo prisma da
materialidade, iludindo a justiça, confundindo a consciência dos juízes, facilitando as
quebras fraudulentas, as concordatas”.
Na década de 1920, surgiu em nosso país a primeira obra específica sobre a
matéria pericial, intitulada Perícia em Contabilidade Comercial, de autoria do professor
João Luiz Santos.
O Decreto n. 5.746, em 1929, veio logo após, de forma objetiva, regulou sobre a
exigência de atribuir-se apenas ao Contador a tarefa pericial.
A agregação dos profissionais da Contabilidade fez com que o ano de 1931
fosse pródigo no aparecimento de instituições em várias partes do Brasil, surgindo,
então, a “Câmara de Peritos Contadores”.

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Todavia, somente na década de 1940 seria regulamentada a profissão de
Contador, época em que se fez privativa do Contador a Perícia (DL n. 9.295/1946).
Na década de 1950 apareceu a obra sobre a matéria de Perícia, em dois volumes, de
autoria do professor Francisco D’Áuria.

Fonte: https://www.istockphoto.com/br/foto/conceito-de-ia-aprendizado-profundo-
transforma%C3%A7%C3%A3o-digital-gm1286635624-383079015?phrase=Per%C3%ADcia

1.2 Comparação da Perícia Contábil e Auditoria Contábil

PERÍCIA AUDITORIA

Fonte: https://www.istockphoto.com/br/foto/mulher-nova-que-compara-com-duas-coisas-
gm1176080337-327753168?phrase=compara%C3%A7%C3%A3o%20

Alves et al (2017) aborda as diferenças existentes entre Perícia e Auditoria,


onde a Perícia é realizada mediante um perito-contador, enquanto a auditoria externa
é efetuada por um auditor.
Perícia contábil: encontra sua demanda regularmente no âmbito judicial. A

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perícia contábil tem um custo elevado para ser realizada. Corresponde ainda ao
exame de um acontecimento ou à união de fatos relatados nos autos de um processo,
ou relatados ainda mediante contrato ou carta-proposta.
O procedimento pericial visa a examinar de modo profundo o tema discutido
nos autos ou o objeto periciado. Durante a execução do trabalho desenvolvido pelo
perito judicial em um determinado processo, o contador tem por intuito apurar a
veracidade dos fatos que parecem estar ocultos pelas partes envolvidas, trabalho que
deve ser realizado de maneira imparcial. O contador, quando atua como perito,
objetiva também constatar os acontecimentos da lide. Ele não pode executar suas
funções mediante amostragem ou testes.
O papel do perito-contador nas perícias é buscar indícios e comprovações de tudo
que foi mencionado pelas partes envolvidas no processo. Vale ressaltar que o perito
não corresponde a um consultor da organização. Por esse motivo, é importante ter o
conhecimento de que esse profissional, no desenvolvimento da perícia, deve buscar
sempre a verdade com relação aos fatos comunicados.
Auditoria contábil: o procedimento é normalmente usado pelas organizações,
podendo ser interno e externo.
Auditoria externa: busca averiguar toda a documentação referente a um
período específico, normalmente de um ano ou conforme previsto no contrato de
prestação de serviços. Tem por finalidade confirmar as demonstrações contábeis de
um período específico. A execução de auditorias externas faz uso de técnicas
estatísticas, como a amostragem. Ela determina seus exames nos elementos
importantes das demonstrações contábeis, verificando as mutações patrimoniais.
Quem a realiza é um profissional que não possui nenhum vínculo empregatício
e nenhuma relação de interesse com a organização que está sendo auditada. O
auditor externo visa emitir opinião sobre os demonstrativos contábeis examinados por
ele nas auditorias contábeis.
Os trabalhos executados pelo auditor externo precisam ser planejados a fim de
identificar erros e fraudes que possam gerar reflexos significativos nas demonstrações
contábeis. O processo de auditoria usualmente parte da procura por desvios que
contrariem as regras da organização e as normas brasileiras de contabilidade e que
podem vir a colocar em risco a integridade patrimonial. Também busca registros
contábeis desacertados que possam refletir a exatidão das demonstrações contábeis.

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Auditoria interna: a auditoria interna é realizada por colaboradores da empresa que
pertencem a um departamento ou equipe de auditoria interna. Eles buscam avaliar e
monitorar quanto à apropriação do controle interno. A auditoria interna tem por
finalidade analisar se as normas e procedimentos internos e demais deliberações
impostas pela alta administração da empresa estão sendo cumpridas. Assegura
também a qualidade e o desempenho dos setores quanto às funções e aos planos,
metas, objetivos e políticas estabelecidas pela organização. Os auditores internos
devem se tornar especialistas na área em que atuam. Assim, precisam estar
preparados para auditar toda a atividade econômica ou empresarial.
Em complemento, Sá (2019) afirma que Perícia contábil não é o mesmo que
auditoria contábil. Variam quanto à natureza das causas e efeitos, de espaço e de
tempo.
A perícia serve a uma época, a um questionamento, a uma necessidade de
prova; a auditoria tende a ser a necessidade constante, atingindo um número muito
maior de interessados, sem necessidade de rigores metodológicos tão severos; basta
dizer que a auditoria consagra a amostragem e a perícia a totalidade.
A auditoria tem como objetivos normais a maior abrangência e a gestão como
algo em continuidade, enquanto a perícia se prende à Especificidade, possui caráter
de Eventualidade, só aceita o Universo Completo para produzir opinião como Prova.
A Auditoria é mais “revisão” e perícia mais “produção de prova” por verificação, exame,
arbitramentos etc.
Existem muitos pontos em comum, podendo tais tecnologias se beneficiar uma
do procedimento da outra, mesmo porque tudo está amparado pela ciência contábil,
mas só por suplementação ou em casos muito especiais é que a perícia se vale dos
critérios de auditoria. Uma das semelhanças é ambas serem atividades específicas
do profissional contábil e todo trabalho ser conduzido em padrões normativos.
Em síntese, temos a comparação das diferenças entre Perícia e Auditoria
Contábil, levantadas por Crepaldi (2016).

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Figura 01 – Diferenças entre Perícia e Auditoria Contábil

Veja como fica claro as diferenças entre as áreas de Perícia e Auditoria


Contábil, demonstrando assim, uma oportunidade de atuação de mercado tanto para
a Perito Contábil quanto para o Auditor Contábil.

1.3 Perícia Judicial e Extrajudicial

Após entender o surgimento, o conceito e a aplicabilidade da Perícia Contábil,


é necessário que você compreenda os tipos de Perícia Contábil existentes, e a NBC
TP 01 (R1) (2020), classifica em dois tipos Perícia Judicial e Extrajudicial, sendo as
mesmas compostas da seguinte forma:

JUDICIAL EXTRAJUDICIAL

Arbitral
Oficial ou Estatal
Voluntária
Fonte: NBC TP 01(R1) (2020)

A perícia judicial é exercida sob a tutela do Poder Judiciário. A perícia


extrajudicial é exercida no âmbito arbitral, estatal ou voluntário. A perícia arbitral é
exercida sob o controle da lei de arbitragem e pelos regulamentos das Câmaras de
Arbitragem. Perícias oficial e estatal são executadas sob o controle de órgãos de
Estado. Perícia voluntária é contratada, espontaneamente, pelo interessado ou de
comum acordo entre as partes. NBC TP 01 (R1) (2020).
Para Alves et al (2017) a perícia judicial é realizada sob o domínio de um juiz.
Ou seja, é executada mediante a tutela do Poder Judiciário. Busca explicar os fatos
ou gerar provas sobre a situação. Já a perícia extrajudicial é a perícia efetuada fora
do judiciário, por meio da vontade das partes envolvidas. Pode ter por finalidade
apresentar fatos fidedignos ou não relativos ao litígio, também distinguir interesses
das partes envolvidas, confirmar o erro ou possível fraude, desvios, simulação.
De acordo com Crepaldi (2019) a perícia judicial é a requerida pelo juiz
de direito e exercida sob a tutela do sistema judiciário brasileiro. É feita a comando do
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juiz, visando esclarecer fatos ou produzir provas sobre a questão. Exemplo: O juiz
solicita ao perito contábil o cálculo da apuração de haveres de sócio excluído em
sociedade limitada, em demanda pleiteada pelos demais sócios.
E continua, a perícia extrajudicial é a que não está sob a tutela da Justiça. É
dividida em três subgrupos: arbitral, oficial/estatal e voluntária. É realizada a comando
de uma ou mais partes interessadas, visando produzir as constatações necessárias.
O mesmo caracteriza a Perícia Extrajudicial em:

● Perícia arbitral: é aquela exercida sob o controle da Lei de Arbitragem (Lei n.


9.307/96). A arbitragem é uma forma alternativa ao Poder Judiciário para a resolução
de conflitos. As partes litigantes estabelecem, em contrato ou simples acordo, que
farão uso do juízo arbitral para solucionar controvérsia existente em vez de acionar o
Poder Judiciário. O juízo arbitral escolhido profere a sentença arbitral, que tem o
mesmo efeito de uma sentença de um Juiz de Direito, sendo obrigatória entre as
partes. Por se tratar de uma justiça privada, costuma ser mais célere e menos
burocrática.

• Perícia oficial ou estatal: é a executada sob o controle de órgão do Estado, tais


como perícia administrativa das Comissões Parlamentares de Inquérito, perícia
criminal e do Ministério Público.

• Perícia voluntária: é aquela contratada espontaneamente pelo interessado ou de


comum acordo entre as partes. Exemplo: Um sócio solicita ao perito que calcule o
fundo de comércio da empresa, para embasar uma proposta de aquisição de quotas
de capital de outro sócio. É livremente contratada entre as partes em pré-litígio.

RESUMINDO O CONTEÚDO:

Iniciamos nosso estudo com a conceituação de Perícia Contábil;

Vimos como foi o surgimento histórico da Perícia Contábil;

Compreendemos a comparar a Perícia Contábil e a Auditoria Contábil;

E aprendemos os tipos de Perícia Contábil existentes

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ATIVIDADES

1) A NBC TP 01 (R1), de 19 de março de 2020, dá nova redação à NBC TP 01,


que dispõe sobre perícia contábil. Desta forma, descreva a definição de Perícia
Contábil que esta normativa apresenta.

2) No que se refere ao entendimento de Perícia e Auditoria Contábil, Sá (2019)


afirma que “Perícia Contábil não é o mesmo que Auditoria Contábil”. Diante desta
afirmativa, elabore um breve texto comparativo desta distinção.

3) A NBC TP 01 (R1) (2020) classifica a Perícia Contábil em Perícia Judicial e


Extrajudicial, caracterize-as:

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REFERÊNCIAS

ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia contábil. São Paulo: Atlas, 5. Ed. 2012.

ALVES, Aline et al. Perícia contábil I. Porto Alegre: Sagah Educação, 2017.
Disponível em: Minha Biblioteca: Perícia Contábil I.

CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Auditoria contábil: teoria e prática. 10. ed. São
Paulo: Atlas, 2016.

CREPALDI, Silvio. Manual de perícia contábil: exemplos, modelos e exercícios. São


Paulo: Saraiva educação, 2019. Disponível em: Minha Biblioteca: Manual de perícia
contábil

COSTA, João Carlos Dias da. Perícia contábil: aplicação prática. São Paulo: Atlas,
2017. Disponível em: Minha Biblioteca: Perícia Contábil - Aplicação Prática

MAGALHÃES, Antonio de Deus Farias. Perícia contábil: Uma abordagem teórica,


ética, legal, processual e operacional. 8ª Ed. São Paulo: Atlas, 2017. Disponível em:
Minha Biblioteca: Perícia Contábil - Uma Abordagem Teórica, Ética, Legal,
Processual e Operacional, 8ª edição.

NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE - NBC TP 01 – Norma técnica de


perícia contábil. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/norma-
brasileira-de-contabilidade-nbc-tp-n-1-r1-de-19-de-marco-de-2020-250058048.

SÁ, Antonio Lopes. Perícia contábil. 11ª Ed. São Paulo: Atlas, 2019. Disponível em:
Minha Biblioteca: Perícia Contábil

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