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Tema 7 - Utilização dos Rendimentos

Rendimento disponível = Consumo + Poupança


A poupança corresponde à diferença entre o rendimento disponível e a despesa de consumo.
A poupança assume a forma de um consumo diferido no tempo.

A decisão de poupar
Os motivos que podem levar as famílias a poupar são:
➔ Precaução:
◆ Possuir alguma quantia reservada em caso aconteça uma emergência, tal como doença e
desemprego.
➔ Acumulação:
◆ Poupar uma certa quantia para se poder adquirir, um dia mais tarde, bens duradouros,
como carro e casa;
◆ Deixar património aos descendentes;
◆ Constituir depósitos bancários e receber juros, principalmente em épocas onde a taxa
de juro nominal seja superior à taxa de inflação (taxa de juro real).
➔ Manter o nível de consumo estável:
◆ Obter um alisamento intertemporal do consumo, para no período da reforma (período
de redução do rendimento) poder manter o nível de consumo recorrendo à poupança
constituída.

Fatores que influenciam a poupança

Rendimentos das famílias


Quanto mais elevado for o rendimento do agregado familiar, maior será a parcela destinada à poupança.
Ciclo de vida e/ou estrutura etária da família/indivíduo
Nos primeiros anos de uma família jovem, o esforço para comprar bens duradouros e o nascimento dos
filhos faz com que a poupança seja reduzida.
À medida que, ao evoluindo na carreira, os seus rendimentos aumentam, refletindo-se na sua capacidade
de poupar.
As aplicações da poupança

Entesouramento
Retenção de notas e moedas, por exemplo, num cofre, em casa, ou a detenção de jóias, obras de arte ou
barras de ouro.
Aplicação da poupança inerte, pois não gera rendimento.
Depósitos e outros ativos financeiros
Constituídos em instituições financeiras, sob a forma, por exemplo, de contas poupança e depósitos a
prazo.
Poupança que gera rendimento (remunerada pela taxa de juros passiva).
Investimento
Aplicação da poupança na atividade produtiva através da compra de bens e produção, o que contribui
para o aumento da produção e a eventual criação de emprego.

Importância da poupança na economia


A poupança contribui para manter e ampliar a capacidade de produção de um país ao disponibilizar os
recursos necessários para a manutenção e ampliação da capacidade de produção das diferentes
entidades produtoras e prestadores de serviços.
A poupança, quando aplicada no processo produtivo, contribui para:
➔ Aumentar a quantidade e qualidade dos bens e serviços prestados;
➔ Criar emprego no país.

A formação de capital

Formação bruta de capital (investimento)


Fluxo ou adição de novos bens de produção que serão utilizados no processo produtivo de novos bens e
serviços no futuro.
Este fluxo de investimento permite aumentar o capital já existente, e criado no passado (o stock de
capital), e assim aumentar as possibilidades de produção futura.


Aumento da formação bruta de capital
O aumento da formação bruta de capital que se traduz na aquisição ou ampliação da capital fixo, como,
por exemplo, instalações, maquinaria, equipamento, instrumentos e ferramentas de trabalho e
equipamento de transporte.
Trata-se da formação bruta de capital fixo, sendo habitualmente referida pela abreviatura FBCF.
Ao longo dos diversos processos produtivos, o capital fixo vai sofrendo um desgaste. Vai-se
depreciando devido à sua constante utilização, podendo avariar-se ou ainda tornar-se obsoleto quando
surge algo mais moderno.
É necessário considerar a sua depreciação ou consumo de capital fixo (CCF).
A variação de existências corresponde à diferença entre o valor de existências (o stock) no final do
perído e no início do mesmo período.

Funções do investimento

Substituição
Devido ao desgaste ou depreciação, as empresas substituem o capital fixo antigo por capital fixo novo
com características similares. Neste caso, não se verifica um aumento da capacidade produtiva da
empresa - repor o capital que se gastou no decurso do processo produtivo, possibilitando a
manutenção da capacidade produtiva da economia.
Inovação
As empresas substituem os equipamentos existentes por outros mais inovadores, podendo obter
ganhos de produtividade e melhorias na qualidade dos bens e dos serviços oferecidos no mercado -
criação de algo de novo, um produto, um processo ou uma técnica de produção.
Expansão/aumento da capacidade produtiva
Para responder ao aumento da procura, as empresas ampliam a capacidade produtiva, quer através da
aquisição de mais equipamento, quer através da ampliação das instalações onde há aquisição de
matéria-prima - investimento na formação de um novo capital.

Tipos de investimento

Investimento material
Aquisição, com fins produtivos, de novos bens de produção, como máquinas, equipamentos ou material
de transporte.
Investimento imaterial
Aplicação da parte dos recursos das empresas em, por exemplo, despesas em publicidade e marketing,
em I&D, em formação e qualificação dos trabalhadores ou na aquisição de software.
Investimento financeiro
Canalização da poupança em aplicações financeiras - ações e obrigações. A aquisição destes ativos
financeiros permite que as empresas possam, por exemplo, expandir a sua capacidade produtiva.
Importância do investimento
Representa a aquisição de novo capital que assegura a manutenção, expansão e modernização do
processo produtivo.
Contribui para o crescimento e o desenvolvimento das economias, sendo fundamental para possibilitar o
bem-estar quer das gerações presentes, que das gerações futuras.
O investimento é realizado pelas empresas, pelas famílias (compra de habitação) e pelo Estado
(investimento público, por exemplo, construção de escolas, hospitais, pontes ou estradas).

Importância do I&D
Para as empresas introduzirem inovações tecnológicas, é necessário investirem em programas de
pesquisa e desenvolvimento. Por exemplo, processos de pesquisa de novos produtos.
Este conjunto de atividades é designado por Investigação e Desenvolvimento,
A introdução da inovação permite:
➔ que as empresas aumentem o seu nível de competitividade face às outras empresas menos
inovadoras e, assim, aumentar a sua posição no mercado;
➔ que os consumidores usufruam de novos produtos, como no caso de novas vacinas e
medicamentos, ou disponham de produtos a preços mais baixos e com melhores desempenhos,
como no caso dos computadores;
➔ o crescimento económico das economias, que se poderá traduzir em aumentos continuados do
PIB, do emprego e do nível de bem-estar das populações.

Investimento Direto do Exterior em Portugal (IDEP) e de Portugal

no Exterior (IDPE )
O investimento realizado por não residentes numa economia pode ser analisado na perspetiva dos
fluxos que circulam do exterior para o país e dos fluxos que circulam do país para o exterior.
No caso de Portugal registam-se:
➔ Fluxos de investimento direto do exterior (IDE)
◆ Investimento realizado em Portugal por uma empresa ou por um particular não
residente no nosso país.
➔ Fluxos de investimento direto no exterior (IPE)
◆ Investimento realizado no exterior por uma empresa ou um particular em Portugal.
IDE
O IDE pode assumir a forma de:
➔ compra ou aquisição de uma empresa existente por parte de um não residente em Portugal;
➔ construção de uma empresa raiz por parte de um não residente em Portugal.
Um dos exemplos de um grande investimento direto do exterior em Portugal é a fábrica de automóveis
da Autoeuropa.
Vantagens para o país de acolhimento
Aumento da produção, criação de emprego, alteração da estrutura produtiva e exportadora e pode
acelerar o crescimento económico.
Ao implicar uma transferência de tecnologia entre países, pode levar à obtenção de ganhos de
produtividade.
Inconvenientes para o país de acolhimento
Provocar uma excessiva dependência da economia em relação a este investimento, tornando-se
vulnerável às exigências destes investidores.
Os lucros serem investidos noutros países, não permitindo a continuidade do projeto ou limitando a sua
expansão.
IPE
O IPE tem como principal destino a União Europeia (principalmente Espanha e Países Baixos).
Fora da União Europeia, o investimento direto de Portugal, dirige-se aos PALOP e Brasil.

O financiamento da atividade económica


Na economia, alguns agentes económicos tem capacidade de financiamento, outros tem necessidade de
financiamento.

⇓ ⇓
Capacidade de financiamento Necessidade de financiamento

Formas de financiamento interno e externo

Financiamento interno ou autofinanciamento


Quando o agente económico recorre a recursos próprios para aplicar na atividade económica.
Financiamento externo
Quando o agente económico recorre a recursos alheios para aplicar na atividade económica.

Formas de financiamento externo


Recursos a fundos provenientes de outros agentes económicos.
Crédito Bancário (financiamento externo indireto)
Existe um intermédio financeiro (o banco) entre o agente que poupa e o agente que pede emprestado.
Mercado de títulos (financiamento externo direto)
As empresas captam recursos diretamente do público investidor.

Financiamento externo indireto


Os agentes económicos recorrem a intermédios financeiros, como, por exemplo, os bancos.
Pela concessão desses créditos, cobram jutos de acordo com o risco de investimento, o número de anos
de utilização do empréstimo e a taxa de juros.
O tempo varia:
➔ se for em anos, coloca-se o número de anos
➔ se for em meses, é o número do mês sobre 12
➔ se for em dias, é o número de dias sobre 365/366
Estas instituições recolhem os recursos através dos depósitos e concedem empréstimos aos que deles
necessitam (Famílias, Empresas e Estado)

O crédito bancário
O crédito é a operação pela qual um agente económico empresta a outros recursos financeiros em troca
de pagamento de juros e de compromisso de reembolso futuro.
O crédito possibilita:
➔ a realização de investimentos pelas Empresas;
➔ às famílias, antecipar o consumo ou realizar investimentos, como a compra de habitação.
As taxas de juro variam, tendo efeito na poupança e no investimento:
➔ Taxas de juros baixas
◆ Desincentivo à poupança, incentivo ao consumo com recurso ao crédito e aumento do
investimento pelas empresas;
◆ Maior crescimento da economia.
➔ Taxas de juros elevadas
◆ Incentivo à poupança, desincentivo do consumo com recurso ao crédito e do
investimento dos restantes agentes;
◆ Menor crescimento da economia.

Tipos de crédito

Crédito ao consumo
As famílias recorrem ao crédito para aquisição de bens de consumo.
➔ Crédito pessoal: para aquisição de bens e serviços ou serviços de educação e saúde.
➔ Crédito para compra de habitação ou automóvel.
Crédito à produção
As empresas contraem crédito para manter, ampliar ou modernizar a sua capacidade de produção.
O crédito bancário pode ter 3 tipos de durações:
➔ Curto prazo
◆ O período de utilização é menor a 1 ano.
◆ Compra de eletrodomésticos e aparelhos tecnológicos são exemplos de aquisição com
este crédito.
➔ Médio prazo
◆ O período de utilização é entre 1 e 5 anos.
◆ Compra de um automóvel é um exemplo.
➔ Longo prazo
◆ O período de utilização é superior a 5 anos.
◆ Compra de habitação é um exemplo.
O crédito é importante na economia, pois disponibiliza:
➔ às Famílias e ao Estado, a aquisição de bens de consumo, o que conduz ao aumento da produção
interna e/ou das importações;
➔ às Empresas, para investirem no aumento da sua capacidade de produção e/ou na melhoria da
qualidade dos bens e dos serviços oferecidos.

Mercado de títulos
Quando as empresas têm necessidades de financiamento, podem recorrer ao mercado de títulos para
obter os recursos necessários.
O mercado de títulos é o mercado onde se transacionam valores mobiliários (ações e obrigações,
facilmente transacionados).
O mercado de títulos possibilita que as empresas captem recursos diretamente do público investidor em
condições mais vantajosas do que as oferecidas pelos bancos através dos empréstimos/créditos.
➔ Mercado primário
◆ Onde são transacionados os títulos que vão ser negociados pela primeira vez.
◆ Constitui uma forma de financiamento externo direto, pois as empresas obtêm, sem
recurso a intermediários, os meios financeiros para investirem nas suas atividades.
➔ Mercado secundário
◆ Onde são transacionados os títulos após a sua emissão.
◆ Os investidores negoceiam e trocam entre si os valores mobiliários emitidos pelas
empresas. As empresas não têm qualquer participação nessas trocas.
◆ O mercado secundário dá liquidez aos títulos emitidos no mercado primário.
A bolsa de valores
➔ A bolsa de valores é o lugar onde se encontram os proprietários de títulos já emitidos e os
investidores que desejam adquirir esses títulos.
➔ É o mercado da procura e da oferta de valores mobiliários.
➔ Cotação é o nome que se dá ao preço dos títulos e que varia de momento para momento.
A cotação dos títulos não é fixa e varia conforme a oferta e a procura.
➔ Procura > Oferta: a cotação irá subir.
➔ Procura < Oferta: a cotação irá diminuir.
No caso de:
➔ A cotação do título baixar até ao seu valor nominal (valor base, a qual foi circulado
inicialmente), tratamos por ao par;
➔ A cotação do título se encontrar acima do valor nominal, tratamos por acima do par;
➔ A cotação do título se encontrar abaixo do valor nominal, tratamos por abaixo do par.
A evolução das cotações funciona como indicador para potenciais aforradores (os que fazem
poupanças/investimentos) que pretendem aplicar as suas poupanças na Bolsa de Valores Mobiliários.
➔ Índice bolsista:
◆ Quantificação das oscilações dos diferentes produtos financeiros.
➔ PSI 20:
◆ Cotação das 20 maiores empresas portuguesas cotadas na Euronext.
Os produtos financeiros cotados em bolsa são vários, nomeadamente ações, obrigações, títulos de
participação, certificados e fundos de investimento.
➔ Ações
◆ Título de propriedade representativo do capital social de uma empresa.
◆ Podem ser emitidos aquando da sua constituição ou posteriormente, quando realizam
um aumento do capital social.
◆ O titular de ações torna-se proprietário de uma parte do capital da empresa, passando
a receber os dividendos/lucros.
◆ O dono das ações é tratado por acionista e não sócio.
➔ Obrigações:
◆ Títulos de créditos a longo prazo, que representam um empréstimo a uma empresa.
Sintetizando, uma pessoa empresta dinheiro a uma empresa (investe na empresa) em
troca de lucros futuros.
◆ O detentor das obrigações recebe uma remuneração estabelecida no início do contrato
(fixa), calculada conforme a taxa de juros.
◆ Será também reembolsado na totalidade do empréstimo no prazo definido no contrato.
As ações são de maior risco que as obrigações.
➔ Fundos de investimento:
◆ É um instrumento financeiro que resulta da captação de capital junto dos diversos
investidores, constituindo o conjunto desses montantes um património autónomo,
gerido por especialistas que o aplicam numa variedade de ativos.
➔ Contratos de futuros:
◆ Contratos em que os intervenientes concordam em trocar um ativo, fisicamente ou
financeiramente, a um determinado preço, numa específica data.

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