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DIREÇÃO FINANCEIRA

1. ESTRUTURA ECONÔMICO-FINANCEIRA DA
EMPRESA

Neste tópico abordaremos a análise da estrutura econômico-financeira da empresa.

A atividade da empresa compreende uma sucessão contínua de projetos de


investimento e financiamento cujo estudo e análise requerem uma série de técnicas que
contribuem para o fornecimento de informações úteis e necessárias para a tomada de
decisões.

A empresa precisa de recursos financeiros para poder investir na realização da sua


atividade produtiva. Cada empresa vai precisar de um volume e caraterísticas de
financiamento diferentes.

A principal fonte de informação para conhecer os investimentos e as necessidades de


financiamento de uma empresa é a sua contabilidade.

1.1. OBJETIVOS

✓ Estrutura econômica da empresa: investimento em ativo circulante e não


circulante.

✓ As necessidades de capital da empresa.

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✓ As fontes de financiamento da empresa.

✓ O Período Médio de Maturação: PMM.

Dentro da empresa podemos falar da estrutura de financiamento e da estrutura


econômica ou de investimento. A união das duas é conhecida como estrutura
econômico-financeira.

▪ Estrutura Financeira da Empresa:

Pode definir-se como a composição dos diferentes recursos financeiros que a empresa
tem em determinado momento, entendendo por recursos financeiros todos os meios
que a empresa precisa para realizar os investimentos que lhe permitam a realização dos
seus objetivos de negócio. Dentro destes recursos podemos encontrar, por exemplo, o
capital social da empresa, os empréstimos a longo prazo de um banco, os fornecedores
de ativos fixos a longo prazo, etc.

▪ Estrutura Econômica da Empresa:

Pode definir-se como aquela que determina os investimentos feitos para alcançar a
atividade da empresa. Aqui encontramos os imobilizados (máquinas, equipamentos
para o processo de informação), as matérias-primas, a tesouraria, etc.

O balanço da sociedade, como instrumento fundamental de informação e análise, reúne


estas duas estruturas através das massas patrimoniais que a compõem: ativo e passivo.

▪ Balanço:

O balanço é um documento contábil que reflete a situação patrimonial, econômica e


financeira da empresa em um determinado momento. Através das massas patrimoniais
que a compõem se pode analisar a estrutura econômico-financeira da empresa.

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O balanço é o estado contábil que fornece informações sobre a situação econômica e


financeira da empresa em determinado momento. Representa a síntese das contas
patrimoniais referidas no final do ano.

Principais caraterísticas:

a) Fornece informações sobre a situação económica. Do ponto de vista contábil se


localizam no ativo.

b) Fornece informações financeiras sobre a origem dos fundos que foram


posteriormente investidos em recursos econômicos. A situação financeira desde o
ponto de vista contábil expressa-se no passivo e no patrimônio líquido.

c) Desde uma perspectiva temporária incorpora uma visão estática, configurada como
um estado de fundos ou estoque.

Portanto, o balanço oferece informações de grande uso analítico, como mostrar, entre
outras relações, a liquidez, a solvência e a capacidade de endividamento da empresa.

▪ Ativo:

De um ponto de vista econômico-financeiro, mostra o uso ou o emprego que a


empresa tem dado a todos os seus recursos; e informa sobre onde são investidos
os recursos financeiros obtidos pela empresa.

 Passivo:

Reflete as fontes de financiamento ou a origem dos fundos que a empresa utiliza


num determinado momento para a aquisição dos elementos do ativo.

Em suma, o ativo recolhe o capital em funcionamento (os elementos do capital


produtivo) da empresa, enquanto o passivo recolhe o capital de financiamento (a
natureza dos recursos financeiros que a empresa tem utilizado para a aquisição dos
elementos do ativo).

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Por exemplo, se considerarmos uma empresa dedicada ao fabrico de tecidos, dentro do


seu ativo encontraremos as existências de matérias-primas (algodão, lã..., as máquinas
necessárias para o seu processo de produção, tais como teares, prensas de
estampagem, computadores, propriedade industrial...) e, naturalmente, podemos
encontrar os produtos acabados de produzir. Dentro do passivo podemos encontrar,
entre outros, empréstimos concedidos por um banco, dívidas a fornecedores de
matérias-primas, o valor do seu capital social, as reservas de lucros ou capital, etc.

Através do estudo da estrutura concreta do ativo e do passivo do balanço de uma


empresa, pode-se ver em pormenor qual é a origem dos fundos e a aplicação destes
recursos em qualquer momento.

1.2. A ESTRUTURA ECONÔMICA DA EMPRESA: O INVESTIMENTO EM


ATIVO CIRCULANTE E EM ATIVO FIXO

Como previamente temos introduzido, o capital em funcionamento da empresa é


agrupado geralmente em dois grandes grupos: ativo fixo (também chamado ativo não
circulante) e ativo circulante, dependendo de se os investimentos são a longo ou a curto
prazo respectivamente. A demanda não coberta ou insatisfeita é uma condição
necessária, ainda que não suficiente, para fazer um investimento em ativo fixo e,
consequentemente, para que a empresa considere um aumento da sua capacidade de
produção ou constitua uma nova linha de produção ou de negócios.

▪ Ativo circulante:

Elementos do patrimônio que esperam ser vendidos, consumidos ou efetuados


no decurso do ciclo normal de exploração, bem como, em geral, os itens cuja
maturidade, alienação ou realização se espera que ocorra dentro de um período
máximo de um ano, contado a partir da data de encerramento do ano. Inclui bens
(mercadorias, dinheiro em caixa) e direitos (clientes e devedores; investimentos
financeiros temporários, tesouraria em instituições de crédito).

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O investimento em ativo circulante é aquele que é feito na empresa para garantir


o funcionamento do ciclo de circulação, ou de exploração. Imagine que uma
companhia decide aumentar o estoque mínimo de segurança de matérias-
primas, consequentemente, fará um investimento para constituir este estoque
mínimo aumentado.

▪ Ativo fixo:

Compreende os bens e os direitos destinados a servir de forma durável ou, pelo


menos, por um período superior a 12 meses. Sua contribuição para a geração de
renda ocorre através de sua utilização no processo de produção e,
ocasionalmente, através da sua venda. Inclui também os investimentos
imobiliários e financeiros. Os bens ou elementos materiais formarão o ativo
imobilizado e os investimentos imobiliários; e os direitos ou elementos
intangíveis formarão os ativos intangíveis e os investimentos financeiros.

Por exemplo, imagine que uma empresa dedicada ao fabrico de automóveis


detecta que o público exige veículos com tração nas quatro rodas de caráter
urbano; portanto, se a empresa considera que o investimento é rentável,
realizará um investimento para poder fabricar este tipo de veículos que o
mercado demanda em determinado momento.

Neste sentido, podemos falar da existência de dois ciclos fundamentais em relação à


necessidade de investimento dentro da empresa: um ciclo a longo prazo e outro a curto
prazo.

Existem diferentes definições de ciclo financeiro.

NAFIN (2004b), define o ciclo financeiro da seguinte forma:

O ciclo financeiro de uma empresa compreende a aquisição de matérias-


primas, sua transformação em produtos acabados, a realização de uma venda,

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a documentação no caso de uma conta a receber e a obtenção de dinheiro para


reiniciar o ciclo novamente, ou seja, o tempo que leva para realizar sua
operação normal (compra, produção, venda e recuperação).

Laborda e De Zuani (2004, pp. 66 y 67), pela sua parte, estabelecem que:

O ciclo financeiro começa com a aquisição de recursos financeiros


(financiamento) que se aplicam à compra e ao pagamento de bens de ativo fixo
(investimento), que são gradualmente liquidados através do processo de
amortização técnico-econômica, por meio do qual se incorporam, ao custo de
produção, o valor da parte dos ativos fixos consumidos em cada ciclo produtivo,
e que será recuperado com a cobrança das vendas (desinvestimento parcial),
estando refletida na amortização acumulada, destacando que normalmente
são necessários bastantes ciclos operacionais para completar um ciclo de
capital.

As duas definições são muito semelhantes em sua essência, já que mostram que o ciclo
financeiro, em suma, é o movimento constante de ativos para convertê-los em outros
tipos de recursos com os quais a entidade pode continuar a operar.

▪ Ciclo a longo prazo:

Está associado à renovação dos ativos da empresa. Dentre os elementos do ativo


fixo da empresa, se podem distinguir duas classes fundamentais: os ativos
amortizáveis e os ativos não amortizáveis.

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▪ Ativos amortizáveis:

São os bens ou os direitos que diminuem seu valor constantemente ou


periodicamente pelo curso do tempo, seu uso, desgaste natural ou outras causas
além das mudanças nos preços no mercado. Esta diminuição deve ser registada nos
livros contábeis.

Em Espanha e outros países os ativos amortizáveis podem ser tangíveis e


intangíveis, como os depósitos minerais, as concessões estatais, os automóveis, os
direitos autorais e, em geral, qualquer bem ou direito que possa esgotar-se, sem
possibilidade de evitar-se com despesas de reparação ou conservação (coisa que
acontece com o ativo imobilizado).

No Brasil, pelo contrário, a amortização só é aplicável aos bens intangíveis,


enquanto alguns bens materiais podem estar sujeitos a depreciação.

A amortização segue uma lógica semelhante à depreciação. Enquanto na


depreciação o cálculo da perda por período leva em conta a vida útil do bem, ou
seja, o prazo máximo em que se espera que ele dê retorno econômico, na
amortização existe um prazo legal ou limitado por contrato.

Por exemplo, se uma empresa consegue a concessão de um espaço público para


fazer publicidade por um período de dez anos, passados cinco anos, será como se
esse direito valesse apenas a metade do que foi efetivamente gasto.

Alguns dos bens intangíveis que podem ser amortizados de acordo com a legislação
brasileira são as concessões de espaços públicos, as patentes, os direitos autorais,
softwares, franquias contratadas, os direitos de exploração de pontos comerciais,
etc.

▪ Ativos não amortizáveis:

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Sabemos que, como regra geral, os ativos imobilizados da empresa devem gerar
amortização, mas, podemos dizer que todos os ativos da empresa são amortizáveis?

Existem ativos não amortizáveis, como os terrenos e bens naturais, os imobilizados


em andamento, o fundo de comércio, etc.

▪ Ciclo a curto prazo:

Também chamado de ciclo de exploração ou ciclo dinheiro-mercadorias-dinheiro.


Este ciclo tem uma característica de permanência e regularidade dentro da
empresa, já que depende somente das condições internas desta, considerada em
circunstâncias externas constantes. Neste ciclo, os investimentos estão associados
ao conceito de capital circulante mínimo e apenas se consideram os investimentos
necessários para atender ao ciclo de exploração da empresa.

▪ Capital circulante:

Parte do capital produtivo é completamente transferido para a mercadoria produzida e


reverte completamente no capitalista, em forma de dinheiro.

O capital circulante pertence à parte do capital desembolsado investido na compra de


matérias-primas, combustíveis, materiais auxiliares e também força de trabalho. As

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matérias-primas, os materiais fundamentais e os artigos semimanufaturados no


processo de produção são transformados em um novo valor de uso e integram
materialmente o novo produto. O combustível e os materiais auxiliares no processo de
produção não entram materialmente no produto, mas contribuem para criar o novo
produto. Seu valor, bem como o valor da matéria-prima, dos materiais básicos e dos
artigos semimanufaturados, é completamente transferido para o valor da mercadoria e
reverte inteiramente no capitalista após a venda. Ao contrário destas partes do capital
circulante, a força laboral não transfere seu valor ao produto, mas cria um valor novo,
que inclui a mais-valia. Depois de realizar a mercadoria, o equivalente do valor da força
de trabalho junto com os ganhos de capital retorna ao capitalista em forma de dinheiro.

É por isso que o capital variável, por sua forma de movimento, pertence ao capital
circulante, uma vez que realiza uma rotação completa em cada ciclo do capital. Quanto
mais rotações realize o capital ao longo de um ano, maior será a massa de valor
excedente que o capitalista obterá. A velocidade de rotação do capital variável
influencia diretamente no aumento da massa do valor excedente e da quota anual do
valor excedente, que é determinada pela relação entre a massa anual do valor
excedente e o capital variável. A velocidade de rotação do capital variável reflete-se
diretamente na magnitude do capital antecipado. Quanto maior seja o número de
rotações, menos capital circulante precisa o capitalista, permanecendo iguais as outras
condições.

1.3. PRAZO MÉDIO DE MATURAÇÃO (PMM)

O PMM é o período de tempo que decorre desde que a empresa investe uma unidade
monetária para obter matérias-primas, força de trabalho e outras despesas gerais de
fabricação para o processo de produção até que seja recuperado como resultado do
processo de vendas e da cobrança do produto. É o tempo que demora a empresa em
recuperar o dinheiro que investiu para lidar com as necessidades cíclicas do seu
processo de produção.

Este período de tempo pode ser dividido em diferentes subprazos:

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a) Prazo médio de estocagem: esse é o tempo que decorre desde que uma unidade
monetária é investida na compra de matérias-primas até que são incorporadas no
processo de produção.

b) Prazo médio de fabricação: o tempo decorrido desde que as matérias-primas saem


para a fabricação até a conclusão do processo de produção, ou seja, até a obtenção do
produto acabado.

c) Prazo médio das vendas: o tempo decorrido desde a obtenção do produto acabado
até ser vendido.

d) Período médio de cobrança: o tempo decorrido desde a venda do produto até que o
cliente seja cobrado.

e) Prazo médio de pagamento aos fornecedores: é o tempo que, em média, é


necessário para pagar os fornecedores, ou seja, o tempo entre a compra dos bens ou as
matérias-primas e o pagamento das mesmas.

O prazo médio de maturação econômica parte do cálculo dos quatro processos em que
se decompõe:

▪ Prazo médio de provisionamento (PMa)

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Para obter o PMa primeiro calcula-se a rotação do estoque de matérias-primas no


armazém, ou seja, quantas vezes é renovado o armazém de matérias-primas em um
ano. Será o quociente entre as compras anuais de matérias-primas e o estoque médio
de matérias-primas:

Rotação na =

Considerando o ano comercial de 360 dias, o número de dias que as matérias-primas


têm estado no armazém será calculado dividindo o número de dias do ano entre as
rotações:

PMa = 360 / na

▪ Prazo médio de fabricação (PMf)

Para obter o PMf primeiro calcula-se a rotação dos produtos fabricados no exercício. As
vezes que se renova o processo de fabrico será o quociente entre os consumos anuais e
o estoque médio de produtos em andamento:

Rotação nf =

Considerando o ano comercial de 360 dias, o número de dias que são utilizados de média
na fabricação será calculado dividindo o número de dias do ano entre as rotações:

PMf = 360/ nf

▪ Prazo médio das vendas (PMv)

Para obter o PMv primeiro calcula-se a rotação dos estoques de produtos acabados, isto
é, quantas vezes por ano renova-se o armazém de produtos acabados. Será o quociente
entre as vendas anuais (avaliadas a preço de custo) dividido entre o estoque médio de
produtos acabados:

Rotação nv =

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Uma vez calculadas as rotações de produtos acabados que se realizam durante um ano,
os dias que de média permanecem os produtos acabados à espera de serem vendidos,
serão obtidos dividindo os dias do ano entre as rotações:

PMv=360/ nv

▪ Prazo médio de cobrança

No ciclo dinheiro-mercadorias-dinheiro, encontramos a parte final do processo: a


cobrança. O prazo médio de cobrança será representado como PMc.

A fim de obter o prazo médio de cobrança, calculamos primeiro as vezes que se renova
a carteira de direitos de cobrança sobre os clientes no exercício:

Rotação nc =

O número de dias que, em média, leva a empresa para cobrar os créditos com os clientes
serão calculados dividindo o número de dias do ano entre as rotações:

PMc = 360/ nc

O prazo de maturidade económica resultará da soma dos quatro subprazos:

PME = PMa + PMf + PMv + PMc

Temos calculado os dias que, em média, decorrem desde que as mercadorias entram no
armazém até a cobrança pela sua venda. No entanto, o ciclo dinheiro-mercadorias-
dinheiro não está completo. E é que a nossa empresa, por sua vez, pode atrasar o
pagamento das suas compras para os fornecedores, o que iria diminuir o período de dias
entre a cobrança e o pagamento. Se considerarmos o prazo médio de pagamento,
teremos o prazo de maturidade financeira.

▪ Prazo médio de pagamento= PMp

Até agora no ciclo dinheiro-mercadorias-dinheiro não tomamos em consideração que a


empresa pode igualmente atrasar o pagamento aos fornecedores. Para obter o prazo

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médio de pagamento calculamos primeiro as vezes que são renovadas as dívidas com
os fornecedores durante o ano:

Rotação np =

O número de dias que, em média, são necessários para pagar as dívidas com os
fornecedores serão calculados dividindo o número de dias do ano entre as rotações:

PMp: 360/np

O período de maturidade financeira é o resultado de subtrair ao prazo de maturidade


económica o período médio de pagamento aos fornecedores. Portanto:

PMF = PMa + PMf + PMv + PMc- PMp

Ou o que é a mesma coisa: PMF = PME - PMp

Em uma empresa comercial os processos são mais simples. A razão é que os bens são
comprados e vendidos sem transformá-los. Portanto, não há prazo de produção.
Também não há nenhum prazo de vendas, pois não existem dois armazéns (de matérias-
primas e de produtos acabados, apenas há um: o das mercadorias). Portanto:

PME = PMa + PMc

PMF = PMa + PMc - PMp

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Classificação econômica do Balanço patrimonial

Fundos Próprios
Imobilizado intangível
- Contribuições de capital

- Autofinanciamento
PATRIMÔNIO

LÍQUIDO
Imobilizado material Ajustes por mudanças de
Financiamento valor
Ativo
Básico
não circulante
Subsídios, doações e
legados
Investimentos
mobiliários recebidos

Passivo não Provisões a longo prazo


Investimentos circulante
financeiros a longo
prazo (Financiamento
alheio a longo Dívidas a longo prazo
prazo)

Ativos não circulantes Passivos vinculados com


mantidos para a venda ativos não circulantes
mantidos para a venda

Ativo Passivo circulante


Existências Provisões a curto prazo
Circulante (Financiamento alheio a curto prazo)

Devedores Dívidas a curto prazo

Investimentos
financeiros a

curto prazo Credores

Caixa

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Fuente: “Contabilidad para no economistas” (2009, p. 22)

▪ Caso prático de prazo médio de maturidade

Se o consumo de matérias-primas foi de 234.700 € e o saldo médio mantido em


armazém foi de 17.100 €, temos que:

1.- A rotação foi de 234.700/17.100 = 13,72 vezes.

2.- O PM de Armazenamento é de 26,60 dias.

Estes dados indicam que o armazém de matérias-primas foi renovado durante o ano
quase 14 vezes, ou seja, a cada 26,60 dias.

Se foram consumidos 412.300 € de produtos em andamento e o saldo médio mantido


em armazém foi de 49.115 €, teremos que:

1.- A rotação de produtos em andamento tem sido de 412.300/49.115 = 8,39 vezes.

2.- O PM de Fabricação tem sido de 365/8,39, ou seja, cada 43,50 dias.

Estes dois dados indicam que o armazém de produtos em andamento foi renovado
durante o ano mais de 8 vezes, quase todos os meses e meio (45 dias).

Se foram consumidos 968.550 € de produtos acabados e o saldo médio mantido em


armazém foi de 38.090 €, teremos que:

1.- A rotação dos produtos acabados foi 968.550/38.090 = 25,42 vezes.

2.- O PM de vendas tem sido de 365/25,42, ou seja, de 14,35 dias.

Com umas vendas de 1.545.970 € e um saldo médio de clientes de 309.194 €, teremos


que:

1.- A rotação da cobrança foi de 5 vezes.

2.- O PM de cobrança tem sido de 365/5 = 73 dias.

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Finalmente, algumas compras de 541.089,50 € e um saldo médio de fornecedores de


162.326,85 € implica que a rotação do pagamento é de 365/3,33, o que implica 109,6
dias.

Com isto tudo, podemos concluir que o PMM desta empresa seria, seguindo a forma de
cálculo:

P.M.M. = A+B+C+D-E -> P.M.M. = 26,6+43,5+14,35+73-109,6= 47,85 DIAS

▪ Conclusões do prazo médio de maturação

Nesse sentido, cada empresa enfatizará a importância de cada subprazo no seu processo
de produção, pois não é o mesmo um estaleiro dedicado à fabricação de barcos que
uma empresa de vendas de seguros. Da mesma forma, esses cinco subprazos podem ser
logicamente subdivididos em outros, dependendo da importância do subprazo que cada
empresa considere adequada e da sua influência. Devemos lembrar que tudo está
relacionado entre si, motivo pelo qual um período não pode ser nunca desprezado.

Para reduzir o prazo médio de maturação, a empresa pode ter uma série de meios ou
“aceleradores” que, agindo no ciclo do exercício, podem reduzir o seu prazo.

Como diretriz, podem aplicar-se as seguintes medidas, embora cada empresa de


maneira particular, ao analisar o seu período médio de maturação, deverá considerar as
suas próprias medidas a tomar em função das suas especificidades.

✓ Sobre as compras: com uma melhoria das condições comerciais e de crédito.


Integrar os fornecedores na cadeia produtiva, diminuindo o período de recepção
de matérias-primas.

✓ Sobre a produção: aplicando melhorias na produtividade, agilizando as tarefas


através da mecanização e padronização da produção, eliminando erros
repetitivos, dando suporte aos processos de qualidade de suporte e melhoria
contínua.

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✓ Sobre as vendas: diminuir os estoques mínimos de segurança. Melhorar o


marketing.

✓ Sobre a cobrança: avanços de clientes, descontos financeiros, rappels, etc.

As consequências da aceleração podem ser as seguintes:

✓ Maior produtividade e rentabilidade

✓ Aceleração do processo de amortização da estrutura técnica devido à sua maior


aplicação no processo de produção.

✓ Renovação e melhoria da estrutura fixa.

1.4. AS NECESSIDADES DE CAPITAL DA EMPRESA

Para garantir o desenvolvimento do processo produtivo da empresa, é necessário


realizar uma série de investimentos tanto no ativo fixo como no ativo circulante.

Neste sentido, podemos agrupar as necessidades de capital da empresa nas seguintes


seções:

▪ Imobilizado:

Está constituído pelos investimentos permanentes ou a longo prazo da empresa, e que,


em princípio, são necessários para o desenvolvimento do seu processo produtivo:
maquinaria industrial, veículos, imobilizações financeiras, aplicações informáticas,
patentes, etc.

▪ Ativo de exploração ou existências:

Nesta seção estão incluídos todos os bens ou inputs adquiridos pela empresa, seja para
vender diretamente ou para se submeter a um processo de transformação, assim como

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os produtos em processo de fabricação ou os produtos acabados, e também aqueles


bens de natureza complementar, tais como os recipientes ou as embalagens.

▪ Ativo realizável a curto prazo:

São considerados nesta seção todos os valores que já são eficazes ou os que podem ser
rapidamente transformados em disponíveis. Os ativos realizáveis a curto prazo incluem
os empregos não ligados ao processo produtivo, tais como o investimento em
excedentes de tesouraria em depósitos, empréstimos concedidos, assim como os
empregos ligados ao processo de produção, empréstimos a clientes, adiantamentos de
pagamento aos trabalhadores, etc

As necessidades de capital “cíclicas” da empresa são aquelas que tendem a assegurar o


bom funcionamento do ciclo de exploração. A empresa tem que usar parte dos seus
recursos financeiros para comprar matérias-primas, pagar aos trabalhadores e os outros
serviços que a atividade produtiva exige.

Além dessas necessidades cíclicas, existem outras necessidades de capital na empresa


que estão diretamente ligadas à sua própria vida ou estrutura, mas não são de natureza
cíclica, como, por exemplo, a aquisição de uma patente, a renovação tecnológica da
maquinaria, etc. O objetivo destes investimentos é, em princípio, garantir e melhorar o
ciclo produtivo da empresa.

1.5. AS FONTES DE FINANCIAMENTO DA EMPRESA

A estrutura financeira da empresa, em geral, pode definir-se como a composição dos


diferentes recursos financeiros que possui em um determinado momento. Esta
estrutura pode ser contemplada desde diferentes pontos de vista, dependendo de sua
origem, do seu caráter temporal ou de acordo com as caraterísticas dos financiadores.

A importância dos recursos financeiros e sua adequada estrutura ou composição na área


empresarial é de extrema relevância. A estrutura de investimento ideal será aquela que

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permita obter uma rentabilidade máxima. É evidente que a empresa deve conseguir que
a rentabilidade dos seus investimentos seja mais elevada do que o custo das suas fontes
de financiamento.

Existem recursos financeiros que a empresa obtém espontaneamente, sem necessidade


de negociação. Um exemplo disso são os impostos, os empréstimos de fornecedores, os
adiantamentos de clientes, etc.

Cada empresa deve estimar ela mesma quais são as fontes de financiamento que
precisa, quais as caraterísticas que devem ter, principalmente o custo e o prazo, e como
pode aceder a elas. Por exemplo, uma empresa pode considerar, a fim de abrir uma
nova linha de produção, que tipo de financiamento pode ser melhor: um aumento de
capital, ou um financiamento externo através de empréstimos de bancos, ou por
emissão de dívida a partir da própria empresa (obrigações).

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