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Escola Estadual de

Educação Profissional - EEEP


Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Curso Técnico em Finanças

Orçamento, Planejamento
e Controle Financeiro I
Governador
Cid Ferreira Gomes

Vice Governador
Francisco José Pinheiro

Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia

Secretário Executivo
Antônio Idilvan de Lima Alencar

Assessora Institucional do Gabinete da Seduc


Cristiane Carvalho Holanda

Coordenadora de Desenvolvimento da Escola


Maria da Conceição Ávila de Misquita Vinãs

Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC


Thereza Maria de Castro Paes Barreto
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

SUMÁRIO

Introdução .............................................................................PÁG 02

Capital de giro ......................................................................PÁG 03

Capital de giro necessário.....................................................PÁG 05

Formação de capital de giro..................................................PÁG 10

Avaliação do potencial do capital de giro .............................PÁG 14

Orçamento de investimentos fixos........................................PÁG 15

Instrumentos de avaliação dos orçamentos..........................PÁG 17

Vantagens e desvantagens na utilização de orçamentos.....PÁG 22

Exercícios .............................................................................PÁG 24

Bibliografia ............................................................................PÁG 30

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FINANÇAS – Orçamento, Planejamento e Controle Financeiro I
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INTRODUÇÃO

Caro aluno,

O enfoque central dessa apostila é o orçamento empresarial e capital de giro para o


planejamento e o controle financeiro, e consequentemente sua aplicação na prática
organizacional da empresa.

A partir dessas informações serão identificados os elementos essenciais e


estratégicos de uma política de orçamento, planejamento e controle financeiro.

Bom curso a todos!

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CAPITAL DE GIRO

Introdução

Capital de giro é o conjunto de valores necessários para a empresa fazer seus


negócios acontecerem (girar). Existe a expressão "Capital em Giro", que seriam os
bens efetivamente em uso.

É o recurso que auto-financia a atividade principal de uma empresa, ou seja, é o


capital necessário para continuar a adquirir os bens que serão revendidos no volume
que o seu mercado consome, e continuar a obter a sua principal fonte de renda
perenemente.

O desvio de recursos do Capital de Giro ocasionará na compra de menos


mercadorias e, obviamente, venda bem menor, diminuição do fluxo de caixa e
dificuldades financeiras para honrar compromissos. O Capital de Giro deve ser
intocável, pois é ele a maior fonte de renda da empresa.

Em geral de 50 a 60% do total dos ativos de uma empresa representam a fatia


correspondente a este capital, normalmente mercadorias e dinheiro. Além de sua
participação sobre o total dos ativos da empresa, o capital de giro exige um esforço
para ser gerido pelo administrador financeiro maior do que aquele requerido pelo
capital fixo.

O capital de giro precisa ser acompanhado e monitorado constantemente, pois está


sofrendo o impacto das diversas mudanças no panorama econômico enfrentado pela
empresa de forma contínua.

As dificuldades relativas ao capital de giro numa empresa são devidas, principalmente,


à ocorrência dos seguintes fatores:

- Redução de vendas

- Crescimento da inadimplência

- Aumento das despesas financeiras

- Aumento de custos

Denominando-se de "aplicação permanente" as contas não circulantes do ativo e de


"fonte permanente" as contas não circulantes do passivo, define-se como Capital de
Giro (CG) a diferença entre as fontes permanentes e aplicações permanentes.

CG = Passivo Permanente - Ativo Permanente.

O Capital de Giro também é um conceito econômico - financeiro e não uma definição


legal, constituindo uma fonte de fundos permanente utilizada para financiar a
Necessidade de Capital de Giro.

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O Capital de Giro apresenta-se razoavelmente estável ao longo do tempo. O Capital


de Giro diminui quando a empresa realiza novos investimentos em bens do ativo
permanente (aumento dos imobilizados).

Todavia, esses investimentos são, em geral, realizados através de


"Autofinanciamento" (empréstimos a longo prazo, aumento do capital em dinheiro e
lucros líquidos) que por sua vez, aumentam o Capital de Giro (aumento das fontes
permanentes) compensando, aproximadamente, a diminuição provocada pelos novos
investimentos.

O Capital de Giro pode ser negativo. Neste caso, as aplicações permanentes são
maiores do que as fontes permanentes, significando que a empresa financia parte de
seu ativo permanente com fundos de curto prazo. Embora esta condição aumente o
risco de insolvência, a empresa poderá se desenvolver, desde que sua Necessidade
de Capital de Giro seja, também negativa.

Em Contabilidade, existe o Capital de Giro Circulante (CGC), também conhecido como


Capital Circulante Líquido (CCL), que seria a diferença do Ativo Circulante (AC) e do
Passivo Circulante (PC), grupos de contas do Balanço Patrimonial.

Assim, em contabilidade, tem-se:

CCL = CGC = AC - PC

Esse índice é decomposto na Demonstração conhecida legalmente como


Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos, fonte de valiosos dados
econômicos acerca da informação contábil. Essa Demonstração (que antes da lei das
S/A também já foi chamada de Demonstração de Fundos), pode ser combinada com a
Demonstração de Fluxo de Caixa, acrescentado-se informações financeiras de uso
gerencial.

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CAPITAL DE GIRO NECESSÁRIO

Em todas as etapas da vida de uma empresa poderão surgir necessidades financeiras


que exigem financiamento externo, como:

 Capital inicial – utilizado para pesquisas e planejamentos iniciais

 Capital de giro – utilizado para o financiamento do ciclo operacional da


empresa.

 Capital mezanino ou de expansão – utilizado para o financiamento da


expansão da empresa.

 Capital ponte – como o próprio nome já diz, faz a ponte entre o capital atual e o
próximo nível de financiamento da empresa.

O nosso foco será o estudo do capital de giro. Ele é necessário para cobrir despesas
como folha de pagamento e despesas periféricas; serviços públicos
(telefone,energia,serviços de internet/comunicação, etc ); aluguel; marketing e custos
relacionados a vendas; suprimentos; manutenção; seguro; impostos

A administração do capital de giro envolve basicamente as decisões de compra e


venda tomadas pela empresa, assim como suas atividades operacionais e financeiras.
Deve garantir também a adequada consecução da política de estocagem, compra de
materiais, produção, venda de produtos e mercadorias e prazo de recebimento a
importância do capital d giro varia em função das características da empresa, do
desempenho da economia e da relação risco/rentabilidade desejada. Um dos
principais motivos da falência é a falta de capital de giro suficiente ou o seu mau
gerenciamento.

O volume de capital de giro utilizado por uma empresa depende de seu volume de
vendas, de sua política de crédito comercial e do nível de estoques que ela precisa
manter. Duas considerações muito importantes na administração do capital de giro são
os ciclos econômicos e a sazonalidade específica de determinados negócios.

O correto dimensionamento da necessidade de capital de giro é um dos maiores


desafios do administrador financeiro. Elevado volume de capital de giro irá desviar
recursos financeiros que poderiam ser aplicados nos ativos permanentes da empresa.
Todavia, capital de giro muito reduzido restringirá a capacidade de operação e de
vendas da empresa. A necessidade de capital de giro pode ser estimada de dois
modos: com base no ciclo financeiro ou com utilização dos demonstrativos contábeis
(balanço patrimonial).

Cálculo com Base no Ciclo Financeiro - Esse método é aplicável a uma empresa em
fase de implantação, por ainda não dispor de demonstrações contábeis. A
necessidade de capital de giro corresponde ao caixa operacional, ou seja, ao

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montante mínimo de recursos financeiros necessários para garantir a operacionalidade


da empresa.

Cálculo com Base no Balanço Patrimonial - O capital de giro líquido (CGL) é definido
como a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante. Porém, nem todo o
valor do CGL assim calculado representa efetiva necessidade de investimento. O ativo
circulante contém contas transitórias (caixa, bancos, aplicações financeiras de curto
prazo) e no passivo circulante também são transitórios os empréstimos e
financiamentos de curto prazo, bem como os seus respectivos encargos financeiros.
Essas contas transitórias (ativo e passivo flutuantes) não estão relacionadas à
necessidade de investimento em capital de giro.

Para se calcular a necessidade de capital de giro de uma empresa com base em seu
balanço patrimonial é necessário que se reclassifiquem algumas contas tanto do ativo
como do passivo – com a finalidade específica de se proceder a esses cálculos.
Passa-se a considerar o balanço patrimonial da seguinte maneira:

 Ativo Permanente (AP) – formado pelos itens de longo prazo do ativo. Seu valor é
igual à soma dos seguintes itens: realizável a longo prazo, investimento,
imobilizado e diferido.

 Ativo Operacional (AO) – representa os recursos utilizados nas operações da


empresa que dependem das características de seu ciclo operacional. É composto
por: duplicatas a receber, estoques e outros valores a receber que possuem
natureza permanente.

 Ativo Flutuante (AF) – corresponde aos itens de curtíssimo prazo do ativo


circulante que possuem natureza transitória como caixa, bancos e aplicações
financeiras de curto prazo.

 Passivo Permanente (PP) – é formado pelas contas de longo prazo do passivo e


representa a fonte permanente de recursos financeiros da empresa. É igual à
soma do exigível a longo prazo com o patrimônio líquido.

 Passivo Operacional (PO) – representa as contas do passivo vinculadas ao ciclo


operacional da empresa, tais como fornecedores, salários, encargos, impostos,
taxas e outras contas a pagar.

 Passivo Flutuante ( PF) – corresponde aos itens de curtíssimo prazo do passivo


circulante que não têm vinculação direta com as operações da empresa. São eles:
empréstimos, financiamentos e outras obrigações financeiras de curto prazo.

A fórmula de cálculo da necessidade de capital de giro (NCG) é:

NCG = ATIVO OPERACIONAL – PASSIVO OPERACIONAL

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Por Que a Necessidade de Capital de Giro ?

a) Mutações no Nível de Operações

Justificam-se quando a empresa é propulsionada a um maior volume de vendas, e


conseqüentemente precisará de mais estoques, e suas disponibilidades estarão na
dependência da reação das próprias vendas.

Essas mutações poderão ocorrer: por vendas sazonais, esperadas pela normalidade
nas operações da empresa, ou até por excepcionalidade; por mudanças cíclicas
decorrentes talvez do próprio mercado; em decorrência do próprio crescimento da
empresa, ao qual toda organização está sujeita.

Podemos acrescentar uma quarta ocorrência, que seria a dependência


governamental, que através de sua política econômica poderia levar as empresas a
maior produção, conforme ocorreu em tantas oportunidades no Brasil.

b) Mudanças de Política

Trata-se de alterações internas ocorridas na própria empresa, que poderá a título de


exemplo, ampliar o prazo de pagamento nas suas vendas a prazo, ou diferenciar sua
forma de produção diminuindo o prazo médio de rotação de seus estoques, em dado
momento.

c) Mutações na Tecnologia

Essa variável coloca as empresas modernas constantemente em sujeição.

O processo da humanidade principalmente na área de processamento de dados, tem


justificado a presença de equipamentos alterando o processo produtivo.

Poderá ocorrer, pelas mudanças de implantação, necessidades de capital de giro de


forma ampla: não só no ativo circulante como no ativo permanente.

Como Decidir a Necessidade?

a) As Decisões São Tomadas “Na Margem”

Segundo pode ser percebido, o administrador irá levar sempre em conta na decisão a
receita adicional que trará qualquer iniciativa sua, por exemplo, em ampliar seus
estoques ou aumentar o prazo a seus clientes. A expansão “na margem” estaria
prescrita à segurança e interesse em alteração numa política já existente de
administração daqueles ativos.

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b) Igualdade Entre Custo Marginal e Receita Marginal

A decisão estaria relacionada à dependência de o lucro líquido adicional que o


aumento de capital de giro traga, e a relação de compensação com os custos exigidos
para o próprio aumento de capital de giro necessário àquela tomada de decisão.

c) O Papel da Incerteza

As empresas não operam em condições de absoluta segurança em seus negócios.


Fatores internos e externos poderão provocar alterações no ritmo operacional.

A incerteza deve ser um fator considerado em qualquer decisão, o risco pode ser
avaliado e possivelmente até medido. O importante é que, ao ser previsto, possa
assegurar ao administrador o mínimo de segurança a qualquer fator que provoque
distorções quanto ao equilíbrio desejado.

Como Medir e Calcular a Necessidade?

a) Reposição dos Estoques Vendidos

A cautela a ser tomada pressupõe a necessidade de estabelecer-se como ponto de


partida para o estabelecimento do preço de venda, o custo de reposição.

É claro que o custo de reposição já teria incluída a expectativa inflacionária de


determinado período de tempo. Dessa forma, estoques momentaneamente vendidos,
poderiam ser repostos sem qualquer erro financeiro que pudesse vir a prejudicar o
disponível.

b) Acompanhamento da Taxa de Inflação nas Vendas a Prazo

A composição do preço de venda também deverá estabelecer a expectativa


inflacionária do período previsto entre a data da venda e a data do recebimento,
visando que o disponível pudesse reagir favoravelmente às despesas que lhe viessem
a ser impostas no decorrer desse período.

c) Recuperação de Disponibilidade Excessivas Momentâneas

Entre quaisquer datas que o disponível permaneça excessivo ou ocioso, a empresa


deve acautelar-se mediante aplicações de curto prazo, recuperando-se assim da
perda inflacionária por um dia até, se fosse o caso.

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Uma vez que essas preocupações sejam levantadas e percebidas, a decisão de


ampliação do capital de giro deverá ser compatível com as necessidades da empresa
e ela terá de buscar no mercado: financeiro ou comercial, a importância adequada a
essa adequação.

Essa compatibilidade estaria, por seu lado, restrita ao passado da empresa, se


fôssemos considerar uma análise em seus dados contábeis já ocorridos, ou poderia
levar em conta suas intenções futuras de incremento, manutenção ou mesmo redução
de suas atividades.

Para determinar a medição da necessidade de capital de giro, iremos analisar o


método dos prazos médios.

O método é baseado na fórmula:

NCG = CF X Vd + A

Onde:

NCG = Necessidade de Capital de Giro, no momento da análise

CF = Ciclo Financeiro, em dias, obtido pela soma do prazo


médio de recebimento das vendas e do prazo médio de renovação dos
estoques, diminuído do prazo médio de pagamento das compras

Vd = Vendas Diárias, no momento da análise.

A = Ajustes, obtido pela dedução de outros ativos circulantes


dos outros passivos circulantes

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FORMAÇAO DO CAPITAL DE GIRO

O capital de giro necessita de recursos para seu financiamento, como acontece com o
capital permanente. Assim, quanto maior for o capital de giro, maior será a
necessidade de financiamento, seja com recursos próprios, seja com recursos de
terceiros.
Como acontece no trato de muitos outros problemas, a ação preventiva tem um papel
importante para a solução dos problemas de capital de giro.

A principal ação consiste na formação de reserva financeira para enfrentar as


mudanças inesperadas no quadro financeiro da empresa.

A determinação do volume dessa reserva financeira levará em conta o grau de


proteção que se deseja para o capital de giro. Também uma análise do tipo "o que
aconteceria ao capital de giro se...." poderia ser bastante útil para se formular a
estimativa do volume da reserva financeira.

À primeira vista, poderia soar antieconômico a formação de uma reserva financeira, já


que esta decisão tiraria recursos financeiros que de outra forma deveriam ser
aplicados no investimento em ativos fixos de modo a permitir a expansão da empresa.

Dada a alta volatilidade da economia brasileira, a formação de reserva financeira para


o capital de giro deveria ser a prioridade econômica fundamental da empresa. Além
disso, os recursos destinados e essa reserva seriam aplicados no mercado financeiro,
onde as taxas de juros têm sido maiores do que a taxa de rentabilidade do capital fixo.

Quando a empresa encurta seu ciclo econômico - este pode ser definido como o
tempo necessário à transformação dos insumos adquiridos em produtos ou serviços -
suas necessidades de capital de giro se reduzem drasticamente.

Numa indústria, a redução do ciclo econômico significa um menor tempo para produzir
e vender. No comércio, esta redução significa um giro mais rápido dos estoques. Na
atividade de serviços, a redução do ciclo econômico significa basicamente trabalhar
com um cronograma mais curto para a execução dos serviços,

A redução do ciclo econômico não é uma função tipicamente financeira. Ela requer o
apoio de funções como produção, operação e logística.

A inadimplência dos clientes de uma empresa pode decorrer do quadro econômico


geral do país ou de fatores no âmbito da própria empresa.

No primeiro caso, a contração geral da atividade econômica e a conseqüente


diminuição da renda das pessoas, tende a aumentar a inadimplência. Nesta situação,
a empresa tem pouco controle sobre o problema.

Quando a inadimplência é decorrente de práticas de crédito inadequadas,


estabelecidas pela própria empresa, existe uma solução viável para o problema. Neste
caso, é preciso dar mais atenção à qualidade das vendas (tanto as vendas a crédito
como as vendas faturadas) do que ao volume dessas vendas. No caso das vendas a
crédito, também será recomendável uma redução do prazo de pagamento concedido
aos clientes.

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Na tentativa de suprir a insuficiência de capital de giro, muitas empresa utilizam


empréstimos de custo elevado. Como regra, qualquer dinheiro captado a um custo
maior do que 1,17% ao mês (ou 15% ao ano) em termos reais, é incompatível com a
rentabilidade normal da empresa que é de 15 % ao ano, também em termos reais.
Assim, uma linha de crédito de curto prazo que hoje não custa menos do 2% ao mês
em termos reais, é claramente antieconômica.

O financiamento de capital de giro a uma taxa real maior do que 1,17% ao mês, pode
resolver o problema imediato de caixa da empresa, mas cria um novo problema - seu
pagamento.

O administrador tem consciência da inviabilidade do custo financeiro dos


financiamentos de capital de giro. Ele tenta ganhar tempo, esperando que uma
melhora posterior nas condições de mercado da empresa permitam pagar o capital de
terceiros. Todavia, quando a recuperação das vendas acontece, a empresa já
acumulou um estoque de dívidas cujo pagamento será impraticável.

Quando a empresa consegue negociar um prazo maior para o pagamento de suas


dívidas, ela adia as saídas de caixa correspondentes e, portanto, melhora seu capital
de giro. Embora essa melhora seja provisória, ajudará bastante até que a empresa se
ajuste financeiramente.

Também neste caso, é importante uma atenção especial para o custo do alongamento
de prazo. Ele precisa ser suportado pela rentabilidade da empresa.

A implantação de um programa de redução de custos tem um efeito positivo sobre o


capital de giro da empresa desde que não traga restrições às suas vendas ou à
execução de suas operações.

Uma vez que a empresa com problema de capital de giro também estará com sua
capacidade de investimento comprometida, a redução de custos em atividades como
modernização, automação ou informatização não será possível.

Diante de uma crise de capital de giro, o programa de redução de custos tem natureza
compulsória e seu grande desafio é identificar aqueles itens de gastos que possam ser
cortados sem grandes prejuízos para as atividades da empresa. Dificilmente serão
encontrados gastos supérfluos ou desperdícios, pois a crise de capital de giro
naturalmente já os deve ter eliminados.

A política de substituição de passivos consiste em trocar uma dívida por outra de


menor custo financeiro. Por exemplo, uma empresa de grande porte poderia adotar
esta solução, através do lançamento de títulos no exterior ou mesmo fazendo um
lançamento de ações. Entretanto, as empresas de pequeno e médio porte não têm
essa opção. Um programa tradicional de substituição de passivos para essas
empresas quase sempre significaria trocar seis por meia dúzia.

Numa situação extrema, as pequenas e médias empresas poderiam trocar passivo


exigível por passivo não exigível (capital), através da admissão de novos sócios. Sem
dúvida, esta seria uma solução a ser adotada em último caso.

É evidente que existe um forte entrelaçamento entre a administração do capital de giro


da empresa e sua administração estratégica.

Por isso, a solução definitiva para o problema do capital de giro consiste na


recuperação da lucratividade da empresa e a conseqüente recomposição de seu fluxo

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de caixa.

Esta solução exige a adoção de medidas estratégicas de grande alcance que vão
desde o lançamento de novos produtos ou serviços e a eliminação de outros, adoção
de novos canais de venda ou até mesmo a reconfiguração do negócio como um todo.

Desse modo, a solução dos problemas de capital de giro de uma empresa requer
muito mais do que medidas financeiras. Estratégias, operações e práticas gerenciais,
entre outras, precisarão ser repensadas para que o capital de giro volte ao estado de
normalidade.

Há duas alternativas para o financiamento de capital de uma empresa:

O capital de débito (empréstimos) ou


O capital próprio (financiamento por pessoas ou firmas que fazem parte da empresa0

O capita de giro próprio (CGP) – é entendido como o volume de recursos próprios que
a empresa aplica em seu ativo circulante.

Veja:

Patrimônio Líquido XXX


(-) Aplicações Permanentes
Ativo Permanente XXX
Realizável a longo prazo XXX
Capital de giro próprio XXX

O CGP reflete mais adequadamente recursos do passivo de longo prazo alocados em


itens ativos não permanentes.

CGP – CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO - Indica quanto dos recursos próprios da


empresa estão sendo utilizados no Capital de Giro.

CGP = Recursos Próprios ( - ) Ativo Fixo

Aumenta com:
• Geração de lucros;
• Aporte de capital;
• Venda de Imobilizados.

Diminui com:
• Geração de prejuízos;
• Distribuição de lucros;
• Aquisição de Imobilizados

O capital de giro pode ser classificado em

Permanente – é um investimento cíclico de recursos em giro que se repete


periodicamente, assumindo caráter de permanente. É determinado pela atividade
normal da empresa. Seu montante é definido pelo nível mínimo de necessidades de
recursos pelo ciclo operacional.

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Sazonal – é determinado pelas variações temporárias que ocorrem normalmente nos


negócios de uma empresa.

A formação do capital de giro deve ser a prioridade financeira fundamental da


empresa, se não conseguir com as aplicações financeiras a organização poderá optar
pela redução do tempo para produzir e vender, isto significa um giro mais rápido dos
estoques.

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DO CG

Capital de Giro Líquido (CGL) - Também chamado de capital circulante líquido,


corresponde à diferença aritmética entre o ativo circulante e o passivo circulante e
representa a medida da liquidez da empresa, refletindo sua capacidade de gerenciar
as relações com fornecedores e clientes.

CGL = ATIVO CIRCULANTE – PASSIVO CIRCULANTE

CGL positivo - Quando o valor do ativo circulante supera o do passivo circulante.


Representa a parcela dos ativos circulantes da empresa financiada com recursos a
longo prazo (soma do exigível a longo prazo com patrimônio líquido), os quais
excedem as necessidades de financiamento dos ativos permanentes.

CGL negativo - Quando o valor do ativo circulante é menor que o do passivo


circulante. É a parcela dos ativos permanentes da empresa que está sendo financiada
com passivos circulantes, ou seja, com capitais de curto prazo, o que denota um
quadro de risco.

O objetivo da administração financeira a curto prazo é gerir cada um dos itens do ativo
circulante (caixa, bancos, aplicações financeiras, contas a receber, estoques etc) e do
passivo circulante (fornecedores, contas a pagar, empréstimos etc.), a fim de alcançar
um equilíbrio entre lucratividade e risco que contribua positivamente para aumentar o
valor da empresa. Um investimento alto demais em ativos circulantes reduz a
lucratividade, enquanto um investimento baixo demais aumenta o risco de a empresa
não poder honrar suas obrigações nos prazos pactuados. Ambas as situações
conduzem à redução do valor da empresa.

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ORÇAMENTO DE INVESTIMENTOS FIXOS

Entende-se por investimento qualquer aplicação de recursos de capital com vistas à


obtenção de um fluxo de benefícios, ao longo de um determinado período futuro.
Financeiramente, o investimento corresponde a uma imobilização de recursos no
sentido de que estes são aplicados com o objetivo de permanecerem investidos na
atividade selecionada por um período de tempo relativamente longo.

São identificados como gastos de investimentos todos aqueles realizados no período


de implantação do projeto. Os gastos com investimento estão relacionados com a
aquisição dos fatores considerados fixos – terrenos, equipamentos, edifícios.

Há duas categorias principais de investimentos: investimento fixo e investimento


circulante (capital de giro).

O investimento fixo de um projeto compreende um conjunto de bens tangíveis e


intangíveis vinculados ao seu processo tecnológico que se pretende não venha a ser
objeto de transações correntes.

Os ativos fixos são classificados como:

Tangíveis:

 Sujeitos a depreciação ou esgotamento (reserva minerais, maquinaria,


edifícios, etc);

 Não sujeitos a depreciação (terrenos)

Intangíveis :

 Patentes, direitos autorais, gastos organizacionais e de funcionamento.

Os elementos que compõem o investimento fixo de um projeto podem ser


desdobrados nos seguintes itens principais:

 Terrenos e jazidas – compreendendo todos os gastos necessários à aquisição


e utilização dos terrenos exigidos para implantação do projeto: custo de
aquisição, despesas de cartório, gastos com limpeza, drenagem, etc

 Construções – compreendendo os gastos com fundações, construções de


edifícios, cercas, muros, estradas, instalações complementares, etc.

 Máquinas e equipamentos – compreendendo gastos com máquinas ligadas


diretamente ao processo tecnológico da empresa e equipamentos auxiliares
como sistemas de comunicação, equipamentos elétricos, etc.

 Veículos ou embarcações – caminhos, automóveis, tratores, empilhadeiras,


etc.

 Móveis e utensílios – mobília de escritório e fábrica

 Outros – estudos preliminares e custo do projeto; gastos de organização


patentes; engenharia e administração de instalação; colocação em
funcionamento; instalação de obras; etc.

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 Imprevistos ou eventuais – é estimado de forma mais ou menos arbitrária,


como uma previsão de erros de cálculo ou estimativa. Na prática utiliza-se uma
porcentagem de 10% sobre o total do investimento estimado.
Assim são elaborados projetos que podem ser de:

- Investimentos: com o objetivo de disponibilizar um determinado capital fixo.


- Investigação e desenvolvimento: com o objetivo de aperfeiçoar técnicas ou produtos

Orçamento de Investimentos ou Imobilizações incluem custos com racionalização da


produção: aumento de produtividade com os fatores utilizados;marketing: encontrar o
melhor mix de mercadorias, produtos e serviços; recursos escassos: aplicação de
recursos de modo a maximizar a riqueza da empresa; ampliação do parque de
máquinas e/ou edifícios: quando uma empresa não tem capacidade para cumprir o
programa de produção. E inclui também os desinvestimentos previstos. Engloba
ainda os investimentos de substituição cujo objetivo é a manutenção da capacidade
produtiva.

A Constituição Federal, em seu art. 165, parágrafo 5º, inciso II, determina que o
Orçamento de Investimento de cada empresa em que a União, direta ou indiretamente,
detenha a maioria do capital social com direito a voto, seja submetido à aprovação do
Congresso Nacional.

Os investimentos são os valores agregados ao ativo imobilizado e formação do ativo


diferido, proveniente de imobilizações, de acordo com as determinações da Lei
6.404/76, discriminados pro subprojetos/ subatividades (subtítulos), definidos a partir
das disposições e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO.

Fases do processo de investimento:

Prospecção: Busca de novos negócios, através de uma rede de relacionamentos


pessoais e empresariais.

Seleção: Escolha de negócios, com as características do escopo de investimento dos


recursos administrados. Estas características podem ser segmento de atuação, porte,
produto, região geográfica, estágio de desenvolvimento da empresa, entre outros
fatores.

Análise: É realizada através do Plano de Negócios e de um processo de verificação


das informações do mercado, da tecnologia envolvida, entre outros fatores. São
avaliados: viabilidade do negócio, perspectivas de crescimento, dinâmica do mercado,
riscos envolvidos, retorno esperado para a empresa, saúde financeira, contratos e
capacidade gerencial da equipe empreendedora em realizar o Plano de Negócios.

Avaliação contábil, fiscal e legal: A empresa é auditada, com o objetivo de se


verificarem eventuais passivos financeiros, fiscais, trabalhistas, operacionais, entre
outros, existentes ou potenciais.

Investimento: É efetivado através da aplicação dos recursos disponibilizados para o


investimentos.

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INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DOS ORÇAMENTOS

A avaliação dos projetos é composta por 3 planos:

_ Plano de investimentos

_ Plano de exploração

_ Plano de financiamento

Plano de Investimentos:

É constituído pelas listagens de todas as rubricas quantificadas. Deve incluir as


despesas preliminares, terrenos, edifícios, equipamentos e investimento em fundo de
maneio necessário.

O processo de decisões de investimentos é uma atividade fundamental para que


qualquer empresa cresça ou, como em um amplo número de casos, tenha condições
de se manter. No entanto, esse procedimento envolve riscos e a ação tomada com o
objetivo de alavancar o crescimento da organização pode vir a se tornar um grande
problema financeiro.

Para minimizar os riscos dos investimentos é necessário que a empresa tenha


conhecimento dos seus gastos para o período em que os investimentos serão
realizados. Dado este conhecimento, a organização deve assegurar que os
investimentos planejados não afetem a sustentabilidade do caixa, prevendo cortes
caso seja necessário. Um Plano de Investimentos é definido com o intuito de deixar
claro quais são os pontos críticos ou prioridades da empresa e a que objetivos do
Planejamento Estratégico os gastos planejados estão relacionados.

Em empresas privadas, que objetivam o lucro, espera-se que os gastos investidos


tenham um resultado financeiro como retorno, mesmo que indiretamente. No entanto,
no caso de empresas juniores, de um modo geral, o retorno dos investimentos está
ligado ao desenvolvimento de seus membros.
O plano de investimento corresponde ao inventario e avaliação dos elementos
necessários para o arranque da empresa. Os empréstimos obtidos são,
frequentemente, função do plano de investimento e não há nada pior que descobrir,
durante a fase de arranque do negócio, que a dimensão financeira do investimento foi
calculada insuficientemente.
Os montantes incluídos no plano de investimento devem refletir os preços reais
(incluindo o IVA) no momento do pagamento.

Estes montantes correspondem, de uma forma simplificada, ao somatório das


seguintes despesas:

· Investimento em capital fixo corpóreo;


· Investimento em capital fixo incorpóreo e despesas plurianuais;
· Fundo de maneio;
· Imprevistos.

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Cálculo das imobilizações corpóreas

Os edifícios, os equipamentos básicos, de transporte e administrativos, por exemplo,


constituem elementos corpóreos indispensáveis ao arranque e funcionamento normal
da empresa, que acarretam necessariamente despesas de investimento. O cálculo do
montante respectivo poderá ser obtido, com alguma segurança, listando,
exaustivamente, todos os elementos que integram o ativo fixo corpóreo da futura
empresa, pedindo orçamentos aos fornecedores (relativamente a investimentos em
que tal se justifique) e fazendo um cálculo aproximado para as restantes despesas.

· Cálculo das imobilizações incorpóreas e despesas plurianuais

Integram-se aqui as despesas relativas à constituição da empresa (elaboração de


estatutos, declarações, registros e publicações) e ainda as correspondentes a
trespasses, estudos e projetos, campanhas de lançamento de novos produtos,
patentes, marcas, alvarás, licenças, etc. As despesas plurianuais decorrem, numa
primeira instância, das despesas de coordenação e de fiscalização do projecto, mas
também da obrigatoriedade de pagamento de juros e de amortização dos empréstimos
contratados.

· Cálculo do fundo de maneio

A regra do equilíbrio financeiro mínimo é satisfeita quando o grau de liquidez das


aplicações é, pelo menos, igual ao prazo de exigibilidade dos fundos utilizados no seu
financiamento, ou seja, quando o capital ou ativo circulante - que corresponde ao
somatório do disponível, realizável a curto prazo e existências, ou seja, aos elementos
patrimoniais diretamente ligados ao ciclo de exploração da empresa e que, por isso,
circulam incessantemente no seu interior - é igual ao exigível a curto prazo.
Contudo, esta regra não contempla a eventual ocorrência de rupturas na rotação dos
elementos integrantes do capital circulante, que venham a comprometer a liquidação
do exigível a curto prazo na data do respectivo vencimento, como, por exemplo, o
atraso no recebimento de um crédito, o desencadear de uma greve, etc.
Desta maneira, e no sentido de evitar as consequências resultantes dos desequilíbrios
provenientes de eventuais rupturas na rotação do capital circulante, não
acompanhadas da automática readaptação do grau de exigibilidade do passivo de
curto prazo, imperiosa se torna a existência de uma margem de segurança.
O Fundo de Maneio é, em suma, a parcela de capitais permanentes que financia
capitais circulantes, ou seja, a margem de segurança de tesouraria advém do facto de
um determinado montante do capital circulante, com um grau de liquidez geralmente
de curto prazo, ser coberto financeiramente por capitais permanentes, caracterizados
por um prazo de exigibilidade superior.
Embora na prática seja vulgar identificar o Fundo de Maneio com a Reserva de
Segurança de Tesouraria, o empresário deve estar consciente de que não significam o
mesmo, já que o Fundo de Maneio é constituído pela Reserva de Segurança de
Tesouraria, pelo crédito concedido a clientes e pelas existências ao que se subtrai o
crédito obtido de fornecedores.
O Fundo de Maneio corresponde ao montante necessário para assegurar a atividade
normal da empresa e calcula-se do seguinte modo:

Reserva de Segurança de Tesouraria + crédito concedido + existências - crédito obtido


de fornecedores

A Reserva de Segurança de Tesouraria representa o volume mínimo de

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disponibilidades necessário para a empresa enfrentar, sem dificuldades, eventuais


atrasos na ocorrência dos seus recebimentos e/ou antecipações forçadas dos seus
pagamentos. O crédito concedido representa o volume de meios financeiros
imobilizados na empresa, como resultado de as suas vendas não se efetuarem a
pronto pagamento. Trata-se, portanto, de crédito concedido a Curto Prazo,
insusceptível de titulação ou, quando titulado, de difícil mobilização imediata junto da
banca comercial ou de sociedades de factoring.
Tratando-se de uma empresa comercial a rubrica crédito concedido é normalmente
diminuta. Contudo, tal premissa nem sempre é verdadeira. Veja-se por exemplo o
caso de uma empresa de comércio por grosso que tenha como clientes
exclusivamente outras empresas. As existências (mercadorias) representam
normalmente um valor muito elevado. O empresário podê-lo-á reduzir se recorrer a
compras frequentes de pequenas quantidades. Ele não se deverá esquecer, no
entanto, que neste caso poderá perder o desconto de quantidade. O crédito obtido
representa os meios financeiros ao dispor da empresa pelo fato de esta não pagar aos
seus fornecedores de imediato mas sim a 30 ou a 60 dias. A importância da previsão
das necessidades em fundo de maneio justifica-se pelo fato de, após iniciada a
atividade da empresa, poder existir um lapso de tempo entre a venda dos produtos e a
correspondente entrada de dinheiro. O Fundo de Maneio não deve ser nem excessivo
nem insuficiente, mas sim situar-se ao nível das efetivas necessidades da empresa.
Na verdade, o fato de o Fundo de Maneio ser excessivo traduz-se na existência de
elevados recursos financeiros investidos na empresa, o que se reflete na sua
rentabilidade; quando o Fundo de Maneio é insuficiente, a empresa não só terá de
enfrentar sucessivos problemas de tesouraria como também verá a sua rentabilidade
afetada, pois os custos financeiros serão mais elevados.

· Imprevistos
Independentemente do rigor do cálculo das rubricas anteriores, situações não
previstas inicialmente, podem alterar o montante global das necessidades de
investimento. Estas situações prendem-se com desvios qualitativos decorrentes de
deficiências registradas nos projetos de instalação, na implantação dos equipamentos,
nas previsões relativas ao fundo de maneio, etc.

Plano de Exploração:

Inclui as receitas e despesas previstas para o projeto, podendo designar-se por


Demonstração dos Resultados Previsional
Nesta parte, o empreendedor tem de analisar com rigor os proveitos e os custos. Ou
seja, saber como vai ser produzido o seu produto/serviço, quanto vai gastar e que
rendimento irá obter.
O plano de exploração permite-lhe conhecer o processo produtivo e os custos que a
ele estão relacionados. Assim, terá de analisar a nível dos:

Proveitos (com as vendas do produto/serviço)

Custos (fixos e variáveis)

Plano de Financiamento:

É o Mapa de Origem e Aplicação de Fundos Previsional.

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Determinado o montante do investimento necessário, haverá que reunir os meios


financeiros, designados por capitais, indispensáveis à sua cobertura. Esta operação
deve realizar-se através da elaboração de um plano de financiamento, o que
corresponde à elaboração de um mapa de origem e aplicação de fundos. A boa ou má
estrutura financeira de uma empresa é geralmente determina do modo como os seus
bens ativos são financiados.

Antes de efetuar uma escolha entre os diferentes meios de financiamento que se


podem apresentar à empresa, o empresário não se deve esquecer que uma boa
gestão exige que se pratique o princípio da racionalidade econômica, isto é, que se
minimizem os meios para atingir os mesmos objetivos. Ora, neste caso, os meios
postos à disposição da empresa são os capitais, logo a sua utilização deve ser
racional pois, quer eles pertençam aos sócios ou acionistas, quer sejam emprestados,
há que pagar dividendos ou encargos financeiros.

De um modo geral, são os capitais próprios que devem cobrir os riscos da empresa e
não os capitais alheios, mesmo a longo prazo. Os empréstimos a médio e longo prazo
dependem do cash-flow futuro da empresa e podem ser considerados como uma
antecipação à atividade da empresa. É então necessário que, recorrendo a este tipo
de financiamento, nos asseguremos primeiro da rentabilidade da operação em causa e
da possibilidade de gerar fundos suficientes que assegurem os pagamentos dos
encargos fixos e do reembolso do capital emprestado, segundo os prazos fixados.

Numa primeira fase, quando a empresa se encontra em constituição e arranque, todos


os capitais (à exceção do capital social) são alheios à empresa, já que esta, de per si,
ainda não teve atividade e, portanto, não gerou qualquer receita.

Numa segunda fase, os meios de financiamento podem ser:


· próprios da empresa (autofinanciamento);
· exteriores.

O Autofinanciamento representa o financiamento da empresa por ela própria, isto é,


pelos recursos financeiros que são libertos durante o seu funcionamento, e constitui
um complemento indispensável aos pedidos de empréstimos, pois as entidades
financiadoras não aceitam correr a totalidade dos riscos. Contudo, não nos devemos
esquecer que o autofinanciamento tende a reduzir os dividendos distribuídos,
diminuindo, por isso, a rentabilidade dos investimentos efetuados pelos
sócios/acionistas. Ele deve ser usado com parcimônia.

Os meios financeiros exteriores à empresa podem tomar diversas formas, como por
exemplo: aumento do capital social, empréstimos a médio e longo prazo, que podem
revestir a forma de empréstimos bancários, empréstimos de sócios, leasing, créditos a
curto prazo, etc.

Em termos contábeis podemos encontrar o capital próprio subdividido em:


- capital social;
- prestações suplementares;

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- reservas (de reavaliação, obrigatórias, especiais e livres);


- resultados transitados.

E as dívidas a terceiros constituídas por:


- crédito de fornecedores;
- empréstimos bancários;
- empréstimos dos sócios.

VANTANGENS E DESVANTAGENS NA UTILIZAÇÃO DE ORÇAMENTOS

Vantagens

Induz a minimização dos custos e a contenção de despesas, favorecendo a


maximização da utilização dos recursos.

Identifica os verdadeiros pontos fracos da organização através da comparação


contínua entre o “realizado” e o “orçado”.

Propicia uma melhor qualidade e racionalização nas decisões de investimento em


ativos fixos e de capital.

Elimina os efeitos prejudiciais de otimismos e pessimismos exagerados através do


compartilhamento de informações à toda equipe.

Favorece um controle eficiente da geração de caixa (planejamento do fluxo de caixa).

Estimula funcionários e dirigentes envolvidos a buscarem relativa compreensão dos


outros relatórios econômico-financeiros da empresa, tais como a Demonstração de
Resultados, o Balanço e o Fluxo de Caixa.

Agrega, de uma só vez, em termos financeiros, as estratégias e táticas da empresa,


mensurando a sua performance econômica.

Cria um espírito geral de busca pela noção de custos, de economia e de


racionalização de recursos.

Assegura um futuro melhor para os clientes, para a organização e seus


colaboradores, pois traça a política de investimentos e desenvolvimento através do
estudo dos cenários atual e futuro, garantindo um planejamento mais seguro para o
curto e longo prazos.

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Desvantagens

A dificuldade de compreensão dos dados contábeis e financeiros pode causar


desencorajamento da equipe.

O aumento da “burocracia” pode demandar muito tempo durante o processo de


implantação.

Os resultados práticos do orçamento são de médio e longo prazos.

Como os dados são meras estimativas, os orçamentos estão sujeitos a erros e


incertezas futuras.

A falta de tempo dos administradores, que muitas vezes têm que estar à frente de todo
o ciclo operacional da entidade, faz com que a atividade de planejar e orçar sejam
deixadas para trás.

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Exercícios

1. Calcular a necessidade de capital de giro, o capital de giro líquido com base no


balanço patrimonial da empresa hipotética abaixo.

ATIVO PASSIVO

Caixa 100 Fornecedores 1.000

Bancos 900 Salários a Pagar 2.000

Aplic. Financeiras 2.000 Encargos a Pagar 1.000

Contas a Receber 3.000 Impostos e Taxas 1.000

Estoques 3.900 Empréstimos 2.000

Outros Valores a 100 Exigível a Longo 4.000


Rec. Prazo

Realizável a Longo 2.000 Capital 7.500


Prazo

Investimentos 2.000 Reservas 1.000

Imobilizado 5.500 Lucros Acumulados 500

Diferido 500

TOTAL DO ATIVO 20.000 TOTAL DO PASSIVO 20.000

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Reclassificando-se o balanço, tem-se:

ATIVO PASSIVO

Caixa 100 Fornecedores 1.000

Bancos 900 Salários a Pagar 2.000

Aplic. Financeiras 2.000 Encargos a Pagar 1.000

Ativo Flutuante 3.000 Impostos e Taxas 1.000

Passivo Operacional 5.000

Contas a Receber 3.000

Estoques 3.900 Empréstimos 2.000

Outros Valores a 100 Passivo Flutuante 2.000


Rec.

Ativo Operacional 7.000

Exigível a Longo 4.000


Prazo

Realizável a Longo 2.000 Capital 7.500


Prazo

Investimentos 2.000 Reservas 1.000

Imobilizado 5.500 Lucros Acumulados 500

Diferido 500 Passivo 13.000


Permanente

Ativo Permanente 10.000

TOTAL DO ATIVO 20.000 TOTAL DO PASSIVO 20.000

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2. Quais as formas de financiamento de capital de uma empresa?

3. Como se classifica o capital de giro?

4. O que significa:

CGL positivo –

CGL negativo –

5. para que se destina os investimentos fixos?

6.Quais as fases do processo de investimento?

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7. Através de quais planos é feita a avaliação de projetos orçamentários?

8. Defina cada um desses planos.

9. Cite algumas vantagens do uso de orçamentos.

10. Cite algumas desvantagens do uso de orçamentos.

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11. Explique com suas palavras por que a formação de capital de giro deve ser uma
prioridade?

12. Qual a definição de Capital Circulante Líquido?

13. Qual o objetivo da administração do capital de giro?

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14. Quais os efeitos de um aumento no Passivo Circulante com conseqüente


diminuição do Patrimônio Líquido?

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FIGUEIREDO, Sandra – Controladoria: Teoria e Prática – Atlas, 1997 – 2a edição.

SANVICENTE, A. e Santos, C. – Orçamento na Administração de Empresas – Atlas,


1995 – 2a edição.

SOBANSKI, J – Prática de Orçamento Empresarial – Atlas, 2000 – 3a edição.

PADOVEZE, C.L. Controladoria Básica - Editora Thomson Pioneira, 2004.

PADOVEZE, C.L. Controladoria Estratégica e Operacional - Editora Thomson Pioneira,


2003.

LUNKES, R.J. Manual de Orçamento - Editora Atlas, 2003

HOLANDA, Nelson. Planejamento e Projetos – Edições UFC.

FREZATTI, Fábio. Planejamento e Controle Gerencial – Atlas, 2207 - 4ª Ed.

TARANTO, Fernando e PADOVESE Clovis. Orçamento Empresarial: Novos Conceitos


e Técnicas – Ed Prentice Hall, 2008.

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Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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