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22/09/2023

Cálculo Financeiro
Capítulo 1 – Conceitos Básicos Fundamentais

Vítor Pereira
Baseado em Matias, R. (2009), “Cálculo Financeiro - Teoria e Prática” e Banco
de Portugal (2018)

1. Conceitos Básicos Fundamentais

1.1 Operações Financeiras - conceitos, definições e


características
1.2 Capital e Juro
1.3. Regimes de Capitalização
1.4. Comparação entre os regimes de Capitalização Simples e
Composto
1.5. Operações Ativas e Operações Passivas
1.6. Spread Bancário - conceitos e aplicações
1.7. Bases de Calendário e a sua aplicação nas Operações
Financeiras

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Operações Financeiras

Conceito
• Operação que transforma um ou mais capitais, de determinado montante, noutro de
outro montante, por ação do tempo e de uma taxa de juro.

• Para a operação ser considerada financeira é obrigatório a existência simultânea de


capital, taxa de juro e tempo.

Tipos
• Operações financeiras ativas – operações realizadas normalmente por instituições de
crédito com o objetivo de conceder crédito aos seus clientes (e.g. crédito hipotecário).
A taxa de juro associada a este tipo de operações designa-se por taxa de juro ativa.

• Operações financeiras passivas – operações realizadas normalmente por instituições de


crédito com o objetivo de receber depósitos ou aplicações financeiras por parte dos
clientes (e.g. depósito a prazo). A taxa de juro associada a este tipo de operações
designa-se por taxa de juro passiva.

Valor temporal do dinheiro

Conceito

• Uma mesma quantia não tem para nós o mesmo valor se pudermos
usufruir dela imediatamente ou apenas dentro de algum tempo.

Preferência pela Liquidez

• Por norma é preferível receber um montante mais cedo em vez de receber


o mesmo montante mais tarde
• Por exemplo, contemplados com um prémio de 1000 euros, podendo
escolher entre recebê-lo imediatamente ou apenas daqui a um ano.

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Juro

Conceito

• Remuneração de determinado capital durante um determinado prazo.

Justificação para a existência do juro

• Privação de liquidez (e.g. empréstimo de dinheiro)


• Perda de poder de compra (e.g. inflação)
• Risco (e.g. empréstimo de dinheiro e possibilidade de não reaver o
dinheiro emprestado)

Outros conceitos

Homogeneizar capitais
• Necessidade de exprimir todos os capitais envolvidos num determinado
problema, num mesmo momento.

Equação de equivalência (equação de valor)


• Traduz a equivalência num determinado momento (data focal), entre dois
capitais, entre um capital ou um conjunto de capitais, ou entre um conjunto
de capitais e dois conjuntos de capitais.

Data focal
• Data (momento) considerado para a estabelecer a equação de equivalência,
na qual se pretende exprimir todos os capitais envolvidos.

Regra de ouro do cálculo financeiro


• Para comparar ou operar capitais é necessário que eles estejam todos
expressos num mesmo momento.

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Spread

• De acordo com o Banco de Portugal o spread refere-se à componente da


taxa de juro que acresce ao indexante.

• Tipicamente, o spread é definido livremente por parte da instituição de


crédito para cada contrato em particular.

• O cálculo do spread tem em consideração vários fatores nomeadamente:


– Risco de crédito do cliente
– Custo do financiamento
– Nível de endividamento do cliente
– Estratégia comercial do banco.

Indexante

• O indexante traduz-se numa taxa de referência que é usada em vários


produtos financeiros

• No caso da Zona Euro o indexante é tipicamente a Euribor (European


Interbank Offered Rate)

• A Euribor é uma taxa publicada pelo European Money Markets Institute e


apresenta diversas modalidades atendendo ao prazo, sendo mais comuns
as taxas Euribor a 3 meses, 6 meses e 1 ano

• No caso do crédito à habitação com taxa de juro variável, o cálculo da taxa


de juro resulta normalmente da soma do indexante e do spread

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Regimes de Capitalização

Processo de capitalização – traduz-se no processo de produção de juro

Frequência ou periodicidade de capitalização – refere-se à regularidade com


que ocorre a capitalização, podendo ser anual, semestral, trimestral, mensal
entre outras.

Tipos de Regimes de Capitalização


– Regime de Juro Simples Puro (RJS) – caracteriza-se pelo facto de o juro não
capitalizar, sendo que este mesmo juro é pago ao investidor no final de cada
período de capitalização.
– Regime de Juro “Dito” Simples – neste regime o juro não capitaliza e para
além disso é retido com o objetivo de ser pago numa data futura que
normalmente coincide com a maturidade da aplicação.
– Regime de Juro Composto (RJC) – caracteriza-se pelo facto de o juro
capitalizar.
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Exemplo 1

Determine o juro produzido por um capital de 100€, após 1 ano, à taxa de


juro anual de 20%, nas quatro situações seguintes:

1. Regime de juro simples (RJS), capitalização anual

2. Regime de juro simples (RJS), capitalização semestral

3. Regime de juro composto (RJC), capitalização anual

4. Regime de juro composto (RJC), capitalização semestral

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Bases de Calendário (BC)

Conceito
Bases de calendário são diferentes formas de quantificar a variável tempo nas
operações financeiras. Neste particular existem dois fatores distintos:

1. Forma de contagem de dias entre datas valor


– Ano Comercial (360) – considera-se que todos os meses têm 30 dias
– Ano Civil (365) – considera-se que o ano tem sempre 365 dias sendo que o mês de fevereiro
tem sempre 28 dias
– Ano Real ou Actual (ACT) – assume-se que o ano pode ter 365 dias ou 366 dias conforme o
ano seja ou não bissexto

2. Forma de diarização da taxa de juro


– Ano Comercial (360) – taxa de juro diarizada por 360 dias
– Ano Civil (365) – taxa de juro produzida por 365 dias
– Ano Real ou Actual (ACT) – taxa de juro diarizada por 365 ou 366 dias

Entre as bases de calendário mais comuns consideram-se as seguintes:


ACT/ACT, ACT/365, ACT/360 e 30/360

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Exemplo 2

Determine para cada base de calendário, o número de dias compreendido


entre 27 de janeiro de 2004 e 7 de junho de 2004, bem como o seu
equivalente em anos (2004 foi um ano bissexto):

1. ACT/ACT

2. ACT/365

3. ACT/360

4. 30/360

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Diagrama Temporal ou Reta do Tempo

Capitais +/-C0 +/-C1 +/-C2 … +/-Cn

Tempo momento 0 momento 1 momento 2 … momento n

O diagrama temporal ou reta do tempo é uma ferramenta muito


comum nas finanças pois facilita a compreensão/resolução de casos
reais.

Em termos de estrutura o diagrama temporal incorpora normalmente as


seguintes partes:

• Momento – ponto no tempo no qual ocorre o vencimento de um


capital

• Período – intervalo de tempo que medeia entre quaisquer


momentos consecutivos.
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Exemplo 3

Considerando os dados do exemplo 1 é-lhe pedido que construa a reta do


tempo para os quatro cenários.

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