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A. Instrumentos de Regulamentação Coletiva de Trabalho Os irct são, nas palavras de Lambelho & Gonçalves
(irct) (2021, p. 36) “regras gerais e abstratas (i.e., regras
elaboradas para serem aplicadas a uma pluralidade
A. 1. Ideias gerais indeterminada de sujeitos e numa infinidade de
situações), que regulam não só as relações
Os irct são uma fonte especifica ou própria do DT. Tal resulta estabelecidas entre os sujeitos outorgantes, mas
do artigo 1º do CT e estes podem dividir-se em irct negociais também as de outros sujeitos que, inclusivamente,
e irct não negociais (ver o artigo 2º, nº 1, do CT). podem até nem ser representados pelos outorgantes”.
Irct negociais Resultam de uma
autocomposição de interesses
A. 1. 1. irct negociais: a convenção coletiva de trabalho.
Irct não negociais São impostos por via
heterónoma O direito à contratação coletiva é um direito
fundamental, i.e., um direito, liberdade e garantia dos
Fonte: Ana Lambelho & Luísa Andias Gonçalves, Direito do Trabalho, 2ª edição. Lisboa: Rei dos
Livros, 2021. pp. 35-36.
trabalhadores nos termos do artigo 56º, nº 3, da CRP.

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Uma convenção coletiva de trabalho (CCT) é “um As CCT adaptam e complementam a lei geral (CT) às
conjunto de regras que versa sobre aspetos situações concretas da vida laboral. A própria lei (CT)
atinentes às relações laborais, de natureza individual remete para as CCT a regulamentação de determinadas
ou coletiva, criada por acordo escrito concluído matérias (artigo 492º, nºs 2 e 4, do CT). Para além disso,
entre, por um lado, um ou vários empregadores as CCT podem servir para preencher as lacunas na lei.
e/ou uma ou várias associações de empregadores e,
por outro lado, uma ou várias organizações de O artigo 491º, nº 2, do CT, determina quem pode
trabalhadores - no caso português, apenas as assinar uma convenção coletiva em nome das
associações sindicais (artigos 65º, nº 3, da CRP e associações sindicais, dos empregadores e das
491º do CT). A CCT pode aplicar-se a uma associações de empregadores.
determinada profissão ou a um setor de atividade e o
seu âmbito geográfico também pode ser variado”.
(Lambelho & Gonçalves, 2021, p. 36).

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Artigo 491.º
Representantes de entidades celebrantes
O processo negocial de uma convenção coletiva pode
1 - A convenção colectiva é assinada pelos representantes das entidades ocorrer em vários níveis: ao nível da empresa, ao nível
celebrantes. do ramo de atividade ou ao nível da profissão (por
2 - Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se
representantes: exemplo: uma determinado categoria de trabalhadores).
a) Os membros de direcção de associação sindical ou associação de Dai que seja possível recortar três tipos de CCT quanto
empregadores, com poderes para contratar;
b) Os gerentes, administradores ou directores com poderes para contratar;
aos sujeitos negociadores (artigo 2º, nº 3, do CT). Estes
c) No caso de empresa do sector empresarial do Estado, os membros do são:
conselho de gerência ou órgão equiparado, com poderes para contratar;
d) As pessoas titulares de mandato escrito com poderes para contratar,
conferido por associação sindical ou associação de empregadores, nos a) Contrato coletivo de trabalho – acordo celebrado
termos dos respectivos estatutos, ou por empregador. entre uma ou mais associações de entidades
3 - Sem prejuízo da possibilidade de delegação noutras associações sindicais,
a associação sindical pode conferir à estrutura de representação coletiva dos
empregadoras e uma ou mais associações sindicais, para
trabalhadores na empresa poderes para, relativamente aos seus associados, ser aplicado a um setor de atividades ou a uma
contratar com empresa com, pelo menos, 150 trabalhadores. profissão. Por exemplo: o contrato coletivo de trabalho
4 - A revogação do mandato só é eficaz após comunicação à outra parte, por
escrito e até à assinatura da convenção colectiva. entre a federação de Sindicatos da Industria X de
Portugal e a Associação de Empregadores Y.
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b) Acordo coletivo – convenção celebrada entre uma ou

mais associações sindicais e uma pluralidade de • Fonte: Ana Lambelho & Luísa Andias Gonçalves, Direito do Trabalho, 2ª edição.
Lisboa: Rei dos Livros, 2021. p. 39.
entidades empregadoras, para ser aplicada numa
pluralidade de empresas. Por exemplo, o acordo coletivo
entre a Federação de Sindicatos da Industria X e as Uma ou mais Contrato coletivo de Uma ou mais
associações trabalho associações de
empresas Y e Z. sindicais empregadores

C) Acordo de empresa – convenção celebrada entre uma

ou mais associações sindicais e uma só entidade Uma ou mais Acordo coletivo de  Empregador
associações trabalho  Empregador
empregadora, para ser aplicada numa só empresa. Por
sindicais (pluralidade de
exemplo: acordo entre a empresa X e a Federação dos empregadores)
Sindicatos da Industria Y. Uma ou mais Acordo de empresa > Empregador
associações
sindicais

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De acordo com os dados entre 2008 e 2011, o tipo de CCT
mais frequente em Portugal era o contrato coletivo de
trabalho. No entanto, este panorama mudou. Da analise dos
dados disponibilizados pela Direção Geral do Emprego e das
Relações de Trabalho (DGERT) resulta que o número de
acordos de empresa tem crescido, e no ano de 2020 estes
superaram as CCT.
As CCT podem distinguir-se consoante o seu âmbito
substancial de aplicação e quanto ao âmbito territorial de
aplicação.
Assim, se atendermos ao âmbito substancial de aplicação,
podemos identificar dois tipos de CCT no artigo 481º do CT.
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O âmbito territorial de aplicação de uma CCT pode ser
alargado através de um acordo de adesão ou de uma
portaria de extensão (PE). Ver os artigos 504º e 514º do
CT.
Importa ainda considerar o âmbito pessoal de aplicação
de uma CCT, ou seja, a quem é que se aplica. Uma
primeira resposta encontra-se no princípio da filiação
plasmado no artigo 496º do CT.
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Assim, há:
a) CCT verticais – aplicam-se a um ou mais setores de
atividade.
b) CCT horizontais – aplicam-se a uma ou várias profissões.
Se atendermos ao âmbito territorial de aplicação de uma
CCT, podemos dizer que a área geográfica de aplicação será a
correspondente à intersecção dos âmbitos geográficos
cobertos pelos entidades outorgantes. Assim, por exemplo,
se a associação sindical outorgante for de âmbito nacional e
associação de empregadores de âmbito distrital, a CCT só se
aplicará ao distrito em que a associação de empregadores
atua (Lambelho & Gonçalves, 2021, pp. 39-40).
Artigo 496.º
Princípio da filiação
1 - A convenção colectiva obriga o empregador que a subscreve ou filiado em
associação de empregadores celebrante, bem como os trabalhadores ao seu
serviço que sejam membros de associação sindical celebrante.
2 - A convenção celebrada por união, federação ou confederação obriga os
empregadores e os trabalhadores filiados, respectivamente, em associações de
empregadores ou sindicatos representados por aquela organização quando
celebre em nome próprio, nos termos dos respectivos estatutos, ou em
conformidade com os mandatos a que se refere o n.º 2 do artigo 491.º
3 - A convenção abrange trabalhadores e empregadores filiados em
associações celebrantes no início do processo negocial, bem como os que
nelas se filiem durante a vigência da mesma.
4 - Caso o trabalhador, o empregador ou a associação em que algum deles
esteja inscrito se desfilie de entidade celebrante, a convenção continua a
aplicar-se até ao final do prazo de vigência que dela constar ou, não prevendo
prazo de vigência, durante um ano ou, em qualquer caso, até à entrada em
vigor de convenção que a reveja.
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Assim, a CCT aplica-se “aos empregadores celebrantes
ou voluntariamente representados pela organizações de
empregadores subscritoras e aos trabalhadores desses
empregadores voluntariamente representados pelas
associações sindicais celebrantes”.
Consequentemente, a CCT não se aplica aos
empregadores que não subscreveram a convenção e
que não se encontrem filiados em associações de
empregadores subscritora, bem como os trabalhadores
ao seu serviço, estejam ou não inscritos em associação
sindical subscritora, e ainda os trabalhadores não
inscritos em associação sindical subscritora ao serviço
de empregadores abrangidos pela convenção”
(Lambelho & Gonçalves, 2021, p. 40).
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Extensão do âmbito de aplicação pessoal de uma CCT
a) Por escolha do trabalhador – o CT permite que o
trabalhador não filiado em qualquer associação
sindical determine que a sua relação laboral passe a
ser regulado por uma das CCT em vigor na empresa.
Tal resulta do disposto no artigo 497º do CT. A
declaração do trabalhador não está sujeita a qualquer
forma legal. A opção do trabalhador é feita de entre
as várias convenções que lhe podem ser aplicáveis.
Este universo pode abranger as convenções em vigor
na empresa por força de uma portaria de extensão.
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Fonte: Ana Lambelho & Luísa Andias Gonçalves, Direito do
Trabalho, 2ª edição. Lisboa: Rei dos Livros, 2021. p. 41.
Sindicato A Empresa X
Filiados
CCT
Trabalhadores:
Ana;
Ana; Bernardo; Bernardo;
Carla Daniel
Trabahadores a que se aplica a
CCT:
Ana e Bernardo
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Artigo 497.º
Escolha de convenção aplicável
1 - Caso sejam aplicáveis, no âmbito de uma empresa, uma ou
mais convenções coletivas ou decisões arbitrais, o trabalhador que
não seja filiado em qualquer associação sindical pode escolher
qual daqueles instrumentos lhe passa a ser aplicável, desde que o
mesmo se integre no âmbito do setor de atividade, profissional e
geográfico do instrumento escolhido.
2 - O trabalhador pode efetuar a escolha a que se refere o número
anterior nos três meses posteriores à entrada em vigor do
instrumento escolhido ou ao início da execução do contrato de
trabalho, se este for posterior.
3 - A aplicação da convenção nos termos do n.º 1 mantém-se até
ao final da sua vigência, com o limite de 15 meses.
4 - O trabalhador pode revogar a escolha, cessando a aplicação da
convenção seis meses após a comunicação dessa revogação ou
antes se, entretanto, se esgotar o prazo referido no número
anterior.
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5 - A escolha não poderá ocorrer se o trabalhador já se encontrar
abrangido por portaria de extensão de convenção coletiva aplicável no
mesmo âmbito do setor de atividade, profissional e geográfico.
6 - O trabalhador só pode fazer uso da faculdade prevista no n.º 1 uma
vez enquanto estiver ao serviço do mesmo empregador, ou de outro a
que sejam aplicáveis as mesmas convenções coletivas ou decisões
arbitrais.
b) Pelo facto de o trabalhador ou a entidade patronal se
filiarem na respetiva associação representava depois da
entrada em vigor da CCT. Tal resulta do artigo 496º, nº 3, do
CT que estipula que “a convenção abrange trabalhadores e
empregadores filiados em associações celebrantes no inicio
do processo negocial, bem como os que nela se filiem
durante a vigência da mesma”.
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c) Por acordo de adesão - o facto de um empregador ou de
uma associação sindical ou de empregadores aderirem a uma
CCT em vigor, alarga o âmbito de aplicação pessoal da CCT
porque passam a estar abrangidos mais pessoas. Ver o artigo
504º do CT.
d) Por portaria de extensão – a PE destina-se a alargar o
âmbito de aplicação pessoal (e eventualmente territorial) de
uma CCT. Ver o artigo 514º e seguintes do CT.
e) Por força da transmissão de empresa ou de
estabelecimento – nos termos do artigo 498º do CT havendo
transmissão da empesa ou do estabelecimento. O irct que
vincula o transmitente passa a vincular também o
transmissário, independentemente dele não o ter outorgado.
Tal configura uma exceção ou desvio ao princípio da filiação.
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