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A designação “empregador” é “usada pelo legislador O empregador pode ser uma pessoa singular ou uma
para indicar a posição contratual daquela ou daquelas pessoa colectiva (i.e., uma sociedade comercial). A
pessoas que recebem a prestação de trabalho, e estão tendência vai neste último sentido.
obrigadas a pagar uma retribuição ao trabalhador”
(Fernandes, 2022, p. 454). Para AMF o CT “contém, no fundo, o regime jurídico do
trabalho na empresa”.
O estatuto do empregador pode definir-se como uma
posição de poder ou de autoridade – que é o reverso A empresa é “a organização ou complexo articulado de
da subordinação em que o trabalhador se coloca pelo meios produtivos”.
contrato de trabalho.
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Artigo 285.º
O empresário é o “promotor, titular e interessado directo Efeitos de transmissão de empresa ou estabelecimento
1 - Em caso de transmissão, por qualquer título, da titularidade de empresa, ou
da atividade a que aquele complexo se adequa estabelecimento ou ainda de parte de empresa ou estabelecimento que constitua
instrumentalmente”. uma unidade económica, transmitem-se para o adquirente a posição do
empregador nos contratos de trabalho dos respectivos trabalhadores, bem como
a responsabilidade pelo pagamento de coima aplicada pela prática de contra-
O empregador é o “adquirente da disponibilidade de ordenação laboral.
força de trabalho alheia, através do correspondente 2 - O disposto no número anterior é igualmente aplicável à transmissão, cessão
ou reversão da exploração de empresa, estabelecimento ou unidade económica,
contrato”. sendo solidariamente responsável, em caso de cessão ou reversão, quem
imediatamente antes tenha exercido a exploração.
5. 2. 2. A transmissão da empresa 3 - Com a transmissão constante dos n.os 1 ou 2, os trabalhadores transmitidos
ao adquirente mantêm todos os direitos contratuais e adquiridos,
nomeadamente retribuição, antiguidade, categoria profissional e conteúdo
No caso de haver transmissão de empresa – os contratos funcional e benefícios sociais adquiridos.
de trabalho também são “adquiridos” pelo novo titular – 4 - O disposto nos números anteriores não é aplicável em caso de trabalhador
que o transmitente, antes da transmissão, transfira para outro estabelecimento
artigo 285º/1 do CT. ou unidade económica, nos termos do disposto no artigo 194.º, mantendo-o ao
seu serviço, excepto no que respeita à responsabilidade do adquirente pelo
pagamento de coima aplicada pela prática de contra-ordenação laboral.
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5 - Considera-se unidade económica o conjunto de meios organizados que 10 - O disposto no presente artigo é aplicável a todas as situações de transmissão de
constitua uma unidade produtiva dotada de autonomia técnico-organizativa e empresa ou estabelecimento por adjudicação de contratação de serviços que se concretize
que mantenha identidade própria, com o objetivo de exercer uma atividade por concurso público ou por outro meio de seleção, no setor público e privado,
nomeadamente à adjudicação de fornecimento de serviços de vigilância, alimentação,
económica, principal ou acessória.
limpeza ou transportes, produzindo efeitos no momento da adjudicação.
6 - O transmitente responde solidariamente pelos créditos do trabalhador
11 - Constitui contraordenação muito grave:
emergentes do contrato de trabalho, da sua violação ou cessação, bem como a) A conduta do empregador com base em alegada transmissão da sua posição nos
pelos encargos sociais correspondentes, vencidos até à data da transmissão, contratos de trabalho com fundamento em transmissão da titularidade de empresa, ou
cessão ou reversão, durante os dois anos subsequentes a esta. estabelecimento ou de parte de empresa ou estabelecimento que constitua uma unidade
7 - A transmissão só pode ter lugar decorridos sete dias úteis após o termo do económica, ou em transmissão, cessão ou reversão da sua exploração, quando a mesma
prazo para a designação da comissão representativa, referido no n.º 6 do artigo não tenha ocorrido;
seguinte, se esta não tiver sido constituída, ou após o acordo ou o termo da b) A conduta do transmitente ou do adquirente que não reconheça ter havido transmissão
consulta a que se refere o n.º 4 do mesmo artigo. da posição daquele nos contratos de trabalho dos respetivos trabalhadores quando se
verifique a transmissão da titularidade de empresa, ou estabelecimento ou de parte de
8 - O transmitente deve informar o serviço com competência inspetiva do
empresa ou estabelecimento que constitua uma unidade económica, ou a transmissão,
ministério responsável pela área laboral:
cessão ou reversão da sua exploração.
a) Do conteúdo do contrato entre transmitente e adquirente, sem prejuízo do 12 - A decisão condenatória pela prática de contraordenação referida na alínea a) ou na
disposto nos artigos 412.º e 413.º, com as necessárias adaptações; alínea b) do número anterior deve declarar, respetivamente, que a posição do empregador
b) Havendo transmissão de uma unidade económica, de todos os elementos que nos contratos de trabalho dos trabalhadores não se transmitiu, ou que a mesma se
a constituam, nos termos do n.º 5. transmitiu.
9 - O disposto no número anterior aplica-se no caso de média ou grande empresa 13 - Constitui contraordenação grave a violação do disposto nos n.os 1, 2, 3, 7, 8 ou 9.
e, a pedido do serviço com competência inspetiva do ministério responsável pela 14 - Aos trabalhadores das empresas ou estabelecimentos transmitidos ao abrigo do
área laboral, no caso de micro ou pequena empresa. presente artigo aplica-se o disposto na alínea m) do n.º 1 do artigo 3.º e no artigo 498.º
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5. 3. Os poderes do empregador
Dentro do género de actividades comprometidos
5. 3. 1. O problema pelo trabalhador e tendo em conta a organização da
empresa, o empregador pode definir a concreta
A posição jurídica do empregador encerra os função ou o conjunto de tarefas que caracterizam o
seguintes poderes: posto de trabalho a ocupar. Está-se no domínio da
determinação do objecto do contrato.
- Um poder determinativo da função;
- Um poder conformativo da prestação; Segundo o nº 1 do artigo 118º do CT o empregador
- Um poder regulamentar; deve atribuir a cada trabalhador no âmbito da
- Um poder disciplinar. referida actividade, as funções mais adequadas as
suas aptidões e qualificação profissional. É uma
5. 3. 2. O poder determinativo da função norma que tem uma natureza recomendativa.
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O regulamento interno.
5. 3. 3. O poder conformativo da prestação
O poder regulamentar reconhecido pelo artigo 99º
O poder de definir as modalidades concretas que a do CT refere a organização e disciplina do trabalho.
actividade do trabalhador deve assumir para que a
execução do contrato se ajuste as finalidades com Para além dos regulamentos internos, a doutrina
que foi celebrado. Ver os artigos 97º e 116º do CT. alude às ordens de serviço, comunicações ou
instruções de serviço.
5. 3. 4. O poder regulamentar
5. 3. 5. O poder disciplinar
As regras que são estabelecidas por meio de um
instrumento único, dotado de aplicabilidade genérica O poder em questão consiste na faculdade atribuída
aos elementos que constituem a organização. ao empregador, de aplicar internamente, sanções aos
trabalhadores cuja conduta conflitue com os padrões
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Diz-se então que ocorreu uma infracção disciplinar. O A sanção disciplinar tem um objeto conservatório e
CT oferece tipos avulsos de infracções – ver o intimidatório, i.e., o de manter o comportamento do
exemplo constante do artigo 256º/2 do CT. trabalhador no sentido adequado ao interesse da
empresa.
O dador de trabalho dispõe da singular faculdade de
reagir, por via punitiva e não meramente reparatória
ou compensatória, à conduta censurável do
trabalhador, no âmbito da empresa e na
permanência do contrato.
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5. 4. 2. A cooperação creditória e o dever de ocupação Para além destas, o trabalhador tem o direito de ser
efetiva efectivamente ocupado e não ser deixado inativo.
Esta obrigação é retomada nos artigos 131º e seguintes do Para além disso, cabe ao empregador elaborar um plano
CT onde se desenvolvem as responsabilidades do de formação anual ou plurianual dos seus trabalhadores
empregador em matéria de formação continua dos atenta às necessidades de qualificação dos mesmos e
trabalhadores ao seu serviço. mediante informação e consulta a cada um dos
trabalhadores envolvidos, sem prejuízo da comissão de
O empregador é nas palavras do Prof. António Monteiro trabalhadores. Ver os artigos 13º e 14º do DL nº 105/2009,
Fernandes “incorporado no “sistema de formação de 14/9.
profissional”, em que o Estado ocupa uma posição de relevo,
como agente de formação contínua, destinada ao Por ultimo, AMF chama a atenção para o facto de que do
desenvolvimento das qualificações dos trabalhadores. Nesse tempo de formação exigidos pela lei podem ser deduzidos
papel, cabem-lhe obrigações recortadas com certo vigor, os períodos de dispensa para frequência de aulas e de
como a de assegurar formação, anualmente, a um mínimo faltas para os exames por parte de trabalhadores-
de 10% dos trabalhadores da empresa e a de garantir a cada estudantes, assim como o tempo gasto em processos de
um deles um mínimo de 40 horas anuais de formação reconhecimento, validação e certificação de competências
certificada” (artigo 131º/ 2 a 5 do CT). – ver o artigo 131º/4 do CT.
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