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CAPITULO 7: ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

1. Demostrações e relatórios financeiros

1.2. A demonstração de resultados do exercício


1.3. Balanço patrimonial
1.4. Demonstração de lucros retidos
2. Análise dos índices económico-financeiros
2.1. Índices de liquidez
2.2. Índices de administração de activos (ou índices de actividade)
2.3. Índice de endividamento
2.4. Índices de lucratividade
2.5. Índices de valor de mercado
2.6. Análise de tendências
2.7. Resumo da análise de índice: o quadro du pont
2.8. Análise comparativa de índices

Este capítulo deveria constituir, maioritariamente, uma revisão do que já se aprendeu em


contabilidade. No entanto, a contabilidade focaliza como as demonstrações financeiras são
feitas, ao passo que em nosso caso analisamos como elas são empregadas pela administração,
para melhorar o desempenho da empresa, e pelos investidores, para atribuir um valor às
acções da empresa.

1. DEMOSTRAÇÕES E RELATÓRIOS FINANCEIROS

Dos vários relatórios que as empresas enviam a seus accionistas, o relatório anual é
provavelmente o mais importante. Este, é um relatório publicado anualmente por uma
empresa para os seus accionistas. Ele contém demonstrações financeiras básicas, bem como a
posição da administração sobre as operações do respectivo ano e as perspectivas da empresa.

O relatório anual apresenta quatro demonstrações financeiras básicas: a demonstração de


resultados, o balanço patrimonial, a demonstração dos lucros retidos e a demonstração dos
fluxos de caixa.
Consideradas em conjunto, essas demonstrações apresentam um resumo das operações da
empresa e sua situação financeira.

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A informação contida em relatório anual é utilizada pelos investidores para criar expectativas
sobre os lucros e dividendos futuros. Assim, o relatório anual é evidentemente de grande
interesse para os investidores.

1.2. A demonstração de resultados do exercício

A demonstração de resultados do exercício é uma demostração que resume as receitas e


despesas da companhia durante um determinado período contábil, geralmente um ano
(Brigham, 2000:34). Assim, pode-se afirmar que a demonstração de resultados do exercício é
um documento que mostra a situação económica duma empresa, isto é, a síntese dos efeitos
financeiros das operações realizadas pela empresa num específico período contabilístico ou
num dado período económico (em quanto é que contribuíram os financiamentos para o
aumento do valor/riqueza da empresa).
Na demonstração dos resultados do exercício, as vendas líquidas são mostradas no topo de
cada demonstração. Em finanças o lucro por acção (LPA) é chamado última linha, indicando
que, todos os itens na demonstração de resultados do exercício, o LPA é o mais importante.

LPA = Lucro líquido/Acções ordinárias

DPA = Dividendos pagos a detentores de acções ordinárias/Acções ordinárias a pagar

Onde:
LPA – Lucro por Acção
DPA – Dividendo por Acção

1.3. Balanço patrimonial

O balanço pode ser definido em duas ópticas; contabilística e financeira.

 Contabilisticamente, balanço é um mapa bipartido que mostra por um lado bens e


direitos, e por outro, obrigações que a empresa possui para com terceiros e,
evidenciando a situação líquida.

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 Financeiramente, balanço é um documento que mostra as origens e aplicações de
fundos; por um lado mostra também a área onde foram aplicados os fundos e por
outro, o tipo e origens desses fundos, sumarizando a posição duma empresa num
determinado momento.

O balanço é um instrumento predominantemente financeiro dada a sua própria definição na


óptica financeira, ao mostrar as origens e as aplicações dos recursos financeiros. Assim, o
balanço é a demonstração da situação financeira da empresa em um ponto específico de
tempo (Brigham, 2000:35).

Notas adicionais sobre o balanço patrimonial1:

1) Caixa versus Outros activos


Embora os activos sejam todos declarados em moeda, apenas dinheiro em espécie
representa dinheiro vivo. As contas a pagar são títulos que outros devem à empresa; os
stocksmostram os recursos que a empresa investiu em matérias-primas, nos produtos em
vias de fabrico e nos produtos acabados; e os activos permanentes reflectem a quantia de
dinheiro que a empresa pagou por sua fábrica e equipamento quando adquiriu esses
activos em um momento passado.
Os activos não-monetários deverão produzir dinheiro vivo com o passar do tempo, mas
não representam dinheiro em mãos, e a quantia de caixa que produziriam se fossem
vendidos hoje poderia ser mais alta ou mais baixa do que os valores com que são
representados nos livros.

2) Passivo versus Acções ordinárias


As obrigações contra os activos são de dois tipos: passivos (ou dinheiro devido pela
empresa) e a posição proprietária dos accionistas.
Os passivos podem ser divididos em: (1) dívidas contraídas junto a terceiros; e (2) outros
itens, como impostos e reservas diferidas, etc. Já que não fizemos essa distinção, os
termos dívida e passivos são usados como sinónimos. Deve ser notado que as empresas
ocasionalmente formam reservas para certas emergências, como os custos em potencial
envolvidos em um processo actualmente em julgamento. Essas reservas representam uma
transferência dos lucros retidos para a conta reservas. Se uma empresa ganha o processo,
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Brigham (2000:36-38)

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os lucros retidos serão creditados e a reserva eliminada. Se perde, a perda éregistada, o
caixa será reduzido e a reserva será eliminada.
As acções ordináriasdos accionistas ou património líquido, são residuais:

Activo – Passivo – Acções preferenciais = Património líquido dos accionistas

Acções ordinárias dos accionistas (património líquido) constituem o capital fornecido


pelos detentores de acções ordinárias – capital subscrito, capital realizado, lucros retidos
e, ocasionalmente, algumas reservas. O património líquido ou total é formado pelas
acções ordinárias e as acções preferenciais.

3) Acções preferenciais versus acções ordinárias


As acções preferenciais são um híbrido, um cruzamento entre as acções ordinárias e a
dívida. No caso de falência, as acções preferenciais classificam-se abaixo da dívida, mas
acima das acções ordinárias. Da mesma forma, os dividendos preferenciais são fixos, de
maneira que os detentores de acções preferenciais não se beneficiam se os lucros das
empresam aumentam.

4) Acções ordinárias
As acções ordinárias são aquelas acções normais cujos detententores mantêm direitos de
controlo da sociedade (a propriedade da empresa) além de outros direitos associados ao
facto de ser detententor de uma fracção do capital social da empresa. Conferem os
direitos de gestão da empresa, votar sobre os destinos da sociedade e usufruir de todos os
restantes direitos particulares. O dividendo para estas acções dependerá das políticas da
empresa sobre os dividendos e a existência de lucros.

1.4. Demonstração de Lucros Retidos


Segundo Brigham (2000:37), os lucros retidos são a parte dos lucros da empresa que foi
poupada em vez de paga como dividendos, portanto, pode-se afirmar que a demonstração de
lucros retidos, uma demonstração informando quanto dos lucros da empresa não foram pagos
como dividendos.

2. ANÁLISE DOS ÍNDICES ECONÓMICO-FINANCEIROS

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As demonstrações financeiras divulgam tanto a posição de uma empresa em um ponto do
tempo quanto suas operações no decorrer de algum período passado. No entanto, o valor real
das demonstrações financeiras está no facto de que elas podem ser usadas para ajudar a
prever os lucros e dividendos futuros da empresa. Do ponto de vista de um investidor, a
previsão do futuro é a base da análise da demonstração financeira, ao passo que, do ponto de
vista da administração, a análise da demonstração financeira é útil como meio de antecipar as
condições futuras e, mais importante, como ponto de partida para o planeamento de medidas
que influenciarão o curso dos eventos futuros.
Uma análise de índices económico-financeiros da empresa é geralmente o primeiro passo de
uma análise financeira. Os índices destinam-se a mostrar as relações entre as contas da
demonstração financeira.

2.1. ÍNDICES DE LIQUIDEZ


Um activo líquido é aquele que pode ser facilmente convertido em caixa a um “justo valor de
mercado”, e a “posição de liquidez” de uma empresa lida com esta questão: a empresa será
capaz de atender às suas obrigações actuais?
No que diz respeito aos índices de liquidez, importa salientar que, estes são índices que
mostram a relação entre o caixa e outros activos circulantes em comparação com seus
passivos circulantes.

2.1.1. Índice de liquidez corrente


Este índice é calculado dividindo-se o activo circulante pelo passivo circulante. Ele indica a
extensão pela qual os passivos circulantes são cobertos pelos activos que se esperam
converter em caixa no próximo exercício.

Índice de liquidez corrente = Activo circulante / Passivo circulante

2.1.2. Índice de liquidez seco


Este índice é calculado deduzindo-se os stocks dos activos circulantes e dividindo-se o
restante pelos passivos circulantes.

Índice de liquidez seco = (Activo circulante – Stocks) / Passivo circulante


2.2. ÍNDICES DE ADMINISTRAÇÃO DE ACTIVOS (OU ÍNDICES DE ACTIVIDADE)

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Este segundo grupo de índices (os índices de administração de activos), avalia a eficiência
com que a empresa está a administrar seus activos, isto é, os índices de administração de
activos são uma série de índices que avaliam a eficiência com que uma empresa administra
seus activos.

2.2.1. Giro de Stock ou rotação de stock


O índice de giro ou índice de rotação de stock é definido como as vendas divididas pelo
stock:
Índice de rotação de stock ou giro de stock = Vendas / Stocks

2.2.2. Prazo médio de Recebimento


O Prazo Médio de Recebimento (PMR), também chamado de “prazo médio de cobrança”
(PMC), é usado para avaliar as contas a receber e é calculado dividindo-se as vendas médias
diárias em contas a receber para descobrir o número de dias de vendas que estão vinculados
às contas a receber. Assim o PMR representa a extensão média de tempo entre uma venda e o
recebimento do pagamento, o qual constitui o prazo médio de cobrança. Em suma, o PMR
constitui o índice calculado ao dividir as contas a receber pelas vendas médias diárias; indica
a extensão média de tempo entre a realização de uma venda e o recebimento do pagamento.

PMR = Prazo Médio de Recebimento = Contas a receber / Vendas médias diárias


= Contas a receber / (Vendas anuais/360)

2.2.3. Giro do activo imobilizado


O índice de giro do activo imobilizado mede a eficiência com que uma empresa utiliza suas
fábricas e seus equipamentos. Trata-se do índice de vendas em relação aos activos
imobilizados líquidos, portanto, é o índice de vendas em relação aos activos fixos líquidos.

Índice de giro do activo imobilizado = Vendas / Activo imobilizado líquido

2.2.4. Giro dos activos totais

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Índice final da administração de activos, o índice de giro dos activos totais mede a rotação
de todos os activos da empresa; ele é calculado dividindo-se as vendas pelos activos totais:

Giro de activos totais = Vendas / Activos totais

2.3. ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO


A extensão pela qual uma empresa utiliza o capital de terceiros, ou alavancagem financeira,
conta com três importantes implicações:
1) Ao aumentar recursos por meio da dívida, os accionistas podem manter o controle
de uma empresa com investimento limitado.
2) Os credores esperam que o capital próprio, ou seja, os recursos fornecidos pelo
proprietário, proporcione uma margem de segurança; se os accionistas tivessem
fornecido apenas uma pequena proporção do financiamento total, os riscos da
empresa seriam assumidos principalmente por seus credores.
3) Se a companhia ganha mais em investimentos financiados com recursos tomados
de empréstimo de que paga em juros, o retorno do capital dos proprietários é
expandido, ou “alavancado”.

2.3.1. Índice de endividamento


O índice de endividamento, avalia a percentagem dos recursos fornecidos pelos credores.
O índice de endividamento é o índice da dívida total em relação aos activos totais. O índice
de endividamento é o índice da dívida total em relação aos activos totais.

Índice de endividamento = Dívida Total / Activos totais

2.3.2. Índice de cobertura de juros (ICJ)


Este índice é determinado dividindo-se os lucros antes dos juros e impostos (LAJIR) pelos
juros. Pode-se ainda afirmar que, o índice de cobertura de juros (ICJ) é o índice do lucro
antes do imposto (LAJIR) em relação aos encargos de juros; mede a capacidade da empresa
de atender aos seus pagamentos de juros anuais.

Índice de cobertura de juros (ICJ) = LAJIR / Encargos de juros


2.3.3. Índice de cobertura do encargo fixo

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Este índice é semelhante ao índice de cobertura de juros, mas é mais abrangente porque
reconhece que muitas empresas arrendam activos e também devem realizar amortizações. O
arrendamento (leasing) tem-se tornado generalizado em certos sectores nos últimos anos,
fazendo este índice preferível ao índice de cobertura de juros para muitos fins. Importa
realçar ainda que este índice vai para além do índice índice de cobertura de juros (ICJ) por
incluir as obrigações anuais de longo prazo e do fundo de amortização da empresa.

Índice de cobertura = (LAJIR + Pagamento de leasing) / [(Encargos de juros +


Pagamentos de leasing + Amortização/(1 – Taxa fiscal)]

2.4. ÍNDICES DE LUCRATIVIDADE


Os índices de lucratividade constituem uma série de índices que mostram os efeitos
combinados da liquidez, da administração de activos e da administração da dívida sobre os
resultados operacionais.

2.4.1. Margem líquida


Este índice mede a renda por unidade monetária de vendas; ele é calculado dividindo-se a
renda líquida pelas vendas.

Margem líquida = LL / Vendas

2.4.2. Índice do poder de ganho básico (PGB)


Este índice indica a capacidade dos activos da empresa de gerarem renda operacional; ele é
calculado dividindo-se os LAJIR pelos activos totais.

Índice do poder de ganho básico = LAJIR / Activos totais

2.4.3. Retorno sobre os activos totais (ROA-return on total assets)


É o índice da renda líquida para com os activos totais.

Retorno sobre os activos totais (ROA) = Lucro líquido disponível para detentores de
acções ordinárias / Activos totais
2.4.4. Retorno sobre o património (ROE-return on common equity)

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É o índice do lucro líquido para com o património líquido; mede a taxa de retorno sobre o
investimento dos detentores de acções ordinárias.

Retorno sobre o património = Lucro líquido disponível para os detentores de acções


ordinárias / Património líquido

2.5. ÍNDICES DE VALOR DE MERCADO


É uma série de índices que relacionam o preço das acções da empresa com seus lucros e com
o valor contábil por acção. Esses índices dão à administração um indício do que os
investidores pensam sobre o desempenho histórico da companhia e suas perspectivas. Se a
liquidez, a administração de activos e da dívida e os índices de lucratividade da companhia
são bons, então os índices de valor de mercado são altos e os preços de suas accoes
provavelmente serão tão altos quanto esperado.

2.5.1. Índice de preço/lucro (P/L)


Este índice demonstra quanto os investidores estão dispostos a pagar por unidade de lucro
divulgado, isto é, é o índice do preço por acção para com o lucro por acção; ele demonstra o
valor em unidade monetária que os investidores terão de pagar por 1 dólar de lucro corrente.

Índice de preço / lucro (P/L) = Preço por acção / Lucro por acção

2.5.2. Índice de mercado/valor patrimonial (M/VP)


O índice do preço de mercado de uma acção para com o seu valor contábil fornece outro
indício de como os investidores vêm a empresa. Empresas com taxas relativamente altas de
retorno sobre o património geralmente vendem a múltiplos mais altos do valor contábil do
que as com baixos retornos.
O Índice de mercado/valor patrimonial (M/VP), é o índice do preço de mercado de uma acção
para com o seu valor patrimonial.

Valor patrimonial por acção = Capital (acções ordinárias) / Número de acções

2.5.2.1. Índice de mercado /valor patrimonial

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É o índice do preço de mercado por acção pelo valor patrimonial.

Índice de mercado/valor patrimonial = Preço do mercado por acção / Valor patrimonial


por acção

2.6. ANÁLISE DE TENDÊNCIAS


Trata-se de uma análise dos índices financeiros de uma empresa com o passar do tempo; ela é
utilizada para determinar a melhoria ou agravamento da situação financeira.

2.7. RESUMO DA ANÁLISE DE ÍNDICE: O QUADRO DU PONT


É um gráfico destinado a mostrar as relações entre o retorno sobre o investimento, a rotação
dos activos, a margem de lucro e a alavancagem.

A equação Du Pont é uma fórmula que fornece a taxa de retorno sobre os activos,
multiplicando-se a margem de lucro pelo giro total dos activos, isto é, a margem de lucros
vezes o giro dos activos totais é chamada equação Du Pont. Isso fornece a taxa de retorno
sobre os activos (ROA):

ROA = MARGEM DE LUCRO X GIRO DOS ACTIVOS TOTAIS =


(LUCRO LÍQUIDO / VENDAS) X (VENDAS / ACTIVOS TOTAIS)

2.8. ANÁLISE COMPARATIVA DE ÍNDICES


É uma análise baseada na comparação de índices de uma empresa com os de outras empresas
no mesmo sector.

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