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Abdala Assane
Aissa Carlos Cambaza Estafeira
Américo Anotemua
Hipólito de Carmina Lopes Lampião
Plácido Gabriel Vasco Júnior
Pintuca Mário Amisse
Sérgio Vicente Gabriel
Introdução .............................................................................................................................................. 4
1. Abordagens alternatinas do Trabalho e da Empresa ................................................................... 5
1.1. Trabalho ........................................................................................................................... 5
1.1.1. Tipos de Trabalho..................................................................................................... 6
1.2. Empresa ........................................................................................................................... 8
1.2.1. Classificacão.............................................................................................................. 9
2. Direito do Trabalho ........................................................................................................................ 10
2.1. Noção e Terminologia ................................................................................................... 10
2.2. Definição ........................................................................................................................ 12
3. Fontes de Direito de Trabalho ...................................................................................................... 12
3.1. Constituição da República ............................................................................................. 13
3.1.1. Conceito .................................................................................................................. 13
3.2. Regulamento Interno ...................................................................................................... 13
3.2.1. Conceito .................................................................................................................. 13
3.2.2. Objectivos................................................................................................................ 13
3.2.3. Características gerais ............................................................................................... 14
3.2.4. Importância.............................................................................................................. 15
3.3. Código de Conduta ........................................................................................................ 15
3.3.1. Conceito .................................................................................................................. 15
3.3.2. Objectivos................................................................................................................ 16
3.3.3. Princípios Éticos no Código de Conduta ................................................................ 17
3.3.4. Importância do Código de Conduta ........................................................................ 18
3.4. Instrumento de Regulação Colectiva de Trabalho ......................................................... 18
3.4.1. Instrumento de Regulação Colectiva de Trabalho Negociais ................................. 18
3.4.2. Instrumento de Regulação Colectiva de Trabalho Não Negocial ........................... 20
3.5. Hierarquia das Fontes de Direito do Trabalho ............................................................... 21
3.6. Princípio do Tratamento Mais Favorável ...................................................................... 22
Considerações finais........................................................................................................................... 24
Referências bibliográficas ................................................................................................................. 25
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Introdução
1.1. Trabalho
Na visão de Antunes (2011, cit. em Filho e Simões, 2017), o termo trabalho é acto
responsável pela criação dos bens materiais necessários ao convívio social. Entretanto,
Albornoz (2002) explica que o entendimento acerca do termo “Trabalho” teve algumas
variações em diferentes idiomas, mas, no geral, o verbo trabalhar faz alusão ao exercício de
ocupação, de ofício e profissão. A partir dessas considerações, discussões teóricas mais recentes
têm buscado mostrar que há um processo de transformação laboral nas organizações.
Assim, no nosso entender, o trabalho como uma actividade humana, que diferencia o
homem dos demais animais, isso porque, ao interagir com a natureza de forma consciente, o
homem produz sua sobrevivência ao passo que se reproduz como ser social. Em outras palavras,
trabalho é a acção consciente, a capacidade do homem em projectar algo e ao final concretizá-lo,
ou seja, é uma ação criadora, consciente e humana.
Ali (2020), define trabalho de forma mais ampla, envolve a produção de valor (com e
sem valor de troca) pela força de trabalho através da realização de qualquer actividade, formal
e/ou informalmente subordinada ao capital, em diferentes esferas; monetarizada e/ou não
monetarizada, produtiva e/ou reprodutiva, agrícola e/ou não agrícola, realizada em contexto de
relações sociais conflituosas.
No quotidiano, normalmente usado os termos trabalho e emprego como sinônimos, mas
(Yamamoto, 2004, cit. em Campos, 2005), lembra que, no contrato de trabalho, a palavra
emprego e trabalho têm significados diferentes: “o emprego é uma forma específica de trabalho
económico (que pressupõe a remuneração) regulado por um acordo contratual (de caráter
jurídico)” (p. 17). portanto, é uma troca, em que uma pessoa exerce alguma actividade em
contrapartida à remuneração que recebe. Para Wickert (1999, cit. em Campos, 2005), emprego
é o “ato de alugar a capacidade de trabalho para outrem, em troca de certa quantia em dinheiro
e trabalho toda atividade realizada pelo homem civilizado que transforma a natureza pela
inteligência” (p. 18).
Já a palavra trabalho, para Borges (2004, cit. em Campos, 2005), traz um significado
mais amplo, que deriva de necessidades naturais (fome, sede, etc..), mas realiza-se na interacção
entre os homens ou entre os homens e a natureza; portanto, estabelece a relação entre homem e
a natureza e entre sociedade e a natureza.
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Para Yamamoto (2004, cit. em Campos, 2005), a essência do ser humano está no
trabalho. Para ele, o trabalho seria o factor que faz a mediação entre o homem e a natureza. Por
meio do trabalho o homem se diferencia dos demais animais, quando se antecipa, projecta e
consegue imaginar o resultado do seu trabalho, e portanto, tem a intencionalidade.
Dai que, no fim do processo de trabalho, obtém-se um resultado que já no início deste
existiu na imaginação do trabalhador, e portanto idealmente. Ele não apenas efectua uma
transformação na forma da matéria natural; realiza ao mesmo tempo, na matéria natural seu
objectivo, que ele sabe que determina, como lei, a espécie e o modo de sua actividade e ao qual
tem de subordinar sua vontade.
Para Grande (2018), o trabalho como fenómeno jurídico é a grande realidade da época
para todo espírito consciente e esclarecido, para todos aqueles que se sentem fadados a trabalhar
pelo bem da colectividade e do próprio gênero humano. Este facto assume a maior importância,
e, como tal, exige a atenção das pessoas mais cultas do tempo actual. Pois, o novo direito, o
Direito do Trabalho é o sustentáculo da civilização actual e constitui a suprema esperança das
almas que ainda não se desesperaram do futuro e creem sinceramente no advento de uma nova
era. O trabalho é a grande realidade social da época. Nada é mais actual do que ele. Só com o
trabalho podemos construir um mundo cada vez mais próspero.
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Todavia, eles são registados e contribuem para a previdência social, o que lhes confere
direito a benefícios como aposentadoria, pensão por morte, auxílio-doença e auxílio-
maternidade, garantindo uma protecção social em caso de necessidade.
Trabalho informal: é um trabalho onde a pessoa, na lei ou na prática, não está sujeita à
legislação nacional de trabalho, ao imposto sobre o rendimento, à protecção social ou ao direito
a determinados benefícios do emprego, e não é regulada pela legislação do trabalho
(MITESS,2016, cit. em Ali, 2020). Para Pillati (2004), o trabalho informal refere-se a
actividades económicas realizadas por trabalhadores que não possuem vínculo formal de
emprego ou não estão protegidos pela legislação trabalhista e previdenciária. Esses
trabalhadores actuam de maneira autónoma, por conta própria, ou em ocupações precárias e
informais, muitas vezes sem acesso a direitos e benefícios trabalhistas básicos.
Não obstante, no trabalho informal, não há um contrato formal de trabalho ou registo junto
às autoridades competentes e as relações de trabalho podem ocorrer de forma verbal ou
informal. Portanto, Bastos (2004), aponta que os trabalhadores informais geralmente não têm
direito a benefícios como salário mínimo, férias remuneradas, décimo terceiro salário, seguro-
desemprego, contribuição para a previdência social e outras protecções sociais previstas pela
legislação do trabalho.
As actividades informais podem abranger uma ampla gama de sectores, como vendedores
ambulantes, trabalhadores domésticos sem registo, motoristas de aplicativos, trabalhadores por
conta própria sem formalização, entre outros. O trabalho informal é comum em países em
desenvolvimento e também pode ocorrer em economias mais desenvolvidas mas em menor
escala.
Silva (1997), para além do trabalho formal e do informal, diz que é possível classificar o
trabalhadores em diferentes tipos, nomeadamente:
Profissional liberal: enquadra-se como profissional liberal o trabalhador que possui
formação acadêmica ou técnica que lhe permita exercer determinada actividade económica
como é o caso dos arquitetos, dentistas, advogados e médicos. Pode exercer suas actividades
em uma empresa ou em um escritório próprio, nesse caso, o profissional será o único
responsável pela organização e execução das suas actividades diárias.
Trabalhador autónomo: não precisa de uma formação superior ou técnica para exercer
suas actividades laborais. Fazem parte do trabalhador autonómo: cabeleireiros, músicos,
esteticistas, diaristas e outros prestadores de serviços. Cattani (1996), salienta que um autónomo
pode prestar serviços a uma empresas, mas não possui com essa nenhum vínculo empregatício.
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Importa referir que um trabalhador autónomo pode se tornar microempreendedor individual e
assim formalizar o seu negócio e ganhar alguns diretos trabalhistas.
Home office: é traduzido como escritório em casa, engloba os profissionais que trabalham
em casa realizando todas as tarefas de trabalho como se estivessem nas dependências da
empresa (Cattani, 1996). Esse autor, sublinha que pode ser desenvolvido por meio de três
arranjos: como empregado de uma empresa, como freelancer ou como empresário de uma
empresa home based. No entanto, nem sempre o trabalho é, de facto, realizado em casa, esses
profissionais podem optar por trabalharem em outros espaços que ofereçam tecnologia e
comodidade para que exerçam suas actividades com conforto como cafeterias, coworkings e
hotéis.
Contudo, a demanda por esse tipo de trabalho está em ascensão uma vez que muitas
empresas buscam colaboradores em diferentes cidades que estejam dispostos exercerem as suas
actividades à distância.
1.2. Empresa
Muchanga (2020) define empresa como instituição, um lugar coletivo onde os sujeitos
estão submetidos a normas, regras e valores que, pela legitimidade de que gozam, unificam os
grupos e estruturam as relações sociais. Por sua vez, Parente (2003), entende que:
Empresa é uma organização de meios técnicos, humanos e financeiros destinada a
facultar bens ou serviços para satisfazer as necessidades das comunidades. Visa o
lucro, assume riscos, tem uma filosofia de negócio, persegue determinados objetivos,
é avaliada contabilisticamente e funciona como sistema aberto. Interage de forma
sistemática com o meio ambiente que a rodeia: a empresa condiciona e influencia o
seu meio e é condicionada e influenciada por esse mesmo meio (p. 18).
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O artigo 11 do Código Comercial moçambicano (2008) estabelece que são empresários comerciais as pessoas
singulares ou colectivas que, tendo capacidade para o exercício da actividade empresarias (as que envolvem a
produção, transformação e circulação de bens, prestação de serviços, exploração de espetáculos, agenciamento ou
leilão, transporte, agricultura, pesca, artesanato, exploração florestal, mineração, entre outras, quando destinadas
ao mercado – artigo 2 do Código Comercial) fazem dela sua profissão; e as sociedades comerciais.
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Do nosso ponto de vista, empresa significa empreendimento, associação de pessoas para
exploração de um negócio. É toda organização económica civil, ou empresarial, instituída para
a exploração de um determinado ramo de negócio. Empresa não é nada mais que uma actividade
económica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços.
1.2.1. Classificacão
Segundo Kaufmann (2016), durante a última década, tem sido devotada uma atenção
crescente às PME’s, tendo como corolário a elaboração do Estatuto das Micro, Pequenas e
Médias Empresas em Moçambique, através do Decreto no 44/2011, de 21 de Setembro,
juntando-se à outros dispositivos e instituições, para fazer face à diversos constrangimentos, a
exemplo das barreiras regulatórias, falta de acesso aos mercados, falta de acesso ao
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Conceito surgido na década de 80, devido ao rápido desenvolvimento da tecnologia de microcomputadores.
Propagou a ideia de migração dos sistemas informatizados, geralmente baseados em computadores de grande
porte, para uma plataforma menor e mais simplificada (redes). O downsizing dos sistemas de informação tem sido
associado ao conceito de eliminação dos excessos de burocracia da infra-estrutura nas empresas e objetiva
melhorar a comunicação e o processo decisório, através da redução da estrutura organizacional, reduzir custos e
aumentar a produtividade.
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financiamento, falta de ligações horizontais e verticais entre empresas, carga fiscal e custo dos
procedimentos elevados.
Em torno das características quantitativas e qualitativas das PME’s, de Kaufmann (2016)
refere que a definição destas empresas é feita de acordo com o nível de seu desenvolvimento e
dos objectivos políticos para a facilitação nos limites de um dado país ou de uma dada economia
nacional.
Nesse sentido, internacionalmente, muitas vezes o tamanho duma empresa é definido com
base no número de trabalhadores ou das receitas, podendo ainda ser baseado no capital aplicado
ou do “market share”. Contudo, percebe-se que o tamanho e estrutura de empresas dos países
industrializados e das em vias de desenvolvimento, a exemplo de Moçambique, são
incomparáveis. Só para ilustrar algum exemplo, na Australuia, considera-se pequena empresa
aquela que agrega até 9 trabalhadores e média empresa de 20 a 200 trabalhadores.
2. Direito do Trabalho
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Na verdade, o seu conceito é amplíssimo e abrange toda a esfera social, enquanto, o
conceito sindicato e a corporação constituem meras instituições trabalhistas. O trabalho não tem
partido nem regime político. Ele é um factor permanente na história da humanidade.
O Direito do Trabalho, não é só o direito que portege o fraco, os débeis e deficientes,
acima de tudo é o direito que dignifica o trabalhador e faz justiça aos que labutam dia-à-dia em
prol da colectividade. É nesta senda que muitos autores confundem o Direito Social do Direito
do Trabalho, como refere Grande (2018), que nem todo direito social é direito do trabalho.
No terreno económico é direito social o que rege a vida interna de uma empresa, de
uma sociedade anónima, de uma cooperativa, mesmo de feitio não proletário ou profissional.
Dentro ou fora dos domínios da economia, é o direito que regula a existência de toda e qualquer
instituição de caráter económico, religioso, moral, etc.
O Direito social comtempla “três espécies” nomeadamente: direito puro e independente
(a convenção coletiva livremente celebrada à margem do Estado); direito puro, sob a tutela do
Estado (convenções coletivas já reguladas por lei); direito social elevado à categocia de direito
público (leis de assistência às classes trabalhadoras), também em qualquer outro sector da
actividade colectiva, de vida em comum - grupo, associação económica (não proletária),
cultural, recreativa, etc. E no Direito do Trabalho tem normas inerentes à estrutura do grupo ou
associação: estatutos; regimentos internos, etc. (direito social puro e independente); relações de
direito privado, que não podem deixar de surgir onde quer que se reunam, coexistam ou
cooperem dois ou mais indivíduos; medidas de ordem pública, directamente emanadas do
Estado, às quais estão sujeitas todas as associações lícita ou legalmente organizadas, ou que
visam directamente protegê- las, garantí-las, controlá-las conforme o interesse social que
possam encarnar ou envolver.
Assim, em vez de Direito Social - sinônimo de Direito do Trabalho, isto é, como
expressões que se confundem ou se equivalem, é preferível, em relação à primeira, a de Direito
Social do Trabalho, que é para distinguí-lo de outros direitos sociais não trabalhistas
(Gaudêncio, 2010).
De qualquer modo, e deixando de lado a de direito laborai, que não pegou, parece-nos
que, das denominações acima examinadas, a de “Direito do Trabalho” é a mais apropriada, a
mais precisa e completa. Compreende, ao mesmo tempo, o direito individual, o direito social e
o direito estatal - três aspectos que se combinam, que se entrelaçam, para imprimir-lhe um
cunho de unidade integral, com posição definida na ciência jurídica.
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2.2. Definição
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ou colectiva de trabalho convencionarem a sua inaplicabilidade. Mas tambem parte do referido
rol das fontesdo Direito, o código de Conduta; Princípio do Tratamento Mais Favorável, entre
outras.
3.2.2. Objectivos
O objetivo do Regulamento Interno segundo Morgado (2015, p. 104), é garantir o adequado
funcionamento de um órgão, seja ele da iniciativa privada ou do Poder Público. No nosso
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entender, faz também parte do objectivo de um regulamento interno, disciplinar algumas
situações específicas que não têm previsão na lei, mas que interferem no funcionamento do dia-
à-dia da organização. Por outro lado, ele também pode esclarecer pontos que, apesar de
previstos na lei, são ambíguos ou de difícil entendimento. Importa referir que cada empresa
tem a sua realidade e o regulamento deve atentar-se as peculiaridades e necessidades de cada
organização.
Por meio desse instrumento regulador, todos os integrantes da organização tomam
conhecimento de seus direitos e obrigações. O benefício desse tipo de documento é tornar suas
partes mais bem integradas, cientes das regras daquele local, podendo funcionar como uma
espécie de acordo colectivo e tornar as actividades mais harmónicas.
Desta feita, o Regulamento Interno elaborado deve ser informado aos empregados,
distribuindo a cada trabalhador ou deixando em local visível (quadro informativo) onde os
trabalhadores possam conferi-lo a qualquer momento, ou pelo método de registo por meio
eletrónico para que o mesmo possa ser monitorado sempre nas telas. Portanto, o efeito do
Regulamento Interno de trabalho só surgirá após o reconhecimento dos trabalhadores por algum
meio (de comunicação). A data de reconhecimento dos trabalhadores, segundo o Ministério da
Saúde, Trabalho e Bem Estar (2013), caso esteja definida no regulamento interno, será
considerada a data de execução, e caso não esteja especificada normalmente será considerada a
data que chegou ao conhecimento dos trabalhadores.
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disciplinar, ou seja, o conjunto de sanções que são impostas quando há um incumprimento
do regulamento interno.
3.2.4. Importância
O Regulamento Interno é um instrumento orientador que proporciona um ambiente de
trabalho tranquilo e seguro aos trabalhadores. Segundo o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem
Estar (2013), este instrumento é de suma importância em todos os locais de trabalho,
independente do tipo ou da escala empresária.
Morgado (2015), refere que uma das grandes vantagens do regulamento interno é garantir
aos membros de uma organização uma salvaguarda, caso surja alguma demanda judicial. Nessa
situação, o documento pode ser utilizado como prova.
Assim sendo, é importante estabelecer, previamente, o regulamento interno de trabalho
contendo a jornada, o valor salarial, recursos humanos, disciplinas de serviços etc., bem como
estabelecer claramente as condições do trabalhador e os padrões destas para evitar problemas
entre os trabalhadores e o empregador.
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O Código de conduta destina-se a todos os colaboradores da organização
independentemente do seu nível hierárquico: administradores, gestores, pessoal técnico
administrativo, pessoal de apoio, estagiários, fornecedores de bens e serviços, entre outros, com
vista a uma conduta apropriada (Deming, 2018).
Matavele et al (2020), avança que uma conduta apropriada é alcançada quando os membros
da organização, para além de cumprirem obrigações gerais, assumem aquelas que são
específicas e relevantes à natureza do seu trabalho. Portanto, os membros da organização devem
cumprir e fazer cumprir os procedimentos institucionais estabelecidos e demais legislação
aplicável.
Assim, sendo a conduta o modo como alguém se comporta guiado por determinados
princípios, na organização, espera-se que esta seja um elemento chave para que os
colaboradores tenham sempre em mente os desígnios da organização, em todas as suas práticas
profissional e sócio-cultural, conforme aponta Deming (2018, p. 7) que o código de conduta
pretende materializar em princípios de actuação, a missão e os valores da organização, bem
como guiar e orientar a actuação quotidiana, de modo a que cada comportamento se possa
enquadrar na cultura organizacional.
Por isso, espera-se dos colaboadores que actuem constantemente de acordo com código de
conduta da organização, sendo necessário lê-lo, compreendê-lo e utilizá-lo no seu dia--a--dia.
Igualmente, espera-se dos responsaveis da organização que actuem com integridade e
consistência, contribuindo para a criação de um ambiente de respeito e inserção, garantindo a
promoção dos padrões éticos da organização; apoiar os collaborators na compreensão do
código e da importância da sua actuação para a prevenção de situações inadequadas; devem
estar atentos a possíveis violações do código vigente e comunicá-los através dos meios previstos
e devem ainda zelar para que nenhuma pessoa seja alvo de retaliação por reportar uma potencial
irregularidade.
3.3.2. Objectivos
Mendonça (2021), refere que:
Os objectivos do Código de conduta visa formalizar os princípios, valores e
fundamentos que vivenciamos em nosso quotidiano, possibilitando alinhar as nossas
acções profissionais para um sentido único; o caminho da integridade. Para tanto, este
documento é um guia de conduta consultivo do dia-a- dia de todos os trabalhadores e
que deve ser compreendido e seguido por todos aqueles que se relacionem de alguma
maneira com a organização (p. 7).
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3.3.4. Importância do Código de Conduta
O código de conduta profissional é essencial para estabelecer padrões de comportamento
aceitáveis e promover a confiança entre os profissionais, clientes e demais partes interessadas.
Ele ajuda a prevenir conflitos de interesse, práticas antiéticas e condutas inadequadas,
contribuindo para a reputação e credibilidade da profissão (Pouyanné, 2018).
Neste sentido, um Código de Conduta serve a dois propósitos essenciais. Primeiramente,
ele explicita de maneira clara os valores e princípios que guiam as acções e decisões da
organização. Além disso, ao ser compartilhado publicamente, actua como um canal para
comunicar ao mundo os compromissos da organização, especialmente em relação à
conformidade com regras e regulamentos.
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Arbitragem Voluntária
Convenção colectiva de trabalho: "É uma forma de ajuste de interesses entre as partes,
que acertam as diferentes posições, visando encontrar uma solução capaz de compor suas
relações” (Pinto, 2015). Assim, mister se faz o atendimento de certas regras, a saber a de
garantia de segurança aos negociadores, para que, com liberdade, possam expor suas ideias,
disciplina, respeito, e agirem com lealdade e boa-fé (como autêntica obrigação jurídica), como
se deve proceder em qualquer contrato. Fernandes (2012), refere que fazem parte das
Convenção Colectiva de Trabalho – CCT, os seguintes:
Contrato Colectivo, é o acordo que se estabelece entre os representantes dos empregadores
e dos trabalhadores;
Acordo de Colectivo, a convenção é ajustada entre Associação Sindical dos trabalhadores
e Vários Empregadores,
Acordo de Empresa, convenção em que são celebrados acordos entre associação sindical
e um único empregador, empresa ou estabelecimento.
Acordo de Adesão: é um “convénio celebrado pelos sujeitos laborais colectivos, com vista
a aplicação de convenção colectiva de trabalho em que não interviriam, no âmbito das suas
próprias situações laborais.
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É nesta senda que o no1 do Artigo 19, da Lei no 13/2023, de 25 de Agosto, estabelece que
“as fontes de direito superiores prevalecem sempre sobre as fontes hierarquicamente inferiores,
excepto quando estas, sem oposição daquelas, estabeleçam tratamento mais favorável ao
trabalhador”. E o no3 do artigo, refere que “as fontes superiores podem ser afastadas por
contrato de trabalho, quando este, sem oposição daquelas, traga um tratamento mais favorável
ao trabalhador”.
Na visão de Martins (2014), o critério geral de hierarquia das normas jurídicas considera
que uma norma encontra seu fundamento de validade em outra hierarquicamente superior,
sendo a Constituição a lei suprema da pirâmide hierárquica:
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Considerações finais
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Referências bibliográficas
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