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DIREITO DO

TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho

SISTEMA DE ENSINO
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................4
Princípios do Direito do Trabalho.. ..........................................................................................................................5
1. Introdução ao Tema.....................................................................................................................................................5
2. Diferenciação entre Regras e Princípios. .......................................................................................................6
3. Funções e Classificações dos Princípios. .......................................................................................................6
4. Princípios Jurídicos Gerais Aplicáveis ao Direito do Trabalho.........................................................7
4.1. Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva (Pacta Sunt Servanda).................................7
4.2. Princípios da Lealdade e Boa-fé. . ....................................................................................................................8
4.3. Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade..................................................................................9
4.4. Princípio da Tipificação Legal de Ilícitos e Penas............................................................................. 10
5. Princípios constitucionais do Direito do Trabalho................................................................................ 10
5.1. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana............................................................................................ 10
5.2. Princípio do Valor Social do Trabalho e da Livre Iniciativa............................................................11
5.3. Princípio da não Discriminação.. .....................................................................................................................11
5.4. Princípio da Proteção ao Trabalhador e Prevalência da Condição mais Favorável
(Art. 7º, Caput). . ................................................................................................................................................................13
5.5. Princípio da Proteção contra a Despedida Arbitrária (Art. 7º, I)................................................13
5.6. Princípio da Proteção ao Salário (Art. 7º, IV, VI, XXX)......................................................................13
5.7. Princípio da Proteção ao Meio Ambiente.................................................................................................14
5.8. Princípio do Reconhecimento das Convenções e Acordos Coletivos (Art. 7º, XXVI).....15
6. Princípios Específicos do Direito Individual do Trabalho..................................................................16
6.1 Princípio da Proteção............................................................................................................................................16
6.2. Princípio da Primazia da Realidade. ...........................................................................................................20
6.3. Princípio da Continuidade.................................................................................................................................21
6.4. Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva. ................................................................................ 22
6.5. Princípio da Intangibilidade Salarial.........................................................................................................25
6.6. Princípio da Irrenunciabilidade. . ...................................................................................................................26
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Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

7. Renúncia e Transação no Direito do Trabalho. ........................................................................................ 28


Resumo................................................................................................................................................................................30
Mapa mental......................................................................................................................................................................31
Questões de Concurso................................................................................................................................................34
Gabarito...............................................................................................................................................................................39
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................40
Referências........................................................................................................................................................................50
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

Apresentação
Olá, querido(a) aluno(a)!
Como você está? Tudo bem?
Caso você não me conheça, eu sou Breno Lenza Cardoso, professor das duas melhores
matérias que existem: Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho. Sou autor de di-
versos livros nessa área e estou aqui para te auxiliar a alcançar a tão sonhada aprovação e,
posteriormente, a sua nomeação. Eu posto diversas dicas no meu Instagram @doutortrabalho
que, além desse material, irão te ajudar nessa caminhada!
É motivo de muita honra integrar a seleta equipe do GRAN CURSOS e poder desenvolver
materiais com o objetivo de te ajudar a atingir o sucesso na carreira que tanto sonha.
Não se engane, para chegar lá é necessário ter muita disciplina e resiliência, superar os
momentos de dificuldades e estar sempre com o foco no grande prêmio. Você tem capacidade
e competência para chegar lá, acredite.
Por isso, saiba que irei dar o meu máximo para que essas aulas sejam eficazes e que você
consiga absorver todo o conhecimento necessário para a aprovação. Lembre-se: LEIA BEM.
Não leia apenas por ler, mas sim para COMPREENDER e APREENDER o conhecimento. Esse é
um diferencial, pois, na hora da prova, a banca irá tentar te confundir e, caso a sua leitura tenha
sido atenta, você não cairá nas pegadinhas.
Para somar ao nosso material, irei acrescentar as queridas tabelas que desenvolvi para
criar o livro Direito do Trabalho e Processo do Trabalho em Tabelas para que você possa estu-
dar e revisar de uma forma mais didática, acumulando, cada vez mais, conhecimento para a
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Por fim, conte comigo no que for preciso. Estou aqui para te ajudar e caminharei ao seu
lado até o momento em que você irá dizer para todo mundo: PASSEI. E caso tenha alguma dú-
vida, é só mandar no Fórum do aluno que irei responder com o maior prazer.
Agora quero propor a você, querido(a) aluno(a), o seguinte desafio nos seus estudos des-
sas matérias sensacionais: #trabalhonamente 👊 Quero que você me marque no Instagram
para criarmos nossa comunidade GRAN. Vamos lá?
Breno Lenza Cardoso
@doutortrabalho
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Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO


1. Introdução ao Tema
Latu sensu, princípio é uma proposição fundamental que se forma na consciência das pes-
soas e grupos sociais, a partir de certa realidade, e que, após formada, direciona-se à compre-
ensão, reprodução ou recriação dessa realidade. Podem ser morais, religiosos, políticos etc. A
palavra princípio corresponde à noção de proposição ideal, fundamental, construída a partir de
uma realidade e que direciona a compreensão da mesma.
No direito, princípios jurídicos representam sínteses de orientações essenciais assimila-
das por ordens jurídicas em determinados períodos históricos e despontam como sínteses
conceituais de nítida inserção histórica, submetendo-se a uma inevitável dinâmica de supe-
ração e eclipsamento, como qualquer outro fenômeno cultural produzido. Segundo Maurício
Godinho Delgado1:

Para ciência do direito os princípios conceituam-se como proposições fundamentais que informam
a compreensão do fenômeno jurídico. São diretrizes centrais que se inferem de um sistema jurídico
e que, após inferidas, a ele se reportam, informando-o.

Já para Vólia Bomfim Cassar (2018, p. 210), “princípio é a postura mental que leva o intér-
prete a se posicionar desta ou daquela maneira”.
Assim, querido(a) aluno(a), podemos afirmar que os princípios são as normas fundamen-
tais do sistema, que informam todo o ordenamento jurídico, bem assim a interpretação das
demais normas-regra, já postas em vigência. Dessa forma, servem como fundamento e são
responsáveis pela gênese de grande parte das regras que, por consequência, deverão ter sua
interpretação e aplicação condicionadas por aqueles princípios, dos quais se originaram.

PRINCÍPIOS – DEFINIÇÃO DE CELSO ANTÔNIO BANDEIRA


DE MELO2
Mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce deste,
disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas
comparando-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata
compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a
racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe
dá sentido harmônico.

1
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 19. ed. São Paulo: LTr, 2020, p. 226.
2
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 22ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2007.
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2. Diferenciação entre Regras e Princípios


Segundo Alexy, regras e princípios são normas, porque ambos dizem o que deve ser e am-
bos podem ser formulados por meio das expressões deônticas4 básicas do dever, da permis-
são e da proibição. A distinção entre regras e princípios é, portanto, uma distinção entre duas
espécies de normas (2017, p. 87).
• Grau de abstração: os princípios são normas de conteúdo mais amplo/vago, genérico
e indeterminado. Exemplo: art. 1º, III da CF/88 – Dignidade da pessoa humana. Já as
regras são normas de conteúdo mais estrito, específico e preciso. Exemplo: regra de
sucessão presidencial prevista no art. 80 da CF/883.
• Conflito: para as regras vale a lógica “ou um, ou outro”, assim, utilizam-se técnicas de
solução de antinomias, afasta-se por completo a aplicação de uma delas. Já quanto
aos princípios, em caso de conflito, não há exclusão completa de um ou outro, deven-
do o intérprete fazer um juízo de ponderação, à luz dos critérios da proporcionalidade.
Pode-se afirmar que princípios não colidem, mas sim concorrem, uma vez que são
mandamentos de otimização.
• Capacidade normogenética (capacidade de gerar norma): Os princípios são fundamen-
to de regras, são normas que estão na base da criação das regras e, por isso, possuem
função normogenética;
• Grau de determinação da conduta concreta: As regras geram uma consequência espe-
cífica, ou seja, o seu comando é OBJETIVO. Já os princípios conduzem a consequências
variadas, mas sempre no sentido de concretização de seus valores intrínsecos.

Ademais, aluno(a), em que pese todas essas considerações, o art. 8º da CLT atribui aos princí-
pios força normativa supletiva. Vejamos:

Art. 8º, CLT. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais
ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros
princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com
os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe
ou particular prevaleça sobre o interesse público.

3. Funções e Classificações dos Princípios


• Fase Pré-Jurídica (ou política): nesse período, por serem fatores que influenciam, de for-
ma limitada, na produção da ordem jurídica, são considerados fontes materiais do Direito.
• Fase Jurídica: se classificam de acordo com a função determinada que realizam.

3
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessiva-
mente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo
Tribunal Federal.
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a) informativos – auxiliam na interpretação do Direito, não atuando, assim, como fonte


formal deste.
b) normativos subsidiários – são consideradas normas supletivas, ou seja, auxiliam na
integração jurídica. Aluno(a), não se esqueça do famoso artigo 8º da CLT quando pensar em
integração, ok?
c) normativos próprios ou concorrentes – possuem natureza de norma jurídica em si.

O PULO DO GATO

FUNÇÕES DOS PRINCÍPIOS

Informadora Integradora Normativa Concorrente


Auxiliam na Utilizados como fonte Quando assumem real natureza
compreensão supletiva, em situação de norma jurídica, constituindo
do fenômeno de lacunas nas fontes postulados formadores das normas
jurídico, mediante jurídicas principais do trabalhistas e, concomitantemente,
interpretação. sistema. delas decorrentes.

4. Princípios Jurídicos Gerais Aplicáveis ao Direito do Trabalho


Querido(a) aluno(a), muita atenção para o fato de qualquer dos princípios gerais que se
aplique ao Direito do Trabalho precisa passar por um filtro de adequação visando a compati-
bilização com os princípios e regras próprias a este ramo jurídico especializado, de modo que
a inserção da diretriz geral não choque coma especificidade inerente ao ramo justrabalhista.

4.1. Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva (Pacta Sunt


Servanda)
Esse princípio civilista, tratado normalmente como “pacta sunt servanda), ao ser aplicado
ao Direito do Trabalho, recebe uma nova roupagem, sendo então o princípio da inalterabilidade
contratual lesiva. No direito especializado, o empregador não pode, em tese, realizar qualquer
alteração contratual que gere, direta ou indiretamente, prejuízo ao empregado, mesmo que
haja o consentimento deste.

Esse princípio é mitigado pelo chamado jus variandi conferido ao empregador em decorrência
do poder diretivo, uma vez que são válidas pequenas alterações não substanciais no contrato
de trabalho, de forma a melhor organizar, sob critérios objetivos, o empreendimento, desde que
siga o disposto nos artigos 444 e 468 da CLT. Vejamos:
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Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes in-
teressadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos
coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.
Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por
mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
§ 1º Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo
empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de
confiança. (Redação dada pela Lei n. 13.467, de 2017)
§ 2º A alteração de que trata o § 1º deste artigo, com ou sem justo motivo, não assegura ao empre-
gado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que não será incorpo-
rada, independentemente do tempo de exercício da respectiva função.

O PULO DO GATO
Aluno(a), fique atento(a) a algumas exceções que o entendimento do Tribunal Superior do
Trabalho nos traz:

OJ n. 159, SDI-I: Diante da inexistência de previsão expressa em contrato ou em instrumento norma-


tivo, a alteração de data de pagamento pelo empregador não viola o art. 468, desde que observado
o parágrafo único, do art. 459, ambos da CLT.
OJ n. 244, SDI-I: A redução da carga horária do professor, em virtude da diminuição do número de
alunos, não constitui alteração contratual, uma vez que não implica redução do valor da hora-aula.

4.2. Princípios da Lealdade e Boa-fé


Segundo o princípio da boa-fé, tanto o empregado quanto o empregador devem agir, em
sua relação, pautados pela lealdade e boa-fé.
A ideia de responsabilidade pré-contratual, por exemplo, decorre do princípio da boa-fé.
Com efeito, se a parte contratante não age com boa-fé e lealdade durante a fase das tratativas
(negociações preliminares), pode ser condenada ao ressarcimento dos danos materiais, bem
como de eventual dano moral ocasionado à parte lesada.
Ainda, a lealdade e a boa-fé podem ser identificadas em normas justrabalhistas que tratam
dos limites impostos à conduta de uma parte em confronto com os interesses de outra parte
contratual, a exemplo do que ocorre em figuras como a justa causa obreira, a incontinência de
conduta, mau procedimento, desídia, negociação habitual desleal etc.
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O PULO DO GATO

boa-fé objetivas – figuras importantes

Supressio Surrectio Tu Quoque


Ao mesmo tempo em Verifica-se quando um sujeito
Perda, por renúncia que o credor perde um viola uma norma jurídica e,
tácita, de um direito direito por essa supressão, posteriormente, tenta tirar
ou de uma posição surge um direito a proveito da situação em
jurídica, pelo seu não favor do devedor, por benefício próprio, exercendo
exercício com o meio da surrectio, direito direito previsto nessa mesma
passar dos tempos. este que não existia norma ou recorrendo a ela em
juridicamente até então. sua defesa.

boa-fé objetivas – figuras IMPORTANTES


Venire contra Duty to mitigate
Exceptio doli
factum proprium the loss
Impossibilidade de Dever imposto ao
Defesa do réu contra
pode exercer um direito credor de mitigar
ações dolosas,
próprio contrariando um suas perdas, o
contrárias à boa-fé.
comportamento anterior. próprio prejuízo.

4.3. Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade


São princípios segundo os quais se espera que o indivíduo aja razoavelmente, ou seja, as
suas condutas devem ser orientadas pelo bom-senso, sempre que a lei não tenha previsto de-
terminada circunstância surgida do caso concreto.
O núcleo da aplicação desses princípios é a conjugação das ideias de adequação, de ne-
cessidade e de proporcionalidade em sentido estrito.

PROPORCIONALIDADE
Adequação necessidade
EM SENTIDO ESTRITO
Meio que atinge sua Verificar se ganhou mais
Meio apto a atingir os finalidade com a menor do que se perdeu em
resultados esperados restrição possível ao termos de fundamentalidade
direito alheio dos valores em cheque.
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Princípios do Direito do Trabalho
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Para o Direito do Trabalho, esses princípios têm especial importância, como exemplo, no
exercício do poder disciplinar pelo empregador, uma vez que sempre que este for aplicar deter-
minada penalidade disciplinar ao empregado, há que ser observado o critério da razoabilidade,
sob pena da nulidade do ato.

4.4. Princípio da Tipificação Legal de Ilícitos e Penas


Princípio que advém do Direito Penal, estabelece que não haverá punições sem as suas
correspondentes tipificações de condutas. No Direito do Trabalho, por exemplo, temos as fal-
tas contratuais típicas positivadas nos artigos 482 e 483 da CLT.

O PULO DO GATO
Não obstante o que eu escrevi acima, meu(minha) aluno(a), a aplicabilidade desse princípio
não é absoluta na área justrabalhista, uma vez que, por exemplo, a penalidade de ADVERTÊN-
CIA não tem previsão legal na CLT. Assim, essa punição é criada pelo costume trabalhista
(lembra do nosso material de fontes?!).

5. Princípios constitucionais do Direito do Trabalho


5.1. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
Segundo Ingo Sarlet, dignidade da pessoa humana é:

qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e
consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de
direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho
degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existentes mínimas para uma
vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da
própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos. (SARLET, 2010)

Nos termos do art. 1º da CRFB/88, a República Federativa do Brasil, formada pela união in-
dissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa
humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide Lei n. 13.874, de 2019)
V - o pluralismo político.
O princípio da dignidade humana, vetor axiológico do ordenamento jurídico pátrio, traz a
noção de que o ser humano é um fim em si mesmo, não podendo ser utilizado como meio para
atingir determinado objetivo. Veda-se, assim, a coisificação do homem, e, no caso específico
do direito laboral, a coisificação do trabalhador.
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5.2. Princípio do Valor Social do Trabalho e da Livre Iniciativa


Nos termos do art. 1º da CRFB/88, a República Federativa do Brasil, formada pela união in-
dissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa
humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide Lei n. 13.874, de 2019)
V - o pluralismo político.
Consoante o art. 427 do Tratado de Versalhes e a Declaração de Filadélfia, o trabalho não
é mera mercadoria. O trabalho tem um valor social e deve servir para propiciar a dignificação
da pessoa por meio de um trabalho decente.

5.3. Princípio da não Discriminação


Uma sociedade que pretenda ser democrática deve ser eminentemente pluralista e inclusi-
va. Forte nessa ideia, a Constituição cidadã de 1988 destaca o princípio da isonomia (tanto em
seu aspecto formal, quanto material) como uma de suas bases-metres ao prevê-lo no caput do
art. 5º, e repisá-lo ao longo de todo seu texto (arts. 3º, I, III e IV; 5º, I, VIII, XLI, XLII; 7º, XX, XXX,
XXXI, XXXII; 12, §2º, etc.).

O PULO DO GATO
Nesse sentido, inclusive, a Convenção 111 da OIT conceitua discriminação como:

Qualquer outra distinção, exclusão ou preferência que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade
de oportunidades ou tratamento em matéria de emprego ou profissão que poderá ser especificada
pelo Membro interessado depois de consultadas as organizações representativas de empregadores
e trabalhadores, quando estas existam, e outros organismos adequados.

001. (BANCA PRÓPRIA/TRT-4ª REGIÃO/JUIZ DO TRABALHO/2016) Considere as asserti-


vas abaixo sobre discriminação e isonomia.
I – O princípio da não discriminação é princípio de proteção, denegatório de conduta que se
considera gravemente censurável, pelo qual se proíbe introduzir diferenciações por razões não
admissíveis. Já o princípio da isonomia é mais amplo que o princípio da não discriminação,
na medida em que busca igualizar o tratamento jurídico a pessoas ou situações que tenham
relevante ponto de contato entre si.
II – É proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à
relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil,
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situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, dentre outros, ressalvadas, nesse
caso, as hipóteses de proteção à criança e ao adolescente previstas no art. 7º, inc. XXXIII, da
Constituição Federal de 1988.
III – Em caso de rompimento da relação de trabalho por ato discriminatório, nos moldes da Lei
no 9.029/1995, o empregado poderá pleitear somente o direito à reparação pelo dano moral
e a reintegração com ressarcimento integral de todo o período de afastamento, mediante pa-
gamento das remunerações devidas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros legais.

Os itens I e II estão corretos, sendo que o erro do item III consiste em limitar o pedido do tra-
balhador somente ao direito à reparação pelo dano moral e a reintegração com ressarcimento
integral de todo o período de afastamento, mediante pagamento das remunerações devidas,
corrigidas monetariamente e acrescidas de juros legais, sendo também possível pedir, de for-
ma alternativa, a percepção, em dobro, da remuneração do período de afastamento, corrigida
monetariamente e acrescida dos juros legais.
Apenas os itens I e II estão corretos.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 683 do STF. O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima
em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das
atribuições do cargo a ser preenchido.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 451 do TST. Fere o princípio da isonomia instituir vantagem mediante acordo
coletivo ou norma regulamentar que condiciona a percepção da parcela participação nos
lucros e resultados ao fato de estar o contrato de trabalho em vigor na data prevista para
a distribuição dos lucros. Assim, inclusive na rescisão contratual antecipada, é devido o
pagamento da parcela de forma proporcional aos meses trabalhados, pois o ex-empre-
gado concorreu para os resultados positivos a empresa.

JURISPRUDÊNCIA
OJ n. 383, SDI-1 do TST. A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa inter-
posta, não gera vínculo de emprego com ente da Administração Pública, não afastando,
contudo, pelo princípio da isonomia, o direito dos empregados terceirizados às mesmas
verbas trabalhistas legais e normativas asseguradas àqueles contratados pelo tomador
dos serviços, desde que presente a igualdade de funções. Aplicação analógica do art. 12,
“a”, da Lei n. 6.019, de 03.01.1974.
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JURISPRUDÊNCIA
OJ n. 25, SDC do TST. Não fere o princípio da isonomia salarial (art. 7º, XXX, da CF/88) a
previsão de salário normativo tendo em vista o fator tempo de serviço.

5.4. Princípio da Proteção ao Trabalhador e Prevalência da Condição


mais Favorável (Art. 7º, Caput)

A Constituição Federal prescreve um catálogo mínimo de direitos trabalhistas e autoriza a


aplicação de outros direitos que propiciem a melhoria das condições de vida dos trabalhado-
res. Ademais, o próprio caput do artigo 7º nos traz o princípio da vedação ao retrocesso social
(efeito cliquet), ou seja, determina que não há possibilidade de se retroagir a situações em que
os direitos são protegidos de formas inferiores, reduzindo, assim, a sua proteção e alcance,
garantindo a progressividade dos direitos sociais trabalhistas.
O STF assentou que o princípio da vedação de retrocesso social não chega ao ponto de
impedir as futuras intervenções legislativas restritivas de direitos fundamentais, recuando, em
alguma medida, no nível de proteção já concretizado, desde que, no limite, seja respeitado o
núcleo essencial dos direitos fundamentais em jogo. Ao legislador ordinário deve ser resguar-
dado um espaço razoável de atuação, de acordo com as circunstâncias do momento, para
alterar os regimes jurídicos de proteção, aumentando ou diminuindo alguns dos direitos, mas
desde que mantido, no conjunto, os direitos fundamentais já implementados, já que a efetiva-
ção do sistema de proteção tem custos, que não podem ser desconsiderados.

5.5. Princípio da Proteção contra a Despedida Arbitrária (Art. 7º, I)


A Constituição Federal protege a relação empregatícia contra a dispensa arbitrária ou sem
justa causa, em harmonia com a Convenção 158 da OIT.

5.6. Princípio da Proteção ao Salário (Art. 7º, IV, VI, XXX)


Esse princípio garante o salário-mínimo (digno) capaz de atender às necessidades básicas
e vitais do trabalhador e de sua família, com reajustes periódicos que asseguram o poder aqui-
sitivo, a irredutibilidade salarial (salvo por negociação coletiva) e a isonomia salarial.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 4. Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário-mínimo não
pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou
de empregado, nem ser substituído por decisão judicial.
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JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 6. Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração infe-
rior ao salário-mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 15. O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público
não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário-mínimo.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 16. Os arts. 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/1998), da Constituição
referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público.

5.7. Princípio da Proteção ao Meio Ambiente


Há um conjunto de artigos da CF que asseguram a proteção ao meio ambiente de trabalho
(arts. 200, VIII, 225, art. 7º, XIII, XIV, XV, XVI, XVII, XXII, XXIII, XXVII, XXVIII).

JURISPRUDÊNCIA
SÚMULA 736 DO STF. Compete à Justiça do Trabalho julgar as ações que tenham como
causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene
e saúde dos trabalhadores.

JURISPRUDÊNCIA
SÚMULA VINCULANTE 22. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar
as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de
trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não
possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da EC 45/2004.

JURISPRUDÊNCIA
SÚMULA 454 do TST. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. EXECUÇÃO DE OFÍCIO.
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL REFERENTE AO SEGURO DE ACIDENTE DE TRABALHO (SAT).
ARTS. 114, VIII, E 195, I, “A”, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. Compete à Justiça do
Trabalho a execução, de ofício, da contribuição referente ao Seguro de Acidente de Tra-
balho (SAT), que tem natureza de contribuição para a seguridade social (arts. 114, VIII, e
195, I, “a”, da CF), pois se destina ao financiamento de benefícios relativos à incapacidade
do empregado decorrente de infortúnio no trabalho (arts. 11 e 22 da Lei n. 8.212/1991).
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O PULO DO GATO
O art. 927, parágrafo único, do Código Civil é compatível com o art. 7º, XXVIII, da Constituição
Federal, sendo constitucional a responsabilização objetiva do empregador por danos decor-
rentes de acidentes de trabalho nos casos especificados em lei ou quando a atividade normal-
mente desenvolvida, por sua natureza, apresentar exposição habitual a risco especial, com
potencialidade lesiva, e implicar ao trabalhador ônus maior do que aos demais membros da co-
letividade. STF. Plenário. RE 828040/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 12/3/2020
(repercussão geral – Tema 932) (Info 969).

5.8. Princípio do Reconhecimento das Convenções e Acordos Coletivos


(Art. 7º, XXVI)
A Constituição Federal reconhece as convenções e acordos coletivos como instrumentos
de ampliação do catálogo dos direitos fundamentais sociais dos trabalhadores;

JURISPRUDÊNCIA
SUM 451. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. RESCISÃO CONTRATUAL
ANTERIOR À DATA DA DISTRIBUIÇÃO DOS LUCROS. PAGAMENTO PROPORCIONAL AOS
MESES TRABALHADOS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. Fere o princípio da isonomia instituir
vantagem mediante acordo coletivo ou norma regulamentar que condiciona a percepção
da parcela participação nos lucros e resultados ao fato de estar o contrato de trabalho
em vigor na data prevista para a distribuição dos lucros. Assim, inclusive na rescisão con-
tratual antecipada, é devido o pagamento da parcela de forma proporcional aos meses
trabalhados, pois o ex-empregado concorreu para os resultados positivos da empresa.

JURISPRUDÊNCIA
OJ-SDI1-383. TERCEIRIZAÇÃO. EMPREGADOS DA EMPRESA PRESTADORA DE SERVI-
ÇOS E DA TOMADORA. ISONOMIA. ART. 12, “A”, DA LEI N. 6.019, DE 03.01.1974. A contra-
tação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego
com ente da Administração Pública, não afastando, contudo, pelo princípio da isonomia, o
direito dos empregados terceirizados às mesmas verbas trabalhistas legais e normativas
asseguradas àqueles contratados pelo tomador dos serviços, desde que presente a igual-
dade de funções. Aplicação analógica do art. 12, “a”, da Lei n. 6.019, de 03.01.1974.

JURISPRUDÊNCIA
OJ-SDC-25. SALÁRIO NORMATIVO. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. LIMITAÇÃO. TEMPO
DE SERVIÇO. POSSIBILIDADE. Não fere o princípio da isonomia salarial (art. 7º, XXX, da
CF/88) a previsão de salário normativo tendo em vista o fator tempo de serviço.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

6. Princípios Específicos do Direito Individual do Trabalho


6.1 Princípio da Proteção
Esse princípio também chamado de princípio protetor ou tutelar. A relação de emprego é
essencialmente desigual, ou seja, de um lado, encontra-se o empregador na condição de de-
tentor (monopólio) dos meios de produção. Já do outro lado temos o empregado, que detém
apenas a sua força de trabalho disponível.
Esse fator implica uma desigualdade natural entre o empregado e o empregador, que torna
o empregado hipossuficiente, e dependente economicamente e juridicamente do empregador.
Assim, o direito do trabalho surge para atuar do lado fraco da balança, com o escopo de equa-
lizar esta diferença, protegendo o empregado nessa relação.
Podemos afirmar que há ampla predominância no Direito do Trabalho de regras essen-
cialmente protetivas, estabelecedoras de vantagens jurídicas retificadoras da diferenciação
social. Pode-se afirmar que sem a ideia protetivo-retificadora, o Direito Individual do Trabalho
não se justificaria histórica e cientificamente.
É cediço que esse princípio erige-se como o mais importante e fundamental para a cons-
trução, interpretação e aplicação do Direito do Trabalho. Segundo Arnaldo Süssekind, a prote-
ção social aos trabalhadores constitui a raiz sociológica do Direito do Trabalho e é imanente a
todo o seu sistema jurídico.

O princípio da proteção está previsto no caput do artigo 444 da CLT. Vejamos:

Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes in-
teressadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos
coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.

Não obstante, a Lei n. 13.467/2017, popularmente conhecida como reforma trabalhista, miti-
gou o princípio da proteção para uma “classe específica” de empregados: os “hiperssuficiente”.
Vejamos o que dispõe o parágrafo único do artigo 44 da CLT:

Art. 444, Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às hi-
póteses previstas no art. 611-A desta Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância
sobre os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível superior e que
perceba salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime
Geral de Previdência Social.

O PULO DO GATO
Vamos fazer uma relação com o direito constitucional?
Acreditava-se, a princípio, que a incidência dos direitos fundamentais se limitava às relações
entre o particular e o Estado (teoria da “eficácia vertical”). Tal pensamento, entretanto, se
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

modificou no século XX, quando surgiu a teoria da “eficácia horizontal”, conforme a qual os
direitos fundamentais deveriam incidir, também, sobre relações entre particulares. Desse
modo, entende-se, hoje, que os direitos fundamentais devem ser aplicados tanto às rela-
ções travadas entre o Estado e o cidadão (“eficácia vertical”) quanto às relações privadas
(“eficácia horizontal”).
O chileno Sergio Gamonal Contreras evidenciou uma terceira espécie de eficácia dos direitos,
a “EFICÁCIA DIAGONAL”. Conforme a sua concepção, além de incidirem sobre os dois tipos
de relações supracitadas (Estado-particular e particular-particular), os direitos fundamentais
recaem sobre as relações jurídico-privadas marcadas DESEQUILÍBRIO. Conforme falamos an-
teriormente, a relação trabalhista é caracterizada pela presença de partes materialmente de-
siguais, uma vez que o trabalhador, em regra, é hipossuficiente, portanto, economicamente e
socialmente mais frágil do que o empregador. Neste sentido, a eficácia diagonal se evidencia
no princípio da proteção do empregado, o qual impõe ao ordenamento trabalhista a previsão
legal de garantias compensatórias da hipossuficiência do obreiro.

Forçoso ressaltar que o princípio da proteção se subdivide em três outros princípios: prin-
cípio da norma mais favorável, da in dubio pro operário e da condição mais benéfica.

6.1.1. Princípio da Norma mais Favorável

De acordo com essa vertente do princípio, tem-se que, havendo mais de uma norma aplicá-
vel ao caso, deve-se optar por aquela que seja mais favorável ao trabalhador. Assim, entende-
-se que há mais de uma norma igualmente válida e aplicável àquele empregado.
Não obstante, há dimensões para análise e aplicação desse princípio:
• fase pré-jurídica (política): dimensão informadora, sem caráter normativo, ou seja, no
instante de elaboração da norma, de modo que este princípio atua como orientador da
ação legislativa, na qualidade de fonte material;
• fase jurídica: atua ora como critério de hierarquia (elege-se como regra prevalecente a
mais favorável ao trabalhador – art. 7º, CRFB/88, tendo como base a teoria do conglo-
bamento puro ou, no máximo, por institutos), ora como critério interpretativo/normativo
(escolha da interpretação mais favorável, caso presentes duas ou mais consistentes
alternativas de interpretação, respeitados os rígidos critérios hermenêuticos. Muitos en-
quadram essa situação como in dubio pro misero).

Aqui vai uma informação muito importante, sobre esse princípio, que já vimos na nossa
matriz de FONTES DO DIREITO DO TRABALHO:
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

CONFLITO ENTRE AS DEMAIS FONTES FORMAIS - TEORIAS


Teoria do
Aplica-se apenas uma fonte em sua totalidade,
conglobamento -
ou seja, a análise é feita em conjunto.
Majoritária
Aplicam-se todas as fontes, todavia, despreza-
Teoria da acumulação se o que é desfavorável ao trabalhador e
aplicam-se os artigos e cláusulas benéficas.
Teoria do Aplicação da norma por instituto jurídico, ou
conglobamento seja, aplica-se a norma benéfica por assunto.
mitigado Exemplo: férias, remuneração.

Querido(a) aluno(a), não se esqueça que a reforma trabalhista mitigou, por mais uma vez,
o princípio da norma mais favorável, ao afirmar no artigo 620 da CLT que “as condições es-
tabelecidas em acordo coletivo sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção
coletiva de trabalho”.

NÃO SE APLICA O PRINCÍPIO da norma mais favorável


A norma coletiva estiver fora do prazo de
Quando se tratar de decretos contra legem
vigência
Quando se tratar de norma de flexibilização Quando se tratar das previsões dos artigos
do trabalho pela via coletiva 444, parágrafo único e 620 da CLT.
Quando a norma contrariar a ordem pública Quando a lei estadual contrariar lei federal

6.1.2. Princípio In Dubio Pro Operário

Esse princípio também é denominado in dubio pro misero. Ele informa que, se uma deter-
minada regra permite duas ou mais interpretações, estará o intérprete vinculado à escolha
daquela que se mostre mais favorável ao empregado.

6.1.3. Princípio da Condição mais Benéfica

Esse princípio impõe que as condições mais benéficas previstas no contrato de trabalho ou
no regulamento de empresa deverão prevalecer diante da edição de normas que estabeleçam
patamar protetivo menos benéfico ao empregado. Liga-se o princípio, portanto, à ideia de direi-
to adquirido, nos termos preconizados pela CRFB (art. 5º, XXXVI).
Diferentemente do princípio da norma mais favorável, esse princípio analisa a condição de
cláusula contratual mais benéfica/favorável ao trabalhador.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

Este princípio está positivado no art. 468, caput, da CLT, bem como foi consagrado pela juris-
prudência, consoante se depreende dos seguintes verbetes:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 288 do TST. A complementação dos proventos da aposentadoria é regida pelas
normas em vigor na data da admissão do empregado, observando-se as alterações pos-
teriores desde que mais favoráveis ao beneficiário do direito.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 51 do TST. NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO
REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT.

I – As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só


atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento.
lI - Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles
tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro.

O PULO DO GATO

PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO AO TRABALHADOR


In Dúbio Pro
Norma Mais Favorável Condição Mais Benéfica
Operário
As cláusulas contratuais
(previstas no contrato de
trabalho ou no regulamento
da empresa) mais benéficas
Diante de duas ou
devem prevalecer diante
mais interpretações
Havendo mais de uma norma em de alterações de normas
sobre a mesma
vigor regendo o mesmo assunto, que diminuam a proteção
norma, escolhe-
deve-se aplicar a que seja mais ao trabalhador (Art.468
se a que seja
favorável ao empregado. da CLT).
mais favorável ao
Assim, pela aplicação
empregado.
deste princípio, é inválida
a supressão de cláusula de
contrato de trabalho que
prejudique o empregado.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

Exceções ao princípio da norma Art. 468, CLT - Nos contratos


mais favorável: individuais de trabalho só
a) não deve ser aplicado quando é lícita a alteração das
existirem normas de ordem respectivas condições por
pública ou de caráter proibitivo. mútuo consentimento,
b) As matérias listadas no art. e ainda assim desde que
611-A da CLT, ou seja, uma regra não resultem, direta ou
prevista em um Acordo Coletivo indiretamente, prejuízos
Não se aplica na área do trabalho poderá prevalecer ao empregado, sob pena
processual, pois no sobre disposição existente no de nulidade da cláusula
processo as partes texto de uma lei, ainda que a infringente desta garantia.
são iguais, devendo regra legal seja mais favorável ao #SELIGA - O princípio da
receber o mesmo empregado. condição mais benéfica
tratamento. c) Segundo o Art. 620 da CLT, “as NÃO tem aplicação no
condições estabelecidas em ACT âmbito do Direito Coletivo
SEMPRE prevalecerão sobre as do Trabalho, uma vez que
estipulas em CCT”. Deste modo, a conquista de direitos
ainda que as normas contidas no trabalhistas formalizados
ACT sejam mais prejudiciais ao em instrumentos coletivos
trabalhador, deverão prevalecer vigora pelo prazo máximo
sobre as disposições condidas em de 2 anos, sendo vedada a
CCT, caso haja conflito entre as 2. ultratividade.

6.2. Princípio da Primazia da Realidade


Nessa matéria maravilhosa que é o Direito do Trabalho, prevalecem os acontecimentos
fáticos provados no processo, sobre a forma ou documento produzido pelas partes.
Sendo assim, o que interessa é o que aconteceu no plano da realidade, não obstante even-
tual conteúdo de documento confeccionado durante a relação (cartão de ponto, contrato tra-
balho, recibo de pagamento, TRCT etc.). Alguns autores usam a expressão contrato-realidade
para denominar tal princípio.
Este princípio foi consagrado pelo art. 9º da CLT, segundo o qual “serão nulos de pleno
direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos pre-
ceitos contidos na presente Consolidação”.

002. (FCC/PGE-GO/PROCURADOR DO ESTADO SUBSTITUTO/2021) Em relação aos princí-


pios que norteiam o Direito do Trabalho, considerando-se a doutrina, a legislação e as Súmulas
de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho,
a) de acordo com o princípio da intangibilidade contratual objetiva, o conteúdo do contrato de
emprego pode ser modificado, caso ocorra efetiva mudança no plano do sujeito empresarial.
b) o princípio da irrenunciabilidade informa que o Direito do Trabalho impede a supressão de
direitos trabalhistas em face do exercício, pelo devedor trabalhista, de prerrogativa legal.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

c) não há nenhum dispositivo expresso que atribui aos princípios uma função integrativa ou
que indique a primazia do interesse público na Consolidação das Leis do Trabalho, porque a
mesma regula o contrato individual nas relações de trabalho.
d) em razão do princípio da primazia da realidade sobre a forma, o Juiz do Trabalho privilegia
a situação de fato, devidamente comprovada, em detrimento dos documentos ou do rótulo
conferido à relação de direito material.
e) o princípio da continuidade do contrato de trabalho constitui presunção favorável ao empre-
gador, razão pela qual tanto o ônus da prova quanto seu término é do empregado, nas hipóte-
ses em que são negados a prestação dos serviços e o despedimento.

Como vimos agora, para o direito e processo do trabalho, há prevalência da a situação de fato
que é comprovada sobre os termos estritos de documentos.
Letra d.

O PULO DO GATO
Esse princípio pode ser aplicável contra o empregado?
Para parcela doutrinária, o princípio da primazia da realidade é um princípio do direito do tra-
balho que se aplica a uma relação trabalhista, ou seja, independe de qual parte está sendo
beneficiada. Dessa forma, a sua incidência se dá ao contrato e não a uma parte especificada.
Não obstante, em sentido diametralmente oposto, há doutrinadores que compreendem que
este princípio é parte do princípio da proteção, de tal sorte que, por isso, só pode ser aplicável
em favor do empregado.

6.3. Princípio da Continuidade


Em regra, no Direito do Trabalho há presunção de que os contratos tenham sido pactuados
por prazo indeterminado. Todavia, admite-se, de forma excepcional, a negociação de contratos
de trabalho por prazo. Vejamos o que nos diz o artigo 443 da CLT:

Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente
ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente.
§ 1º - Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de
termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo aconte-
cimento suscetível de previsão aproximada.
§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando:
a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo;
b) de atividades empresariais de caráter transitório;
c) de contrato de experiência.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

Ademais, as garantias provisórias no emprego (como acontece com a gestante, o empre-


gado acidentado e o dirigente sindical, por exemplo), de certa forma, atuam no sentido de
manter a ideia de continuidade do contrato de trabalho.
No sentido do princípio em análise, a Súmula 212 do TST:

JURISPRUDÊNCIA
SUM-212 DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA O ônus de provar o término do contrato de
trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador,
pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável
ao empregado.

Sempre que o contrato tiver sido pactuado por prazo, esta circunstância deve ser provada, a
fim de afastar a presunção de indeterminação de prazo decorrente do princípio da continuidade.
O princípio da continuidade também se relaciona à sistemática da sucessão de emprega-
dores, situação na qual a mudança da pessoa do empregador, em regra, não extingue ou altera
o contrato de trabalho, conforme arts. 10 e 448 da CLT.

6.4. Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva


Por esse princípio são, em regra, vedadas as alterações do contrato de trabalho que tragam
prejuízo ao empregado. Ao contrário, as alterações favoráveis ao empregado são permitidas e
inclusive incentivadas pela legislação. Neste sentido, os arts. 444 e 468 da CLT:

Art. 444. As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes inte-
ressadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos
coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.
Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às hipóteses
previstas no art. 611-A desta Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância sobre
os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível superior E que per-
ceba salário mensal igual ou superior a 2 vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral
de Previdência Social.”
Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por
mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.

Vale destacar que não cabe no Direito do Trabalho, em regra, a cláusula civilista de revisão dos
contratos em razão de fatos supervenientes que tornem sua execução excessivamente onero-
sa para uma das partes (rebus sic stantibus), tendo em vista que os riscos do empreendimento
cabem exclusivamente ao empregador, nos termos do art. 2º, caput, da CLT.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

O princípio da inalterabilidade contratual, todavia, é mitigado pelo chamado jus variandi


conferido ao empregador em decorrência do poder diretivo. O jus variandi torna lícito ao em-
pregador efetuar pequenas alterações não substanciais no contrato de trabalho, de forma a
melhor organizar, sob critérios objetivos, o seu empreendimento. São permitidas, em geral,
alterações do horário de trabalho, definição da cor e do modelo do uniforme dos empregados,
entre outras. O importante é que essas alterações não atinjam o núcleo das cláusulas contra-
tuais, causando prejuízo ao empregado.
Vale destacar, por fim, a existência de previsão legal expressa de alterações prejudiciais líci-
tas, como a reversão (§1º do art. 468 da CLT) e as alterações salariais mediante negociação co-
letiva (art. 7º, VI, da CRFB). Obviamente, são válidas, visto que a lei pode excepcionar a si mesma.

O PULO DO GATO
Aluno(a), pense na seguinte situação: considere que há uma promoção benéfica ao emprega-
do na empresa. Assim, ela é considerada obrigatória ou não?
Nesse caso, nós temos duas correntes:
1 - É alteração contratual benéfica qualitativa, o que compõe o poder diretivo do empregador
e o dever de colaboração do empregado. Portanto, o empregado não pode se negar a aceitar
a promoção.
2 - É uma opção para o empregado, porque deve ser uma alteração bilateral. Assim, depende,
antes de tudo, da sua aceitação, dado que a promoção também implica a mudança de ativida-
des do empregado, para o que deve ele apresentar concordância.

Constituem, também, exceções ao princípio:


1 - art. 468 da CLT e Súmula 372 do TST: é lícita a reversão do empregado que ocupava cargo
de confiança, a qualquer tempo, com ou sem motivo específico, lembrando que com a reforma
trabalhista a remuneração, independentemente do tempo de exercício no cargo de confiança,
não incorpora o salário.

Art. 468 (...)§1º - NÃO se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que
o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de
função de confiança.
§2º A alteração de que trata o § 1º deste artigo, com ou sem justo motivo, NÃO ASSEGURA ao
empregado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente, QUE NÃO SERÁ
INCORPORADA, independentemente do tempo de exercício da respectiva função

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 372 do TST. GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO. SUPRESSÃO OU REDUÇÃO. LIMITES
(conversão das Orientações Jurisprudenciais nos 45 e 303 da SBDI-1) - Res. 129/2005,
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

DJ 20, 22 e 25.04.2005. I - Percebida a gratificação de função por dez ou mais anos pelo
empregado, se o empregador, sem justo motivo, revertê-lo a seu cargo efetivo, não poderá
retirar-lhe a gratificação tendo em vista o princípio da estabilidade financeira.
II – Mantido o empregado no exercício da função comissionada, não pode o emprega-
dor reduzir o valor da gratificação. (SÚMULA SUPERADA PELA ALTERAÇÃO NO §2º DO
ARTIGO 468 DA CLT)

2 - art. 469 da CLT: admite a transferência do empregado, sem a sua anuência, desde que
sem mudança de domicílio. Esta modificação de local de trabalho é livre, pois faz parte do jus
variandi do empregador. A mudança com alteração de domicílio, por outro lado, dependerá da
anuência do empregado, em regra, de maneira que excede o jus variandi do empregador.

Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade
diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessa-
riamente a mudança do seu domicílio.
§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam cargo de
confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência,
quando esta decorra de real necessidade de serviço.
§ 2º - É lícita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o
empregado.
§ 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para locali-
dade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse
caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento)
dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 43 do TST: Presume-se ABUSIVA a transferência de que trata o § 1º do art. 469
da CLT, sem comprovação da necessidade do serviço.
OJ 113, SDI-1 TST. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. CARGO DE CONFIANÇA OU PRE-
VISÃO CONTRATUAL DE TRANSFERÊNCIA. DEVIDO. DESDE QUE A TRANSFERÊNCIA
SEJA PROVISÓRIA. O fato de o empregado exercer cargo de confiança ou a existência
de previsão de transferência no contrato de trabalho não exclui o direito ao adicional.
O pressuposto legal apto a legitimar a percepção do mencionado adicional é a transfe-
rência provisória.

Forçoso ressaltar que, com a Reforma Trabalhista, referido princípio será mitigado, pois
há valorização do negociado sobre o legislado, especialmente nas hipóteses previstas no art.
611-A da CLT. Além disso, a Lei n. 13.467/2017 amplia as hipóteses de acordo individual entre
empregado e empregador, o que também relativiza a aplicação do princípio em análise.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

6.5. Princípio da Intangibilidade Salarial


Não se admite o impedimento ou restrição à livre disposição do salário pelo empregado.
Tal princípio tem como pedra de toque a natureza alimentar do salário.
Considera-se que o salário, por seu caráter alimentar, não deve sofrer descontos indevidos
(integralidade); não deve ser tocado (intangibilidade) para garantia de créditos de terceiros ou
do próprio empregador; tampouco sofrer reveses em seu valor (irredutibilidade).
Por este motivo, a lei assegura ao trabalhador o montante e a disponibilidade do salário,
utilizando-se, para tanto, de mecanismos específicos, dos quais podemos mencionar, exempli-
ficativamente, os seguintes:
• Irredutibilidade salarial, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo, conforme
previsto no art. 7º, VI, da CRFB;
• Prazo para pagamento dos salários (art. 459 e 466 da CLT);
• Modo e local para pagamento dos salários (art. 465 da CLT);
• Vedação a descontos indevidos (art. 462 da CLT);
• Impenhorabilidade dos salários como regra (art. 833, IV, do CPC);
• Preferência dos créditos trabalhistas no caso de falência do empregador (Lei
11.101/2005).

Importante mencionar que a exceção ao princípio da irredutibilidade salarial constante do


art. 7º, VI, da CRFB (“salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo”) constitui exemplo da
hipótese de ponderação de interesses ante a colisão de princípios.
Este princípio protege o valor nominal do salário e não o seu valor real. Assim, a redução da
capacidade financeira do empregado, em virtude do seu salário não se encontrar em patamar
igualitário de atualização com os índices inflacionários, não possui previsão protecionista na
lei. Ao longo do tempo, é possível admitir-se que o empregado perca o seu patamar financeiro
por conta de planos econômicos, não sendo admitido, apenas, que o valor nominal do salário
seja reduzido.

JURISPRUDÊNCIA
SÚMULA 248 TST. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. DIREITO ADQUIRIDO A reclassifica-
ção ou a descaracterização da insalubridade, por ato da autoridade competente, reper-
cute na satisfação do respectivo adicional, sem ofensa a direito adquirido ou ao princípio
da irredutibilidade salarial.

Com a Lei 13.467/2017, caso venha a ser pactuada clausula que reduza o salário do em-
pregado, deverá haver garantia de que ele não será dispensado sem justa causa no prazo de
vigência do instrumento coletivo, nos termos do art. 611-A, §3º da CLT.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza
Art. 611-A, §3º, da CLT. Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção co-
letiva ou o acordo coletivo de trabalho deverão prever a proteção dos empregados contra dispensa
imotivada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo.

Importante ressaltar que a MP n. 936 de 2020, convertida na Lei n. 14.020 de 2020 (“Institui o
Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda; dispõe sobre medidas com-
plementares para enfrentamento do estado de calamidade pública” etc.) prevê, dentre outras
medidas do PEMER, a “a redução proporcional de jornada de trabalho e de salário” (art. 3º,
inciso II), mediante ajuste individual, nos termos do art. 7º, verbis:

Art. 7º Durante o estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º desta Lei, o empregador
poderá acordar a redução proporcional de jornada de trabalho e de salário de seus empregados, de
forma setorial, departamental, parcial ou na totalidade dos postos de trabalho, por até 90 (noventa)
dias, prorrogáveis por prazo determinado em ato do Poder Executivo, observados os seguintes re-
quisitos: Vide Decreto n. 14.022, de 2020
I – preservação do valor do salário-hora de trabalho;
II – pactuação, conforme o disposto nos arts. 11 e 12 desta Lei, por convenção coletiva de trabalho,
acordo coletivo de trabalho ou acordo individual escrito entre empregador e empregado; e
III – na hipótese de pactuação por acordo individual escrito, encaminhamento da proposta de acor-
do ao empregado com antecedência de, no mínimo, 2 (dois) dias corridos, e redução da jornada de
trabalho e do salário exclusivamente nos seguintes percentuais:
a) 25% (vinte e cinco por cento);
b) 50% (cinquenta por cento);
c) 70% (setenta por cento).
§ 1º A jornada de trabalho e o salário pago anteriormente serão restabelecidos no prazo de 2 (dois)
dias corridos, contado da:
I – cessação do estado de calamidade pública;
II – data estabelecida como termo de encerramento do período de redução pactuado; ou
III – data de comunicação do empregador que informe ao empregado sua decisão de antecipar o fim
do período de redução pactuado.

Sobre o tema, o Plenário do STF manteve a eficácia da regra que autoriza a redução da
jornada de trabalho e do salário ou a suspensão temporária do contrato de trabalho por meio
de acordos individuais em razão da pandemia, independentemente da anuência dos sindicatos
da categoria.

6.6. Princípio da Irrenunciabilidade


Também denominado princípio da indisponibilidade de direitos, princípio da inderrogabi-
lidade ou princípio da imperatividade das normas trabalhistas, determina o caráter de irrenun-
ciáveis, indisponíveis e inderrogáveis dos direitos trabalhistas, em regra.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

É cediço que as normas trabalhistas são imperativas, ou seja, são de ordem pública, impe-
dindo, assim, que os direitos trabalhistas sejam livremente dispensados pelos empregados.
Diante desse fato, entende-se que há mitigação do princípio civilista de cunho liberal consis-
tente na autonomia da vontade.
Dessa forma, há proteção digna ao empregado, que, na maioria das vezes, sofre ou teme
sofrer coação pelo empregador, sempre no sentido de renunciar a direitos e, consequentemen-
te, reduzir os custos do negócio empresarial.
Pela ligação que apresenta com o princípio da primazia da realidade, também se encontra
consagrado no art. 9º da CLT. Temos como exemplo desse princípio o aviso prévio. Com efeito,
é corriqueiro que, em casos de demissão sem justa causa, o empregado seja induzido a “abrir
mão” do aviso prévio, direito que lhe é assegurado por força do art. 7º, XXI, da CRFB, bem como
do art. 487 da CLT. Neste caso, aplica-se a Súmula 276 do TST, in verbis:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 276 TST. Aviso prévio – Renúncia pelo empregado. O direito ao aviso prévio é
irrenunciável pelo empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exime o empre-
gador de pagar o respectivo valor, salvo comprovação de haver o prestador dos serviços
obtido novo emprego.

Cumpre destacar que a Reforma Trabalhista ampliou significativamente a possibilidade


de ajuste individual entre empregado e empregador, sendo permitida a livre negociação em
determinadas matérias.

HIPÓTESES DE ACORDO INDIVIDUAL ENTRE EMPREGADO E EMPREGADOR


PREVISTAS NA REFORMA TRABALHISTA4:
1) Compensação de jornada (Art. 59, §6º, CLT)
2) Banco de horas semestral (Art. 49, §5º, CLT)
3) Jornada 12 X36 (Art. 59-A, CLT)
4) Alteração do regime presencial para o teletrabalho (Art. 75-C, §1º, CLT)
5) Compra e manutenção de equipamentos necessários ao teletrabalho (Art. 75-D da CLT)
6) Fracionamento das férias (Art. 134, §1º, CLT)
7) Intervalo para amamentação (Art. 396, §2º, *CLT)
8) Empregado “hipersuficiente” (Art. 444, parágrafo único, e 611-A, ambos da CLT)
9) Forma de pagamento das verbas rescisórias (Art. 447, §4, I, CLT)
10) Eficácia liberatória do Plano de Demissão Voluntária (Art. 477-B, parte final, CLT)

4
Tabela retirada do livro “Resumo de Direito do Trabalho –Henrique Correia”.
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Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

11) Distrato (Art. 484-A, CLT)


12) Celebração da cláusula compromissória de arbitragem (Art. 507-A, CLT)
13) Quitação anual de obrigações trabalhistas (Art. 507-B, CLT)

7. Renúncia e Transação no Direito do Trabalho


Conforme vimos acima, dentre os princípios que regem o Direito do Trabalho encontra-se o
princípio da irrenunciabilidade.
Muito cuidado, querido(a) aluno(a), pois renúncia e transação não se confundem:
• Renúncia: ato jurídico composto de declaração unilateral de vontade, relativa a direito
certo e atual, produzindo como efeito a extinção deste direito. Estão envolvidos três ele-
mentos: a declaração de vontade, o direito e a extinção desse direito;
− Pode ser expressa ou tácita: a tácita é a que pode ser deduzida de certos comporta-
mentos, que evidenciem o propósito de privar-se de certos direitos. Jurisprudência e
Doutrina exigem em tais casos que se faça de forma clara e precisa, não sendo lícito
deduzi-la de expressões de duvidosa significação, ou de parágrafos fragmentários.
Nesse sentido, a renúncia não se presume. Não se pode qualificar como ato de renún-
cia tácita o não exercício definitivo do direito.
• Transação: ato jurídico bilateral (ou plurilateral) que tem por objeto questões fáticas ou
jurídicas duvidosas, direito duvidoso (res dubia). Produz como efeito o acerto de direitos
e obrigações entre as partes, além da prevenção do litígio. Instrumentaliza-se mediante
concessões recíprocas.
− A transação se refere sempre a duas prestações que se reduzem por mútuo acordo
a uma só, por cessão mútua, donde se deduz a existência, quanto a tais prestações,
respectivamente, de direitos incertos ou que se chocam. A res dubia – elemento es-
sencial da transação – deve ser entendida em um sentido subjetivo, isto é, dúvida
razoável sobre a situação jurídica objeto do precitado acordo.

Essa distinção pode ser mais bem percebida na Justiça do Trabalho. Nesta, as partes são
induzidas, sempre que possível, à conciliação, dada a natureza alimentar das prestações su-
postamente devidas pelo empregador. Ainda assim, o juiz pode recusar a homologação da
proposta de acordo que importe renúncia, quando diante da certeza do direito e de seu fato
gerador. Quando há incerteza/controvérsia sobre o direito/fato gerador, opera-se a transação
válida, apta a pôr fim ao litígio.

Querido(a) aluno(a), você PRECISA estudar, ler, reler, reler, reler esses dois artigos, pois são de
suma importância na sua preparação para a prova. Sempre estão presentes nos questiona-
mentos das bancas...
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

Artigo 611-a, clt artigo 611-b, clt


Indisponibilidade relativa Indisponibilidade absoluta
Podem ser negociados Não podem ser negociados
- Há interesse público envolvido
- Patamar civilizatório mínimo

Futuro(a) aprovado(a), são esses os principais pontos para o tema princípios do Direito do
Trabalho. Assim, daqui um tempo, retorne a este material, revise com calma e LEIA BEM, ok?
Você gostou do material? Não se esqueça de me dar o seu feedback, tá? Estou à sua dis-
posição para responder suas dúvidas lá no Fórum! E não se esqueça de ver a dica que eu tenho
sobre esse tema lá no meu Instagram @doutortrabalho!
Na dúvida, estude.
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Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

RESUMO
Nessa aula, você deve fixar os seguintes pontos:
1) A norma em sentido amplo, alberga tanto as “regras” quanto os “princípios”, superando,
assim, a doutrina clássica que não atribuía caráter normativo autônomo aos princípios.
2) Com base nos princípios específicos do Direito do Trabalho, o principal que se destaca
é o princípio da proteção, sendo que outros três se originam dele: norma mais favorável, condi-
ção mais benéfica e in dubio pro operário.
3) Outros princípios que se destacam de forma considerável nessa matéria são os prin-
cípios da inalterabilidade contratual lesiva, intangibilidade salarial e irrenunciabilidade dos
direitos trabalhistas.
4) Lembre-se: nenhum princípio tem natureza absoluta, sendo que em um determinado
conflito, há de se utilizar da ponderação para resolução.
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Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

MAPA MENTAL
Tabelas retiradas do livro Direito do Trabalho e Processo do Trabalho em Tabelas)

FUNÇÕES DOS PRINCÍPIOS

Informadora Integradora Normativa Concorrente


Auxiliam na Utilizados como fonte Quando assumem real natureza
compreensão supletiva, em situação de norma jurídica, constituindo
do fenômeno de lacunas nas fontes postulados formadores das normas
jurídico, mediante jurídicas principais do trabalhistas e, concomitantemente,
interpretação. sistema. delas decorrentes.

PRINCÍPIOS – MAURÍCIO GODINHO DELGADO5


Objetiva atenuar no plano jurídico o desequilíbrio verificado no plano
Princípio da fático do contrato de trabalho. Divide-se em três dimensões, segundo
Proteção Américo Pla Rodriguez: in dubio pro operário, norma mais favorável e
condição mais benéfica.
O operador do direito deve optar pela regra favorável ao obreiro em
Princípio da Norma três situações: 1) na elaboração da regra (orientador da ação legislativa);
mais Favorável6 2) no confronto de regras (orientador da hierarquia das normas); 3) no
contexto da interpretação das regras.
Princípio da Informa este princípio que deve haver prevalência das normas
Imperatividade trabalhistas, não podendo as partes, via de regra, as afastarem mediante
das Normas declaração bilateral de vontades, caracterizando, assim, restrição à
Trabalhistas autonomia das partes no ajuste das condições contratuais trabalhistas.
Inviabiliza que o trabalhador disponha, por simples manifestação de
Princípio da
vontade, das vantagens e proteção assegurados pela ordem jurídica e
Indisponibilidade
pelo contrato7.

5
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16. ed. São Paulo: LTr, 2017
6
Importante destacar que a Lei n. 13.467/2017 deu nova redação ao art. 620 da CLT, passando a estabelecer que: “Art.
620. As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção
coletiva de trabalho”.
7
Mauricio Godinho distingue os direitos trabalhistas protegidos por indisponibilidade absoluta dos protegidos por indisponibi-
lidade relativa. Diz que a indisponibilidade absoluta respeita aos direitos protegidos por uma tutela de interesse público, por
traduzir um patamar civilizatório mínimo, relacionado à dignidade da pessoa humana, ou quando se tratar de direito protegido
por norma de interesse abstrato da categoria (ex: assinatura de carteira de trabalho, salário-mínimo, medicina e segurança do
trabalho etc.). Considera como de indisponibilidade relativa o direito que traduz interesse individual ou bilateral simples, que
não caracterize um padrão civilizatório mínimo (ex: modalidade de salário, compensação de jornada etc.). Permitindo às par-
celas de indisponibilidade relativa a transação (não a renúncia) desde que não resulte em efetivo prejuízo ao empregado.
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Princípio da Garantia de preservação, ao longo do contrato, das cláusulas contratuais


Condição mais mais vantajosas, que adquirem o caráter de direito adquirido. Não se
Benéfica aplica na interpretação de normas, mas de cláusulas contratuais.
Princípio da Decorre do princípio da condição mais benéfica. Assim, tem-se que a
Inalterabilidade vontade das partes não poderá ser alterada em prejuízo do trabalhador,
Contratual Lesiva mesmo se este concordar (art. 468, CLT).

PRINCÍPIOS – MAURÍCIO GODINHO DELGADO


Princípio da O conteúdo do contrato não pode ser mudado, mesmo que ocorra
Intangibilidade alteração no plano do sujeito empresarial. O contrato é intangível
Contratual do ponto de vista objetivo, embora mutável do ponto de vista
Objetiva subjetivo (empregador).
Princípio da
Este princípio assegura a irredutibilidade salarial, revelando-se
Intangibilidade
como espécie do gênero da inalterabilidade contratual lesiva.
Salarial
Deve-se atentar mais a intenção dos agentes do que ao envoltório
Princípio da formal através do que transpareceu a manifestação da vontade.
Primazia da Deve ser investigada a prática concreta efetivada ao longo da
Realidade prestação dos serviços, independente da eventual vontade
manifestada pelas partes na relação jurídica (art. 9º da CLT).
Princípio da Gera presunções favoráveis ao trabalhador: 1) presunção da
Continuidade ruptura mais onerosa (ruptura imotivada do contrato de trabalho);
da Relação de 2) da continuidade do contrato, que pressupõe como regra o
Emprego contrato por prazo indeterminado.

PRINCÍPIOS CONTROVERTIDOS – MAURÍCIO GODINHO


DELGADO
Sua temática já estaria acobertada pelo princípio
da norma mais favorável. Entra em choque com
Princípio in dubio o princípio do juiz natural. Sua versão processual
pro operário seria inconcebível, já que, em havendo dúvida em
face do conjunto probatório, deverá ser decidido
em desfavor de quem tinha o ônus de produzi-la.
Segundo o mencionado princípio, o empregado
está obrigado a desenvolver suas energias
normais em prol da empresa, prestando serviços
regularmente, disciplinar e funcionalmente,
Princípio do maior
objetivando o seu maior rendimento.
Rendimento
No entanto, segundo Maurício Godinho Delgado,
tal princípio nada mais é do que decorrência dos
princípios gerais de lealdade e boa-fé, não sendo
específico do Direito do Trabalho.
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Breno Lenza

CONFLITO ENTRE AS DEMAIS FONTES FORMAIS - TEORIAS


Teoria do
Aplica-se apenas uma fonte em sua totalidade,
conglobamento -
ou seja, a análise é feita em conjunto.
Majoritária
Aplicam-se todas as fontes, todavia, despreza-
Teoria da acumulação se o que é desfavorável ao trabalhador e
aplicam-se os artigos e cláusulas benéficas.
Teoria do Aplicação da norma por instituto jurídico, ou
conglobamento seja, aplica-se a norma benéfica por assunto.
mitigado Exemplo: férias, remuneração.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CEBRASPE/FUNPRESP-EXE/ANALISTA PREVIDENCIÁRIO/2022) João possui uma
rede de restaurantes com mais de 100 funcionários e, no ano de 2019, em razão da crise
econômica vivenciada no Brasil, a qual atingiu diretamente a empresa, João reuniu-se com
os funcionários, restando acordada a redução temporária de salários, conforme documento
reduzido a termo assinado pelos funcionários. Considerando essa situação hipotética, julgue o
item a seguir com base no direito constitucional dos trabalhadores e nos princípios que regem
o direito do trabalho.
É válido o termo assinado pelos funcionários porque a redução temporária dos salários visa à
valorização do princípio da continuidade da relação de emprego.

002. (VUNESP/PREFEITURA DE SANTOS-SP/PROCURADOR/2021) Assinale a alternativa


contrária ao princípio do Direito do Trabalho.
a) Alterabilidade contratual lesiva.
b) In dubio pro operario.
c) Primazia da realidade.
d) Intangibilidade salarial.
e) Proteção

003. (FCC/PGE-GO/PROCURADOR DO ESTADO/2021/ADAPTADA) Em relação aos princí-


pios que norteiam o Direito do Trabalho, considerando-se a doutrina, a legislação e as Súmulas
de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho,
de acordo com o princípio da intangibilidade contratual objetiva, o conteúdo do contrato de
emprego pode ser modificado, caso ocorra efetiva mudança no plano do sujeito empresarial.

004. (FCC/PGE-GO/PROCURADOR DO ESTADO/2021/ADAPTADA) Em relação aos princí-


pios que norteiam o Direito do Trabalho, considerando-se a doutrina, a legislação e as Súmulas
de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho,
o princípio da irrenunciabilidade informa que o Direito do Trabalho impede a supressão de direi-
tos trabalhistas em face do exercício, pelo devedor trabalhista, de prerrogativa legal.

005. (FCC/PGE-GO/PROCURADOR DO ESTADO/2021/ADAPTADA) Em relação aos princí-


pios que norteiam o Direito do Trabalho, considerando-se a doutrina, a legislação e as Súmulas
de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho,
não há nenhum dispositivo expresso que atribui aos princípios uma função integrativa ou que
indique a primazia do interesse público na Consolidação das Leis do Trabalho, porque a mes-
ma regula o contrato individual nas relações de trabalho.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

006. (FCC/PGE-GO/PROCURADOR DO ESTADO/2021/ADAPTADA) Em relação aos princí-


pios que norteiam o Direito do Trabalho, considerando-se a doutrina, a legislação e as Súmulas
de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho,
em razão do princípio da primazia da realidade sobre a forma, o Juiz do Trabalho privilegia a
situação de fato, devidamente comprovada, em detrimento dos documentos ou do rótulo con-
ferido à relação de direito material.

007. (FUNDATEC/PREFEITURA DE BAGÉ-RS/PROFESSOR - DIREITO/2020/ADAPTADA)


Sobre os princípios do Direito do Trabalho, a relação de emprego e o contrato de trabalho:
Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica
própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo
guardando cada uma sua autonomia, integrarem grupo econômico, serão responsáveis solida-
riamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego.

008. (FUNDATEC/PREFEITURA DE BAGÉ-RS/PROFESSOR - DIREITO/2020/ADAPTADA)


Sobre os princípios do Direito do Trabalho, a relação de emprego e o contrato de trabalho:
Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado
no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os
pressupostos da relação de emprego. Contudo, os meios telemáticos e informatizados de co-
mando, controle e supervisão não se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios
pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio, exigindo-se a adoção
de ferramentas próprias.

009. (FUNDATEC/PREFEITURA DE BAGÉ-RS/PROFESSOR - DIREITO/2020/ADAPTADA)


Sobre os princípios do Direito do Trabalho, a relação de emprego e o contrato de trabalho:
Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mú-
tuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos
ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente dessa garantia.

010. (FUNDATEC/PREFEITURA DE BAGÉ-RS/PROFESSOR - DIREI-TO/2020/ADAPTADA)


Sobre os princípios do Direito do Trabalho, a relação de emprego e o contrato de trabalho:
Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a em-
pregador, sob a dependência deste e mediante salário, não havendo distinções relativas à espé-
cie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.

011. (FUNDATEC/PREFEITURA DE BAGÉ-RS/PROFESSOR - DIREITO/2020/ADAPTADA)


Sobre os princípios do Direito do Trabalho, a relação de emprego e o contrato de trabalho:
A falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito, entender-se-á que o empregado
se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

012. (DÉDALUS CONCURSOS/COREN-SC/ADVOGADO/2020/ADAPTADA) O chamado jus


variandi refere-se a casos excepcionais previstos expressamente no ordenamento jurídico, nos
quais o empregador poderá alterar o contrato de trabalho unilateralmente, mesmo que em pre-
juízo ao trabalhador. Tais situações são exceções ao seguinte princípio trabalhista:
a) Princípio da condição mais benéfica.
b) Princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas.
c) Princípio da imperatividade das normas trabalhistas.
d) Princípio da norma mais favorável.
e) Princípio da inalterabilidade contratual lesiva ao obreiro.

013. (FAFIPA/CREA-PR/AGENTE ADMINISTRATIVO/2019/ADAPTADA) Acerca dos princí-


pios norteadores do Direito do Trabalho,
O Princípio da Proteção pressupõe que empregados e empregadores são iguais perante a Lei,
não devendo haver qualquer distinção ou respaldo especial a qualquer das partes em razão de
sua posição econômica.

014. (INSTITUTO MAIS/SETEC CAMPINAS/PROCURADOR/2021) (FAFIPA/CREA-PR/


AGENTE ADMINISTRATIVO/2019/ADAPTADA) Acerca dos princípios norteadores do Direito
do Trabalho,
A irredutibilidade salarial trata-se de Princípio absoluto.

015. (INSTITUTO MAIS/SETEC CAMPINAS/PROCURADOR/2021) (FAFIPA/CREA-PR/


AGENTE ADMINISTRATIVO/2019/ADAPTADA) Acerca dos princípios norteadores do Direito
do Trabalho,
O empregador poderá reduzir o salário do empregado, desde que este firme por escrito sua
concordância.

016. (INSTITUTO MAIS/SETEC CAMPINAS/PROCURADOR/2021) (FAFIPA/CREA-PR/


AGENTE ADMINISTRATIVO/2019/ADAPTADA) Acerca dos princípios norteadores do Di-
reito do Trabalho,
A transferência para o período diurno de trabalho não implica a perda do direito ao adicio-
nal noturno.

017. (INAZ DO PARÁ/CRF-AC/ADVOGADO/2019) A permanência de cláusulas contratuais


que são mais vantajosas ao trabalhador e que devem permanecer durante a vigência do víncu-
lo empregatício, trata-se do princípio:
a) Princípio da primazia da realidade.
b) Princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas.
c) Princípio da proteção.
d) Princípio continuidade da relação de emprego.
e) Princípio da condição mais benéfica.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

018. (FUNDEP/PREFEITURA DE CONTAGEM-MG/PROCURADOR/2019/ADAPTADA) Nos


contratos individuais de trabalho, somente é lícita a alteração das respectivas condições por
mútuo consentimento, e, ainda assim, desde que não resultem prejuízos ao empregado, sob
pena de nulidade da cláusula infringente dessa garantia.

019. (CIEE/TRT-10ª REGIÃO/ESTÁGIO-DIREITO/2019) O artigo 7º, VI, da Constituição Fede-


ral de 1988 dispõe que um dos direitos conferidos aos trabalhadores urbanos e rurais é a ir-
redutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo. Essa disposição
constitui uma exceção ao princípio da(o).
a) Irrenunciabilidade de direitos.
b) Inalterabilidade contratual lesiva.
c) Primazia da realidade.
d) In dubio pro operario

020. (IESES/PREFEITURA DE SÃO JOSÉ-SC/ANALISTA DE RECURSOS HUMANOS/2019)


Em direito do trabalho, os fatos concretos do dia a dia laboral prevalecem sobre o conteúdo de
documentos para estabelecer os efeitos jurídicos da relação trabalhista. A verdade dos fatos,
prevalece sobre a verdade formal. Essa afirmação refere-se ao princípio da:
a) Primazia da realidade.
b) Continuidade da relação de emprego.
c) Irrenunciabilidade de direitos.
d) Intangibilidade da realidade.

021. (IADES/CRN – 3ª REGIÃO (SP E MS)/ADVOGADO/2019) Em uma ação trabalhista, o


reclamante afirma que diariamente prestava duas horas de jornada extraordinária sem, entre-
tanto, receber os valores destas e os respectivos reflexos. Em sede contestatória, a empresa
negou tal fato e apresentou cartões de ponto que demonstravam horários de entrada e saída
uniformes (ponto britânico); por sua vez, o reclamante fez provas testemunhais que comprova-
vam o alegado na peça exordial. Ao analisar a lide, o juiz condenou a empresa ao pagamento
das horas extras e dos respectivos reflexos. Tendo por base o caso hipotético apresentado, as-
sinale a alternativa que corresponde ao princípio do direito do trabalho aplicado em sentença.
a) Indisponibilidade de direitos.
b) Continuidade da relação de emprego.
c) Primazia da realidade.
d) Imperatividade das normas trabalhistas.
e) Intangibilidade salarial

022. (NC-UFPR/PREFEITURA DE CURITIBA-PR/PROCURADOR/2019/ADAPTADA) O princí-


pio da irrenunciabilidade está relativizado na atualidade nacional ante a equiparação legal de
trabalhador e empregador na manifestação de vontades por ocasião da contratação.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
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023. (NC-UFPR/PREFEITURA DE CURITIBA-PR/PROCURADOR/2019/ADAPTADA) O princí-


pio da norma mais favorável serve para dirimir conflitos de normas no espaço, prevalecendo a
mais favorável ao trabalhador, salvo se a interpretação levar a conclusão que desconsidere a
hierarquia das normas.

024. (NC-UFPR/PREFEITURA DE CURITIBA-PR/PROCURADOR/2019/ADAPTADA) O princí-


pio in dubio pro operario autoriza a conclusão de que na Justiça do Trabalho o empregado
preferencialmente sai ganhando.

025. (NC-UFPR/PREFEITURA DE CURITIBA-PR/PROCURADOR/2019/ADAPTADA) O princí-


pio da primazia da realidade significa que, em caso de discordância entre o que ocorre na prática
e o que emerge de documentos ou acordos, deve prevalecer o que sucede no terreno dos fatos.

026. (COSEAC/PREFEITURA DE MARICÁ-RJ/PROCURADOR MUNICIPAL/2018) Princípio


concernente ao Direito do Trabalho, segundo o qual a verba salarial merece garantias diver-
sificadas da ordem jurídica, de modo a assegurar seu valor, montante e disponibilidade em
benefício do empregado:
a) primazia da realidade.
b) condição mais benéfica.
c) inalterabilidade contratual lesiva.
d) intangibilidade salarial.
e) continuidade.

027. (FCC/PGE-TO/PROCURADOR DO ESTADO/2018) Os princípios exercem um papel cons-


titutivo da ordem jurídica, cuja interpretação leva em consideração os valores que os com-
põem. Nesse sentido, o entendimento jurisprudencial adotado pelo Tribunal Superior do Traba-
lho de que o encargo de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação
de serviço e o despedimento é do empregador está embasado no princípio
a) protetor.
b) da primazia da realidade.
c) da irrenunciabilidade.
d) da continuidade da relação de emprego.
e) da boa-fé contratual subjetiva.

028. (VUNESP/PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP/PROCURADOR/2017) São


princípios de direito do trabalho:
a) in dubio pro operario, condição mais benéfica e igualdade.
b) in dubio pro operario, primazia da forma e descontinuidade.
c) condição mais benéfica, primazia da realidade e continuidade do contrato de trabalho.
d) condição mais benéfica, primazia da realidade e equidade.
e) primazia da realidade, igualdade e descontinuidade.
DIREITO DO TRABALHO
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GABARITO
1. E
2. a
3. E
4. E
5. E
6. C
7. C
8. E
9. C
10. C
11. C
12. e
13. E
14. E
15. E
16. E
17. e
18. C
19. b
20. a
21. c
22. E
23. E
24. E
25. C
26. d
27. d
28. c
DIREITO DO TRABALHO
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Breno Lenza

GABARITO COMENTADO
001. (CEBRASPE/FUNPRESP-EXE/ANALISTA PREVIDENCIÁRIO/2022) João possui uma
rede de restaurantes com mais de 100 funcionários e, no ano de 2019, em razão da crise
econômica vivenciada no Brasil, a qual atingiu diretamente a empresa, João reuniu-se com
os funcionários, restando acordada a redução temporária de salários, conforme documento
reduzido a termo assinado pelos funcionários. Considerando essa situação hipotética, julgue o
item a seguir com base no direito constitucional dos trabalhadores e nos princípios que regem
o direito do trabalho.
É válido o termo assinado pelos funcionários porque a redução temporária dos salários visa à
valorização do princípio da continuidade da relação de emprego.

Princípio da irredutibilidade salarial: O empregador não poderá, por ato unilateral, reduzir o salá-
rio do empregado, sendo que somente será permitido caso seja feita por negociação coletiva.

CF/88 ART. 7º, VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
CLT ART. 611-A, § 3 Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção coletiva
ou o acordo coletivo de trabalho deverão prever a proteção dos empregados contra dispensa imoti-
vada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo.
Errado.

002. (VUNESP/PREFEITURA DE SANTOS-SP/PROCURADOR/2021) Assinale a alternativa


contrária ao princípio do Direito do Trabalho.
a) Alterabilidade contratual lesiva.
b) In dubio pro operario.
c) Primazia da realidade.
d) Intangibilidade salarial.
e) Proteção

O princípio que se aplica ao Direito do Trabalho é o da INALTERABILIDADE contratual lesiva


(art. 468, CLT).
Letra a.

003. (FCC/PGE-GO/PROCURADOR DO ESTADO/2021/ADAPTADA) Em relação aos princí-


pios que norteiam o Direito do Trabalho, considerando-se a doutrina, a legislação e as Súmulas
de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho,
de acordo com o princípio da intangibilidade contratual objetiva, o conteúdo do contrato de
emprego pode ser modificado, caso ocorra efetiva mudança no plano do sujeito empresarial.
DIREITO DO TRABALHO
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Breno Lenza

De acordo com esse princípio NÃO SÃO alteradas as condições do contrato de trabalho.

Art. 10. Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por
seus empregados.
Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos
de trabalho dos respectivos empregados.
Errado.

004. (FCC/PGE-GO/PROCURADOR DO ESTADO/2021/ADAPTADA) Em relação aos princí-


pios que norteiam o Direito do Trabalho, considerando-se a doutrina, a legislação e as Súmulas
de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho,
o princípio da irrenunciabilidade informa que o Direito do Trabalho impede a supressão de direi-
tos trabalhistas em face do exercício, pelo devedor trabalhista, de prerrogativa legal.

Em regra, os direitos trabalhistas são irrenunciáveis. Contudo, é possível o exercício, pelo deve-
dor, de renúncia de direito disponível havendo prerrogativa legal. Vejamos:

JURISPRUDÊNCIA
OJ 251, SDI-I, TST. É lícito o desconto salarial referente à devolução de cheques sem fundos,
quando o frentista não observar as recomendações previstas em instrumento coletivo.

Errado.

005. (FCC/PGE-GO/PROCURADOR DO ESTADO/2021/ADAPTADA) Em relação aos princí-


pios que norteiam o Direito do Trabalho, considerando-se a doutrina, a legislação e as Súmulas
de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho,
não há nenhum dispositivo expresso que atribui aos princípios uma função integrativa ou que
indique a primazia do interesse público na Consolidação das Leis do Trabalho, porque a mes-
ma regula o contrato individual nas relações de trabalho.

Ao contrário do que diz a alternativa, há sim previsão de função integrativa no artigo 8º da


CLT. Vejamos:

Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou


contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros
princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com
os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe
ou particular prevaleça sobre o interesse público.
Errado.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

006. (FCC/PGE-GO/PROCURADOR DO ESTADO/2021/ADAPTADA) Em relação aos princí-


pios que norteiam o Direito do Trabalho, considerando-se a doutrina, a legislação e as Súmulas
de Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho,
em razão do princípio da primazia da realidade sobre a forma, o Juiz do Trabalho privilegia a
situação de fato, devidamente comprovada, em detrimento dos documentos ou do rótulo con-
ferido à relação de direito material.

Definição correta do princípio da primazia da realidade sobre a forma.


Certo.

007. (FUNDATEC/PREFEITURA DE BAGÉ-RS/PROFESSOR - DIREITO/2020/ADAPTADA)


Sobre os princípios do Direito do Trabalho, a relação de emprego e o contrato de trabalho:
Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica
própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo
guardando cada uma sua autonomia, integrarem grupo econômico, serão responsáveis solida-
riamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego.

CLT Art. 2º. § 2 Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade
jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mes-
mo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidaria-
mente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego.
Certo.

008. (FUNDATEC/PREFEITURA DE BAGÉ-RS/PROFESSOR - DIREITO/2020/ADAPTADA)


Sobre os princípios do Direito do Trabalho, a relação de emprego e o contrato de trabalho:
Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado
no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os
pressupostos da relação de emprego. Contudo, os meios telemáticos e informatizados de co-
mando, controle e supervisão não se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios
pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio, exigindo-se a adoção
de ferramentas próprias.

CLT Art. 6º Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o exe-
cutado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os
pressupostos da relação de emprego.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza
Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equi-
param, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e
supervisão do trabalho alheio.
Errado.

009. (FUNDATEC/PREFEITURA DE BAGÉ-RS/PROFESSOR - DIREITO/2020/ADAPTADA)


Sobre os princípios do Direito do Trabalho, a relação de emprego e o contrato de trabalho:
Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mú-
tuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos
ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente dessa garantia.

Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por
mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
Certo.

010. (FUNDATEC/PREFEITURA DE BAGÉ-RS/PROFESSOR - DIREI-TO/2020/ADAPTADA)


Sobre os princípios do Direito do Trabalho, a relação de emprego e o contrato de trabalho:
Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a em-
pregador, sob a dependência deste e mediante salário, não havendo distinções relativas à espé-
cie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.

CLT, Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não even-
tual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
Parágrafo único. Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador,
nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.
Certo.

011. (FUNDATEC/PREFEITURA DE BAGÉ-RS/PROFESSOR - DIREITO/2020/ADAPTADA)


Sobre os princípios do Direito do Trabalho, a relação de emprego e o contrato de trabalho:
A falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito, entender-se-á que o empregado
se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal.

CLT Art. 456. Parágrafo único. A falta de prova ou inexistindo cláusula expressa e tal respeito, entender-
-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal.
Certo.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

012. (DÉDALUS CONCURSOS/COREN-SC/ADVOGADO/2020/ADAPTADA) O chamado jus


variandi refere-se a casos excepcionais previstos expressamente no ordenamento jurídico, nos
quais o empregador poderá alterar o contrato de trabalho unilateralmente, mesmo que em pre-
juízo ao trabalhador. Tais situações são exceções ao seguinte princípio trabalhista:
a) Princípio da condição mais benéfica.
b) Princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas.
c) Princípio da imperatividade das normas trabalhistas.
d) Princípio da norma mais favorável.
e) Princípio da inalterabilidade contratual lesiva ao obreiro.

Conforme estudamos, querido(a) aluno(a), de acordo com o princípio da inalterabilidade con-


tratual lesiva é vedada qualquer alteração contratual que seja lesiva ao empregado, mesmo se
houver consentimento deste. Nesse sentido, alguns autores trazem como exceção ao princípio
o jus varidandi, que é a possibilidade de o empregador realizar pequenas modificações no con-
trato de trabalho diante de seu poder diretivo.
Letra e.

013. (FAFIPA/CREA-PR/AGENTE ADMINISTRATIVO/2019/ADAPTADA) Acerca dos princí-


pios norteadores do Direito do Trabalho,
O Princípio da Proteção pressupõe que empregados e empregadores são iguais perante a Lei,
não devendo haver qualquer distinção ou respaldo especial a qualquer das partes em razão de
sua posição econômica.

O princípio da proteção existe justamente diante da desigualdade clara entre empregado e


empregador, ao contrário do que informa a alternativa.
Errado.

014. (INSTITUTO MAIS/SETEC CAMPINAS/PROCURADOR/2021) (FAFIPA/CREA-PR/


AGENTE ADMINISTRATIVO/2019/ADAPTADA) Acerca dos princípios norteadores do Direito
do Trabalho,
A irredutibilidade salarial trata-se de Princípio absoluto.

Conforme vimos anteriormente, pode ocorrer a redução salarial desde que feita por negocia-
ção coletiva, o que atribui ao princípio a característica de relatividade.
Errado.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

015. (INSTITUTO MAIS/SETEC CAMPINAS/PROCURADOR/2021) (FAFIPA/CREA-PR/


AGENTE ADMINISTRATIVO/2019/ADAPTADA) Acerca dos princípios norteadores do Direito
do Trabalho,
O empregador poderá reduzir o salário do empregado, desde que este firme por escrito sua
concordância.

Conforme vimos anteriormente, pode ocorrer a redução salarial desde que feita por negocia-
ção coletiva.
Errado.

016. (INSTITUTO MAIS/SETEC CAMPINAS/PROCURADOR/2021) (FAFIPA/CREA-PR/


AGENTE ADMINISTRATIVO/2019/ADAPTADA) Acerca dos princípios norteadores do Direito
do Trabalho,
A transferência para o período diurno de trabalho não implica a perda do direito ao adicio-
nal noturno.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 265 do TST: A transferência para o período diurno de trabalho implica perda do
direito ao adicional noturno.

Errado.

017. (INAZ DO PARÁ/CRF-AC/ADVOGADO/2019) A permanência de cláusulas contratuais


que são mais vantajosas ao trabalhador e que devem permanecer durante a vigência do víncu-
lo empregatício, trata-se do princípio:
a) Princípio da primazia da realidade.
b) Princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas.
c) Princípio da proteção.
d) Princípio continuidade da relação de emprego.
e) Princípio da condição mais benéfica.

Conforme vimos, querido(a) aluno(a), o princípio da condição mais benéfica determina que,
em caso de inclusão ao contrato de trabalho de parcela não prevista em lei, o empregador não
poderá retirá-la por ter ocorrido a incorporação ao contrato.
Letra e.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

018. (FUNDEP/PREFEITURA DE CONTAGEM-MG/PROCURADOR/2019/ADAPTADA) Nos


contratos individuais de trabalho, somente é lícita a alteração das respectivas condições por
mútuo consentimento, e, ainda assim, desde que não resultem prejuízos ao empregado, sob
pena de nulidade da cláusula infringente dessa garantia.

CLT Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições
por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos
ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
Certo.

019. (CIEE/TRT-10ª REGIÃO/ESTÁGIO-DIREITO/2019) O artigo 7º, VI, da Constituição Fede-


ral de 1988 dispõe que um dos direitos conferidos aos trabalhadores urbanos e rurais é a ir-
redutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo. Essa disposição
constitui uma exceção ao princípio da(o).
a) Irrenunciabilidade de direitos.
b) Inalterabilidade contratual lesiva.
c) Primazia da realidade.
d) In dubio pro operario

Conforme estudamos, querido(a) aluno(a), de acordo com o princípio da inalterabilidade con-


tratual lesiva é vedada qualquer alteração contratual que seja lesiva ao empregado, mesmo
se houver consentimento deste. Assim, reduzir o salário de forma lícita, em tese, causa uma
alteração lesiva ao contrato, sendo, assim, uma exceção ao referido princípio.
Letra b.

020. (IESES/PREFEITURA DE SÃO JOSÉ-SC/ANALISTA DE RECURSOS HUMANOS/2019)


Em direito do trabalho, os fatos concretos do dia a dia laboral prevalecem sobre o conteúdo de
documentos para estabelecer os efeitos jurídicos da relação trabalhista. A verdade dos fatos,
prevalece sobre a verdade formal. Essa afirmação refere-se ao princípio da:
a) Primazia da realidade.
b) Continuidade da relação de emprego.
c) Irrenunciabilidade de direitos.
d) Intangibilidade da realidade.

Não esqueça: de acordo com o princípio da primazia da realidade, a verdade real prevalecerá
sobre a verdade formal.
Letra a.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

021. (IADES/CRN – 3ª REGIÃO (SP E MS)/ADVOGADO/2019) Em uma ação trabalhista, o


reclamante afirma que diariamente prestava duas horas de jornada extraordinária sem, entre-
tanto, receber os valores destas e os respectivos reflexos. Em sede contestatória, a empresa
negou tal fato e apresentou cartões de ponto que demonstravam horários de entrada e saída
uniformes (ponto britânico); por sua vez, o reclamante fez provas testemunhais que comprova-
vam o alegado na peça exordial. Ao analisar a lide, o juiz condenou a empresa ao pagamento
das horas extras e dos respectivos reflexos. Tendo por base o caso hipotético apresentado, as-
sinale a alternativa que corresponde ao princípio do direito do trabalho aplicado em sentença.
a) Indisponibilidade de direitos.
b) Continuidade da relação de emprego.
c) Primazia da realidade.
d) Imperatividade das normas trabalhistas.
e) Intangibilidade salarial

Não esqueça: de acordo com o princípio da primazia da realidade, a verdade real prevalecerá
sobre a verdade formal.
Letra c.

022. (NC-UFPR/PREFEITURA DE CURITIBA-PR/PROCURADOR/2019/ADAPTADA) O princí-


pio da irrenunciabilidade está relativizado na atualidade nacional ante a equiparação legal de
trabalhador e empregador na manifestação de vontades por ocasião da contratação.

A Lei n. 13.467/2017 (reforma trabalhista) não afastou a aplicação dos princípios gerais do
direito do trabalho, nem mesmo equiparou empregado e empregador.
Errado.

023. (NC-UFPR/PREFEITURA DE CURITIBA-PR/PROCURADOR/2019/ADAPTADA) O princí-


pio da norma mais favorável serve para dirimir conflitos de normas no espaço, prevalecendo a
mais favorável ao trabalhador, salvo se a interpretação levar a conclusão que desconsidere a
hierarquia das normas.

Será aplicada a norma mais favorável ao trabalhador quando, ao mesmo tempo, houver nor-
mas vigentes sobre o mesmo caso concreto. Contudo, no direito do trabalho adota-se a teoria
do conglobamento, aplicando, assim, a norma que, em seu conjunto, for mais favorável ao
trabalhador, ainda que seja hierarquicamente inferior.
Errado.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

024. (NC-UFPR/PREFEITURA DE CURITIBA-PR/PROCURADOR/2019/ADAPTADA) O princí-


pio in dubio pro operario autoriza a conclusão de que na Justiça do Trabalho o empregado
preferencialmente sai ganhando.

Conforme a doutrina majoritária, no processo do trabalho não se aplica integralmente o princí-


pio in dubio pro operário, devendo ser analisado, por exemplo, o ônus da prova entre as partes,
e não só a sua qualidade de “reclamante” e “reclamado”.
Errado.

025. (NC-UFPR/PREFEITURA DE CURITIBA-PR/PROCURADOR/2019/ADAPTADA) O prin-


cípio da primazia da realidade significa que, em caso de discordância entre o que ocorre na
prática e o que emerge de documentos ou acordos, deve prevalecer o que sucede no terreno
dos fatos.

Não esqueça: de acordo com o princípio da primazia da realidade, a verdade real prevalecerá
sobre a verdade formal.
Certo.

026. (COSEAC/PREFEITURA DE MARICÁ-RJ/PROCURADOR MUNICIPAL/2018) Princípio


concernente ao Direito do Trabalho, segundo o qual a verba salarial merece garantias diver-
sificadas da ordem jurídica, de modo a assegurar seu valor, montante e disponibilidade em
benefício do empregado:
a) primazia da realidade.
b) condição mais benéfica.
c) inalterabilidade contratual lesiva.
d) intangibilidade salarial.
e) continuidade.

Conforme o princípio da intangibilidade salarial, a regra é que o salário não poderá sofrer des-
contos, salvo quando resultar de adiantamentos, dispositivos de lei ou de contrato coletivo.

CLT Art. 462. Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo
quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.
§ 1º Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde de que esta possibili-
dade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado.
Letra d.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

027. (FCC/PGE-TO/PROCURADOR DO ESTADO/2018) Os princípios exercem um papel cons-


titutivo da ordem jurídica, cuja interpretação leva em consideração os valores que os com-
põem. Nesse sentido, o entendimento jurisprudencial adotado pelo Tribunal Superior do Traba-
lho de que o encargo de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação
de serviço e o despedimento é do empregador está embasado no princípio
a) protetor.
b) da primazia da realidade.
c) da irrenunciabilidade.
d) da continuidade da relação de emprego.
e) da boa-fé contratual subjetiva.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 212 do TST. DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA.
O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de ser-
viço e o despedimento, é do EMPREGADOR, pois o princípio da continuidade da relação
de emprego constitui presunção favorável ao empregado.

Letra d.

028. (VUNESP/PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP/PROCURADOR/2017) São


princípios de direito do trabalho:
a) in dubio pro operario, condição mais benéfica e igualdade.
b) in dubio pro operario, primazia da forma e descontinuidade.
c) condição mais benéfica, primazia da realidade e continuidade do contrato de trabalho.
d) condição mais benéfica, primazia da realidade e equidade.
e) primazia da realidade, igualdade e descontinuidade.

Ao se analisar as alternativas, excluímos como princípios específicos do direito do trabalho:


igualdade, descontinuidade e equidade.
Letra c.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza

REFERÊNCIAS
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 19ª edição, Editora Ltr, 2020

CORREIA, Henrique, Direito do Trabalho. 4ª. ed. Salvador: Editora Juspodivm. 2018.

LENZA, Breno; SILVA, Fabrício Lima. Direito do Trabalho e Processo do Trabalho em Tabelas.
São Paulo: Editoria Juspodivm, 2022.

Breno Lenza
Professor de cursos jurídicos para concurso público. Advogado e consultor jurídico. Autor de livros e
artigos jurídicos. Pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho.

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