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TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
SISTEMA DE ENSINO
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza
Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................4
Princípios do Direito do Trabalho.. ..........................................................................................................................5
1. Introdução ao Tema.....................................................................................................................................................5
2. Diferenciação entre Regras e Princípios. .......................................................................................................6
3. Funções e Classificações dos Princípios. .......................................................................................................6
4. Princípios Jurídicos Gerais Aplicáveis ao Direito do Trabalho.........................................................7
4.1. Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva (Pacta Sunt Servanda).................................7
4.2. Princípios da Lealdade e Boa-fé. . ....................................................................................................................8
4.3. Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade..................................................................................9
4.4. Princípio da Tipificação Legal de Ilícitos e Penas............................................................................. 10
5. Princípios constitucionais do Direito do Trabalho................................................................................ 10
5.1. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana............................................................................................ 10
5.2. Princípio do Valor Social do Trabalho e da Livre Iniciativa............................................................11
5.3. Princípio da não Discriminação.. .....................................................................................................................11
5.4. Princípio da Proteção ao Trabalhador e Prevalência da Condição mais Favorável
(Art. 7º, Caput). . ................................................................................................................................................................13
5.5. Princípio da Proteção contra a Despedida Arbitrária (Art. 7º, I)................................................13
5.6. Princípio da Proteção ao Salário (Art. 7º, IV, VI, XXX)......................................................................13
5.7. Princípio da Proteção ao Meio Ambiente.................................................................................................14
5.8. Princípio do Reconhecimento das Convenções e Acordos Coletivos (Art. 7º, XXVI).....15
6. Princípios Específicos do Direito Individual do Trabalho..................................................................16
6.1 Princípio da Proteção............................................................................................................................................16
6.2. Princípio da Primazia da Realidade. ...........................................................................................................20
6.3. Princípio da Continuidade.................................................................................................................................21
6.4. Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva. ................................................................................ 22
6.5. Princípio da Intangibilidade Salarial.........................................................................................................25
6.6. Princípio da Irrenunciabilidade. . ...................................................................................................................26
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza
Apresentação
Olá, querido(a) aluno(a)!
Como você está? Tudo bem?
Caso você não me conheça, eu sou Breno Lenza Cardoso, professor das duas melhores
matérias que existem: Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho. Sou autor de di-
versos livros nessa área e estou aqui para te auxiliar a alcançar a tão sonhada aprovação e,
posteriormente, a sua nomeação. Eu posto diversas dicas no meu Instagram @doutortrabalho
que, além desse material, irão te ajudar nessa caminhada!
É motivo de muita honra integrar a seleta equipe do GRAN CURSOS e poder desenvolver
materiais com o objetivo de te ajudar a atingir o sucesso na carreira que tanto sonha.
Não se engane, para chegar lá é necessário ter muita disciplina e resiliência, superar os
momentos de dificuldades e estar sempre com o foco no grande prêmio. Você tem capacidade
e competência para chegar lá, acredite.
Por isso, saiba que irei dar o meu máximo para que essas aulas sejam eficazes e que você
consiga absorver todo o conhecimento necessário para a aprovação. Lembre-se: LEIA BEM.
Não leia apenas por ler, mas sim para COMPREENDER e APREENDER o conhecimento. Esse é
um diferencial, pois, na hora da prova, a banca irá tentar te confundir e, caso a sua leitura tenha
sido atenta, você não cairá nas pegadinhas.
Para somar ao nosso material, irei acrescentar as queridas tabelas que desenvolvi para
criar o livro Direito do Trabalho e Processo do Trabalho em Tabelas para que você possa estu-
dar e revisar de uma forma mais didática, acumulando, cada vez mais, conhecimento para a
sua prova!
Por fim, conte comigo no que for preciso. Estou aqui para te ajudar e caminharei ao seu
lado até o momento em que você irá dizer para todo mundo: PASSEI. E caso tenha alguma dú-
vida, é só mandar no Fórum do aluno que irei responder com o maior prazer.
Agora quero propor a você, querido(a) aluno(a), o seguinte desafio nos seus estudos des-
sas matérias sensacionais: #trabalhonamente 👊 Quero que você me marque no Instagram
para criarmos nossa comunidade GRAN. Vamos lá?
Breno Lenza Cardoso
@doutortrabalho
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza
Para ciência do direito os princípios conceituam-se como proposições fundamentais que informam
a compreensão do fenômeno jurídico. São diretrizes centrais que se inferem de um sistema jurídico
e que, após inferidas, a ele se reportam, informando-o.
Já para Vólia Bomfim Cassar (2018, p. 210), “princípio é a postura mental que leva o intér-
prete a se posicionar desta ou daquela maneira”.
Assim, querido(a) aluno(a), podemos afirmar que os princípios são as normas fundamen-
tais do sistema, que informam todo o ordenamento jurídico, bem assim a interpretação das
demais normas-regra, já postas em vigência. Dessa forma, servem como fundamento e são
responsáveis pela gênese de grande parte das regras que, por consequência, deverão ter sua
interpretação e aplicação condicionadas por aqueles princípios, dos quais se originaram.
1
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 19. ed. São Paulo: LTr, 2020, p. 226.
2
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 22ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2007.
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Ademais, aluno(a), em que pese todas essas considerações, o art. 8º da CLT atribui aos princí-
pios força normativa supletiva. Vejamos:
Art. 8º, CLT. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais
ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros
princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com
os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe
ou particular prevaleça sobre o interesse público.
3
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessiva-
mente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo
Tribunal Federal.
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Breno Lenza
O PULO DO GATO
Esse princípio é mitigado pelo chamado jus variandi conferido ao empregador em decorrência
do poder diretivo, uma vez que são válidas pequenas alterações não substanciais no contrato
de trabalho, de forma a melhor organizar, sob critérios objetivos, o empreendimento, desde que
siga o disposto nos artigos 444 e 468 da CLT. Vejamos:
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Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza
Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes in-
teressadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos
coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.
Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por
mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
§ 1º Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo
empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de
confiança. (Redação dada pela Lei n. 13.467, de 2017)
§ 2º A alteração de que trata o § 1º deste artigo, com ou sem justo motivo, não assegura ao empre-
gado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que não será incorpo-
rada, independentemente do tempo de exercício da respectiva função.
O PULO DO GATO
Aluno(a), fique atento(a) a algumas exceções que o entendimento do Tribunal Superior do
Trabalho nos traz:
O PULO DO GATO
PROPORCIONALIDADE
Adequação necessidade
EM SENTIDO ESTRITO
Meio que atinge sua Verificar se ganhou mais
Meio apto a atingir os finalidade com a menor do que se perdeu em
resultados esperados restrição possível ao termos de fundamentalidade
direito alheio dos valores em cheque.
DIREITO DO TRABALHO
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Para o Direito do Trabalho, esses princípios têm especial importância, como exemplo, no
exercício do poder disciplinar pelo empregador, uma vez que sempre que este for aplicar deter-
minada penalidade disciplinar ao empregado, há que ser observado o critério da razoabilidade,
sob pena da nulidade do ato.
O PULO DO GATO
Não obstante o que eu escrevi acima, meu(minha) aluno(a), a aplicabilidade desse princípio
não é absoluta na área justrabalhista, uma vez que, por exemplo, a penalidade de ADVERTÊN-
CIA não tem previsão legal na CLT. Assim, essa punição é criada pelo costume trabalhista
(lembra do nosso material de fontes?!).
qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e
consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de
direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho
degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existentes mínimas para uma
vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da
própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos. (SARLET, 2010)
Nos termos do art. 1º da CRFB/88, a República Federativa do Brasil, formada pela união in-
dissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa
humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide Lei n. 13.874, de 2019)
V - o pluralismo político.
O princípio da dignidade humana, vetor axiológico do ordenamento jurídico pátrio, traz a
noção de que o ser humano é um fim em si mesmo, não podendo ser utilizado como meio para
atingir determinado objetivo. Veda-se, assim, a coisificação do homem, e, no caso específico
do direito laboral, a coisificação do trabalhador.
DIREITO DO TRABALHO
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O PULO DO GATO
Nesse sentido, inclusive, a Convenção 111 da OIT conceitua discriminação como:
Qualquer outra distinção, exclusão ou preferência que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade
de oportunidades ou tratamento em matéria de emprego ou profissão que poderá ser especificada
pelo Membro interessado depois de consultadas as organizações representativas de empregadores
e trabalhadores, quando estas existam, e outros organismos adequados.
situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, dentre outros, ressalvadas, nesse
caso, as hipóteses de proteção à criança e ao adolescente previstas no art. 7º, inc. XXXIII, da
Constituição Federal de 1988.
III – Em caso de rompimento da relação de trabalho por ato discriminatório, nos moldes da Lei
no 9.029/1995, o empregado poderá pleitear somente o direito à reparação pelo dano moral
e a reintegração com ressarcimento integral de todo o período de afastamento, mediante pa-
gamento das remunerações devidas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros legais.
Os itens I e II estão corretos, sendo que o erro do item III consiste em limitar o pedido do tra-
balhador somente ao direito à reparação pelo dano moral e a reintegração com ressarcimento
integral de todo o período de afastamento, mediante pagamento das remunerações devidas,
corrigidas monetariamente e acrescidas de juros legais, sendo também possível pedir, de for-
ma alternativa, a percepção, em dobro, da remuneração do período de afastamento, corrigida
monetariamente e acrescida dos juros legais.
Apenas os itens I e II estão corretos.
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 683 do STF. O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima
em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das
atribuições do cargo a ser preenchido.
JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 451 do TST. Fere o princípio da isonomia instituir vantagem mediante acordo
coletivo ou norma regulamentar que condiciona a percepção da parcela participação nos
lucros e resultados ao fato de estar o contrato de trabalho em vigor na data prevista para
a distribuição dos lucros. Assim, inclusive na rescisão contratual antecipada, é devido o
pagamento da parcela de forma proporcional aos meses trabalhados, pois o ex-empre-
gado concorreu para os resultados positivos a empresa.
JURISPRUDÊNCIA
OJ n. 383, SDI-1 do TST. A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa inter-
posta, não gera vínculo de emprego com ente da Administração Pública, não afastando,
contudo, pelo princípio da isonomia, o direito dos empregados terceirizados às mesmas
verbas trabalhistas legais e normativas asseguradas àqueles contratados pelo tomador
dos serviços, desde que presente a igualdade de funções. Aplicação analógica do art. 12,
“a”, da Lei n. 6.019, de 03.01.1974.
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Princípios do Direito do Trabalho
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JURISPRUDÊNCIA
OJ n. 25, SDC do TST. Não fere o princípio da isonomia salarial (art. 7º, XXX, da CF/88) a
previsão de salário normativo tendo em vista o fator tempo de serviço.
JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 4. Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário-mínimo não
pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou
de empregado, nem ser substituído por decisão judicial.
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JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 6. Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração infe-
rior ao salário-mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.
JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 15. O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público
não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário-mínimo.
JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 16. Os arts. 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/1998), da Constituição
referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público.
JURISPRUDÊNCIA
SÚMULA 736 DO STF. Compete à Justiça do Trabalho julgar as ações que tenham como
causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene
e saúde dos trabalhadores.
JURISPRUDÊNCIA
SÚMULA VINCULANTE 22. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar
as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de
trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não
possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da EC 45/2004.
JURISPRUDÊNCIA
SÚMULA 454 do TST. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. EXECUÇÃO DE OFÍCIO.
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL REFERENTE AO SEGURO DE ACIDENTE DE TRABALHO (SAT).
ARTS. 114, VIII, E 195, I, “A”, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. Compete à Justiça do
Trabalho a execução, de ofício, da contribuição referente ao Seguro de Acidente de Tra-
balho (SAT), que tem natureza de contribuição para a seguridade social (arts. 114, VIII, e
195, I, “a”, da CF), pois se destina ao financiamento de benefícios relativos à incapacidade
do empregado decorrente de infortúnio no trabalho (arts. 11 e 22 da Lei n. 8.212/1991).
DIREITO DO TRABALHO
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O PULO DO GATO
O art. 927, parágrafo único, do Código Civil é compatível com o art. 7º, XXVIII, da Constituição
Federal, sendo constitucional a responsabilização objetiva do empregador por danos decor-
rentes de acidentes de trabalho nos casos especificados em lei ou quando a atividade normal-
mente desenvolvida, por sua natureza, apresentar exposição habitual a risco especial, com
potencialidade lesiva, e implicar ao trabalhador ônus maior do que aos demais membros da co-
letividade. STF. Plenário. RE 828040/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 12/3/2020
(repercussão geral – Tema 932) (Info 969).
JURISPRUDÊNCIA
SUM 451. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. RESCISÃO CONTRATUAL
ANTERIOR À DATA DA DISTRIBUIÇÃO DOS LUCROS. PAGAMENTO PROPORCIONAL AOS
MESES TRABALHADOS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. Fere o princípio da isonomia instituir
vantagem mediante acordo coletivo ou norma regulamentar que condiciona a percepção
da parcela participação nos lucros e resultados ao fato de estar o contrato de trabalho
em vigor na data prevista para a distribuição dos lucros. Assim, inclusive na rescisão con-
tratual antecipada, é devido o pagamento da parcela de forma proporcional aos meses
trabalhados, pois o ex-empregado concorreu para os resultados positivos da empresa.
JURISPRUDÊNCIA
OJ-SDI1-383. TERCEIRIZAÇÃO. EMPREGADOS DA EMPRESA PRESTADORA DE SERVI-
ÇOS E DA TOMADORA. ISONOMIA. ART. 12, “A”, DA LEI N. 6.019, DE 03.01.1974. A contra-
tação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego
com ente da Administração Pública, não afastando, contudo, pelo princípio da isonomia, o
direito dos empregados terceirizados às mesmas verbas trabalhistas legais e normativas
asseguradas àqueles contratados pelo tomador dos serviços, desde que presente a igual-
dade de funções. Aplicação analógica do art. 12, “a”, da Lei n. 6.019, de 03.01.1974.
JURISPRUDÊNCIA
OJ-SDC-25. SALÁRIO NORMATIVO. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. LIMITAÇÃO. TEMPO
DE SERVIÇO. POSSIBILIDADE. Não fere o princípio da isonomia salarial (art. 7º, XXX, da
CF/88) a previsão de salário normativo tendo em vista o fator tempo de serviço.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza
Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes in-
teressadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos
coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.
Não obstante, a Lei n. 13.467/2017, popularmente conhecida como reforma trabalhista, miti-
gou o princípio da proteção para uma “classe específica” de empregados: os “hiperssuficiente”.
Vejamos o que dispõe o parágrafo único do artigo 44 da CLT:
Art. 444, Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às hi-
póteses previstas no art. 611-A desta Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância
sobre os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível superior e que
perceba salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime
Geral de Previdência Social.
O PULO DO GATO
Vamos fazer uma relação com o direito constitucional?
Acreditava-se, a princípio, que a incidência dos direitos fundamentais se limitava às relações
entre o particular e o Estado (teoria da “eficácia vertical”). Tal pensamento, entretanto, se
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Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza
modificou no século XX, quando surgiu a teoria da “eficácia horizontal”, conforme a qual os
direitos fundamentais deveriam incidir, também, sobre relações entre particulares. Desse
modo, entende-se, hoje, que os direitos fundamentais devem ser aplicados tanto às rela-
ções travadas entre o Estado e o cidadão (“eficácia vertical”) quanto às relações privadas
(“eficácia horizontal”).
O chileno Sergio Gamonal Contreras evidenciou uma terceira espécie de eficácia dos direitos,
a “EFICÁCIA DIAGONAL”. Conforme a sua concepção, além de incidirem sobre os dois tipos
de relações supracitadas (Estado-particular e particular-particular), os direitos fundamentais
recaem sobre as relações jurídico-privadas marcadas DESEQUILÍBRIO. Conforme falamos an-
teriormente, a relação trabalhista é caracterizada pela presença de partes materialmente de-
siguais, uma vez que o trabalhador, em regra, é hipossuficiente, portanto, economicamente e
socialmente mais frágil do que o empregador. Neste sentido, a eficácia diagonal se evidencia
no princípio da proteção do empregado, o qual impõe ao ordenamento trabalhista a previsão
legal de garantias compensatórias da hipossuficiência do obreiro.
Forçoso ressaltar que o princípio da proteção se subdivide em três outros princípios: prin-
cípio da norma mais favorável, da in dubio pro operário e da condição mais benéfica.
De acordo com essa vertente do princípio, tem-se que, havendo mais de uma norma aplicá-
vel ao caso, deve-se optar por aquela que seja mais favorável ao trabalhador. Assim, entende-
-se que há mais de uma norma igualmente válida e aplicável àquele empregado.
Não obstante, há dimensões para análise e aplicação desse princípio:
• fase pré-jurídica (política): dimensão informadora, sem caráter normativo, ou seja, no
instante de elaboração da norma, de modo que este princípio atua como orientador da
ação legislativa, na qualidade de fonte material;
• fase jurídica: atua ora como critério de hierarquia (elege-se como regra prevalecente a
mais favorável ao trabalhador – art. 7º, CRFB/88, tendo como base a teoria do conglo-
bamento puro ou, no máximo, por institutos), ora como critério interpretativo/normativo
(escolha da interpretação mais favorável, caso presentes duas ou mais consistentes
alternativas de interpretação, respeitados os rígidos critérios hermenêuticos. Muitos en-
quadram essa situação como in dubio pro misero).
Aqui vai uma informação muito importante, sobre esse princípio, que já vimos na nossa
matriz de FONTES DO DIREITO DO TRABALHO:
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza
Querido(a) aluno(a), não se esqueça que a reforma trabalhista mitigou, por mais uma vez,
o princípio da norma mais favorável, ao afirmar no artigo 620 da CLT que “as condições es-
tabelecidas em acordo coletivo sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção
coletiva de trabalho”.
Esse princípio também é denominado in dubio pro misero. Ele informa que, se uma deter-
minada regra permite duas ou mais interpretações, estará o intérprete vinculado à escolha
daquela que se mostre mais favorável ao empregado.
Esse princípio impõe que as condições mais benéficas previstas no contrato de trabalho ou
no regulamento de empresa deverão prevalecer diante da edição de normas que estabeleçam
patamar protetivo menos benéfico ao empregado. Liga-se o princípio, portanto, à ideia de direi-
to adquirido, nos termos preconizados pela CRFB (art. 5º, XXXVI).
Diferentemente do princípio da norma mais favorável, esse princípio analisa a condição de
cláusula contratual mais benéfica/favorável ao trabalhador.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza
Este princípio está positivado no art. 468, caput, da CLT, bem como foi consagrado pela juris-
prudência, consoante se depreende dos seguintes verbetes:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 288 do TST. A complementação dos proventos da aposentadoria é regida pelas
normas em vigor na data da admissão do empregado, observando-se as alterações pos-
teriores desde que mais favoráveis ao beneficiário do direito.
JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 51 do TST. NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO
REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT.
O PULO DO GATO
c) não há nenhum dispositivo expresso que atribui aos princípios uma função integrativa ou
que indique a primazia do interesse público na Consolidação das Leis do Trabalho, porque a
mesma regula o contrato individual nas relações de trabalho.
d) em razão do princípio da primazia da realidade sobre a forma, o Juiz do Trabalho privilegia
a situação de fato, devidamente comprovada, em detrimento dos documentos ou do rótulo
conferido à relação de direito material.
e) o princípio da continuidade do contrato de trabalho constitui presunção favorável ao empre-
gador, razão pela qual tanto o ônus da prova quanto seu término é do empregado, nas hipóte-
ses em que são negados a prestação dos serviços e o despedimento.
Como vimos agora, para o direito e processo do trabalho, há prevalência da a situação de fato
que é comprovada sobre os termos estritos de documentos.
Letra d.
O PULO DO GATO
Esse princípio pode ser aplicável contra o empregado?
Para parcela doutrinária, o princípio da primazia da realidade é um princípio do direito do tra-
balho que se aplica a uma relação trabalhista, ou seja, independe de qual parte está sendo
beneficiada. Dessa forma, a sua incidência se dá ao contrato e não a uma parte especificada.
Não obstante, em sentido diametralmente oposto, há doutrinadores que compreendem que
este princípio é parte do princípio da proteção, de tal sorte que, por isso, só pode ser aplicável
em favor do empregado.
Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente
ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente.
§ 1º - Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de
termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo aconte-
cimento suscetível de previsão aproximada.
§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando:
a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo;
b) de atividades empresariais de caráter transitório;
c) de contrato de experiência.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza
JURISPRUDÊNCIA
SUM-212 DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA O ônus de provar o término do contrato de
trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador,
pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável
ao empregado.
Sempre que o contrato tiver sido pactuado por prazo, esta circunstância deve ser provada, a
fim de afastar a presunção de indeterminação de prazo decorrente do princípio da continuidade.
O princípio da continuidade também se relaciona à sistemática da sucessão de emprega-
dores, situação na qual a mudança da pessoa do empregador, em regra, não extingue ou altera
o contrato de trabalho, conforme arts. 10 e 448 da CLT.
Art. 444. As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes inte-
ressadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos
coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.
Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às hipóteses
previstas no art. 611-A desta Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância sobre
os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível superior E que per-
ceba salário mensal igual ou superior a 2 vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral
de Previdência Social.”
Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por
mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
Vale destacar que não cabe no Direito do Trabalho, em regra, a cláusula civilista de revisão dos
contratos em razão de fatos supervenientes que tornem sua execução excessivamente onero-
sa para uma das partes (rebus sic stantibus), tendo em vista que os riscos do empreendimento
cabem exclusivamente ao empregador, nos termos do art. 2º, caput, da CLT.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
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O PULO DO GATO
Aluno(a), pense na seguinte situação: considere que há uma promoção benéfica ao emprega-
do na empresa. Assim, ela é considerada obrigatória ou não?
Nesse caso, nós temos duas correntes:
1 - É alteração contratual benéfica qualitativa, o que compõe o poder diretivo do empregador
e o dever de colaboração do empregado. Portanto, o empregado não pode se negar a aceitar
a promoção.
2 - É uma opção para o empregado, porque deve ser uma alteração bilateral. Assim, depende,
antes de tudo, da sua aceitação, dado que a promoção também implica a mudança de ativida-
des do empregado, para o que deve ele apresentar concordância.
Art. 468 (...)§1º - NÃO se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que
o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de
função de confiança.
§2º A alteração de que trata o § 1º deste artigo, com ou sem justo motivo, NÃO ASSEGURA ao
empregado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente, QUE NÃO SERÁ
INCORPORADA, independentemente do tempo de exercício da respectiva função
JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 372 do TST. GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO. SUPRESSÃO OU REDUÇÃO. LIMITES
(conversão das Orientações Jurisprudenciais nos 45 e 303 da SBDI-1) - Res. 129/2005,
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Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza
DJ 20, 22 e 25.04.2005. I - Percebida a gratificação de função por dez ou mais anos pelo
empregado, se o empregador, sem justo motivo, revertê-lo a seu cargo efetivo, não poderá
retirar-lhe a gratificação tendo em vista o princípio da estabilidade financeira.
II – Mantido o empregado no exercício da função comissionada, não pode o emprega-
dor reduzir o valor da gratificação. (SÚMULA SUPERADA PELA ALTERAÇÃO NO §2º DO
ARTIGO 468 DA CLT)
2 - art. 469 da CLT: admite a transferência do empregado, sem a sua anuência, desde que
sem mudança de domicílio. Esta modificação de local de trabalho é livre, pois faz parte do jus
variandi do empregador. A mudança com alteração de domicílio, por outro lado, dependerá da
anuência do empregado, em regra, de maneira que excede o jus variandi do empregador.
Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade
diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessa-
riamente a mudança do seu domicílio.
§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam cargo de
confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência,
quando esta decorra de real necessidade de serviço.
§ 2º - É lícita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o
empregado.
§ 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para locali-
dade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse
caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento)
dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação.
JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 43 do TST: Presume-se ABUSIVA a transferência de que trata o § 1º do art. 469
da CLT, sem comprovação da necessidade do serviço.
OJ 113, SDI-1 TST. ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. CARGO DE CONFIANÇA OU PRE-
VISÃO CONTRATUAL DE TRANSFERÊNCIA. DEVIDO. DESDE QUE A TRANSFERÊNCIA
SEJA PROVISÓRIA. O fato de o empregado exercer cargo de confiança ou a existência
de previsão de transferência no contrato de trabalho não exclui o direito ao adicional.
O pressuposto legal apto a legitimar a percepção do mencionado adicional é a transfe-
rência provisória.
Forçoso ressaltar que, com a Reforma Trabalhista, referido princípio será mitigado, pois
há valorização do negociado sobre o legislado, especialmente nas hipóteses previstas no art.
611-A da CLT. Além disso, a Lei n. 13.467/2017 amplia as hipóteses de acordo individual entre
empregado e empregador, o que também relativiza a aplicação do princípio em análise.
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JURISPRUDÊNCIA
SÚMULA 248 TST. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. DIREITO ADQUIRIDO A reclassifica-
ção ou a descaracterização da insalubridade, por ato da autoridade competente, reper-
cute na satisfação do respectivo adicional, sem ofensa a direito adquirido ou ao princípio
da irredutibilidade salarial.
Com a Lei 13.467/2017, caso venha a ser pactuada clausula que reduza o salário do em-
pregado, deverá haver garantia de que ele não será dispensado sem justa causa no prazo de
vigência do instrumento coletivo, nos termos do art. 611-A, §3º da CLT.
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Art. 611-A, §3º, da CLT. Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção co-
letiva ou o acordo coletivo de trabalho deverão prever a proteção dos empregados contra dispensa
imotivada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo.
Importante ressaltar que a MP n. 936 de 2020, convertida na Lei n. 14.020 de 2020 (“Institui o
Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda; dispõe sobre medidas com-
plementares para enfrentamento do estado de calamidade pública” etc.) prevê, dentre outras
medidas do PEMER, a “a redução proporcional de jornada de trabalho e de salário” (art. 3º,
inciso II), mediante ajuste individual, nos termos do art. 7º, verbis:
Art. 7º Durante o estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º desta Lei, o empregador
poderá acordar a redução proporcional de jornada de trabalho e de salário de seus empregados, de
forma setorial, departamental, parcial ou na totalidade dos postos de trabalho, por até 90 (noventa)
dias, prorrogáveis por prazo determinado em ato do Poder Executivo, observados os seguintes re-
quisitos: Vide Decreto n. 14.022, de 2020
I – preservação do valor do salário-hora de trabalho;
II – pactuação, conforme o disposto nos arts. 11 e 12 desta Lei, por convenção coletiva de trabalho,
acordo coletivo de trabalho ou acordo individual escrito entre empregador e empregado; e
III – na hipótese de pactuação por acordo individual escrito, encaminhamento da proposta de acor-
do ao empregado com antecedência de, no mínimo, 2 (dois) dias corridos, e redução da jornada de
trabalho e do salário exclusivamente nos seguintes percentuais:
a) 25% (vinte e cinco por cento);
b) 50% (cinquenta por cento);
c) 70% (setenta por cento).
§ 1º A jornada de trabalho e o salário pago anteriormente serão restabelecidos no prazo de 2 (dois)
dias corridos, contado da:
I – cessação do estado de calamidade pública;
II – data estabelecida como termo de encerramento do período de redução pactuado; ou
III – data de comunicação do empregador que informe ao empregado sua decisão de antecipar o fim
do período de redução pactuado.
Sobre o tema, o Plenário do STF manteve a eficácia da regra que autoriza a redução da
jornada de trabalho e do salário ou a suspensão temporária do contrato de trabalho por meio
de acordos individuais em razão da pandemia, independentemente da anuência dos sindicatos
da categoria.
É cediço que as normas trabalhistas são imperativas, ou seja, são de ordem pública, impe-
dindo, assim, que os direitos trabalhistas sejam livremente dispensados pelos empregados.
Diante desse fato, entende-se que há mitigação do princípio civilista de cunho liberal consis-
tente na autonomia da vontade.
Dessa forma, há proteção digna ao empregado, que, na maioria das vezes, sofre ou teme
sofrer coação pelo empregador, sempre no sentido de renunciar a direitos e, consequentemen-
te, reduzir os custos do negócio empresarial.
Pela ligação que apresenta com o princípio da primazia da realidade, também se encontra
consagrado no art. 9º da CLT. Temos como exemplo desse princípio o aviso prévio. Com efeito,
é corriqueiro que, em casos de demissão sem justa causa, o empregado seja induzido a “abrir
mão” do aviso prévio, direito que lhe é assegurado por força do art. 7º, XXI, da CRFB, bem como
do art. 487 da CLT. Neste caso, aplica-se a Súmula 276 do TST, in verbis:
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 276 TST. Aviso prévio – Renúncia pelo empregado. O direito ao aviso prévio é
irrenunciável pelo empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exime o empre-
gador de pagar o respectivo valor, salvo comprovação de haver o prestador dos serviços
obtido novo emprego.
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Tabela retirada do livro “Resumo de Direito do Trabalho –Henrique Correia”.
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Essa distinção pode ser mais bem percebida na Justiça do Trabalho. Nesta, as partes são
induzidas, sempre que possível, à conciliação, dada a natureza alimentar das prestações su-
postamente devidas pelo empregador. Ainda assim, o juiz pode recusar a homologação da
proposta de acordo que importe renúncia, quando diante da certeza do direito e de seu fato
gerador. Quando há incerteza/controvérsia sobre o direito/fato gerador, opera-se a transação
válida, apta a pôr fim ao litígio.
Querido(a) aluno(a), você PRECISA estudar, ler, reler, reler, reler esses dois artigos, pois são de
suma importância na sua preparação para a prova. Sempre estão presentes nos questiona-
mentos das bancas...
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Princípios do Direito do Trabalho
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Futuro(a) aprovado(a), são esses os principais pontos para o tema princípios do Direito do
Trabalho. Assim, daqui um tempo, retorne a este material, revise com calma e LEIA BEM, ok?
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Na dúvida, estude.
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Princípios do Direito do Trabalho
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RESUMO
Nessa aula, você deve fixar os seguintes pontos:
1) A norma em sentido amplo, alberga tanto as “regras” quanto os “princípios”, superando,
assim, a doutrina clássica que não atribuía caráter normativo autônomo aos princípios.
2) Com base nos princípios específicos do Direito do Trabalho, o principal que se destaca
é o princípio da proteção, sendo que outros três se originam dele: norma mais favorável, condi-
ção mais benéfica e in dubio pro operário.
3) Outros princípios que se destacam de forma considerável nessa matéria são os prin-
cípios da inalterabilidade contratual lesiva, intangibilidade salarial e irrenunciabilidade dos
direitos trabalhistas.
4) Lembre-se: nenhum princípio tem natureza absoluta, sendo que em um determinado
conflito, há de se utilizar da ponderação para resolução.
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MAPA MENTAL
Tabelas retiradas do livro Direito do Trabalho e Processo do Trabalho em Tabelas)
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DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16. ed. São Paulo: LTr, 2017
6
Importante destacar que a Lei n. 13.467/2017 deu nova redação ao art. 620 da CLT, passando a estabelecer que: “Art.
620. As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção
coletiva de trabalho”.
7
Mauricio Godinho distingue os direitos trabalhistas protegidos por indisponibilidade absoluta dos protegidos por indisponibi-
lidade relativa. Diz que a indisponibilidade absoluta respeita aos direitos protegidos por uma tutela de interesse público, por
traduzir um patamar civilizatório mínimo, relacionado à dignidade da pessoa humana, ou quando se tratar de direito protegido
por norma de interesse abstrato da categoria (ex: assinatura de carteira de trabalho, salário-mínimo, medicina e segurança do
trabalho etc.). Considera como de indisponibilidade relativa o direito que traduz interesse individual ou bilateral simples, que
não caracterize um padrão civilizatório mínimo (ex: modalidade de salário, compensação de jornada etc.). Permitindo às par-
celas de indisponibilidade relativa a transação (não a renúncia) desde que não resulte em efetivo prejuízo ao empregado.
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CEBRASPE/FUNPRESP-EXE/ANALISTA PREVIDENCIÁRIO/2022) João possui uma
rede de restaurantes com mais de 100 funcionários e, no ano de 2019, em razão da crise
econômica vivenciada no Brasil, a qual atingiu diretamente a empresa, João reuniu-se com
os funcionários, restando acordada a redução temporária de salários, conforme documento
reduzido a termo assinado pelos funcionários. Considerando essa situação hipotética, julgue o
item a seguir com base no direito constitucional dos trabalhadores e nos princípios que regem
o direito do trabalho.
É válido o termo assinado pelos funcionários porque a redução temporária dos salários visa à
valorização do princípio da continuidade da relação de emprego.
GABARITO
1. E
2. a
3. E
4. E
5. E
6. C
7. C
8. E
9. C
10. C
11. C
12. e
13. E
14. E
15. E
16. E
17. e
18. C
19. b
20. a
21. c
22. E
23. E
24. E
25. C
26. d
27. d
28. c
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GABARITO COMENTADO
001. (CEBRASPE/FUNPRESP-EXE/ANALISTA PREVIDENCIÁRIO/2022) João possui uma
rede de restaurantes com mais de 100 funcionários e, no ano de 2019, em razão da crise
econômica vivenciada no Brasil, a qual atingiu diretamente a empresa, João reuniu-se com
os funcionários, restando acordada a redução temporária de salários, conforme documento
reduzido a termo assinado pelos funcionários. Considerando essa situação hipotética, julgue o
item a seguir com base no direito constitucional dos trabalhadores e nos princípios que regem
o direito do trabalho.
É válido o termo assinado pelos funcionários porque a redução temporária dos salários visa à
valorização do princípio da continuidade da relação de emprego.
Princípio da irredutibilidade salarial: O empregador não poderá, por ato unilateral, reduzir o salá-
rio do empregado, sendo que somente será permitido caso seja feita por negociação coletiva.
CF/88 ART. 7º, VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
CLT ART. 611-A, § 3 Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção coletiva
ou o acordo coletivo de trabalho deverão prever a proteção dos empregados contra dispensa imoti-
vada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo.
Errado.
De acordo com esse princípio NÃO SÃO alteradas as condições do contrato de trabalho.
Art. 10. Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por
seus empregados.
Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos
de trabalho dos respectivos empregados.
Errado.
Em regra, os direitos trabalhistas são irrenunciáveis. Contudo, é possível o exercício, pelo deve-
dor, de renúncia de direito disponível havendo prerrogativa legal. Vejamos:
JURISPRUDÊNCIA
OJ 251, SDI-I, TST. É lícito o desconto salarial referente à devolução de cheques sem fundos,
quando o frentista não observar as recomendações previstas em instrumento coletivo.
Errado.
CLT Art. 2º. § 2 Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade
jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mes-
mo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidaria-
mente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego.
Certo.
CLT Art. 6º Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o exe-
cutado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os
pressupostos da relação de emprego.
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Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equi-
param, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e
supervisão do trabalho alheio.
Errado.
Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por
mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
Certo.
CLT, Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não even-
tual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
Parágrafo único. Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador,
nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.
Certo.
CLT Art. 456. Parágrafo único. A falta de prova ou inexistindo cláusula expressa e tal respeito, entender-
-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal.
Certo.
DIREITO DO TRABALHO
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Conforme vimos anteriormente, pode ocorrer a redução salarial desde que feita por negocia-
ção coletiva, o que atribui ao princípio a característica de relatividade.
Errado.
DIREITO DO TRABALHO
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Conforme vimos anteriormente, pode ocorrer a redução salarial desde que feita por negocia-
ção coletiva.
Errado.
JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 265 do TST: A transferência para o período diurno de trabalho implica perda do
direito ao adicional noturno.
Errado.
Conforme vimos, querido(a) aluno(a), o princípio da condição mais benéfica determina que,
em caso de inclusão ao contrato de trabalho de parcela não prevista em lei, o empregador não
poderá retirá-la por ter ocorrido a incorporação ao contrato.
Letra e.
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CLT Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições
por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos
ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
Certo.
Não esqueça: de acordo com o princípio da primazia da realidade, a verdade real prevalecerá
sobre a verdade formal.
Letra a.
DIREITO DO TRABALHO
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Não esqueça: de acordo com o princípio da primazia da realidade, a verdade real prevalecerá
sobre a verdade formal.
Letra c.
A Lei n. 13.467/2017 (reforma trabalhista) não afastou a aplicação dos princípios gerais do
direito do trabalho, nem mesmo equiparou empregado e empregador.
Errado.
Será aplicada a norma mais favorável ao trabalhador quando, ao mesmo tempo, houver nor-
mas vigentes sobre o mesmo caso concreto. Contudo, no direito do trabalho adota-se a teoria
do conglobamento, aplicando, assim, a norma que, em seu conjunto, for mais favorável ao
trabalhador, ainda que seja hierarquicamente inferior.
Errado.
DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Breno Lenza
Não esqueça: de acordo com o princípio da primazia da realidade, a verdade real prevalecerá
sobre a verdade formal.
Certo.
Conforme o princípio da intangibilidade salarial, a regra é que o salário não poderá sofrer des-
contos, salvo quando resultar de adiantamentos, dispositivos de lei ou de contrato coletivo.
CLT Art. 462. Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo
quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.
§ 1º Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde de que esta possibili-
dade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado.
Letra d.
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JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 212 do TST. DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA.
O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de ser-
viço e o despedimento, é do EMPREGADOR, pois o princípio da continuidade da relação
de emprego constitui presunção favorável ao empregado.
Letra d.
REFERÊNCIAS
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 19ª edição, Editora Ltr, 2020
CORREIA, Henrique, Direito do Trabalho. 4ª. ed. Salvador: Editora Juspodivm. 2018.
LENZA, Breno; SILVA, Fabrício Lima. Direito do Trabalho e Processo do Trabalho em Tabelas.
São Paulo: Editoria Juspodivm, 2022.
Breno Lenza
Professor de cursos jurídicos para concurso público. Advogado e consultor jurídico. Autor de livros e
artigos jurídicos. Pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho.