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GESTÃO PÚBLICA
NO SÉCULO XXI
O DESAFIO DAS LIDERANÇAS BRASILEIRAS
R
ALMIR NASCIMENTO | ANDREIA REGO
GESTÃO PÚBLICA
NO SÉCULO XXI
O DESAFIO DAS LIDERANÇAS BRASILEIRAS
R
Coordenação Editorial
Pedro Camilo de Figueirêdo Neto
Conselho Editorial
DOUTORES: MESTRES:
Amanda Barbosa Bruno Barbosa Heim
Audrey de Macêdo Carvalho Clever Jatobá
Claudia de Faria Barbosa Daniela Magalhães Costa de Jesus
Ionã Carqueijo Scarante Fábio S. Santos
João Evangelista do Nascimento Neto Geraldo Calasans Silva Júnior
José Gileá Isan Almeida Lima
José Rômulo de Magalhães Filho Kátia Maria Mendes da Silva
Luciano Sérgio Ventim Bomfim Marcelo Politano de Freitas
Maria João Guia (Portugal) Milton Silva de Vasconcellos
Nadialice Francischini de Souza Pedro Camilo de Figueirêdo Neto
Régia Mabel da Silva Freitas Rodrigo Luduvice da Silva
Ricardo Maurício Freire Soares Sueli Bonfim Lago
Sheila Marta Carregosa Rocha Tássia Louise de Moraes Oliveira
Urbano Félix Pugliese do Bomfim Thacio Fortunato Moreira
Revisão
Joana Cunha
A reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer modo, somente será permitida
com autorização da editora.
(Lei nº 9.610 de 19.02.1998)
CDD 658
REDE GOVERNANÇA BRASIL - RGB
DIRETORIA EXECUTIVA
Presidente – Petrus Elesbão Lima da Silva
Vice-presidente - Flávio Feitosa Costa
Diretor administrativo-financeiro – Fernando Ferrazza
Diretor jurídico - Leonardo Andreotti Paulo de Oliveira
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Presidente – Prof. Luiz Antonio Peixoto Valle
Vice–presidente – Paulo Renato Menzel
Conselheiro – José Luiz Bringel Vidal
Conselheira – Carla Simone Viana Lage
CONSELHO DE ÉTICA
Presidente – João Felipe Cunha Pereira
Conselheiro titular – Daniel Picolo Catelli
Conselheira titular – Andréa Esper Xavier
Conselheira suplente – Sheila Pereira de Campos
CONSELHO FISCAL
Presidente – Lucas Barbosa Paglia
Vice-presidente – Elys Tevânia
Conselheiro titular – Walter Marinho
Conselheiro suplente – Marina Cavalini Bailão
GERENTE DE OPERAÇÕES
Cíntia Caroline da Silva e Silva Reis
CONSELHO FISCAL
Presidente do Conselho Fiscal – João Benício Aguiar
Conselheira – Izabela Zanotelli Collares
Conselheiro – Luiz Gustavo Wiechoreki
DIRETORIA EXECUTIVA
Diretora Administrativa, Ensino e Projetos - Dinaura Tedesco
Diretor Financeiro - Henrique Farinon
Diretora de Governança - Cristiane Nardes Farinon
COORDENAÇÃO DE PROJETOS
Sérgio Ricardo Costa Reis
João Vitor Machado Barbosa
CONSULTORA JURÍDICA
Ana Carolina Massa Gomes
CONSULTORA JURÍDICA Ana Carolina Massa
SUMÁRIO
1 Introdução, 9
7 Considerações finais, 90
Referências, 93
Qualquer análise um pouco mais aprofundada que se queira fazer das trans-
formações socioeconômicas e de sua influência nas gestões privada e pública ao
longo do século XX será sempre um exercício complexo que desafiará quem se
proponha a levá-lo adiante.
O esforço de buscar compreender um assunto a partir de suas partes encon-
tra um paralelo no esforço empreendido por um espectador diante de um qua-
dro cubista. No Cubismo, o pintor divide a imagem principal em várias partes,
criando múltiplos pontos de observação que ampliam o espaço de observação e
o sentido de abstração da obra, não sendo possível dizer, no entanto, quais par-
tes são mais ou menos importantes. O conjunto multifacetado e polifocal permi-
te que o espectador contemple o quadro a seu tempo e maneira, a partir de cada
uma de suas imagens ou do todo, se assim o preferir, o que acaba por multiplicar
o tempo e o prazer na fruição visual da obra. O espectador pode, então, nutrir
sua reflexão acerca do que vê e sente, sem a pretensão de exaurir o entendimen-
to de seu significado.
Da mesma forma, em um ensaio como o aqui pretendido, é possível olhar
diversos pontos, a fim de buscar fazer igualmente uma reflexão sobre o que se
Muitas pessoas foram ensinadas que os setores público e privado deveriam estar
em mundos distintos, que o governo não deveria interferir nas empresas e que
empresas não deveriam se envolver com o governo. Essa era uma premissa central
do modelo burocrático. No entanto, como temos visto atualmente, os governos –
sob intensa pressão de resolver problemas sem gastar novos recursos – procuram
o melhor método que podem encontrar, sem lhes importar o setor de onde venha
(OSBORNE: GAEBLER, 1993, p. 43 , tradução livre).*
* No texto original: “Most people have been taught that the public and private sectors occupy distinct
worlds; that government should not interfere with business, and that business should have no truck
with government. This was a central tenet of the bureaucratic model. But as we have seen, govern-
ments today – under intense pressure to solve problems without spending new money – look for the
best method they can find, regardless of which sector it involves”.
I – governança pública;
II – valor público;
III – alta administração;
IV – gestão de riscos.
[...] neste momento desafiador que atravessamos, a edição de uma Lei de Gover-
nança Pública, a exemplo da recente Lei n. 13.303, de 30 de junho de 2016, com
foco nas empresas estatais, pode ter um papel importante no desafio de elevar a
confiança da população e do mercado em relação à gestão e à governança públi-
ca, orientando e instando os gestores a valorizarem questões como a meritocra-
cia, redução do conflito de interesses, definição de uma estratégia de longo prazo
consistente e construção de procedimentos para monitoramento e avaliação das
ações de governo.
Wahrlich (1974) considera que a atenção excessiva dada aos meios leva à
hipertrofia da padronização e do controle. As reformas no Brasil nas décadas
de 1930 e 1940 eram rígidas e de validez científica limitada, além de sujeitas às
Salibi Neto; Magaldi (2018, p. 61) assinalam que, para David Rose, empreen-
dedor e professor da Singularity University,* “any company designed for success
in the 20th century is doomed to failure in the 21st” (em tradução livre: “qual-
quer companhia desenhada para ter sucesso no século vinte está destinada a
fracassar no século vinte e um”). Mais que incisiva, a frase é até polêmica, mas
para aqueles dois autores, nenhuma empresa privada pode considerar-se livre
da possibilidade de fechamento, não importando mais seu tamanho ou recursos
disponíveis. Para evitar um desfecho negativo, é necessário contar com uma es-
tratégia que seja capaz de auxiliá-la no aproveitamento de oportunidades e na
mitigação de riscos. Não é por outra razão que o papel da estratégia vem cres-
cendo nas últimas décadas. Mas de que tipo de estratégia estamos falando?
Certamente de uma estratégia que tome como imperativo o princípio da mu-
dança rápida e flexível diante das circunstâncias. Não se trata aqui de uma situ-
ação propriamente nova. Desde os anos 1960, as nuances do cenário econômico
e social começaram a mudar de maneira acelerada e intensa. Os efeitos que isso
teria sobre as atividades no mundo do trabalho foram discutidos por Peter Dru-
cker na obra Uma Era de Descontinuidade, de 1968, em que vislumbrou as ten-
dências que iriam afetar os negócios dali por diante e a necessidade de agir em
conformidade com as transformações observadas (DRUCKER, 1976).
Para Igor Ansoff, matemático e executivo da Lockheed Aircraft Corporation
nos anos 1960, a estratégia deveria ser voltada para associar os recursos de uma
empresa às oportunidades de seu ambiente (SALIBI NETO; MAGALDI, 2020, p.
18).
* Instituição acadêmica e think tank ligado à Google.
* Acrônimo, em português, para frágil, ansioso, não-linear e incompreensível, no inglês, brittle, an-
xious, nonlinear, incomprehensible.
Para cumprir o objetivo, é requerido que o líder integre a visão do propósito ao sistema de exe-
cução da companhia. Do contrário, corre-se o risco de se estimular a uma visão eminentemente
filosófica com alto potencial de atração de seguidores, porém que não se sustentará com o tempo,
* Segundo Sandro Magaldi e Salibi Neto (2018), é necessário mudar a cultura que hipervaloriza
o indivíduo e desenvolver um tratado antiarrogância com uma visão orientada à gestão do ego: 1.
Humildade para aprender. 2. Exercitar a liderança genuína e 3. Investir no autoconhecimento e ob-
servação de si mesmo.