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RESUMO

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem em vista cumprir os requisitos formais e parciais necessários


para obtenção de créditos académicos na disciplina de Sociologia Jurídica, do curso de
Direito, no Universidade Católica de Moçambique, e tem como tema, "Acesso ao Direito e a
Justiça Oficial no Ordenamento Jurídico Moçambicano".

Como corolário por um lado do fim da guerra civil entre o Governo de Moçambique e
a Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO), e por outro da assinatura do Acordo
Geral de Paz em Outubro de 1992, não tem restado dúvidas de que Moçambique vem
colhendo dividendos significativos.

Consideráveis avanços ocorreram, nos domínios do campo económico, político e


social. No campo legislativo, é importante salientar que, a Constituição de 1990 constituiu
um marco fundamental para a transição de um sistema monopartidário (partido único) para
um sistema multipartidário, com a ampliação das liberdades políticas e civis.

Contudo, apesar dos consideráveis avanços sobretudo em termos dos atos legislativos,
Moçambique ainda enfrenta inúmeros, os quais devem ser analisados para o aprofundamento
e aprimoramento do acesso ao Direito e a justiça no país.

Em Moçambique, o acesso ao direito e à justiça é uma questão que tem recebido


crescente atenção, tanto no âmbito acadêmico quanto no governo e na sociedade civil.
Embora o país tenha realizado avanços significativos nos últimos anos na promoção dos
direitos humanos e no fortalecimento do Estado de direito, ainda existem desafios
importantes que impedem que muitos moçambicanos possam efetivamente exercer seus
direitos legais.

Nesse sentido, este trabalho, oferece uma análise profunda do sector da justiça
moçambicano, examinando a sua capacidade e efetividade em responder às mais variadas
demandas do país e seus cidadãos no tocante ao acesso a justiça e ao Estado de Direito.
JUSTIFICATIVA

Tem crescido o interesse dos estudos em relação acesso ao Direito e a justiça no país,
espera-se que, com este trabalho consigamos dar o nosso contributo nas pesquisas referentes
ao acesso ao direito e a justiça oficial no ordenamento jurídico moçambicano, porém é desta
forma que consideramos relevante aprofundar o presente tema, devido a relevância que o
mesmo apresenta no âmbito social, académico e para o grupo.

Relevância Social do Trabalho

Consideramos socialmente relevante o desenvolvimento deste trabalho pelo facto de,


podermos tornar a mesma um objeto de consulta pública, permitindo desta forma com que a
sociedade tenha cada vez mais domínio da matéria em questão por um lado, e pelo outro, pelo
facto de ser uma temática atual e de maior interesse e acima de tudo que preocupa toda
humanidade.

Relevância Académica do Trabalho

Apesar de, materialmente existirem diversas fontes em forma de manuais como


relatórios, legislações, monografias, dissertações, teses, etc.… que abordam o objeto do
presente estudo, acreditamos que o presente trabalho ira agregar uma certa relevância na
academia pela forma única e exclusiva como o assunto é aprofundado, a partir de uma
abordagem histórica que nos permite compreender os contornos do acesso ao Direito e a
justiça no país, tendo como base o enquadramento historio a luz da evolução constitucional.

Relevância do Trabalho para o Grupo

No âmbito da coletividade/grupo, consideramos ser relevante o desenvolvimento do


presente trabalho, sendo que, permitira-nos ter uma abordagem alargada sobre a matéria,
como também teremos a capacidade de intervir em debate sobre o acesso a justiça e ao
Direito no país. No geral, as analises que são feitas ao longo do trabalho, são ao nosso ver de
elevada importância, sendo que as mesmas debruçam em torno de uma temática que se
considera atual.
A criação de serviços de assistência jurídica gratuita

Segundo o Relatório Nacional de Moçambique sobre o Estado do Direito, elaborado pela


Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (CADHP) (2020) afirma que a criação
de serviços de assistência jurídica gratuita para pessoas que não podem pagar um advogado.
Esse é um dos mecanismos que o governo moçambicano implementou para tentar melhorar o
acesso à justiça no país.

A assistência jurídica gratuita é um serviço que oferece aconselhamento jurídico e


representação legal para pessoas que não têm condições financeiras de contratar um
advogado particular. Em Moçambique, esses serviços são oferecidos por meio do Instituto de
Patrocínio e Assistência Jurídica (IPAJ), uma instituição criada pelo governo em 1999.

O IPAJ oferece assistência jurídica gratuita em diversas áreas do direito, incluindo direito da
família, direito penal, direito do trabalho e direito da criança. Os serviços são destinados a
pessoas de baixa renda, mulheres vítimas de violência doméstica, crianças, idosos e pessoas
com deficiência.

Para acessar os serviços do IPAJ, as pessoas devem comprovar que não têm condições
financeiras para pagar um advogado particular. Isso é feito por meio da apresentação de
documentos que comprovem a renda e as despesas mensais da pessoa. Uma vez comprovada
a necessidade, o IPAJ pode fornecer aconselhamento jurídico ou designar um advogado para
representar o cliente em tribunal.
Apesar da existência desse mecanismo de assistência jurídica gratuita, ainda há desafios para
garantir que todas as pessoas que precisam tenham acesso a esse serviço. A falta de
conhecimento sobre os direitos legais e a dificuldade em comprovar a necessidade financeira
são algumas das barreiras que podem impedir o acesso à assistência jurídica gratuita. Além
disso, muitas vezes o IPAJ não tem recursos suficientes para atender a todas as demandas de
assistência jurídica gratuita.

Criação de tribunais distritais

O segundo Relatório do Banco Mundial sobre o acesso à justiça em Moçambique, publicado


em (2019) a criação de tribunais distritais para levar a justiça mais perto das comunidades
rurais. Essa iniciativa visa melhorar o acesso à justiça para as pessoas que vivem em áreas
remotas de Moçambique, onde muitas vezes é difícil chegar aos tribunais.

Os tribunais distritais foram criados em 2004 e estão localizados em cada um dos 128
distritos de Moçambique. Esses tribunais são responsáveis por julgar casos civis e criminais
que ocorrem em suas respectivas jurisdições. Eles têm a autoridade para julgar casos que
envolvam valores de até 60.000 meticais (cerca de 800 dólares americanos).

A criação dos tribunais distritais foi uma das medidas adotadas pelo governo moçambicano
para descentralizar o sistema de justiça e levar a justiça mais perto das comunidades. Antes
da criação dos tribunais distritais, muitas pessoas que viviam em áreas remotas precisavam
viajar grandes distâncias para chegar a um tribunal, o que muitas vezes era caro e demorado.
Com a criação dos tribunais distritais, é possível resolver muitos casos em nível local, o que
torna o processo mais acessível e eficiente.

No entanto, apesar dos esforços para descentralizar a justiça, ainda há desafios para garantir
que todos os cidadãos tenham acesso aos tribunais distritais. Algumas das barreiras incluem a
falta de conhecimento sobre os tribunais e seus serviços, a falta de recursos para viajar até o
tribunal e a dificuldade em apresentar um caso de forma clara e coerente. Além disso, em
algumas áreas remotas, a falta de infraestrutura e recursos para os tribunais distritais pode ser
um obstáculo para o acesso à justiça.

Promoção da resolução alternativa de conflitos


Segundo Artigo "Access to justice in Mozambique: progress, challenges and future
perspectives", publicado na revista africana "African Human Rights Law Journal" em (2018)
afirma que a promoção da resolução alternativa de conflitos como uma forma de resolver
disputas de forma mais rápida e acessível. A resolução alternativa de conflitos é uma prática
que envolve a mediação, conciliação e arbitragem para solucionar disputas entre duas ou mais
partes, sem a necessidade de levar o caso a julgamento em um tribunal.

Em Moçambique, a resolução alternativa de conflitos é promovida pelo Ministério da Justiça


através do Centro de Conciliação e Arbitragem de Moçambique (CCAM), que foi criado em
1996. O CCAM é uma instituição independente que oferece serviços de mediação e
arbitragem para empresas, indivíduos e organizações.

A mediação é uma forma de resolução alternativa de conflitos em que as partes envolvidas


em uma disputa se reúnem com um mediador neutro para tentar chegar a um acordo. O
mediador ajuda as partes a explorar suas diferenças e encontrar soluções que sejam aceitáveis
para todos os envolvidos.

A arbitragem é outra forma de resolução alternativa de conflitos em que as partes envolvidas


em uma disputa escolhem um árbitro independente para tomar uma decisão vinculativa sobre
a disputa. A decisão do árbitro é final e pode ser aplicada como uma decisão judicial.

A promoção da resolução alternativa de conflitos como uma forma de resolver disputas tem
várias vantagens. Em primeiro lugar, a resolução alternativa de conflitos pode ser mais rápida
e menos cara do que levar o caso a julgamento em um tribunal. Além disso, a resolução
alternativa de conflitos pode ser mais flexível e menos formal do que um processo judicial.

No entanto, a resolução alternativa de conflitos também tem suas limitações. Nem todas as
disputas podem ser resolvidas por meio da mediação ou arbitragem, e as partes envolvidas
em uma disputa devem estar dispostas a cooperar para chegar a uma solução. Além disso, a
resolução alternativa de conflitos não oferece a mesma proteção legal que um julgamento
judicial, e a decisão do mediador ou árbitro pode não ser tão precisa ou justa quanto uma
decisão judicial.
Promoção da educação e alfabetização jurídica

Segundo Artigo "Acesso à justiça e direitos humanos em Moçambique", publicado na revista


jurídica "JusGov" (2017) afirma que a promoção da educação e alfabetização jurídica para
melhorar o conhecimento da população sobre seus direitos e deveres legais.

A educação e alfabetização jurídica são essenciais para garantir que as pessoas entendam seus
direitos e deveres legais e possam agir de forma informada e responsável. Em Moçambique, a
educação jurídica é promovida por meio de várias iniciativas, incluindo a inclusão do ensino
do direito nas escolas de ensino médio e superior, a realização de palestras e programas de
rádio e televisão sobre questões jurídicas e a distribuição de materiais educacionais sobre a
lei.

A alfabetização jurídica também é importante, especialmente em áreas onde muitas pessoas


não sabem ler ou escrever. A alfabetização jurídica pode ser alcançada por meio de
iniciativas como programas de educação básica em direitos legais, teatro comunitário e outros
meios de comunicação acessíveis que ajudam a ensinar as pessoas sobre seus direitos e
deveres legais de maneira simples e clara.

A promoção da educação e alfabetização jurídica é importante porque ajuda a reduzir a


lacuna de conhecimento entre os cidadãos e o sistema de justiça. Quando as pessoas
entendem seus direitos e deveres legais, elas podem agir de forma mais informada e
responsável, e podem ser menos vulneráveis a violações de seus direitos. Além disso, a
educação jurídica pode ajudar a aumentar a confiança da população no sistema de justiça, ao
permitir que eles entendam melhor o processo legal e a tomar decisões informadas sobre
quando buscar ajuda jurídica.

No entanto, apesar dos esforços do governo e outras organizações para promover a educação
e alfabetização jurídica, ainda há desafios a serem enfrentados. Muitas pessoas em áreas
remotas ainda não têm acesso à educação jurídica e muitas vezes não sabem como buscar
ajuda jurídica quando necessário. Além disso, a falta de recursos e materiais educacionais
adequados pode limitar a eficácia das iniciativas de educação jurídica em Moçambique.

Conclusão
Em Moçambique, o acesso ao direito e à justiça ainda é um desafio para muitos cidadãos,
especialmente aqueles que vivem em áreas rurais e de baixa renda. Existem várias barreiras
que impedem o acesso à justiça, incluindo a falta de recursos financeiros, a falta de
conhecimento dos direitos legais, a falta de acesso a advogados e tribunais, a corrupção e a
discriminação.

Para tentar superar esses desafios, o governo moçambicano tem implementado várias
medidas para melhorar o acesso à justiça. Uma delas é a criação de serviços de assistência
jurídica gratuita para pessoas que não podem pagar um advogado. Além disso, foram criados
tribunais de proximidade para atender às demandas de áreas rurais.

O governo também tem trabalhado para melhorar a educação jurídica e promover a


conscientização sobre os direitos legais. Por exemplo, o Ministério da Justiça tem
implementado programas para educar os cidadãos sobre seus direitos e deveres legais.

No entanto, ainda há muito a ser feito para melhorar o acesso à justiça em Moçambique. A
corrupção e a falta de recursos continuam sendo problemas significativos, e muitas pessoas
ainda não têm acesso adequado a advogados e tribunais. Além disso, as desigualdades de
gênero e a discriminação ainda são desafios significativos que precisam ser enfrentados para
garantir o acesso à justiça para todos os cidadãos.

Bibliografia

1. https://www.achpr.org/files/sessions/65th/mission-reports/mozambique/
achpr65_misrep_moz_eng.pdf acesso em 7 de Abril de 2023
2. https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/31511 acesso em 7 de Abril de
2023
3. https://www.ajol.info/index.php/ahrlj/article/view/173643/163266 acesso em 7 de
Abril de 2023
4. https://revistas.rcaap.pt/jusgov/article/view/11416/8523 acesso em 7 de Abril de 2023

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