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INDIVIDUAL DO
TRABALHO
Introdução ao Direito do Trabalho
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO
Introdução ao Direito do Trabalho
Gervásio Meireles
Sumário
Introdução ao Direito do Trabalho............................................................................................... 3
1. Conceito, Divisão, Características e Funções. . ....................................................................... 3
2. Princípios Relevantes ao Direito Do Trabalho....................................................................... 3
2.1. Princípio da Proteção, Protetor, da Favorabilidade, Tutelar, Tuitivo ou Corretor
de Desigualdades. . ........................................................................................................................... 4
2.2. Princípio da Irredutibilidade de Salários. . ......................................................................... 14
2.3. Princípio da Indisponibilidade dos Direitos Trabalhistas...............................................15
2.4. Princípio da Imperatividade das Normas Trabalhistas. . ................................................. 17
2.5. Princípio da Integridade ou da Intangibilidade Salarial. . ................................................19
2.6. Princípio da Continuidade da Relação de Emprego........................................................ 20
2.7. Princípio da Estabilidade Financeira.................................................................................. 23
2.8. Princípio da Primazia da Realidade.. .................................................................................. 24
2.9. Princípio da Vedação ao Enriquecimento sem Causa..................................................... 26
2.10. Princípio da Razoabilidade (ou Racionalidade) e Proporcionalidade. . ...................... 27
2.11. Princípio da Boa-fé. . .............................................................................................................. 29
2.12. Princípio da Não Discriminação......................................................................................... 30
2.13. Princípio da Liberdade do Trabalho.................................................................................. 32
2.14. Princípio da Isonomia.......................................................................................................... 34
2.15. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana..................................................................... 36
2.16. Princípio da Busca do Pleno Emprego. . ............................................................................40
2.17. Princípio da Continuidade da Empresa, da Preservação Social da Empresa e
Função Social da Empresa........................................................................................................... 41
Resumo............................................................................................................................................. 43
Questões de Concurso.................................................................................................................. 45
Gabarito............................................................................................................................................ 53
Gabarito Comentado..................................................................................................................... 54
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Introdução ao Direito do Trabalho
Gervásio Meireles
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Gervásio Meireles
Princípios são padrões centrais em torno dos quais gravitam todo o sistema jurídico.
Exercem três funções principais:
a ) Função informativa – é destinada ao legislador. Inspira o legislador como sugestão
quando esse cria novas regras jurídicas ou atualiza as regras jurídicas já existentes.
b) Função interpretativa – é destinada ao aplicador do Direito, pois os princípios
auxiliam na compreensão dos significados e sentidos das normas que compõem o
ordenamento jurídico.
c) Função normativa ou integrativa – auxilia na solução dos casos concretos, visto
que permite que o operador do Direito possa encontrar, no princípio, uma resposta
para casos para os quais não existe nenhuma regra expressa prevista no ordenamen-
to ou quando a regra precisa ser afastada.
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Ora, estando o trabalhador e o tomador de serviços (aquele que recebe o trabalho em seu be-
nefício, conceito que inclui o empregador) em posição de clara desigualdade, visto que esse
último detém o capital e controla o processo produtivo, deve a aplicação da norma considerar
a fragilidade da posição jurídica do obreiro.
O trabalhador possui sua vontade restringida, pois, por ser economicamente mais fraco,
não possui o mesmo nível de autonomia que o tomador de serviços. Não possui o obreiro a
mesma facilidade para negociar as regras que regerão seu trabalho.
Logo, para se atingir o equilíbrio, o Direito Individual do Trabalho consagra esse princípio,
o qual se divide em três espécies:
Art. 1º O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho –
CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943, será concedido na proporção de 30
(trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa.
Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três) dias por ano de ser-
viço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até
90 (noventa) dias.
Esse preceito não é expresso se a proporcionalidade do aviso prévio deve ser aplicada ape-
nas em favor do trabalhador, quando ele é dispensado sem justa causa, ou se também deve
ser aplicado em benefício do empregador, quando o trabalhador pede demissão. Exemplo: se
Joaquim pede demissão da Empresa X, a empresa somente pode exigir o cumprimento do avi-
so prévio por apenas 30 dias ou pode exigir no mínimo 30 dias com acréscimo de 3 dias para
cada ano trabalhado?
Aplicando o princípio estudado, deve-se entender que a proporcionalidade apenas surge
como direito do trabalhador, e não do empregador. Entender de forma contrária implicaria im-
por ao trabalhador que laborou por muitos anos a obrigação de ficar vinculado por mais tempo
a um contrato no qual não possui mais interesse. Isso contrariaria a finalidade buscada pelo
legislador ao regular a proporcionalidade do aviso, que seria dar mais proteção àquele que
possui muitos anos no mesmo emprego. Aliás, vejamos um julgado do TST sobre o assunto:
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O in dubio por operario é um princípio que se aplica na interpretação da norma. Não se aplica
entre duas normas, mas apenas em relação a interpretações diferentes da mesma norma.
Errado.
Todavia, esse princípio não pode ser aplicado em todos os casos do Direito. Existem duas
exceções que são significativas:
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RECURSO DE REVISTA. APELO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 13.015/2014. ÔNUS
DA PROVA. PEDIDO DE CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DE DIFERENÇAS SALARIAIS.
PROVA DIVIDIDA. JULGAMENTO EM DESFAVOR DA PARTE A QUEM INCUMBE O ÔNUS
PROBATÓRIO. (...) Outra peculiaridade é que diante da prova dividida, prevaleceu a tese
declinada na exordial em observação ao princípio do in dubio pro operario, ou ao princí-
pio de proteção ao hipossuficiente. Ocorre que, no caso dos autos, verificou-se ainda a
existência da prova dividida, porquanto empregado e empregador, por meio de suas res-
pectivas testemunhas, ratificaram a tese autoral e confirmaram a tese defensiva. Diante
do referido quadro fático, em que a prova produzida encontra-se dividida, doutrina e juris-
prudência entendem que a lide deve ser decidida em prejuízo de quem detinha o ônus de
provar, no caso, o Autor. Assim, ao contrário da decisão recorrida, o ônus da prova do fato
constitutivo é do Autor, do qual não se desincumbiu. Recurso de Revista parcialmente
conhecido e provido (RR-621-68.2013.5.05.0101, 4ª Turma, Relatora Ministra Maria de
Assis Calsing, DEJT 13/11/2015).
b) Não se admite a sua incidência, quando a própria regra já estabelece uma orientação
expressamente contrária ao trabalhador. Nesse caso, não se pode usar o princípio porque a
regra é clara, mesmo que prejudicial ao obreiro. Portanto, não se pode atuar contra a lei (contra
legem). Entendimento contrário implicaria o afastamento da lei e substituição da vontade do
legislador sem uma matriz constitucionalmente aceitável.
Claro que não se nega que uma regra prevista na lei pode ser desconsiderada se a norma
contrariar princípios constitucionais. Se a norma for inconstitucional, a Justiça pode reconhe-
cer essa incompatibilidade da regra com a Constituição Federal. Todavia, percebe-se que não
se trata de aplicação do o princípio in dubio pro misero.
A situação é distinta: existem diversas regras inconciliáveis sobre o mesmo tema. Nesse
caso, diante da pluralidade de normas, deve-se aplicar aquela mais favorável ao trabalhador.
Esse princípio, além das funções típicas dos princípios, ainda possui uma função hierarqui-
zante, porque a hierarquia das normas trabalhistas é definida, como regra, com base na norma
mais favorável. No entanto, existem exceções para essa regra, como veremos mais adiante.
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Daí surge uma pergunta natural: qual é a norma mais favorável ao trabalhador?
Apesar de a questão parecer simples, ela exige uma ponderação sobre as teorias existen-
tes acerca da definição de norma mais favorável. Surgiram três teorias principais:
a) Teoria da acumulação ou atomista
Esta teoria parte da premissa de que devem ser pinçadas apenas as regras mais favorá-
veis ao trabalhador em cada conjunto normativo. Assim, se existe um regramento A e um re-
gramento B sobre o mesmo assunto, as normas mais vantajosas do A e as regras mais vanta-
josas do B devem ser consideradas, desprezando as menos vantajosas sobre o mesmo tema.
Por exemplo, imagine uma empresa que possui dois regulamentos empresariais (A e B).
No regulamento A, havia previsão de férias de 60 dias, 1/3 de acréscimo na remuneração das
férias e gratificação mensal de R$ 500,00, ao passo que, no regulamento B, havia previsão de
férias de 30 dias, 2/3 de acréscimo na remuneração das férias e gratificação mensal de R$
1.000,00. Para a teoria atomista, o trabalhador teria direito às férias de 60 dias do regulamento
A e aos 2/3 de acréscimo na remuneração das férias e à gratificação de R$ 1.000,00 do re-
gulamento B.
Contudo, a posição prevalecente não aceita essa teoria quando os conjuntos normativos
possuem a mesma hierarquia, porque, ao separar as somente regras mais vantajosas de cada
diploma normativo, ela cria, de forma fictícia um terceiro diploma de supervantagens.
Essa teoria tem sido recusada no confronto entre dois conjuntos normativos de mesma
hierarquia.
Por outro lado, se existem conjuntos de normas de hierarquia diferente, é possível se falar
em acumulação de normas mais benéficas. É que o critério de norma mais favorável, no Direito
do Trabalho, é plástico. Essa lógica pode ser inferida da própria Constituição Federal, quando
estabelece no art. 7º, caput:
CF
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social: (...)
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b) Teoria do conglobamento
Esta teoria parte a premissa de que, entre regramentos diferentes, deve-se considerar o
conjunto de normas por inteiro, com todas as suas vantagens e desvantagens. Não se pode
apenas escolher as regras mais favoráveis de cada diploma normativo.
Portanto, no exemplo dado anteriormente sobre o regulamento empresarial, o trabalhador
pode escolher o regulamento A ou o regulamento B, mas não pode escolher regras mais bené-
ficas de cada um.
Essa teoria é utilizada quando existem regramentos de mesma hierarquia. Assim, se houver
um confronto entre diplomas normativos diferentes de mesma hierarquia, deve-se optar por
aquele mais favorável no seu conjunto.
No Brasil, há uma situação em que se aplica essa teoria: quando existe empregado contratado
no Brasil que é transferido ao exterior.
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(…) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA SEGUNDA RECLAMADA (…) HORAS EXTRA-
ORDINÁRIAS. ADICIONAL INCIDENTE. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. NORMA MAIS FAVORÁ-
VEL. TEORIA DA INCINDIBILIDADE DOS INSTITUTOS. LEI N. 7.064/1982. Nos termos do
artigo 3º, II, da Lei n. 7.064/1982, ao empregado transferido para trabalhar no exterior,
aplica-se a legislação brasileira, quando mais favorável do que a legislação territorial, no
conjunto de normas e em relação a cada matéria. Dessa forma, uma vez concluído ser a
legislação brasileira a mais favorável no que tange às horas extraordinárias, em atenção
à Teoria da Incindibilidade dos Institutos, segundo a qual a legislação favorável deve ser
analisada quanto a cada matéria, é devida sua aplicação de forma integral, tanto quanto à
jornada máxima diária e semanal, como no tocante ao adicional de horas extraordinárias.
(…) (ARR – 459-84.2012.5.04.0732, Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data de Jul-
gamento: 09/12/2015, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 11/12/2015)
O princípio da norma mais favorável não é absoluto. Existem 3 situações que flexibilizam
o princípio:
a) confronto entre convenção e acordo coletivo de trabalho
Acordo coletivo é o instrumento assinado por sindicato de trabalhadores e por uma ou
mais empresas e que contém o conjunto de normas que regerão as relações de trabalho dos
empregados dessas empresas que sejam representados pelo sindicato signatário.
Convenção coletiva é instrumento assinado por sindicato de trabalhadores e sindicato de
empresas e que contém o conjunto de normas que regerão as relações de trabalho das empre-
sas e empregados que são representados pelos sindicatos respectivos.
Veja os conceitos no art. 611 da CLT:
CLT
Art. 611. Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais
Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de traba-
lho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho.
§ 1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos Coleti-
vos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições
de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das acordantes respectivas relações de trabalho.
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CLT
Art. 620. As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre
as estipuladas em convenção coletiva de trabalho.
Assim, percebe-se que a lei não menciona nada no sentido de que prevalecerá a norma
mais favorável quando houver convenção e acordo coletivo, mas apenas que o acordo cole-
tivo prevalecerá “sempre”. Logo, mesmo que o acordo coletivo seja menos favorável, a inten-
ção do legislador foi a prevalência desse conjunto normativo.
b) prevalência de norma coletiva sobre a lei
O art. 611-A da CLT assegura, como regra, a prevalência da norma coletiva sobre a lei. É o
famoso negociado sobre o legislado:
CLT
Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quan-
do, entre outros, dispuserem sobre:
I – pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais;
II – banco de horas anual;
III – intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores
a seis horas;
IV – adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei no 13.189, de 19 de novembro
de 2015;
V – plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem
como identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança;
VI – regulamento empresarial;
VII – representante dos trabalhadores no local de trabalho;
VIII – teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente;
IX – remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e remune-
ração por desempenho individual;
X – modalidade de registro de jornada de trabalho;
XI – troca do dia de feriado;
XII – enquadramento do grau de insalubridade;
XIII – prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades com-
petentes do Ministério do Trabalho;
XIV – prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em programas de
incentivo;
XV – participação nos lucros ou resultados da empresa.
Constata-se que essa prevalência não foi condicionada a que haja norma coletiva mais
favorável. Isso significa que a norma coletiva poderia prever vantagens inferiores à lei. Nessa
hipótese, ainda assim, a norma coletiva prevaleceria.
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Claro que o art. 611-B da CLT cria restrições a essa nova regra, restrições essas que estu-
daremos na aula sobre direito coletivo.
c) trabalhador que se enquadrar no art. 444, parágrafo único, da CLT
O legislador deferiu um tratamento diferenciado para o trabalhador que se enquadra no art.
444, parágrafo único, da CLT:
CLT
Art. 444 (...)
Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às hipóteses
previstas no art. 611-A desta Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância sobre os
instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível superior e que perceba
salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.
Como se nota, se o trabalhador que possui diploma de curso superior receber salário men-
sal igual ou maior que o dobro do limite máximo dos benefícios do regime geral da previ-
dência, o que for estipulado no contrato entre ele e o empregador prevalece sobre as normas
coletivas e sobre as leis, quando se tratar das hipóteses previstas no art. 611-A da CLT.
Isto significa que, para esses trabalhadores de salário maior, suas cláusulas contratuais
prevalecem sobre instrumentos coletivos (Acordo coletivo e Convenção Coletiva) e sobre as
normas legais, no que tange às matérias do art. 611-A da CLT.
Ressalte-se que alguns denominam esse trabalhador como “hipersuficiente”, mas a qua-
lificação não corresponde adequadamente à posição do obreiro na relação de emprego. É te-
merário qualificar o trabalhador como hipersuficiente, quando ele, independentemente de sua
remuneração, aceita contratualmente se subordinar às ordens ou à dinâmica produtiva defini-
da pelo empregador.
CLT
Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por
mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
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CF
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
trabalho;
Todavia, considerando que foram criadas vantagens aos empregados, o Tribunal entende
que a lei municipal equivale a um regulamento empresarial, razão pela qual incide a mesma
lógica da Súmula n. 51, o que significa dizer que não poderiam as vantagens criadas serem
suprimidas ou alteradas para pior em relação àqueles que estavam empregados na época:
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Ressalta-se que é pacífico, nos autos, o pagamento habitual e a natureza salarial das
vantagens. (...) Importante destacar que, ante a incompetência material do Município
para legislar em matéria trabalhista, cuja competência é privativa da União, na forma do
artigo 22, inciso I, da Constituição Federal, a lei municipal em análise é interpretada como
mero regulamento de empresa. Precedentes. Agravo de instrumento desprovido. (AIRR –
20697-77.2013.5.04.0122, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julga-
mento: 03/02/2016, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/02/2016)
CF
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
Vale lembrar de que, com a reforma trabalhista (Lei n. 13.467/2017), a redução salarial
por negociação coletiva deve ser acompanhada de garantia no emprego durante a vigência na
norma coletiva, conforme preceitua o art. 611-A, § 3º, da CLT:
CLT
Art. 611-A (...)
§ 3º Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção coletiva ou o acordo
coletivo de trabalho deverão prever a proteção dos empregados contra dispensa imotivada durante
o prazo de vigência do instrumento coletivo.
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Outra ilustração seria o pedido de demissão formulado por um dirignte sindical. Pedir de-
missão é um direito potestativo do trabalhador, não podendo o empregador impedir a extinção
do vínculo. No entanto, esse pedido elimina, quando preenchidos os requisitos legais, a estabi-
lidade do dirigente sindical.
b) pode haver renúncia ou transação do direito quando a conciliação ocorre em juízo;
Quando ocorre a conciliação em juízo, elimina-se o risco de haver qualquer coação do tra-
balhador pelo empregador, o que torna possível a negociação. A presença do juiz afastaria, em
tese, o risco. Além disso, o magistrado não homologa as transações que importem violações
a direitos humanos ou a princípios constitucionalmente assegurados.
Como exemplo, não há óbice jurídico para que um trabalhador que detenha créditos de
dez mil reais aceite, na audiência, uma proposta de cinco mil para receber em duas parcelas,
evitando um processo judicial prolongado.
c) no Direito Coletivo do Trabalho, pode haver transação de direitos trabalhistas
Como as normas coletivas (acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho)
são assinadas pelo sindicato dos trabalhadores (art. 8º, VI, CF) e tais entidades não estão em
posição de hipossuficiência, elas podem negociar direitos trabalhistas, flexibilizando direitos
normalmente em troca de outras vantagens para os trabalhadores representados.
A autonomia para transacionar, na seara coletiva, é muito maior do que no plano individual.
Aliás, presume-se que o sindicato obreiro irá proteger os trabalhadores que representa.
A importância da negociação coletiva foi consagrada constitucionalmente no art. 7º, XXVI:
CF
Art. 7º (…)
XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
Essa autorização para negociar coletivamente ocorre, ilustrativamente, com a jornada. Veja
o art. 7º, XIII e XIV, da Constituição Federal:
CF
Art. 7º (…)
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção cole-
tiva de trabalho;
XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
negociação coletiva;
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CLT
Art. 652. Compete às Varas do Trabalho:
f) decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em matéria de competência da Justiça do
Trabalho.
CLT
Art. 9º Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou frau-
dar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.
Essa noção de imperatividade é tão relevante que o legislador, apesar de admitir que as
partes em um contrato de trabalho podem estabelecer as regras que regerão sua relação jurí-
dica, é incisivo ao criar limites:
CLT
Art. 444. As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes
interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos con-
tratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.
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Art. 543 (...)
§ 2º Considera-se de licença não remunerada, salvo assentimento da empresa ou cláusula con-
tratual, o tempo em que o empregado se ausentar do trabalho no desempenho das funções a que
se refere este artigo.
Na regra transcrita, o trabalhador eleito dirigente sindical e afastado do trabalho para exer-
cer seu mandato terá o contrato suspenso, o que significa dizer: sem a percepção de remunera-
ção durante seu mandato. Todavia, podem a empresa e o trabalhador eleito estipular regra con-
trária, isto é, o pagamento de salário durante o período em que exerce a função de dirigente.
Compreendida a premissa principiológica, registre-se que a imperatividade das normas tra-
balhistas comportou algumas flexibilizações com a reforma trabalhista (Lei n. 13.467/2017),
principalmente por 2 motivos:
a) inclusão do art. 611-A da CLT
O art. 611-A da CLT assegura, como regra, a prevalência da norma coletiva sobre a lei. É o
famoso negociado sobre o legislado. Isso significa que a norma coletiva poderia afastar algu-
mas regras previstas em lei:
CLT
Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quan-
do, entre outros, dispuserem sobre: (...)
CLT
Art. 444 (...)
Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às hipóteses
previstas no art. 611-A desta Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância sobre os
instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível superior e que perceba
salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.
Ora, este trabalhador pode estipular cláusulas contratuais com a mesma eficácia e prepon-
derância sobre instrumentos coletivos, e, como se sabe, as normas coletivas prevalecem sobre
a lei no que tange a diversas matérias (art. 611-A da CLT). Então, em relação a essas matérias
descritas naquele preceito legal, este trabalhador pode afastá-las para fazer valer sua cláusula
contratual.
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Introdução ao Direito do Trabalho
Gervásio Meireles
CLT
Art. 462. Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo
quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.
Além disso, quando a lei menciona “adiantamentos”, tal constitui apenas um exemplo de
desconto autorizado em lei, visto que a CLT foi recepcionada pela Constituição como lei ordi-
nária. Outro exemplo de autorização em lei cuida do art. 462, § 1º, da CLT:
CLT
Art. 462. (...)
§ 1º Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde de que esta possibili-
dade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado.
Por último, vale lembrar de que o TST admite a adesão do obreiro a um benefício fornecido
ou contratado pelo empregador, concordância essa que pressupõe muitas vezes o desconto
de valores do salário para ajudar a custear a vantagem. São exemplos dessas vantagens a
adesão ao plano de saúde, ao seguro de vida e a clubes recreativos.
Por exemplo, a empresa pode oferecer um plano de saúde ao trabalhador custeando gran-
de parte do valor, sendo que o trabalhador interessado adere ao plano com um desconto pe-
queno sobre seu salário.
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Introdução ao Direito do Trabalho
Gervásio Meireles
A Súmula evidencia que a adesão individual não vulnera o art. 462 da CLT, exceto se hou-
ver algum vício na declaração de vontade do trabalhador (coação, por exemplo). Nesse ponto,
vale um registro: o TST considera que a adesão do obreiro (consentimento) ao benefício que
exige desconto salarial, no dia da contratação, não implica presunção de vício no consenti-
mento. O fato de autorizar o desconto no mesmo dia de sua admissão não pode ser tido como
prova de coação. Coação não se presume. Deve ser provada.
Veja a Orientação Jurisprudencial 160 da SDI-I do TST:
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Introdução ao Direito do Trabalho
Gervásio Meireles
Então, se não há prova contrária, devemos presumir que a extinção do contrato ocorreu
sem justa causa. O contrário será provado pelo empregador:
CLT
Art. 448. A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de
trabalho dos respectivos empregados.
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Introdução ao Direito do Trabalho
Gervásio Meireles
É o que ocorre, a título ilustrativo, com as férias. Durante as férias (período de interrupção),
o obreiro não está laborando, mas sabe que continua empregado durante o lapso de descanso.
d) Eliminação de certas nulidades relativas do contrato de trabalho
Considerando a premissa do princípio, se o juiz constatar que existem nulidades que são
relativas, ou seja, que podem ser sanadas, deve privilegiar a manutenção do vínculo de empre-
go, permitindo que as irregularidades sejam eliminadas.
Assim, por exemplo, existem contratos que, por força de lei, devem ser escritos, como ocor-
re, por exemplo, com o artista profissional:
Lei n. 6.533/1978
Art. 10. O contrato de trabalho conterá, obrigatoriamente:
I – qualificação das partes contratantes;
II – prazo de vigência;
III – natureza da função profissional, com definição das obrigações respectivas; (...)
No entanto, se o juiz constatar que existe um artista sem contrato escrito, não determinará
a cessação do serviço de imediato, mas a regularização do problema.
Por outro lado, se houver nulidade absoluta, não é possível sanar a irregularidade, não
sendo o princípio suficiente para manter a relação jurídica. Assim, para ilustrar, uma nulidade
de contrato por ausência de concurso público não permite a regularização, devendo o juiz de-
terminar que cesse a prestação de serviços.
e) Presunção de existência de contrato de trabalho por prazo indeterminado
Diante de um contrato de trabalho, o princípio permite a inferência de que se deve presumir
a existência de um contrato por prazo indeterminado. Logo, o contrato por prazo determinado
é uma exceção e deve ser provado por quem alega sua existência.
Veja esse julgado do TST:
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CLT
Art. 468 (...)
§ 1º Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo
empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de
confiança.
§ 2º A alteração de que trata o § 1º deste artigo, com ou sem justo motivo, não assegura ao empre-
gado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que não será incorpo-
rada, independentemente do tempo de exercício da respectiva função.
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Introdução ao Direito do Trabalho
Gervásio Meireles
Esse princípio não é específico do Direito do Trabalho, mas princípio geral de direito apli-
cável, portanto, também ao Direito do Trabalho.
Pontue-se, contudo, que a primazia da realidade não pode suplantar exigências legais e/ou
constitucionais para determinados institutos. Assim, por exemplo, mesmo que um trabalhador
e um Município quisessem formar uma relação de emprego sem concurso público, isso não
será possível, como regra, após a Constituição Federal de 1988, visto que a Magna Carta exige
o respeito ao postulado do concurso (art. 37, II, e § 2º). Tanto é verdade que não é possível o
reconhecimento de vínculo de emprego nesse caso.
Veja um julgado do TST sobre o tema:
CONTRATO NULO. EFEITOS. Súmula n. 363 DO TST. A contratação irregular pela Admi-
nistração Pública não tem o condão de produzir o efeito de reconhecimento de vínculo
empregatício com ente público, ante a vedação expressa do art. 37, II, § 2º, da CF/88. No
tocante aos efeitos do contrato nulo, como é o caso dos autos, esta Corte Superior tem
reiteradamente decidido pela declaração de nulidade dos contratos de trabalho celebra-
dos com pessoa jurídica de direito público, sem prévia aprovação em concurso público,
assegurando ao trabalhador tão somente o pagamento da contraprestação pactuada, em
relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o salário-mínimo/hora e dos valores
referentes aos depósitos do FGTS (Súmula n. 363/TST). Ademais, da análise da referida
Súmula, é possível extrair o entendimento de que não existe previsão que autorize a inci-
dência de contribuições previdenciárias sobre as parcelas devidas em razão de contrato
nulo. (...)” (RR-16181-62.2014.5.16.0019, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza
Agra Belmonte, DEJT 16/11/2018).
Considerando o postulado do concurso público previsto no art. 37, II, da Constituição Federal,
não é possível, em regra, um reconhecimento de vínculo de emprego sem o atendimento da
exigência de aprovação em concurso. Isso tornaria o contrato nulo. Assim, o princípio da pri-
mazia da realidade não pode ultrapassar restrições impostas constitucionalmente. Mesmo
que o trabalhador esteja prestando serviços de forma irregular para a Administração, não é
possível se reconhecer esse vínculo.
Errado.
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Gervásio Meireles
Todavia, a aplicação desse princípio não é absoluta, porquanto existem casos em que o
bem tutelado pela norma, por ser mais relevante, não permite que haja efeitos trabalhistas.
Para melhor compreensão, imagine uma pessoa trabalhando em atividade penalmente ilí-
cita, como jogo do bicho ou tráfico de drogas. Como reconhecer direitos trabalhistas para uma
atividade que configura, respectivamente, contravenção e crime? Isso definitivamente não é
permitido. O Estado não pode compactuar com atividades que repudia, tanto que chegou a
classificá-las como ilícitos penais. Logo, não se pode reconhecer efeitos trabalhistas. Nessa
direção veja o entendimento do TST:
OJ 199 da SDI-I do TST
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e 166, II, do Código Civil. A atuação da autora para o desempenho de atividades inerentes
ao jogo do bicho não enseja o reconhecimento de vínculo de emprego ou o deferimento
de parcelas de natureza trabalhista, diante da previsão da atividade como contraven-
ção penal (art. 58 do Dec.-Lei n. 3.688/1941). Entendimento consagrado na Orientação
Jurisprudencial n. 199 da SDI-1. Recurso de revista conhecido e provido. (RR – 78500-
38.2014.5.13.0023, Relator Desembargador Convocado: Paulo Marcelo de Miranda Ser-
rano, Data de Julgamento: 08/06/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 10/06/2016)
Mesmo com a reforma trabalhista (Lei n. 13.467/2017), a qual estabeleceu limites para
fixação do dano moral (espécie de extrapatrimonial), deve o juiz usar a razoabilidade para fixar
a indenização dentro dos parâmetros estabelecidos. Veja os parâmetros:
CLT
Art. 223-G (...)
§ 1º Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser paga, a cada um dos ofendidos,
em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação:
I – ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ofendido;
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II – ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário contratual do ofendido;
III – ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do ofendido;
IV – ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual do ofendido.
§ 2º Se o ofendido for pessoa jurídica, a indenização será fixada com observância dos mesmos
parâmetros estabelecidos no § 1º deste artigo, mas em relação ao salário contratual do ofensor.
§ 3º Na reincidência entre partes idênticas, o juízo poderá elevar ao dobro o valor da indenização.
(...) XII – Ocorre que prevalece nesta Corte o entendimento de que a revista realizada com
moderação e razoabilidade não caracteriza abuso de direito ou ato ilícito, constituindo, na
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Gervásio Meireles
CC
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.
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Gervásio Meireles
Lei n. 9.029/1995
Art. 1º É proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso
à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado ci-
vil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre outros, ressalvadas, nesse
caso, as hipóteses de proteção à criança e ao adolescente previstas no inciso XXXIII do art. 7º da
Constituição Federal.
Constituição Federal
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: IV – promover o
bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
Art. 1º
1. Para fins da presente convenção, o termo “discriminação” compreende:
a) Toda distinção, exclusão ou preferência fundada na raça, cor, sexo, religião, opinião política, as-
cendência nacional ou origem social, que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportu-
nidades ou de tratamento em matéria de emprego ou profissão;
b) Qualquer outra distinção, exclusão ou preferência que tenha por efeito destruir ou alterar a igual-
dade de oportunidades ou tratamento em matéria de emprego ou profissão, que poderá ser especi-
ficada pelo Membro interessado depois de consultadas as organizações representativas de empre-
gadores e trabalhadores, quando estas existam, e outros organismos adequados.
2. As distinções, exclusões ou preferências fundadas em qualificações exigidas para um determina-
do emprego não são consideradas como discriminação.
3. Para os fins da presente convenção as palavras “emprego” e “profissão” incluem o acesso à for-
mação profissional, ao emprego e às diferentes profissões, bem como as condições de emprego.
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Gervásio Meireles
Registre-se que, conforme item 2 do art. 1º, não há discriminação quando as diferenciações
são baseadas nas qualificações exigidas para o emprego.
CF
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por mo-
tivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do traba-
lhador portador de deficiência;
XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
respectivos;
Contudo, o operador do Direito deve compreender que existem casos em que a diferen-
ciação é constitucionalmente aceitável. Trata-se de uma aferição objetiva do caso concreto
frente à Constituição Federal.
Por exemplo, imagine que uma empresa prestadora de serviços em uma penitenciária fe-
minina tenha que contratar empregados para atuar na limpeza de banheiros e vestiários, sendo
que o serviço deverá ser eventualmente realizado inclusive na presença das detentas. Ora, a
empresa poderia buscar a contratação somente de mulheres, porquanto a contratação de ho-
mens imporia, durante a prestação de serviços, constrangimento absolutamente inaceitável
para as presas (porque estamos tratando de banheiros e vestiários). Há impossibilidade de
contratação de homens, mas a diferenciação/discriminação é constitucionalmente legítima.
Outra ilustração ocorre com as gestantes. É claro que, como regra, elas não podem ser
discriminadas nas oportunidades de emprego. No entanto, existem situações em que a con-
tratação da empregada gestante poderia gerar risco ao nascituro. Pense em uma empresa
cuja atividade laboral no posto de trabalho seja a de experimentador de cerveja ou que maneje
produtos com exposição à radioatividade. É por isso que exigem determinadas ressalvas na
lei. Veja um exemplo:
CLT
Art. 373-A. Ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as distorções que afetam o
acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas especificidades estabelecidas nos acordos tra-
balhistas, é vedado:
II – recusar emprego, promoção ou motivar a dispensa do trabalho em razão de sexo, idade, cor,
situação familiar ou estado de gravidez, salvo quando a natureza da atividade seja notória e publi-
camente incompatível;
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Por último, para finalizar o assunto nesse tópico, uma das hipóteses em que se reconhece
a ilicitude da discriminação refere-se à dispensa de trabalhadores que possuem doenças gra-
ves que geram preconceito. A questão inclusive gerou a necessidade de edição de súmula em
que o TST estabeleceu uma presunção:
Ressalte-se que a matéria sobre discriminação será tratada de forma mais aprofundada no
capítulo sobre dano e discriminação.
CF
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, (…), nos termos seguintes:
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profis-
sionais que a lei estabelecer;
CF
Art. 1º A República Federativa do Brasil, (…), constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, (…)
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No entanto, a liberdade do trabalho não é absoluta. Pode haver, para determinados traba-
lhos e profissões, requisitos legais e administrativos que devem ser atendidos, tais como ida-
de mínima, autorização administrativa etc. Como exemplo, veja o art. 16 da Lei n. 7.102/1983,
que trata de vigilante:
Lei n. 7.102/1983
Art. 16. Para o exercício da profissão, o vigilante preencherá os seguintes requisitos:
I – ser brasileiro;
II – ter idade mínima de 21 (vinte e um) anos;
III – ter instrução correspondente à quarta série do primeiro grau;
IV – ter sido aprovado em curso de formação de vigilante, realizado em estabelecimento com fun-
cionamento autorizado nos termos desta lei;
V – ter sido aprovado em exame de saúde física, mental e psicotécnico;
VI – não ter antecedentes criminais registrados; e
VII – estar
Nesse ponto, surge uma questão: será que a exigência, para ser válida, depende de previ-
são em lei ou em ato administrativo?
O TST entende que a exigência de atendimento de determinados requisitos para admissão
no emprego não precisa estar expressa em norma legal ou administrativa, bastando que haja
razoabilidade nessa estipulação.
Para melhor elucidar a questão, recorde-se do debate sobre a possibilidade de exigência
de certidão de antecedentes criminais para contratação. Na grande maioria das vezes, não há
qualquer previsão legal ou administrativa que autorize sua exigência. No entanto, consideran-
do a natureza do trabalho ou grau de confiança exigido, o TST aceita a exigência como legíti-
ma. Veja a Tese do tema repetitivo n. 1:
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Claro que isso não significa que em todo e qualquer trabalho possa ser exigida certidão de
antecedentes criminais. Pelo contrário, se essa exigência não se justificar em razão de lei, na-
tureza do ofício ou grau de fidúcia exigido ou se tratar de exigência meramente discriminatória,
haverá dano moral:
Por outro lado, resta óbvio que não se podem aceitar exigências patronais arbitrárias e
descabidas. Veja o caso da exigência de certidão negativa de restrição de crédito para a fun-
ção de vigilante:
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Constituição Federal
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (…)
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
XXXIV – igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o traba-
lhador avulso.
CLT
Art. 460. Na falta de estipulação do salário ou não havendo prova sobre a importância ajustada, o
empregado terá direito a perceber salário igual ao daquela que, na mesma empresa, fizer serviço
equivalente ou do que for habitualmente pago para serviço semelhante.
Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador,
no mesmo estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia,
nacionalidade ou idade.
Além disso, o princípio da isonomia também se irradia para além da renda do trabalhador,
sendo aplicável em outras searas como o poder disciplinar, por exemplo. Esse princípio da
isonomia é o fundamento que justifica o princípio da simetria das penas em relação ao exer-
cício do poder disciplinar. Logo, não pode o empregador, como regra, punir de forma diferente
empregados de mesmo nível hierárquico quando praticaram o mesmo tipo de irregularidade.
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Gervásio Meireles
Uma ponderação merece ser feita. É evidente que estamos falando da isonomia material
(ou real). É o famoso axioma “tratar os desiguais desigualmente”. Dessa forma, havendo uma
justificativa constitucionalmente aceitável, pode haver uma diferenciação no tratamento.
Esse certamente é o espírito que norteou o legislador ao estabelecer que a mulher possui
direito a uma escala de revezamento com uma folga coincidente aos domingos a cada quinze-
na (art. 386 da CLT) e que o menor de 18 anos trabalhador não pode, como regra, fazer horas
extras (art. 413, caput, da CLT), sendo o labor extraordinário apenas em casos excepcionais
(art. 413, I e II, da CLT).
Assim, é louvável a adoção de políticas ou ações afirmativas, as quais são medidas ou po-
líticas que impõem diferenciações importantes para promover a igualdade entre os desiguais.
CF
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III – a dignidade da pessoa humana;
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios: (...)
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Introdução ao Direito do Trabalho
Gervásio Meireles
(...) DANO MORAL. REVISTA ÍNTIMA. ÔNUS DA PROVA. A revista pessoal viola a dig-
nidade da pessoa humana e a intimidade do trabalhador, direitos fundamentais de pri-
meira geração que, numa ponderação de valores, têm maior intensidade sobre os direitos
de propriedade e de autonomia da vontade empresarial. Além disso, é evidente a opção
axiológica adotada pelo constituinte de 1988 da primazia do SER sobre o TER; da pessoa
sobre o patrimônio; do homem sobre a coisa. No caso, depreende-se do acórdão regional
que a ré realizava revista pessoal em seus empregados. (...)” (RR-195-32.2010.5.09.0010,
7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 23/03/2018).
(...) Dessa maneira, uma gestão empregatícia que submeta o indivíduo a reiterada e contínua
jornada extenuante, que se concretize muito acima dos limites legais, em dias sequenciais,
agride todos os princípios constitucionais acima explicitados e a própria noção estruturante de
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Estado Democrático de Direito. Se não bastasse, essa jornada gravemente excessiva reduz
acentuadamente e de modo injustificável, por longo período, o direito à razoável disponibi-
lidade temporal inerente a todo indivíduo, direito que é assegurado pelos princípios cons-
titucionais mencionados e pelas regras constitucionais e legais regentes da jornada de
trabalho. Tal situação anômala deflagra, assim, o dano existencial, que consiste em lesão
ao tempo razoável e proporcional, assegurado pela ordem jurídica, à pessoa humana do
trabalhador, para que possa se dedicar às atividades individuais, familiares e sociais ineren-
tes a todos os indivíduos, sem a sobrecarga horária desproporcional, desarrazoada e ilegal,
de intensidade repetida e contínua, em decorrência do contrato de trabalho mantido com o
empregador. No presente caso, ficou demonstrado que o Autor estava sujeito a jornada de
trabalho extenuante, restando configurado o dano existencial reconhecido pelas Instâncias
Ordinárias. Recurso de revista não conhecido” (RR-352-25.2015.5.17.0101, 3ª Turma, Rela-
tor Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 13/03/2020).
CF
Art. 5º (…)
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cul-
tos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alternativa, fixada em lei;
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Introdução ao Direito do Trabalho
Gervásio Meireles
Constituição Federal
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte,
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
Claro que sua violação contraria a própria condição humana, a qual pressupõe cuidado pa-
tronal com a integridade física, mental e moral do trabalhador. Veja o seguinte julgado do TST:
f) Tratamento pessoal dispensado aos trabalhadores deve ser urbano e respeitar a con-
dição humana. O trabalhador não pode ser submetido a constrangimentos ou situações ve-
xatórias, devendo ser tratado com respeito e urbanidade, da mesma forma que deve respeito
e tratamento adequado ao tomador de serviços. Veja julgado em que o TST deixa claro que
houve violação da dignidade pelo tratamento ilegal dado pelo superior hierárquico:
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CF
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
VIII – busca do pleno emprego;
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Uma aplicação desse princípio permite, por exemplo, a conclusão de que a aposentadoria
espontânea não extingue o contrato de trabalho, conforme já decidiu o TST:
Lei n. 11.101/2005
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econô-
mico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos
trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua
função social e o estímulo à atividade econômica.
Esse princípio passou a adquirir importância quando o Superior Tribunal Justiça, no julga-
mento de conflitos de competência, passou a utilizá-lo como fundamento para reconhecer a
impossibilidade de continuidade de execução trabalhista em relação a empresas que se en-
contram em recuperação judicial, ainda que ultrapassado o prazo de 180 dias do art. 6º, § 4º,
da Lei n. 11.101/2005. Veja um julgado:
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Gervásio Meireles
RESUMO
Foco Linha Mestra
1- Na dúvida sobre a interpretação de uma norma, deve-se considerar a interpretação
que seja mais favorável ao trabalhador.
In dubio pro operario
2- O princípio não é absoluto. Não pode ser aplicado em matéria probatória ou se
houver regra expressa contrária.
1- Havendo diversas normas sobre o mesmo tema, deve-se aplicar aquela norma mais
favorável ao trabalhador.
Norma mais favorável 2- Há três teorias para sua aplicação: acumulação; conglobamento; e conglobamento
ao trabalhador mitigado ou por instituto.
3- Existem exceções ao princípio, isto é, situações em que pode prevalecer uma norma
menos favorável.
1- Estabelecida uma determinada vantagem ou condição para o trabalhador na for-
mação ou no curso do contrato de trabalho, as alterações posteriores apenas podem
Inalterabilidade con- ocorrer validamente, como regra, se mais benéficas ao obreiro.
tratual lesiva 2- As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas ante-
riormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do
regulamento.
1- Salário não pode sofrer redução, excetuada a hipótese de previsão em norma cole-
Irredutibilidade de tiva.
salários 2- A eliminação da condição, permite a supressão do salário-condição sem que haja
violação ao princípio.
1- Empregador não pode realizar descontos no salário do empregado, como regra.
Integridade ou intan- 2- Há exceções, sendo os descontos lícitos quando autorizados em lei, norma coletiva
gibilidade salarial ou adesão individual voluntária de trabalhador a benefício concedido ou contratado
pelo empregador.
1- As normas trabalhistas, em virtude da proteção ao hipossuficiente que elas visam,
são imperativas, cogentes, quer dizer, inafastáveis.
Imperatividade das
2- Excepcionalmente, a lei prevê que as partes podem estabelecer regras distintas
normas trabalhistas
daquela prevista em lei (normas dispositivas).
3- Com a reforma trabalhista, esse princípio foi flexibilizado.
1- A aplicação do Direito considera a necessidade de se buscar a manutenção do vín-
Continuidade da rela-
culo de emprego.
ção de emprego
2- O princípio não é absoluto, havendo situações em que é afastado.
1- Quando há o pagamento de parcela salarial por tempo significativo, o trabalhador
adapta sua condição de vida à sua condição remuneratória. Logo, surge a necessi-
dade de incorporação da referida parcela ao salário. Essa é a premissa que norteia a
estabilidade financeira como princípio.
Estabilidade 2- Percebida a gratificação de função por dez ou mais anos pelo empregado, se o
financeira empregador, sem justo motivo, revertê-lo a seu cargo efetivo, não poderá retirar-lhe a
gratificação tendo em vista o princípio da estabilidade financeira.
3- A reforma trabalhista (Lei n. 13.467/2017) passa a constar um § 2º no art. 468 da
CLT, não admitindo a incorporação da gratificação de função ao empregado revertido
à função anterior, independentemente do tempo prestado naquela atividade.
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Gervásio Meireles
1- Trata-se de princípio geral do Direito. Prevalece a realidade dos fatos sobre atos
formalizados.
Primazia da realidade
2- Contudo, o princípio não pode suplantar exigências legais e/ou constitucionais para
determinados institutos.
1- Trata-se de princípio geral do Direito. Não deve o operador do Direito aceitar o enri-
Vedação ao
quecimento sem um motivo justificável.
enriquecimento
2- Não é um princípio absoluto. Não justifica efeitos trabalhistas quando existe um bem
sem causa
maior tutelado pelo ordenamento sendo prejudicado.
Razoabilidade, 1- Trata-se de princípio geral do Direito. Envolve o exame sobre a adequação, a neces-
racionalidade ou sidade e/ou a compatibilidade de condutas de trabalhadores e tomadores de serviço,
proporcionalidade além de parâmetros para verificar violação de direitos e consequências.
1- Trata-se de princípio geral do Direito. Pode ser tanto objetiva como subjetiva. A pri-
Boa-fé meira refere-se à expectativa de que as partes cumprirão o esperado pela outra parte
no curso do contrato, e a segunda refere-se à intenção das partes.
1- Todos os trabalhadores merecem tratamento isonômico, vedada a prática de qual-
Não discriminação quer medida discriminatória sem fundamento constitucionalmente aceitável.
2- O Brasil ratificou a Convenção 111 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
1- O trabalhador é livre, como regra, para desempenhar qualquer trabalho ou ofício,
desde que não haja violação a valores caros ao ser humano e consagrados constitu-
cionalmente, além de que deve atender as qualificações profissionais exigidas.
2- O princípio não é absoluto, havendo possibilidade de exigências para o desempe-
Liberdade do trabalho
nho de certos trabalhos.
3- O TST entende que a exigência de atendimento de determinados requisitos para
admissão no emprego não precisa estar expressa em norma legal ou administrativa,
bastando que haja razoabilidade nessa estipulação.
1- Trata-se de princípio constitucional, verdadeiro fundamento da República.
Dignidade da pessoa 2- Possui inúmeras aplicações no Direito do Trabalho, normalmente relacionado com
humana limites do poder diretivo e necessidade de preservação da higidez física, moral e
mental do trabalhador, além de sua subsistência.
1- Devem ser reconhecidos os mesmos direitos àqueles que se encontram na mesma
Isonomia situação jurídica, desde que não exista uma razão plausível de diferenciação.
2- A isonomia é material e não formal.
1- O ordenamento jurídico e a interpretação dos operadores do Direito devem privile-
Busca do Pleno giar a formação e manutenção do emprego pleno, ou seja, que todos os direitos dessa
Emprego relação mais protetiva possam alcançar o trabalhador de forma mais duradoura pos-
sível.
Continuidade ou Pre- 1- Considera a importância da empresa em virtude de sua função social e econômica
servação social da na comunidade (gera riquezas, promove o emprego e estimula as demais atividades
empresa econômicas).
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QUESTÕES DE CONCURSO
Os princípios possuem aplicação enorme no Direito do Trabalho. Assim, é muito fácil ver ques-
tões sobre esses princípios. Muitas questões são puramente teóricas, sendo que outras são
referências a aspectos legais e jurisprudenciais.
Quanto às questões comentadas, você deve ter em mente que, se um exercício envolver diver-
sos itens com matérias diferentes, apenas os itens relacionados à matéria desta aula foram
escolhidos para exame. Assim, se você verificar que a questão possui menos itens, isso ocorre
porque os itens suprimidos não se relacionam à matéria dessa aula. Logo, apenas os itens sobre
a matéria desta aula foram examinados e os gabaritos adaptados para o exame destes itens.
Vamos aos estudos.
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a) O princípio da proteção não pode ser levado em conta quando a relação de emprego envolve
um Ente Público, devendo haver observância dos princípios do Direito Administrativo.
b) O princípio da inalterabilidade contratual lesiva significa a impossibilidade de modifica-
ção objetiva e lesiva do contrato, ainda que possa haver alteração subjetiva em relação ao
empregador.
c) O princípio da condição mais benéfica – mesmo como desdobramento do princípio da pro-
teção, na linguagem de Américo Plá Rodriguez – afirma a prevalência de norma mais favorável,
quando existente mais de uma norma para aplicação ao caso concreto.
d) O princípio da intangibilidade salarial significa a impossibilidade de realização de qualquer
desconto dos salários do trabalhador, salvo aqueles previstos em lei.
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e) As ações afirmativas ou discriminações positivas são meios lícitos para se alcançar a acep-
ção substancial do princípio da igualdade.
025. (TRT 15R/TRT-15ª REGIÃO (SP)/JUIZ DO TRABALHO/2013) “E sem o seu trabalho, o ho-
mem não tem honra”, diria o compositor cearense, Fagner. O Direito do Trabalho, na mesma
linha, busca evitar o desemprego, fixando diretrizes para a cessação da relação de emprego. A
respeito da matéria, é incorreto dizer:
c) o Direito do Trabalho é informado pelo princípio da continuidade da relação de emprego,
do qual se extrai a sua característica de opor “resistência em admitir a rescisão unilateral do
contrato, por via patronal” (PLÁ RODRIGUEZ), gerando, dentre outros efeitos, presunção em
favor do trabalhador no que tange à cessação do contrato, de modo a impor ao empregador o
encargo da prova do pedido de demissão e da justa causa do empregado;
d) a partir do princípio da continuidade da relação de emprego, o sistema jurídico trabalhista
estabelece uma prevalência da indeterminação da relação de emprego, fixando que os contra-
tos por prazo determinado são excepcionais, seguindo as hipóteses legalmente previstas, que
devem ser interpretadas restritivamente;
e) as verbas rescisórias, impondo um agravamento econômico à cessação imotivada por ato
unilateral do empregador, constituem modalidade imprópria de efetivação do princípio da con-
tinuidade da relação de emprego.
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GABARITO
1. d
2. a
3. d
4. E
5. C
6. c
7. d
8. c
9. Todas erradas
10. E
11. b
12. a
13. C
14. e
15. C
16. E
17. E, C
18. c
19. E, C
20. a
21. c
22. d
23. d
24. E
25. Todas certas
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GABARITO COMENTADO
Os princípios possuem aplicação enorme no Direito do Trabalho. Assim, é muito fácil ver ques-
tões sobre esses princípios. Muitas questões são puramente teóricas, sendo que outras são
referências a aspectos legais e jurisprudenciais.
Quanto às questões comentadas, você deve ter em mente que, se um exercício envolver diver-
sos itens com matérias diferentes, apenas os itens relacionados à matéria desta aula foram
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porque os itens suprimidos não se relacionam à matéria dessa aula. Logo, apenas os itens sobre
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Vamos aos estudos.
a) Errada. O princípio da primazia da realidade considera que os fatos que realmente ocorre-
ram prevalecem sobre o que está formalizado em documentos. Vale a realidade sobre a forma.
b) Errada. O princípio da preservação da condição mais benéfica, também conhecido como
inalterabilidade contratual lesiva, considera que, uma vez concedida uma determinada vanta-
gem ou estabelecida uma condição mais benéfica, essa vantagem/condição, em regra, atre-
la-se ao contrato de trabalho e não pode ser suprimida ou alterada para pior. As alterações
posteriores, como regra, apenas podem ocorrer se forem mais benéficas ao trabalhador.
c) Errada. Ver o comentário anterior.
d) Certa. Por este princípio, também conhecido como integridade salarial, o empregador não
pode, como regra, realizar descontos no salário do empregado, assegurando seu valor, mon-
tante e disponibilidade.
e) Errada. Esse princípio orienta o operador do Direito no sentido de que se deve buscar, ao
aplicar os institutos e solucionar os problemas trabalhistas, a manutenção do vínculo de em-
prego, até mesmo porque, além de que ser o emprego fonte de subsistência do trabalhador
(salário possui natureza alimentar), o emprego é a relação de trabalho mais protetiva que exis-
te no ordenamento brasileiro.
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a) Certa. Quando existem dois ou mais diplomas normativos de mesma hierarquia, o princípio
da norma mais favorável deve considerar o conjunto de normas como um todo. É a teoria do
conglobamento. Assim, apenas um regramento é aplicável como um todo. Claro que, ao optar
por um desses regramentos, tal fato implica o afastamento do outro regulamento existente.
Isso não viola o princípio da irrenunciabilidade, porquanto o trabalhador ficou com o melhor
regramento em seu conjunto.
Exemplo disso seria quando a empresa possui dois regulamentos (A e B). Se o empregado
optar por um deles, isso implica automaticamente renúncia às regras do outro regulamento,
já que, pela teoria do conglobamento, sendo normas de mesma hierarquia, deve ser aplicado
aquele cujo conjunto inteiro é mais favorável. Leia a Súmula n. 51, II, do TST.
b) Errada. Se na empresa existe participação em lucros e resultados e o trabalhador concorreu,
durante algum período, para que houvesse aquele resultado positivo da empresa, não é justo
que ele não receba qualquer valor de participação em lucros e resultados pelo simples fato de
ter o seu contrato rescindido durante o período de apuração do benefício. Isso viola o princípio
da isonomia. Leia Súmula n. 451 do Tribunal Superior do Trabalho.
d) Errada. O princípio da inalterabilidade contratual lesiva não impede que haja a retirada de
gratificação de função, quando o trabalhador é retirado da função de confiança e devolvido ao
seu cargo de origem (reversão). Essa possibilidade de retirada da gratificação decorre da CLT.
e) Errada. Considerando o postulado do concurso público previsto no art. 37, II, da Constituição
Federal, não é possível, em regra, um reconhecimento de vínculo de emprego sem o atendi-
mento da exigência de aprovação em concurso. Isso tornaria o contrato nulo. Assim, o princí-
pio da primazia da realidade não pode ultrapassar restrições impostas constitucionalmente.
Mesmo que o trabalhador esteja prestando serviços de forma irregular para a Administração,
não é possível se reconhecer esse vínculo.
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O princípio da norma mais favorável tem importância também na função informativa, porquan-
to orienta o legislador na construção das regras jurídicas de tutela ao trabalhador.
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Quando existe um conflito entre duas regras aplicáveis a um caso, o princípio da norma mais
favorável permite a decisão sobre qual regra deve ser aplicada.
a) Certa. O princípio da condição mais benéfica considera que as vantagens concedidas não
podem ser suprimidas ou alteradas para pior. Logo, uma vez estabelecida vantagens em um re-
gulamento da empresa, não pode a alteração para pior afetar o trabalhador que já estava con-
tratado, mas apenas atinge os futuros empregados. Veja o disposto na Súmula n. 51, I, do TST.
b) Certa. De acordo com o princípio da primazia da realidade, o que realmente ocorre na prática
prevalece sobre o que está apenas formalizado em documentos.
c) Certa. Se uma norma coletiva estabelece uma vantagem superior ao que está na lei ou na
Constituição, deve prevalecer o disposto na norma coletiva, diante do princípio da norma mais
favorável.
d) Errada. Quando existe dúvida quanto à prova de um determinado fato, deve o juiz considerar
de quem era ônus da prova (se era do reclamante ou do reclamado), e não julgar sempre a favor
do trabalhador. Não se aplica o in dubio pro operario em matéria probatória. Veja esse julgado
do TST que não aceitou a aplicação pelo TRT do in dubio pro operario em matéria probatória.
e) Certa. É o que dispõe a Súmula n. 212.
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Quando se considera que os fatos reais prevalecem sobre o que está documento, trata-se do
princípio da primazia da realidade.
a) Errada. O princípio da irredutibilidade salarial está previsto no art. 7º, VI, da Constituição Fe-
deral. No entanto, como se nota, a exceção refere-se à negociação coletiva, ou seja, convenção
ou acordo coletivo de trabalho.
b) Errada. O simples fato de o trabalhador ser maior capaz não significa que será válida qual-
quer renúncia ou transação, não havendo qualquer previsão legal nesse sentido. Na verdade,
as normas de proteção ao trabalhador hipossuficiente continuam valendo. Como regra, não se
admitem renúncias e transações que lhe causem prejuízos.
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a) Errada. Quando Administração Pública contrata um empregado, ela pratica ato de gestão, se
equiparando a um particular. Assim, o princípio da proteção típico do Direito do Trabalho deve
ser aplicado, em regra.
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É o que dispõe a Súmula n. 51 do Tribunal Superior do Trabalho. Isso não viola o princípio da
irrenunciabilidade e atende ao princípio da norma mais favorável.
I – Certo. Se a realidade demonstra que aquela relação civil esconde elementos típicos da
relação de emprego, então prevalece o princípio da primazia e a relação de emprego deve ser
reconhecida com afastamento da relação civil que estava formalizada.
II – Errado. O princípio da intangibilidade salarial não é absoluto, porque existem situações em
que podem haver descontos no salário. Estas situações podem estar previstas na lei, na nor-
ma coletiva ou mediante autorização individual do trabalhador quando aderir voluntariamente
a uma vantagem fornecida pelo empregador ou contratada junto a terceiro. Veja o comentário
no exercício 12, letra d.
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Não viola o princípio da igualdade. O direito adquirido apenas existe para o empregado que es-
tava contratado na época em que o regulamento valia. Após a retirada da vantagem do regula-
mento, os trabalhadores contratados posteriormente não podem alegar violação de isonomia
porque a vantagem do outro trabalhador se tornou pessoal. Veja a Súmula n. 51, I, do TST.
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a) Errada. O in dubio pro operario é uma das três regras de aplicação normativa do princípio
da proteção.
b) Errada. O princípio da continuidade na relação de emprego não obsta os contratos por prazo
determinado.
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c) Certa. O trabalhador não pode renunciar às normas de proteção. Logo, pode-se dizer que o
princípio da irrenunciabilidade está ligado ao princípio da imperatividade das normas trabalhis-
tas. A renúncia imporia nulidade do ato. Veja o art. 9º da CLT.
d) Errada. Esta definição envolve o princípio da norma mais favorável e não o princípio da con-
dição mais benéfica.
II – Errado. De fato, quando se analisa o conceito de contrato de trabalho presente no art. 442
da CLT, percebe-se forte influência do princípio da primazia da realidade. Assim, não importa o
que está escrito, mas o que ocorreu, na prática. Se os elementos da relação de emprego esti-
verem presentes, então, deve ser reconhecido o vínculo empregatício, independentemente do
que consta em documento.
No entanto, quando a norma constitucional proíbe a discriminação em matéria de salários,
exercício de funções e critérios demissão, o princípio consagrado é o da isonomia e o da não
discriminação e não o princípio da razoabilidade.
III – Certo. É o que dispõe a Súmula n. 212 do TST. A consagração implícita do princípio na Cons-
tituição decorre da proteção fornecida pelo legislador constitucional à relação de emprego.
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Introdução ao Direito do Trabalho
Gervásio Meireles
I – Errado. Esse é o conceito de boa-fé objetiva. A boa-fé subjetiva envolve a intenção das par-
tes (vontade) na formação do contrato.
II – Certo. O princípio da proteção possui classicamente três vertentes: o princípio da norma
mais favorável, o princípio da preservação da condição mais benéfica e o principio do in dubio
pro operario. E pelo princípio da norma mais favorável, deve-se aplicar a norma mais vantajosa
ao trabalhador.
III – Errado. O princípio da continuidade da relação de emprego não possui qualquer relação
necessária com a fundamentação teórica desses outros institutos.
IV – Certo. O princípio da condição mais benéfica deriva do princípio da proteção e, de fato,
vem sofrendo flexibilização nos últimos anos. Exemplo disso pode ser visto no fato de que
condições mais benéficas previstas em regulamento já revogado valem para empregados com
contrato em vigor desde aquela época e não valem para novos empregados, mesmo exercen-
do idênticas atividades.
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Introdução ao Direito do Trabalho
Gervásio Meireles
a) Errada. Se existe uma prerrogativa prevista lei, então seu exercício não pode ser impedido
pelo princípio mencionado. Exemplo disso ocorre quando o empregador reverte o empregado
da função de confiança para a função original, suprimindo a gratificação de função, na forma
do art. 468, §§ 1º e 2º, da CLT.
b) Errada. As normas trabalhistas sobre jornada não são renunciáveis ou transacionáveis,
como regra. A exceção ocorre quando se trata de normas coletivas, por força do art. 611-A da
CLT, e do trabalhador hipersuficiente, por força do art. 444, parágrafo único, da CLT.
c) Certa. Se não houver vício de consentimento, prejuízo ao trabalhador e proibição legal, po-
deria haver, em princípio, a renúncia a um direito. Exemplo disso ocorre quando um empregado
escolhe um regulamento X e, com isso, renuncia ao regulamento Y, na forma da Súmula n. 51,
II, do TST.
d) Errada. O direito trabalhista referente à anotação na Carteira de Trabalho é irrenunciável, por
ser matéria de ordem pública.
e) Errada. Ocorre exatamente o contrário. A regra é a indisponibilidade e a exceção é a possi-
bilidade de renúncia.
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Gervásio Meireles
d) O principio da proteção, no Direito do Trabalho, possui três vertentes, sendo elas: primazia
da realidade sobre a forma, boa-fé objetiva e in dúbio pro mísero;
e) As ações afirmativas ou discriminações positivas são meios lícitos para se alcançar a acep-
ção substancial do princípio da igualdade.
Muito embora o contrato de trabalho seja oriundo do Direito Privado, a autonomia individual de
vontade esbarra, como regra, em preceitos de ordem pública, os quais são destinados a prote-
ger o trabalhador hipossuficiente. Veja o art. 444 da CLT.
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Gervásio Meireles
025. (TRT 15R/TRT-15ª REGIÃO (SP)/JUIZ DO TRABALHO/2013) “E sem o seu trabalho, o ho-
mem não tem honra”, diria o compositor cearense, Fagner. O Direito do Trabalho, na mesma
linha, busca evitar o desemprego, fixando diretrizes para a cessação da relação de emprego. A
respeito da matéria, é incorreto dizer:
c) o Direito do Trabalho é informado pelo princípio da continuidade da relação de emprego,
do qual se extrai a sua característica de opor “resistência em admitir a rescisão unilateral do
contrato, por via patronal” (PLÁ RODRIGUEZ), gerando, dentre outros efeitos, presunção em
favor do trabalhador no que tange à cessação do contrato, de modo a impor ao empregador o
encargo da prova do pedido de demissão e da justa causa do empregado;
d) a partir do princípio da continuidade da relação de emprego, o sistema jurídico trabalhista
estabelece uma prevalência da indeterminação da relação de emprego, fixando que os contra-
tos por prazo determinado são excepcionais, seguindo as hipóteses legalmente previstas, que
devem ser interpretadas restritivamente;
e) as verbas rescisórias, impondo um agravamento econômico à cessação imotivada por ato
unilateral do empregador, constituem modalidade imprópria de efetivação do princípio da con-
tinuidade da relação de emprego.
c) Certa. Diante do princípio, deve-se partir da premissa de que o trabalhador não possuiria
o interesse em romper o vínculo do qual sua subsistência depende, razão pela qual cabe ao
empregador comprovar outras modalidades de dispensa, quais sejam a justa causa, o pedido
de demissão etc.
d) Certa. Considerando o princípio da continuidade da relação de emprego, o contrato de tra-
balho é, em regra, por prazo indeterminado. Os contratos por prazo determinados são excep-
cionais e previstos em lei.
e) Certa. Tendo em vista que a dispensa sem justa causa impõe um encargo financeiro signi-
ficativo ao empregador em virtude do custo das verbas rescisórias, fica mais barato manter o
trabalhador no emprego em determinadas situações, atendendo indiretamente ao princípio da
continuidade da relação de emprego.
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José Gervásio A. Meireles
Juiz Federal do Trabalho, pós-graduado em Direito Constitucional pela Universidade de Brasília (UnB).
Leciona Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Direito Administrativo em cursos preparatórios
para concursos públicos. Ocupou os cargos de Procurador da Fazenda Nacional (AGU) e Procurador do
Estado de Goiás (PGE).
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