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REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU
DIREITO DO TRABALHO
O termo é ainda usado como uma preocupação, um desafio. Ex: estes alunos
dão trabalho, fazer uma mesa dá trabalho, etc…
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Sumários do Direito do Trabalho Mestre Manuela Manuel Lopes Mendes
Esta actividade tem que ser prestada sob autoridade e direcção de outra
pessoa; implica isso dizer que é um trabalho dependente, um trabalho prestado
sob a «orientação de outrem, um trabalho prestado na base de uma
subordinação jurídica».
ACTIVIDADE
ATIVIDADE PRODUTIVA
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Quando alguém faz o trabalho por se (carpinteiro que faz mesas para sua casa,
agricultor que lavra a sua bolanha, etc.) desenvolve sim uma actividade mas
esta não entra na noção do contrato de trabalho. Aquela actividade é encarada
como trabalho enquanto factor de produção no âmbito da economia.
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hora que tem que trabalhar, escrever peças processuais e em que moldes.
Então, neste caso não há contrato de trabalho que estamos a estudar.
ACTIVIDADE HUMANA
PRODUCÃO
EXERCIDA LIVREMENTE
PARA OUTREM E DE
FORMA SUBORDINADA.
No entanto, há outras situações que não entram directamente nesta noção mas
que são relevantes. São preceitos que regulam o funcionamento de uma
associação sindical bem como a sua intervenção na vida laboral.
Ex:
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AMBITO DE APLICÃO
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4. O processo de trabalho.
A EVOLUCAO HISTÓRICA
O direito do trabalho como ramo de direito surgiu com o conflito social entre as
entidades patronais e os trabalhadores na segunda metade do séc. XIX. Aliás à
semelhança de quase todos os direitos nasceu também de conflito.
NO DIREITO ROMANO
Neste direito, não se podia falar do verdadeiro contrato de trabalho. Não havia
a liberdade na prestação de serviço, de trabalhar, porque é uma sociedade que
se assentava no mundo do serviçal, servil (escravos de um lado e colono do
outro).
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Os homens livres podiam locar uma coisa como por resultado de uma
actividade (obra) ou com sua força de trabalho.
Locatio conductio rei-» que corresponde a actual locação prevista no art. 1022º
do CC;
DIREITO INTERMÉDIO:CORPORATIVISMO
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Mestres-» eram os que tinham feito exames finais exigidos para aquela
actividade e demostrado apto para tal. Detinham já um conhecimento
consolidado sobre a profissão em causa.
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O acentuar dos Estados absolutos cada vez mais forte contribuiu também para
o seu declínio pois o absolutismo é incompatível com a existência das
corporações.
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REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Após o declínio das corporações no séc. XVIII ou XVII, era totalmente proibida
qualquer forma de associativismo profissional.
Os trabalhadores imploravam para ter um trabalho, não tendo por isso qualquer
poder de negociação.
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Mas os trabalhadores estavam cada vez mais explorados, muito mal pagos.
Recebiam montantes que não respondiam minimamente para a sua
sobrevivência e da sua família. Recrutavam-se poucos e tinham tarefas simples
a executar, ex: Sr. A só tem a função de apertar o parafuso nº 33 etc, não era
necessário a especialização.
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Toda esta questão social é que deu lugar ao moderno direito do trabalho com
maior intervenção do Estado. Portanto, o Estado liberal abandonou a sua
neutralidade.
O chanceler Alemão Otto Von Bismarck, foi dos primeiros a trazer, embora
mais tarde, mas a completa legislação que continha defesas claras. Trazia
quase tudo: hora do trabalho, segurança social, reforma, doença, saúde dos
acidentados, etc.
Pode-se dizer que o séc. XX, após a 2ª Guerra Mundial ficou conhecido como
a “idade de ouro do direito de trabalho”.
No estudo dos modos de revelação do direito, neste caso das normas do direito
do trabalho, importa distinguir entre:
Fontes interna:
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Constituição
Leis ordinárias
Costumes
Usos
Jurisprudência
Doutrina
Fontes externa:
Convenções internacionais
Direito comunicativo
Constituição
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As normas laborais são tão importantes que a própria constituição proibiu que
qualquer projecto de revisão mexesse nelas, art.º 130º alínea e) e f).
Leis ordinárias
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Assim se vê que:
Costumes
Costume é fonte imediata de direito que advém de uma prática reiterada (uso)
com a convicção de obrigatoriedade.
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Por essas razoes, podemos concluir que os costumes não são verdadeiras
fontes do direito do trabalho, pois só ajudam a criar verdadeiras fontes.
Usos
Conforme se constatar, no art. 14, nº 2 da LGT; art. 94, concede-se valor aos
usos desde que não contrariam as normas indicadas na lei e não sejam
contrárias ao princípio da boa-fé.
Mas, elas também, tal como o costume vão perdendo actualidade e relevância
na estrita medida em que, perante qualquer existência de um uso, o legislador
intervém.
Alguns art da LGT remeteram para o “uso” ou “valor corrente na região”. Ex:
gratificações pode ser um uso; prémios. Usos individuais, afecta ou beneficia
apenas um trabalhador individualmente considerado; usos da empresa se
dirigem a todos ou a um grupo de trabalhadores.
FONTES COLETIVAS
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FONTES EXTERNAS
CONVENÇÕES INTERNACIONAIS
O DUALISMO
MONISMO
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A monista:
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A OIT é a agência especializada das ONU que visa promover a justiça social
e os direitos humanos no trabalho. É uma instituição multilateral do mundo com
uma estrutura tripartida estando representados nela; o governo emprega os
trabalhadores.
Ela foi fundada em 1919 no contexto do tratado de Versalhes que pôs fim à
Primeira Guerra Mundial (é a parte XIII deste tratado). A sua criação foi parte
integrante da linha de pensamento segundo o qual, a paz universal e
duradoura só poderia ser conseguida com base na justiça social.
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DIREITO COMUNITÁRIO
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O Tribunal de CEDEAO…..
A UEMOA….
De acordo com o que vimos até aqui e ainda de acordo com o art.º 14º da LGT,
facilmente se conclui que a hierarquia das fontes do direito do trabalho
obedece o seguinte:
Constituição
Regras do direito Internacional geral e Convencional
Leis e Decretos-leis
Instrumentos de Regulamentação Colectiva de Trabalho (todos no
mesmo nível)
Usos de Profissão e da Empresa
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O princípio do favor laboratori não é aceite por parte de alguns pensadores que
fundamentam que os contratos são celebrados com base na autonomia de
vontade e os trabalhadores empregadores se encontram em pé de igualdade
neste sentido. Pois o contrato resulta da vontade dos dois. Por isso não faz
sentido trazer mais beneficio para o trabalhador.
INTERPRETAÇÃO
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No que tange às leis, deve-se seguir o art 9º CC, portanto, uma remissão ao
estudo da Introdução ao Estudo do Direito. Ressalva-se, contudo, as
convenções colectivas de trabalho, porque têm uma parte obrigacional e uma
parte normativa/regulativa. Na parte regulativa aplicar-se-ia o art 9º porque
produzem efeitos em relação a terceiros e na parte obrigacional o art 236º 2 ss
do CC.
No art 236º ainda admite-se uma interpretação segundo a vontade real das
partes. Esta parte não pode ser aplicada às Convenções Colectivas do
Trabalho, por serem negócios formais, art 238º 3. A vontade das partes tem de
estar minimamente expressa no texto, ainda que de forma imperfeita.
Tanto a interpretação da lei, do negócio jurídico como das CCT são objectivas.
Prevalece o sentido objectivado no texto. Há que haver o mínimo de
correspondência verbal.
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casos de conflito de normas onde a lei manda prevalecer a norma inferior que
estabeleça um regime mais favorável para o trabalhador. Mas também
defende-se o mesmo princípio na interpretação quando houver vários sentidos
de interpretação possíveis.
O Professor Duarte Pinheiro acha que não se pode generalizar esta solução a
todos os casos de interpretação. Até porque, o direito de trabalho se
autonomizou consagrando muitas protecções ao trabalhado. Que esta solução
só no sistema incipiente (numa perspectiva histórica) que era o direito do
trabalho, o favor serviria mais para combater a desprotecção do trabalhador e
em que se interpretava o direito civil no sentido mais favorável.
Por isso não faz sentido, o direito de trabalho tem suas normas.
Portanto não há que se admitir nem favor laboratoris e nem o in dubio pro
operário (na produção de prova favorecer o trabalhador). Que deve-se seguir a
regra de repartição das provas, 342º4 CC.
INTEGRAÇÃO
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(Ónus da prova) 1. Àquele que invocar um direito cabe fazer a prova dos factos constitutivos do direito
alegado. Livro I
2. A prova dos factos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito invocado compete àquele
contra quem a invocação é feita. 3. Em caso de dúvida, os factos devem ser considerados como
constitutivos do direito.
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Apesar da aplicação destes dois preceitos legais, art 10º e 239º aparentemente
diferentes, não se encontra uma diferença prática relevante, na justa medida
em que ambos apontam para a mesma solução: de a interpretação se efectuar
em obediência aos parâmetros objectivos.
O facto de o art 239º remeter para a vontade hipotética das partes (que inculca
uma perspectiva subjectivista) podia nos levar a concluir que é esta a
perspectiva a seguir. No entanto, a vontade hipotética das partes está na
dependência de uma boa-fé objectiva que sempre prevalece, então é esta
concepção ou perspectiva que prevalecerá.
As comissões paritárias referidas no art.º 185.º, também têm por missão por
missão integrar lacunas à semelhança do que fazem com a interpretação.
Ademais, poderá ser difícil encontrar uma lacuna uma vez que as regras do
direito das obrigações e dos contratos em geral se lhes aplicam.
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(Integração) Na falta de disposição especial, a declaração negocial deve ser integrada de harmonia com
a vontade que as partes teriam tido se houvessem previsto o ponto omisso, ou de acordo com os
ditames da boa-fé, quando outra seja a solução por eles imposta.
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APLICAÇÃO NO TEMPO
O nº2 do art 12º CC vem demostrar que, havendo uma lei nova que revoga a
lei antiga…..a sua formação …... Mas, quanto ao conteúdo (direitos e
obrigações das partes) vigora a lei nova a partir da sua entrada em vigor.
A lei nova não pode retirar as vantagens já adquiridas com excepção das
situações de alteração da conjunta económica e política, em que pode-se
perder as vantagens adquiridas para evitar um despedimento colectivo que
seria mais prejudicial aos trabalhadores.
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TESE DA INCORPORAÇÃO
RESUMO:
Quanto aos instrumentos colectivos (CCT), 170º,171º, LGT uma CCT pode
reduzir ou retirar certas regalias desde que na sua constituição, admita
situações globalmente mais favoráveis, 170º, nº 1 e 2.
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Por exemplo:
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Quando não escolhem a alei aplicável, o art.º 6º nº 2 manda aplicar a lei local
da execução do trabalho. Se estiver a ser executado em dois ou mais estados,
aplica-se a lei do país onde esteja situado o estabelecimento do empregador.
No Código civil, encontramos nos artigos 41º -Lei reguladora das obrigações 6 e
42º7, regras semelhantes, embora com alguma especificidade. No artigo 41,
estabelece-se a liberdade contratual de poderem escolher a lei aplicável,
embora com a condição de, conforme o nº 2, corresponder aos interesses
sérios dos declarantes ou que exista uma conexão (nacionalidade,
residência….) com alguns dos elementos do negócio jurídico.
No geral tem havido uma maximização da aplicação da lex fori (do local onde é
dirimido o conflito) por várias razões:
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Os tribunais tendem a aplicar lex fori ou regra de conexão mais forte, como o
lugar da execução - lex loci executionis - porque a ideia de protecção do
trabalhador dificulta, como já se disse supra, a aplicação de legislação
estrangeira por um lado, e por outro, as diversidades de regulamentação a
nível laboral no mundo actual é acentuado entre os estados. (cada estado
tantas leis diferentes ainda que pertencentes a mesma família de direito).
Associado a isto está o problema de se vir a condenar um Estado, podendo
este invocar a sua imunidade de jurisdição.
Segundo o art. 2º da LGT, al. a), trabalhador é toda a pessoa singular que se
obriga contratualmente, mediante retribuição, a prestar a sua actividade
intelectual ou manual a um empregador.
Segundo Romano Martinez é aquele que presta, de forma livre, uma actividade
produtiva para outrem, estando subordinado a este ultimo na realização dessa
prestação. É aquele que exerce uma actividade por conta de outrem em regime
de subordinação jurídica.
Em 1937 havia uma lei 1952, de 10 de Março que fazia distinção entre
trabalhadores intelectuais - empregados – onde cabiam os colaboradores de
direcção da empresa, os gerentes, os contabilistas, etc. e trabalhadores
manuais – assalariados –
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Se a subordinação não for tratada na sua ideia tradicional, nada obstaria que
uma PC se sujeitasse a uma subordinação técnico-jurídica. Admitir-se-ia uma
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Isto seria e bem com disse o Prof Romano Martinez complicar uma situação a
partida simples. Para que tudo isso?
A nossa lei não deixa dúvidas para esses debates, porquanto, no seu art. 2º, al.
a) refere claramente, pessoa singular. As leis foram pensadas nas pessoas
singulares e não colectivas.
Todo aquele que trabalha merece estar inserido numa categoria, estar
posicionado na empresa.
Isto é diferente dos cargos de chefia que podem mudar a qualquer. Não pode
nenhum trabalhador reclamar as mudanças de chefias, pois implicam um certo
grau de confiança, um mandato que pode mudar a qualquer momento. O cargo
de chefia não é igual a categoria.
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CATEGORIA E FUNÇÃO
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406º Eficácia dos contratos 1. O contrato deve ser pontualmente cumprido, e só pode modificar-se ou
extinguir- -se por mútuo consentimento dos contraentes ou nos casos admitidos na lei.
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A par do ius variandi podemos falar também de uma outra figura que implica
um desvio de exercício contínuo de certas funções e a aquisição da categoria
profissional – COMISSAO DE SERVIÇO.
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ANTIGUIDADE
Como se determina?
A maioria pende para a tese contratual até porque o tempo, por exemplo da
formação conta para a antiguidade. Podem celebrar o contrato e não
começarem a executar por alguma razão, formação, estagio no exterior, etc.
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Quanto às garantias, podemos ver uma lista de proibição que consta no art.
23º da LGT.
Quanto aos direitos, vamos explorar o que vem ínsito nas alíneas que
compõem o art.º 24º da LGT.
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O dever de lealdade, art. 25º, al. a). Segundo este dever, o trabalhador deve
abster-se de qualquer acção contrária aos interesses do empregador. Mas
também, deve tomar tomas todas as providências que possam impedir a
concretização de prejuízo ao empregador. Denunciar fraudes, más condutas
dos outros, etc. Não se quer com isso o trabalhador se transforme num
mentiroso. Mas tao só num homem responsável e coerentes com os ditames
da boa-fé.
O dever de lealdade implica também que o trabalhador não deve usar para
proveito próprio, ou de terceiro, os instrumentos do empregador (telefone,
impressora, etc.), receber oferta dos clientes para os facilitar no atendimentos
ou dar-lhes um tratamento mais favorável, especial desde que não ultrapassem
os usos da empresa.
o trabalhador não pode concorrer com o empregador. Isso pode ser muito
prejudicial na justa medida em que os trabalhadores se encontram numa
posição privilegiada para entrarem em concorrência com o empregador, porque
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conhecem a clientela, muitas vezes, melhor que o empregador, visto que têm
contacto directo com ela e de forma frequente.
Dever de sigilo
Assiduidade e pontualidade
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Segundo o art. 25, al. b), o trabalhador deve comparecer ao serviço com
assiduidade e pontualidade.
EMPREGADOR
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Deveres do empregador
Nos termos do art. 20º LGT encontramos alguns deveres que lhes são
recíprocos, nomeadamente, o de lealdade e repito, de não discriminação e
outros que lhe são específicos, al. c), d), e), 7), g) e h).
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PODERES DO EMPREGADOR
PODER DE DIRECCAO
O poder de direcção impõe pelo facto de a empresa não poder funcionar sem
uma hierarquia. Garante uma gestão adequada da empresa com uma
autoridade reconhecida, a do empregador. Permite o empregador
desfrutar/aproveitar da actividade do trabalhador ao longo da execução, não se
limitando apenas a aguardar pelo resultado como sucede na prestação de
serviço. Permite-lhe fiscalizar, dar instruções ao longo da execução.
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PODER DISCIPLINAR
Este poder pode ser exercido pelo empregador ou por delegação a outros
superiores hierárquicos da empresa, art. 31º, nº 2.
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Prescrição da infracção – nos termos do art. 33º LGT, o empregador que não
tomar nenhuma diligência desde o acontecimento durante um (01) ano,
prescreve a infracção fazendo cessar o poder disciplinar do empregador,
evitando assim que tal se mantenha como ameaça suspensa indefinidamente.
No entanto, este prazo pode alargar-se se uma infracção disciplinar implicar ao
mesmo tempo um crime cuja prescrição é superior a um ano, a infracção
disciplinar é arrastada até a prescrição do crime.
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Tudo isso demonstra que o poder disciplinar não é absoluto. É delimitado pelos
prazos que se não forem observados o trabalhador pode recorrer aos tribunais
que podem anular qualquer sanção aplicada com violações dos prazos e outros
condicionalismos, art. 40º LGT.
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CONTRATO DE TRABALHO
A ele se aplica as regras gerais do negócio jurídico, art. 217º ss, dos contratos,
art 405º e ss, do cumprimento das obrigações e do não cumprimento das
obrigações, art. 790º e ss, ambos do CC.
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De acordo com o art. 4º da LGT e art. 1152º CC, Contrato de trabalho é aquele
pelo qual um trabalhador se obriga, mediante retribuição, a prestar a sua
actividade intelectual ou manual a um empregador, sob a autoridade e direcção
deste.
Analisando esta noção vê-se que se trata de um negócio jurídico bilateral que
para ser concluído requer a confluência de duas vontades como resultado da
autonomia privada que a todos assiste.
Prestação de actividade
Retribuição
Actividade subordinada
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Para além dos três elementos fundamentais deste contrato, podemos elencar
uma lista de características do contrato de trabalho
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Por isso, não pode o trabalhador se fazer substituir por qualquer pessoa na sua
obrigação. O contrato de trabalho é infungível, diferente das obrigações em
geral, art. 767º CC. Esta característica encontra excepção nas situações de
modificação subjectiva do empregador (transmissão, fusão, ….do
estabelecimento) em que os contratos em vigor se transmitem para o novo
empregador sem ter em conta essa fidúcia.
FIGURAS AFINS
Considerações gerais
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Tudo isso levou com que se recorresse com frequência ao trabalho autónomo,
muitas vezes fraudulentamente, para obstar a aplicação das normas injuntivas
laborais.
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Nem sempre é fácil fazer esta distinção. Por vezes, pegando num dos três
elementos de distinção não chegamos a solução nenhuma. Um contrato com
taxista, mediante o qual, este levaria o cliente todos os dias às 09H00 para o
trabalho, as 17H00 o levaria de volta para casa. Em princípio é um contrato de
prestação de serviço.
Mas, se a mesma pessoa com o seu carro contrata um motorista para fazer o
mesmo, poderemos dizer que se trata de um contrato de trabalho. Qual seria
então o critério de distinção? Propriedade do carro? Subordinação jurídica?
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Método tipológico
Este método baseia-se na comparação do tipo contratual com o tipo legal. Para
tal, efectua-se uma averiguação dos elementos essenciais do contrato de
trabalho, em ordem à verificar se se encontram presentes no tipo contratual.
Método Indiciário
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Indícios externos:
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Noção – Mandato é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a praticar
um ou mais actos jurídicos por conta da outra.
Noção - Depósito é o contrato pelo qual uma das partes entrega à outra uma
coisa, móvel ou imóvel, para que a guarde, e a restitua quando for exigida.
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Portanto, é preciso sempre, ver não só a vontade das partes como associa-la
aos critérios da subordinação, autonomia e outros aspectos complementares.
Recorrer aos elementos que os métodos de qualificação oferecem.
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Contrato de Agência
Agência é o contrato pelo qual uma das partes (o Agente) se obriga a promover
por conta da outra (o Principal) a celebração de contratos, de modo autónomo
e estável e mediante retribuição, podendo ser-lhe atribuída certa zona ou
determinado círculo de clientes.
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Trabalho no Domicílio/Teletrabalho
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Direito ao trabalho – art. 3º todos têm direito ao trabalho, mas, como disse a
constituição, o Estado criará condições para que se possa garantir esse direito.
Uma norma programática.
Pressupostos:
O que dissemos com relação as regras gerais dos negócios valem também
aqui. O CT tem como pressupostos, os mesmos dos outros negócios jurídicos,
art. 217º CC, mas com algumas particularidades que importam analisar.
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Tendo o menor catorze anos ou mais, deve obter o consentimento dos pais ou
tutor para que o contrato não seja inquinado de invalidade, anulabilidade, art.
125º CC. O menor só pode celebrar, validamente, um CT se for desconhecido
o paradeiro dos pais ou tutor, art. 149º LGT.
Para além dos menores de catorze anos figura como incapazes para celebrar
validamente um contrato de trabalho, os insolventes mas apenas como
empregadores, gerentes, directores ou administradores, exercer comércio, etc.
art. 1191º CPC mas podem adquirir, por meio do seu trabalho, meios de
subsistência, nº 2 do art. 1189º CPC.
2. Idoneidade do objecto
Deve-se então observar tudo o que vem disposto nos art. 280º, 281º CC. O
objecto negocial e o seu fim devem ser lícitos, física e legalmente possível,
determinada ou determinável. Não deve ser contrária à lei, à ordem pública e
os bons costumes, sob pena de nulidade do contrato. Deve ser um objecto
digno de protecção legal.
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3. Carteira profissional
4. Encontro de vontades
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O contrato de trabalho também se celebra com a adesão do trabalhador às cláusulas
contratuais gerais, pré estabelecidas pelo empregador.
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Assim,
Concurso público
Contrato promessa
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Período experimental
Não se trata de um negócio a parte, mas sim uma fase preliminar da execução
do contrato. Terminado o seu tempo, o CT continua a vigorar, contando-se para
a antiguidade do trabalhador.
Antes do tempo previsto na lei, trinta ou até seis meses, qualquer das partes
pode denunciar o contrato sem a necessidade de invocar qualquer fundamento.
E a outra parte não lhe assiste qualquer indemnização.
Dever de informar
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Forma do contrato
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Modalidades de contrato
Nos termos da LGT, art. 9º, os contratos podem ser por tempo indeterminado
ou a prazo. Estes ainda podem ser a prazo certo e incerto, nº 1 e 3 do art. 9º,
LGT. Os contratos a prazo não devem ultrapassar um ano de vigência,
inclusive as renovações. O projecto de Código de Trabalho já trás algumas
alterações desde a duração até às renovações. Os motivos que fundamentam
a celebração de contratos a prazos se encontram elencados no art. 10º, LGT.
Os contratos podem ser celebrados com condição suspensiva mas nunca sob
condição resolutiva, art. 8º LGT.
Tempo de trabalho
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No ordenamento jurídico guineense, o PNT está fixado para 8 horas por dia e
45 por semana. As excepções vêm nos art. 44º, 45º. Isenções horárias, art.
48º.
Horário de trabalho
Isenção horária
Trabalho suplementar
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Formalidades, art. 55º – não pode o trabalhador, por iniciativa própria fazer o
trabalho e reclamar o respectivo acréscimo remuneratório. Tem de haver
ordem expressa do empregador, salvo quando a urgência da sua realização
não compadeça com a prévia autorização deste.
Limites: os limites que a lei impor ao trabalho suplementar tem como fito
reduzir a possibilidade de o empregador usar sistematicamente este serviço,
fugindo assim de novas contratações mesmo perante as necessidades da
empresa.
Trabalho nocturno
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A lei proíbe a execução de trabalho nocturno aos menores, art. 152º, mulheres
grávidas, puérperas e lactantes, excepto quando exerçam cargos de direcção
ou responsabilidade técnica, art. 160º e suas alíneas.
Não existe na lei nenhum tratamento especial para aquele que se submete a
este ritmo de trabalho. Mas tudo pode ser conseguido nos instrumentos de
regulamentação colectiva.
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Projecto 115ss
Direito ao repouso
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Intervalos de descanso
Esta imposição tem como fito, evitar que o trabalhador preste trabalho por mais
de cinco (05) horas consecutivas. Ainda que o trabalho esteja a ser prestado
num período único, deve ter tempo para descanso.
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Feriados obrigatórios
Trabalhar em dia de feriado implica uma recompensa acrescida, art. 71º que
remete para o 68º.
As férias remuneradas
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Duração e retribuição
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As férias têm a duração de trinta (30) dias consecutivos e dois dias ao meio
para os contratos celebrados no primeiro semestre do ano.
As férias são sempre pagas e antes do seu início, ou, o mais tardar, antes do
final da primeira metade, art. 76º. No capítulo das férias encontramos ainda
uma norma programática sobre o décimo terceiro, (13) mês ou subsídio
complementar.
Cumulação
Em princípio as férias não são cumuláveis. Devem ser gozadas em cada ano
civil em curso. Excepcionalmente pode ser acumulada por motivos ligados aos
familiares a viver no estrangeiro, art. 77º.
Marcação
Por regra a marcação é de comum acordo das partes. Na falta de acordo, cabe
o empregador marcar.
Proibições
Interrupção/adiamento
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Doença do trabalhador;
Acidente do trabalhador.
As faltas ao trabalho/Licenças
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Licenças
Constituem também ausências do trabalhador as licenças consentidas pelo
empregador no s termos do art. 91º e ss.
O trabalhador pode obter licença sem vencimento mas esse período de
inacção na empresa na prejudica a sua antiguidade, nº 1 e 2 do art. 91º.
Mas se a dispensa for de curta duração não perde a retribuição não será
perdida a não ser que o trabalhador aufira alguma vantagem financeira no tal
evento, art. 92º, nº 1.
Durante o período de licença o contrato fica suspenso na medida em que os
deveres principais não são cumpridos, mas os deveres acessórios de lealdade
e respeito mantem-se. O empregador não pode nesse período de tempo
colocar outro trabalhador porque o que obteve licença beneficia de reserva de
lugar, art. 91º nº 3.
As licenças abrangem também as de gravidez e de maternidade, art. 155º e ss
Local de trabalho
Projecto do código art. 65º ss
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O que não se pode fazer é recorrer, na falta de indicação, aplicar o artigo 772º
CC, local de prestação, segundo o qual, “na falta de estipulação ou disposição
especial da lei, a prestação deve ser efectuada no domicílio do devedor”. Esta
norma encaixa mais para as prestações de coisa e não de facto porque não se
ajusta.
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O pagamento em dinheiro não obsta que faça por meio de cheques, vale postal
ou deposito ‘a ordem, conforme o art. 102º, nº 5.
DETERMINAÇAO
Os trabalhadores devem ser garantidos um justo salario que lhe garanta uma
existência condigna. O justo salário defendido pelo pensamento cristão e com
maior enfase nos ensaios de S. Tomas de Aquino, com David Ricardo ate os
textos legais de hoje, contribuíram bastante no enraizamento de uma
perspectiva social e humana de retribuição que conduz ao salario justo. Não se
pode nunca dissociar a remuneração com o meio de sustento de grande parte
da população. O princípio da justiça salarial encontra consagração em
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O outro vector tem que ver com a igualdade: o princípio por trabalho igual,
salario igual, mais uma vez consagrado no art. 23º da DUDH, 24º e 29º, nº 2
da CRGB, arts. 20º, nº 2 al. b), 24º al. d) 112º, nº 1 da LGT. Segundo este
princípio, não se deve, no âmbito da mesma organização empresarial, praticar
retribuição desigual para trabalho igual quer por via do CT, IRC, ou legislação
ordinária.
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Modalidades da retribuição
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Cumprimento da retribuição
A retribuição vence com a sua periocidade. Pode ser semanal, quinzenal ou
mensal conforme a vontade firmada pelas partes. Normalmente é paga no final
do mês, mas nada obsta que convencionem por uma antecipação.
Forma de cumprimento
Como já se disse, o cumprimento deve ser realizado em dinheiro, cheque, vale
postal ou deposito a ordem ou parcialmente em espécie se houver acordo
prévio nesse sentido.
O empregador deve entregar ao trabalhador, no acto de pagamento, um
documento justificativo no qual conste o seu nome, período a que a retribuição
corresponde, discriminação das quantias base e demais deduções efectuadas
e o montante líquido a receber, art. 105º.
Tempo de cumprimento
A obrigação do pagamento vence normalmente no final do cada mês salvo se
outro for convencionado, art. 104º, nº 2.
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Lugar do cumprimento
Quanto a isto, o art. 103º diz-nos que deve ser satisfeita no local em que o
trabalhador presta a sua actividade, salvo acordo em contrário. Diferente do
que vem previsto no art. 774º do CC – obrigações pecuniárias – são satisfeitas
“Se a obrigação tiver por objecto certa quantia em dinheiro, deve a prestação ser efectuada no
lugar do domicílio que o credor tiver ao tempo do cumprimento”.
Não devem ser nunca satisfeitas nos lugares de venda de bebidas alcoólicas
como forma de proteger o trabalhador permitindo assim a sua utilização de
forma coerente, a não ser que prestem trabalho nesse lugar.
Se o empregador entrar em morra, o lugar de cumprimento muda, art. 103º, nº
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3. Conservação da antiguidade
A contagem desse direito não se interrompe com a suspensão. Tomando como
critério a pertença à empresa, uma impossibilidade temporária da prestação
não deve determinar a quebra da relação laboral. Entram aqui os direitos
relacionados com a diuturnidade, as promoções, etc.
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Motivos de mercado;
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INVALIDADE DO CONTRATO
Causas de invalidade
O contrato de trabalho como qualquer outro negócio jurídico pode ser inválido
total ou parcialmente pela nulidade, anulabilidade LGT, ou outras causas:
Contrato com objectivo ou fim contrário à lei, à ordem pública ou
ofensivo dos bons costumes;
Falta de carteira profissional;
Estipulação de prazo que viole as condições impostas para a celebração
do contrato a prazo;
Falta de capacidade laboral, art. 5º LGT cj 125º CC;
Erro sobre a pessoa, - error in personam - art. 251º CC;
Coacção moral;
Simulação;
Reserva mental;
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Ficção da validade
Nos termos do art. 289º10 CC encontra-se consagrado o princípio da
retroactividade da prestação. Quer dizer estando o contrato inválido destroem-
se os efeitos até ali produzidos, devendo cada um restituir o que tiver sido
prestado.
Sabemos que CT é um negócio de execução com uma prestação de facto
material, como é que o empregador irá devolver a prestação efectuada pelo
trabalhador?
O art. 289º nº 1 in fine diz-nos que se a prestação não poder ser efectuada em
espécie, deve-se realizar a restituição em valor correspondente. No caso do
direito do trabalho haverá então a compensação.
Mas, como na relação individual de trabalho nem todas as disposições do CC
se aplica, o legislador laboral admitiu no art. 17º uma fixação de validade do
CT- “uma relação laboral de facto” de modo a proteger as situações jurídicas
constituídas.
Se o CT (inválido) celebrado ainda no for executado, o art. 17º não se aplica
porque este visa proteger os direitos adquiridos por mero efeito da conclusão
do contrato.
A invalidade pode ser invocada a todo o tempo, art. 286º CC.
Mas, mesmo que durante o contrato inválido for praticado um acto
válido/inválido, (promoção, por exemplo) o direito adquirido mantem-se na
ficção.
A invalidade no direito do trabalho não tem efeito retroactivo. Impede só a
produção de efeitos para o futuro.
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Artigo 289º CC (Efeitos da declaração de nulidade e da anulação)
1. Tanto a declaração de nulidade como a anulação do negócio têm efeito retroactivo, devendo ser
restituído tudo o que tiver sido prestado ou, se a restituição em espécie não for possível, o valor
correspondente.
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Sumários do Direito do Trabalho Mestre Manuela Manuel Lopes Mendes
Se no contrato inválido uma das partes tiver posto fim ao negócio jurídico com
base noutra causa que não a invalidade, o CT cessa nos termos normais de
um contrato válido; e se causa invocada for injusta, o trabalhador terá a
indemnização como se de um contrato válido se tratasse.
Convalidação
Nos termos do art. 18º o legislador fala em revalidação, termo indevidamente
usado porque na verdade o que acontece aqui é uma convalidação, isto é, o
aparecimento superveniente do requisito da validade que faltava ao negócio.
Quando este requisito aparece diz-se que o contrato convalesceu,
convalidando-se. É o mesmo que acontece com a venda de coisa alheia cujo
desvalor jurídico é a nulidade; no entanto, se posteriormente o vendedor
adquirir a propriedade do bem, a compra e venda convalida-se, transferindo-se
o direito sobre a coisa para o comprador, art. 895º CC.
A convalidação de negócios tem eficácia retroactiva. Leva a produção dos
efeitos não desde o momento da convalidação, mas a partir da data de
celebração do contrato. O professor Pedro Romano Martinez critica essa
solução, sobretudo nos casos de coacção moral.
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Sumários do Direito do Trabalho Mestre Manuela Manuel Lopes Mendes
Depois, verificar se as partes, sem aquela parte viciada não teriam celebrado o
contrato, pois neste caso será todo inválido. J. A. Domingos Damas fala
nesse caso de divisibilidade subjectiva.
A nossa lei não consagra como a lei portuguesa o prazo para a conversão, a partir do qual se pode extrair a relação
factual.
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Nos termos do art. 17º há uma ficção de validade porque o que existe é um
contrato inválido que, relativamente “a sua execução produz efeitos como se
fosse um negócio jurídico válido. São os efeitos putativos dos contratos.
ACIDENTES DE TRABALHO
Acidente de trabalho – não passa de todo aquele infortúnio súbito que tenha
ocorrido no local e nas deslocações do trabalhador de ida e regresso para o
local de trabalho e tenha derivado de factores exteriores, causando lesão
corporal ou psíquica.
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Requisitos:
1. Quando se fala de acidente de trabalho, o primeiro requisito tem que ver
o próprio acidente – um infortúnio que pode ser causado por facto
humano ou não.
2. Este infortúnio tem de acontecer no local de trabalho e durante o período
normal de trabalho.
Para esse efeito, o local de trabalho será todo o lugar em que o trabalhador se
encontra ou deva dirigir-se em virtude do seu trabalho e em que esteja directa
ou indirectamente sujeito ao controlo (entendido como direcção) do
empregador (em reunião ou actividade de representação dos trabalhadores, no
curso de formação, em missão de serviço nacional ou no estrangeiro, ingerir
um espinho que implique uma cirurgia complicada, etc. Devido ao risco
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1. Culpa do trabalhador
Como a responsabilidade objectiva do empregador assenta no risco
profissional ou risco empresarial, não se justifica que ele continue a ser
obrigado a indemnizar o acidente se este se dever a uma falta do trabalhador.
A própria socialização do risco não se compagina com determinadas actuações
culposas do trabalhador.
Para que haja a exclusão ou redução da responsabilidade, o trabalhador
devera cometer uma falta com alguma gravidade que se verificará caso a caso.
Determinação do valor
O valor a pagar vai depender essencialmente do grau da incapacidade: total,
parcial ou morte, art. 12º ss do Decreto 6/80. Não se indemniza as
incapacidades inferiores a 10%, art. 24º do mesmo decreto 6/80.
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Garantias:
As prestações aos sinistrados ou seus beneficiários são, nos termos do art.
30º:
Inalienáveis
Impenhoráveis
Irrenunciáveis e
Gozam ainda de privilégios creditórios como os salários
O seguro acidente é obrigatório, art. 12º nº 1 e 2 decreto 4/80 e tem início
na data em que o trabalhador começa o trabalho, contrariando assim a tese
contratualista que a LGT adopta.
À quem é devida a indemnização?
Nos termos do art. 1º e 2º do Decreto 4/80, ao trabalhador, seu agregado
familiar e aos aprendizes. Vide também art. 27º ss do Decreto 6/80.
Caducidade
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Procedimento:
O empregador deverá comunicar os trabalhadores a abranger com o
despedimento, o comité sindical assim como a Função Pública que deverá
autorizar ou não o despedimento.
A Função Pública pode ainda procurar provas complementares assim como
verificar a escrita da empresa e pronunciar dentro de sessenta (60) dias.
Portanto, deve-se observar escrupulosamente as formalidades previstas nos
art. 132º, 133º, 134º e 135º, ambos da LGT.
Aqui também pode haver indemnização nos termos do art. 129º assim como a
anulação do despedimento nos termos do art. 138º.
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OBJECTO
O ordenamento jurídico-laboral não visa apenas as relações individuais que se
constituem em torno da alienação da disponibilidade da força do trabalho.
Envolve também fenómenos colectivos dotados de enorme relevância social e
que perante o direito assume o duplo significado de objecto e fonte de norma
jurídica. Esses fenómenos se exprimem em diversas formas: greve,
negociação, conciliação e CCT que possuem efeitos mediatos e instrumental
nas relações individuais de trabalho.
Eles exprimem também uma intervenção reguladora do Estado sobre o modo
por que se desenvolvem as relações e actividades desses grupos.
É nesse particular que se invoca a concertação social, que joga um papel
relevante, pois surge como a expressão mais vincada da negociação colectiva.
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Convenções colectivas
Noção - é o contrato celebrado entre sindicatos e associações de
empregadores ou um empregador com vista a estabelecer regras relativas às
condições de trabalho numa determinada profissão ou conjunto de profissões
análogos com determinadas ligações.
A convenção colectiva enquadra-se no âmbito do direito privado que se firma
entre as partes interessadas (representantes dos trabalhadores e
empregadores) com poderes para negociarem os aspectos que lhes
interessam.
O resultado das convenções só vai produzir efeitos na esfera jurídica dos
filiados – atendendo ao princípio da filiação, art. 167º LGT.
Contudo, a aplicação deste princípio sofre excepção nos casos de
regulamentos de extensão e despacho de regulamentação do trabalho.
Segundo o art. 164º, LGT as CCT desdobram-se em:
- Contrato colectivo – celebrado entre associações sindicais e associações de
empregadores - oferece maior vantagem mas tem a inconveniência ligada com
a heterogeneidade do universo empresarial visado.
- Acordo colectivo – celebrado entre associações sindicais e dois ou mais
empregadores para duas ou mais empresas; Prevalecem sobre contratos
colectivos em caso de concurso.
Acordo de empesa - celebrado entre comités sindicais de empresa e um
empregador, para uma só empresa. É a mais fácil de rubricar devido a
homogeneidade dos seus destinatários. Prevalecem sobre acordos colectivos.
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Processos de resolução
No art. 185º da LGT configura-se a comissão paritária (composta por igual
numero de representantes) cuja missão é interpretar e integrar as lacunas nas
CCT. A lei portuguesa e belga consagram igualmente a existência dessa
comissão. Na Alemanha, o tribunal de trabalho é composto por juízes de
carreira mais representantes de trabalhadores e empregadores.
No brasil existe o chamado dissidio colectivo – processo jurisdicional específico
que, na falta de acordo produz a decisão normativa com base na equidade.
Nos EUA, institucionalizou-se em 1947, o chamado Labor Manegement
Relations Act para os conflitos que ponham em perigo a saúde pública ou a
segurança nacional. Neste modelo, nomeia-se uma comissão que iria fazer o
seu trabalho e apresentar um relatório com base no qual o tribunal
territorialmente competente ditava uma ordem de não desencadear ou
prosseguir com a greve por um período oitenta (80) dias. Se durante este
período não se conseguir obter a conciliação a ordem esgota a sua eficácia
podendo a greve ser retomada ou iniciada.
Para além destas meias particularidades existentes em cada ordenamento
jurídico, existem aqueles que podemos considerar, sem exagero, de universais:
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Meios de resolução
Negociação - é um processo levado a cabo pelos interessados, debatendo os
assuntos do seu interesse para a obtenção de um resultado. É o que acontece
antes se rubricar qualquer CCT, art. 175º, LGT. Chegando a bom porto com a
negociação, rubrica-se uma Convenção Colectiva do Trabalho.
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MEIOS DE LUTA
GREVE:
Considerações gerais
A grave pode ser desencadeada, e não necessariamente, na frustração de uma
conciliação ou negociação. É um meio de luta que desiguala as partes na justa
medida em que o empregador não a pode usar, constituindo assim uma
desigualdade de armas dos sujeitos laborais que ao mesmo tempo não
consubstancia a violação do art. 24º da Constituição. É mais uma das
demonstrações do favor laboratori.
A greve constitui um dos direitos fundamentais dos trabalhadores
constitucionalmente consagrados, art. 47º nº 1. É um direito potestativo quanto
ao conteúdo e quanto ao interesse tutelado, um direito subjectivo colectivo.
Noção e modalidades
Juridicamente, pode-se defini-la como uma abstenção colectiva concertada e
voluntaria da prestação de trabalho por um grupo de trabalhadores exercendo
pressão sobre o empregador no sentido de obter a realização de certo
interesse ou objectivo comum.
Pormenorizando a noção, vê-se claramente que a abstenção deve ser
colectiva, pois não se admite a greve monoplace. É necessário o caracter
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Modalidades atípicas
Existem fenómenos que habitualmente são designados como greve. Esses
fenómenos, não obstante serem desencadeados colectivamente como meios
de coacção directa ou indirecta, não consubstanciam uma paralisação ou
abstenção de trabalho. Outros consubstanciam-se apenas numa abstenção
parcial. São os casos de:
Greve zelo (ou operação padrão) – consiste no cumprimento rigoroso e
minucioso das orientações laborais/deveres. As funções são exercidas de
modo tão detalhado que acabam por causar a desorganização do processo
produtivo. Fala-se ainda em greve tartaruga.
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Termo da greve
A greve termina com:
O acordo das partes
A decisão arbitral
O termo do prazo ou
Por declaração das entidades que a tenham decretado
O lock-out
O Lok-out segundo o art. 23º da lei 9/91 é constitucionalmente vedado ao
empregador. Não pode ele encerrar a empresa por motivos ligados a um litígio
laboral ou pura astúcia. A suspensão do contrato por motivos ligados ao
empregador, não se confundem com o lock-out.
Não pode o empregador nem de forma ofensiva, pressionar os trabalhadores a
aceitarem uma alteração de condições de trabalho desfavorável, nem de fórum
defensiva, isto é, obter a desistência dos mesmos da pretensão de melhoria
que pretendem.
Enquanto a greve atinge apenas os aderentes, a admissão do lock-out atingiria
até os não aderentes.
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PROCESSO DO TRABALHO
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