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Contrato de trabalho
A noçaõ de contrato de trabalho está prevista no Artigo 11º do Código do
Trabalho, o “Contrato de trabalho é aquele pelo qual uma pessoa singular
se obriga, mediante retribuição, a prestar a sua atividade a outra ou
outras pessoas, no âmbito de organização e sob a autoridade destas”.
Assim, como no suposto Artigo 1152º do Código Cívil: “contrato de
trabalho é aquele pelo qual uma pessoa se obriga, mediante retribuição, a
prestar a sua atividade intelectual ou manual a outra pessoa, sob a
autoridade e a direção desta”.
Neste artigo temos como aspeto principal a prestação de uma atividade,
atividade que tem que ser:
Atividade Exercida pelo Homem;
Atividade produtiva- não sendo necessário que seja efetivamente
produtiva (pode não estar a atingir-se resultados mas não deixa de
ser um trabalho);
Atividade exercida livremente- estando perante uma figura
obrigacional deve-se respeitar os pressupostos de liberdade na
formação do contrato. Depois de celebrado o contrato de trabalho,
pode ficar-se dependente à realização da atividade a que se
vinculou. Verificando a falta de liberdade na realização da atividade
a situação é excluída da noção de Direito de Trabalho;
Atividade exercida para outrem;
Atividade exercida de forma subordinada- diz-se subordinado
porque uma das partes (empregador) detem o direito potestativo
de, em certo contexto, dá instruções à outra (trabalhador) às quais
se sujeita, sob pena de se submeter a medidas impostas . A
atividade tem de ser prestada sob autoridade e direção de outra
pessoa.
O empregador demonstra a sua vontade em admitir ao seu serviço o
trabalhador para que este desempenhe uma atividade especifica através
do pagamento de uma retribuição.
O trabalhador obriga-se a efetuar tal atividade sob as ordens do
empregador, mediante o recebimento da retribuição.
Destas duas declarações nasce o contrato de trabalho.
Obrigações do trabalhador
Obrigação laboral
O objeto da obrigação de trabalhar pode ser definido em termos
funcionais, geográficos e temporais como sendo o conjunto de tarefas e
funções que o trabalhador se obriga a executar num determinado local e
um certo horário laboral. A posição do trabalhador define-se a partir
daquilo que lhe cabe fazer, isto é, pelo conjunto de serviços e tarefas que
forma o objeto da prestação de trabalho, nos termos do artigo 115º nº1
CT. Assim, este mesmo artigo estabelece que, cabe às partes determinar
por acordo a atividade pela qual o trabalhador é contratado.
A flexividade funcional
No nº2 do artigo 118º CT, vemos que é dito de uma forma muito clara que
a atividade contratada compreende, atividades que não faziam
expressamente parte do que foi contratado. Porém, isto não foi sempre
assim. Lendo a parte final do artigo 118º nº2 CT, vemos que a lei exige que
o trabalhador tenha qualificação adequada para exercer essas tarefas
afins ou funcionalmente ligadas à atividade contratada. Assim, podemos
enunciar é necessária uma formção profissional adquada ao exercício da
atividade que o trabalhador se propõe a exercer. O trabalhador não pode
ser contratado caso não esteja devidamente formado para as suas
capacidades.
A realidade das relações de trabalho, o próprio jogo dos interesses das
partes, apontam no sentido de uma certa flexibilidade funcional, isto é,
para a possibilidade de se conceber a atividade contratada como núcleo
central da posição contratual do trabalhador, sem que fiquem excluídas
outras aplicações da sua força de trabalho, dentro de certos limites e
mediante determinadas condições. O CT contempla dois instrumentos de
flexibilidade funcional: a chamada polivalência (artigo 118 nº 2 e 4), e o
direito de variação da atividade (artigo 120º).
Deveres acessórios
Anteriormente tivemos a ver a obrigação principal do trabalhador, mas
também há deveres secundários e acessórios de conduta.
O artigo 126º CT prevê os deveres gerais das partes, comuns ao
empregador e ao trabalhador. Esta norma estabelece que as partes devem
exercer os seus direitos e deveres enquadrados pelo princípio geral da boa
fé. No fundo, cada uma das partes deve ter em atenção os legítimos
interesses da outra parte.
Para já, vamos focar a nossa atenção nos deveres secundários e acessórios
do trabalhador que vêm no artigo 128º. São eles:
• Respeito, urbanidade e probidade – trata-se de um dever de merda
convivência social, pressupondo um comportamento adequado num
âmbito comunitário. Enquanto obrigação fundada no contrato de trabalho
tem o sentido de prevenir dificuldades no funcionamento da organização
ou defeitos no cumprimento das prestações de trabalho. Trata-se, de uma
obrigação à boa execução do contrato de trabalho prevista no artigo 128º
nº1 a) CT
• Assiduidade e pontualidade - O dever de assiduidade e pontualidade
vem previsto no artigo 128º nº1 b). Este dever inclui-se na obrigação de
trabalho, sendo que exprime a permanência e disponibilidade do
trabalhador nos períodos estipulados. A assiduidade significa, que o
trabalhador consegue observar o programa da prestação de trabalho no
tempo e no espaço. Associa-se à pontualidade, ao cumprimento preciso
das horas de entrada e saída em cada trabalho. Este dever é sancionado
pelo regime das faltas.
• Obediência - O dever de obediência encontra-se na alínea e). Está
ligada com a noção de subordinação jurídica. Em geral, os
comportamentos do trabalhador no tempo e local de trabalho estão
cobertos pela autoridade do empregador e podem, portanto, envolver
atos de obediência, a ordens ou instruções deste. Isto pode ir desde a
roupa a vestir, regulamentos sobre a circulação no espaço de trabalho,
proibições de fumar ou de tocar nos produtos, e muito mais. Há, contudo,
casos de desobediência legítima, ou seja, situações em que o trabalhador
pode recusar a obedecer a um comando do empregador e tal é
considerado legítimo. Estamos ainda a falar da alínea e): “que não sejam
contrárias aos seus direitos ou garantias”. Isto implica a ideia de que existe
uma área demarcada de subordinação e de que o poder patronal tem
limites fixados pela própria lei. Neste âmbito estão certamente incluídos
os direitos de personalidade (artigos 14º a 22º CT), assim como as
garantias de igualdade e não discriminação (artigos 23º a 32º CT). A
desobediência legítima está prevista no artigo 331 nº1 b) CT, em que se
considera abusiva uma sanção disciplinar aplicada ao trabalhador que a
pratique. A alínea a) nº2 artigo 351º trata da desobediência ilegítima a
ordens de superiores hierárquicos.
• Lealdade - Decorre do artigo 128º nº1 f) CT a consagração de um “dever
de lealdade” do trabalhador para com o empregador e, ainda, que são
manifestações típicas desse dever a interdição de concorrência e a
obrigação de sigilo e reserva quanto à organização, métodos de produção
pu negócios do empregador.
• Custódia - Temos ainda o dever de custódia, previsto no artigo 128º nº1
g) CT, que se traduz no facto de o trabalhador estar obrigado a zelar pela
conservação de bens relacionados com o trabalho que lhe foram
confiados pelo empregador.
• Prevenção - Quanto ao dever de prevenção, artigo 128º nº1 i) e j) CT,
apesar de a maior responsabilidade no que toca à manutenção das
condições adequadas de segurança, higiene e saúde no trabalho estar do
lado do empregador, é também fundamental o envolvimento dos
trabalhadores. Se o empregador tem a obrigação de criar os dispositivos e
disponibilizar os equipamentos necessários à prevenção, o trabalhador
deve observar, na execução da prestação de trabalho.
Concluindo, quando há uma infração de deveres do trabalho há uma
infração disciplinar que pode no limite levar a justa causa do
despedimento, infração disciplinar de particular gravidade. No nº2 artigo
351º CT , sobre o despedimento com justa causa, temos uma série de
condutas que permitem identificar mais deveres acessórios do
trabalhador, alguns que constam do artigo 128º, outros não.