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ho, nomeadamente:

I.1.1. Negócio jurídico bilateral


O contrato de trabalho é produto da autonomia privada e resulta do encontro
entre uma proposta e uma aceitação. Pressupõe duas declarações de vontade contrapostas.
Significa isto que, há uma relação jurídica onde se define quem são os sujeitos, qual o
facto e quais as garantias jurídicas da prevalência da relação. Em termos de estrutura, esta
relação tem a mesma forma dos contratos obrigacionais. Pressupõe a existência de duas
declarações de vontade contrapostas, mas conjugadas.1

I.1.2. Obrigação de prestar uma actividade por parte do trabalhador

O objecto principal do negócio jurídico (contrato de trabalho) é a prestação


de uma actividade humana, intelectual ou manual. No domínio da relação laboral
pressupõe-se a existência de uma prestação de facto. De entre as prestações de facto, a
actividade laboral corresponde a uma obrigação de meios, que impõe uma actividade a
prosseguir, independentemente da obtenção do seu fim; deste modo, a não obtenção do fim
é, em princípio, irrelevante, pois não afecta, nem a validade, nem a perfeita execução do
contrato de trabalho.2 Assim, se o trabalhador desenvolver a actividade diligentemente,
mas, por causa que não lhe seja imputável, o fim pretendido pelo empregador não se
verificar, a remuneração continua a ser devida. O empregador terá de providenciar no
sentido de a actividade desenvolvida atingir o fim pretendido; se este não for obtido é um
risco da entidade patronal, na medida em que tem de pagar a retribuição.3

I.1.3. Remuneração

Consubstancia o carácter oneroso do contrato. A actividade tem de ser


prestada mediante retribuição.4 A retribuição, sendo contrapartida da actividade
desenvolvida, é imprescindível, pois não há contrato de trabalho sem retribuição, ou seja, o
contrato de trabalho não pode ser gratuito.
I.1.4. Subordinação jurídica
A actividade deve ser exercida de forma subordinada. A subordinação
jurídica, para além da alienidade e do poder disciplinar, na sua vertente mais característica,
1
WATY, Mónica Filipe Nhane, Direito do Trabalho, W & W Editora, Maputo-Moçambique, 2008, p. 70.
2
MARTINEZ, Pedro Romano, Direito do Trabalho, 6ª edição, Almedina Editora, Coimbra, 2013, p. 273.
3
WATY, Mónica Filipe Nhane, Ob. Cit., p. 71.
4
WATY, Mónica Filipe Nhane, Ob. Cit., p. 71.
tem duas facetas: o dever de obediência, que recai sobre o trabalhador e o poder de
direcção conferido ao empregador. O poder de direcção resulta de dois factores: a falta de
concretização, própria da actividade laboral, e a mútua colaboração, que caracteriza a
relação de trabalho.5A subordinação jurídica é uma necessidade técnica, em especial nas
modernas produções empresariais, onde se exige da parte do trabalhador uma permanente
adaptação ao trabalho a executar, porque cada vez mais é difícil estabelecer, no contrato,
uma actividade concreta a desenvolver.

I.2. Características do contrato de trabalho

Da noção do contrato de trabalho enquanto requisito indispensável para a


existência da relação laboral, se pode extrair alguns aspectos característicos.6

 O contrato de trabalho é um contrato sinalagmático: as principais prestações


contratuais de cada uma das partes se encontram ligadas por um nexo de correspetividade:
a prestação de actividade laboral tem como contrapartida o pagamento de uma retribuição;
 Trata-se de um contrato oneroso: a prestação de trabalho tem sempre como
contrapartida o pagamento de uma retribuição; a prestação gratuita de trabalho não é
titulada por contrato de trabalho, muito embora possa ser admitida noutros contextos,
como por exemplo à luz da lei do voluntariado;
 O trabalhador “obriga-se” à prestação de actividade laboral, o que significa que a
obrigação é por si assumida de forma livre e voluntária;
 O objecto do contrato de trabalho é a prestação de uma actividade, manual ou
intelectual;
 No que se refere à pessoa do trabalhador, o contrato de trabalho é intuitus
personae: o trabalhador “obriga-se” a prestar a “sua actividade”, não lhe sendo permitido
fazer-se substituir por terceiro, ou sequer fazer-se coadjuvar;
Como contraparte do trabalhador, no contrato de trabalho, podem estar uma ou várias pessoas
jurídicas, isto é, é admitido o contrato de trabalho com uma pluralidade de empregadores,
nos termos e com os limites que veremos de

5
WATY, Mónica Filipe Nhane, Ob. Cit., p. 71.
6
LAMBELHO, Ana; GONÇALVES, Luísa Andias, Manual de Direito do Trabalho da Teoria à Prática, 1ª
Edição, Coimbra Editora, Coimbra, 2014, p. 73.

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