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O conceito de pobreza relativa é descrito como aquela situação em que o indivíduo, quando
comparado a outros, tem menos de algum atributo desejado, seja renda, sejam condições
favoráveis de emprego ou poder.
Essa conceituação, por outro lado, torna-se incompleta ao não deixar margem para uma
noção de destituição absoluta, requisito básico para a conceituação de pobreza. Também acaba
gerando ambiguidade no uso indiferente dos termos pobreza e desigualdade que, na verdade, não
são sinónimos.
Causas da pobreza
Não importa se o problema envolve pobreza, cuidados médicos, meio ambiente, habitação,
abastecimento de água/energia, educação ou justiça social, o povo em especial está “cada vez
mais impaciente” com a incompetência dos esforços de certos ministérios em resolver ou
amenizar esses problemas. Mas esse não é o caso. Porquê? Factores como burocracia
dispendiosa, corrupção, tráfico de influências, falta de esforços coordenados e a tendência de os
doadores escolherem para qual problema vai contribuir. De certa maneira contribuem para que
tais problemas perdurem.
O êxito da “boa governação”, não importa qual seja o seu objectivo, sempre será limitado.
Porquê? Em parte porque nem o dinheiro nem uma boa educação político partidária podem
eliminar problemas como ganância, ódio, preconceito, nacionalismo, tribalismo e outros tipos de
tendências. Embora agrave o problema da pobreza, estas coisas não são as causas básicas dele.
Factores muito mais importantes estão envolvidos. Um deles é o atrofiamento cultural que nos
leva a pensar e fazer coisas erradas.
Uma segunda causa básica da pobreza é a nossa (in) capacidade de governar a nós mesmos
de modo eficaz, muito por culpa dos “executores” tal como aconteceu a duas ou três gerações
atrás. nada disso é novidade.
O futuro parece muito, muito assustador. Acrescente a tudo isso a ameaça perturbadora do
aquecimento global, que pode causar o aumento da desertificação e da ocorrência de condições
climáticas extremas e não é de surpreender que muitas pessoas informadas estejam preocupadas
com o futuro.
Uma das principais razões para este quadro misto na redução da pobreza no país é o facto
do crescimento ter contribuído menos na redução da pobreza em Moçambique comparativamente
a outros países da África Subsariana. Ora vejamos: por cada ponto percentual de crescimento
económico entre 1996 a 2009 em Moçambique, a pobreza baixou em apenas 0,26 pontos
percentuais no país. Esta cifra é apenas metade do registado em média nos outros países da
África Subsaariana em termos de redução da pobreza.
Para tornar o crescimento económico mais eficaz para os mais pobres, será fundamental
aumentar o acesso aos serviços básicos, tais como educação, saneamento, eletricidade e saúde.
Mais de metade da população moçambicana com idades entre 20-30 anos é analfabeta, e apenas
8 e 4% dos agregados familiares rurais têm acesso à eletricidade e saneamento, respetivamente.
Sendo assim, o potencial para que a população possa contribuir e beneficiar do processo de
crescimento económico encontra-se limitado à partida.
Contudo, centrar-se na melhoria dos serviços básicos apenas não é suficiente. As pessoas
precisam de ser ligadas aos mercados de trabalho e aos processos económicos. Embora as
populações residentes em Nampula e Zambézia tenham melhorado a sua educação e saúde a um
ritmo mais rápido, elas não foram capazes de aproveitar as suas habilidades e capacidades como
seria de esperar uma vez que se encontram desconectados do contexto económico geral.
Por outro lado, os Moçambicanos mais carenciados e o país no seu todo podem registar
enormes benefícios através de melhorias no sector agrícola. A maioria da população e quase
todas as camadas pobres rurais praticam a agricultura. Contudo, a baixa produtividade, o baixo
uso de tecnologias e insumos, e ligações comerciais limitadas, fazem com que este grupo não
possa ganhar o suficiente da sua atividade para escapar da pobreza. Por exemplo, um agricultor
moçambicano que usa fertilizantes pode produzir 40 por cento mais do que um outro que não os
usa. E, os agricultores que vendem parte da sua produção obtêm rendimentos que são em média
25% superiores do que os que usam toda a sua produção para alimentar as suas famílias. Há
muito a fazer para melhorar este sector, o qual possui um potencial para impulsionar o
crescimento para todos e reduzir a pobreza.
Enfim, Moçambique pode continuar o seu progresso na redução da pobreza e até mesmo
acelerar o ritmo, desde que concentre o seu esforço em investimentos nos serviços básicos, na
ligaçãoaos mercados de trabalho, na agricultura e em programas que reduzam o risco das pessoas
voltarem a cair na pobreza sempre que há ocorrência de tempestades, secas, inundações ou
qualquer outro tipo de choques.