Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FACULDADE DE DIREITO
LICENCIATURA EM DIREITO
Índice
1.2. Problematização................................................................................................................... 4
Capítulo I. Introdução
1.1. Contextualização
O estudo feito por James Akena (2020), mostrou que a cidade de Maputo liderou o
trabalho infantil no sector do comércio com 74,4%, seguido por Maputo província, com
38,8% e que cerca de 82% das crianças trabalham para aumentar as receitas e ajudar as suas
famílias. Esta situação tende a tornar-se cada vez pior no período do Estado de Emergência
associada a acções de requalificação dos mercados (como medida para mitigar a propagação
da Covid-19, factor que obrigou Pais, Mães e outros cuidadores de menores a ficar em casa e,
portanto, sem nenhuma fonte de sustento. Ora, não havendo fontes de renda em casa, as
3
crianças são usadas como recurso para buscar o que comer, obrigando-as a fazer-se a rua,
muitas vezes desprotegidas. Contudo, o trabalho infantil reforça a pobreza intergeracional,
ameaça as economias nacionais e mina os direitos garantidos pela Convenção sobre os
Direitos da Criança. Contrariamente às actividades que ajudam as crianças a desenvolverem-
se, tal como ajudar nas tarefas domésticas durante algumas horas por semana ou ter um
trabalho durante as férias escolares, o trabalho infantil interfere na educação e é prejudicial
para o desenvolvimento físico, mental, social e/ou moral das crianças.
4
1.2. Problematização
Nos períodos de 2020 à 2021 o mundo viveu um momento histórico e trágico com a
pandemia da Covid-19¸ pois os impactos foram evidentes em várias dimensões da vida social,
económica, e cultural em escala mundial e Moçambique não é excepção. Em Moçambique as
restrições e recomendações do confinamento social afectaram a vida das pessoas de diferentes
formas e vem agravar as desigualdades e exclusão social, a fragilidade das políticas públicas e
a lentidão do governo para responder a demanda no que concerne ao garante do direito
fundamental e a protecção social dos moçambicanos, especialmente das crianças.
Por outro lado, o trabalho infantil muitas vezes ocorre em virtude das desigualdades
sociais, nas quais a criança ou a adolescente vê-se obrigada a ingressar precocemente no
mercado de trabalho para a sua subsistência ou da sua própria família. A situação do trabalho
infantil em Moçambique é grave e alarmante. Dados publicados indicam que mais de 1 (um)
milhão de crianças estão envolvidas no trabalho infantil e a área que mais se destaca, é a
agricultura, a caça, a pesca e a silvicultura com 79%. Os dados do MICS (INE, 2009)
mostram que a percentagem de crianças que trabalham em Moçambique é superior nas áreas
rurais (25%), do que nas zonas urbanas (15%), e uma em cada cinco crianças com idades
compreendidas entre 5 e 11 anos (21%), e uma em cada quatro crianças entre os 12 e 14 anos
(27%), estão envolvidas no trabalho infantil. A agricultura continua sendo o sector que mais
emprega crianças em Moçambique, seguido do sector doméstico como um factor resultante da
expansão na informalização da economia. (INE, 2009)
portanto, sem nenhuma fonte de sustento (ROSC, 2019). Ora, não havendo fontes de renda
em casa, as crianças são usadas como recurso para buscar o que comer, obrigando-as a fazer-
se a rua, muitas vezes desprotegidas.
Desta feita, o Fundo das Nações Unidades para a Infância – UNICEF e a Organização
Internacional - OIT publicaram um relatório intitulado “Covid-19 e o Trabalho Infantil:
Tempo de Crise e Tempo de agir,” indicou que a crise provocada pela pandemia da COVID-
19 pode conduzir a um aumento da pobreza e a um aumento do trabalho infantil pois, as
famílias usam todos os meios para sobreviver (OIT, 2020). Contudo, o trabalho infantil gera
muitas consequências para as crianças, para a sociedade e, em geral para o País. Pois, hoje
elas estão na rua, no mercado, na padaria, os parques de estacionamentos de viaturas e entre
outros locais. Destrate, não se pode esperar um futuro “brilhante” destas crianças. Uma vez
que, o lugar dela é na escola e no convívio familiar no qual, os seus direitos são respeitados na
plenitude. Distante desta situação problemática, levanta-se a seguinte questão de partida:
1.4. Hipóteses
A prática do trabalho infantil nos tempos da Covid-19 violou os direitos das crianças
da Vila do Conselho Municipal da Vila de Milange.
6
O trabalho infantil nos tempos da Covid-19 não violou os direitos das crianças da Vila
do Conselho Municipal da Vila de Milange.
1.5. Justificativa
A motivação pessoal para a realização da pesquisa como tema, foi devido a verificação
de crianças diversas no CMVM na prática do trabalho infantil em tempos de Covid-19, pós a
sociedade moçambicana, em particular as comunidades rurais, continuam fortemente
sustentadas pelos costumes e pelas tradições locais, que são continuamente preservados sem
ter em conta, em muitas situações, o valor inalienável dos direitos da pessoa humana e da
criança em particular.
Por um lado, os pais por serem oficialmente responsáveis pelos filhos, tem tido hábito
colocar os menores a buscar rendimento familiar através de pequenas vendas e outras formas
de submissão à exploração do trabalho infantil, conforme testemunhos dados pelas crianças
entrevistadas no âmbito desta pesquisa, que apurou ainda que esta prática está relacionada
com o contexto social em que a criança está inserida e com o baixo nível de renda dos seus
encarregados. Por outro lado, foi pelo facto da Lei do Trabalho em algum momento, não
responder os riscos em que os menores envolvidos no trabalho infantil estão sujeitos, para
além de encontrar desafios na sua implementação, não garantindo que as crianças sejam
integralmente protegidas contra esta prática.
No que refere aos trabalhos perigosos por exemplo, a Lei não é suficientemente
protectora, prevendo apenas que “o empregador não deve ocupar o menor, com idade inferior
a dezoito anos, em tarefas insalubres, perigosas ou as que requeiram grande esforço físico,
definidas pelas autoridades competentes após consulta às organizações sindicais e de
empregadores”. Uma regulamentação da lei neste aspecto seria importante para prevenir e
combater casos de envolvimento de crianças no trabalho infantil perigoso.
Referências Bibliográficas
OIT (2020). Eliminar as Piores Formas de Trabalho Infantil: Guia Prático da Convenção nº
182. Manual Para Parlamentares n.º 3-2002.
UNICEF (2014). Situação das Crianças em Moçambique 2014. Fundo das Nações Unidas
para a Infância (UNICEF). Maputo.