Você está na página 1de 4

Centro Estadual de Educação Profissional em Gestão e Negócios do Norte Baiano

CEEP-Norte Baiano
Componente Curricular: Metodologia do Trabalho Científico
Janilene, Fernanda, Karenlainy, Jocimeire 2º Modulo Técnico Administração

Trabalho Infantil
É preciso pensar nas inúmeras consequências que esta pandemia trouxe para o
país, “não apenas de ordem biomédica e epidemiológica em escala global, mas
também repercussões e impactos sociais, econômicos, políticos, culturais e
históricos. (FIOCRUZ, p. 1, 2020). Enquadra-se aqui perdas de familiares,
escancaramento da desigualdade social, problemas sociais já existentes que podem
ser agravados, como o trabalho infantil.

Considera-se trabalho infantil


Atividades econômicas e/ou atividades de sobrevivência com
ou sem finalidade de lucro, remuneradas ou não, realizadas por
crianças ou adolescentes em idade inferior a 16 (dezesseis)
anos ressalvada a condição de aprendiz a partir dos 14
(quatorze) anos, independente da sua condição ocupacional.
(MDS, 2018, p. 14).

Infelizmente o aumento do trabalho infantil pode ser uma consequência do momento


que vivemos, haja vista “a necessidade de ações para contenção da mobilidade
social como isolamento e quarentena” (FIOCRUZ, 2020, p.1) ter deixado várias
pessoas fora do mercado de trabalho formal e informal, afetando todas as classes,
porém impactando severamente os mais vulneráveis. Ou seja, “o impacto
socioeconômico da COVID-19 será sentido mais fortemente pelas crianças mais
vulneráveis do mundo”. (FORE, 2020, p.1).

“A condição de pobreza e a baixa renda familiar são um dos estímulos para o


recurso ao trabalho da criança e do adolescente, pois a busca pela sobrevivência
exigiria a colaboração de todos os membros do grupo familiar”. No entanto, é
necessário ressaltar que, ainda que haja essa ideia, a renda que a criança ou o
adolescente explorado pelo trabalho infantil gera em muito pouco altera a situação
de sua família (CUSTÓDIO e VERONESE, 2009, p. 77-78).
Assim, o trabalho infantil torna-se um complemento à renda familiar, o que dificulta a
saída da criança ou do adolescente dessa exploração, porque pensa – a criança e a
sua família – que, uma vez estando sem trabalho e consequentemente, sem renda,
passará a família por necessidade, faltando-lhe suplementos necessários que
garantam a subsistência (MOREIRA e FREITAS, 2018, p. 90).

A baixa renda não é o único estímulo do trabalho infantil, mas também as condições
de emprego. Quanto mais precárias as relações de trabalho enfrentadas pelos pais,
maior a busca pelo recurso da mão de obra infantil. Afirma-se que o desemprego
também é um importante fator de influência, assim como a oferta e a demanda.
Assim, a pobreza em amplo sentido é causa fundamental do trabalho infantil. Ela é
fruto das políticas econômicas que fomentam a desigualdade social e econômica.
No Brasil, desde muito cedo a população empobrecida sempre começou a trabalhar,
e o trabalho da criança sempre foi visto apenas como um complemento ao do adulto,
e por isso, pouco valorizado (CUSTÓDIO e VERONESE, 2009, p. 78-79).

Os dados a seguir apresentados dizem respeito ao ano de 2016 e foram divulgados


no site da OIT. Os levantamentos da OIT contam com as parcerias da Fundação
Walk Free e OIM –Organização Internacional para as Migrações.

Segundo a OIT existem no mundo atualmente 152 milhões de crianças, de 5 a 17


anos, em situação de trabalho infantil, sendo que de tal contingente 64 milhões são
meninas e 88 milhões são meninos.

Em 2012, comparado ao ano de 2008, o número de crianças em trabalho infantil


reduziu de 215 para 168 milhões. Todavia, existem ainda 10 milhões de crianças
vítimas de escravidão.

Conforme a OIT, o mundo ainda tem 73 milhões de crianças que laboram em


atividades reputadas como perigosas, isto é, executando trabalhos que lhes trazem
altíssimo risco à saúde, à segurança e à moralidade.

As crianças trabalhadoras estão em sua maior parte na agricultura (70,9%), nos


serviços (17,1%) e na indústria (11,9%).
A África é o continente com o maior contingente de trabalhadores infantis, ou seja,
72,1 milhões. Em seguida vem a Ásia e Pacífico (62 milhões), as Américas (10,7
milhões) e a Europa e Ásia Central (5,5 milhões). Mesmo um país desenvolvido
como os EUA tem 1,2 milhões de trabalhadores infantis.

Os dezoito países com maior número de trabalhadores infantis são, pela ordem:
Mali; Benin; Chade; Guiné-Bissau; Somália; Ilhas Salomão; Camarões; Zâmbia;
Malawi; Burkina Fasso; Congo; Mauritânia; Serra Leoa; Nepal; Nigéria; Afeganistão;
Tanzânia; e Ruanda. Todo esse quadro global, agravado publicamente pelas
políticas econômicas neoliberais e pela pandemia, motivou a ONU a designar 2021
como o Ano Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil.

Todo esse quadro global, agravado publicamente pelas políticas econômicas


neoliberais e pela pandemia, motivou a ONU a designar 2021 como o Ano
Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil.
Referencias:
Revista da Jornada de Pós-graduação e Pesquisa. ISSN: 2526-4397 Submetido:
11/09/2020 Avaliado: 17/09/2020. Congrega Urcamp, vol. 16, nº16, ano 2020.

CUSTÓDIO, André Viana; VEROSENE; Josiane Rose Petry. Crianças esquecidas: o


trabalho infantil doméstico no Brasil. Curitiba: Multideia, 2009.

MOREIRA, Rafael Bueno da Rosa; FREITAS, Maria Victória Pasquoto de. Proteção jurídica
contra o trabalho infantil e a perpetuação de ciclos intergeracionais de pobreza. Revista da
Jornada de Pós-Graduação e Pesquisa–Congrega.v.15, p.83-94, 2018.Disponível
em:http://ediurcamp.urcamp.edu.br/index.php/rcjpgp/article/view/2805/1914.

FIOCRUZ. Portal. Fiocruz.br/ impactos sociais, econômicos, culturais e políticos da


pandemia.

SOUSA, Geicy Naira Lopes de. "Trabalho Infantil no Brasil: Consequências em tempos de
pandemia da Covid-19." (2020).

Você também pode gostar