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SECRETARIA DE ESTADO DE ASSSITÊNCIA SOCIAL E CIDADANIA

Secretaria Adjunta De Assistência Social


Coordenadoria De Vigilância Socioassistencial

TRABALHO INFANTIL EM MATO GROSSO BOLETIM INFORMATIVO Nº 26


12 DE JUNHO DE 2020

O trabalho infantil é uma questão extremamente complexa e de proporções globais, estando


suas principais causas associadas a pobreza e a baixa escolaridade das famílias, além de fatores
como mão de obra mais barata que de um adulto, e também as questões históricas e culturais.
Conforme apontado pelo IBGE na PNAD 2016, está presente em todos os estados brasileiros.
Historicamente, podemos resgatar a vasta utilização do trabalho infantil no desenvolvimento
da economia mundial, principalmente no período da revolução industrial. Vale lembrar também,
que a escravidão no Brasil se estendia às crianças, que nascidas na condição de escravas, eram
submetidas, desde a primeira infância, a trabalhos pesados, sendo privadas de educação e lazer.
Culturalmente, difunde-se a ideia de que o trabalho ajuda na formação do caráter e evita o ingresso
no mundo do crime, além de formas de organização econômica familiar que utilizam o trabalho
infantil, em especial na pequena produção agrícola.

Mas o que é trabalho infantil?


É toda forma de trabalho, remunerada ou não, realizada por crianças e adolescentes abaixo
da idade mínima permitida em seu país. No Brasil, admite-se o trabalho, em geral, a partir dos 16
anos, no entanto, proíbe-se o trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito anos e
de qualquer tipo de trabalho a adolescentes entre 14 e 16 anos, salvo na condição de aprendiz. A
mendicância e o exercício de atividades para terceiros em troca de alimentos, vestuário ou outros
produtos também é configurado como trabalho infantil.
O trabalho precoce de crianças e adolescentes interfere diretamente no seu
desenvolvimento físico, emocional e social, provocando comprometimento a saúde e impedindo a
vivência plena da infância. Estudos apontam que entre as crianças que trabalham há maior
repetência e abandono da escola.
Três dispositivos regulamentam o trabalho de crianças e adolescentes nacionalmente: a
Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do adolescente e a Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT, além das convenções da Organização Internacional do Trabalho – OIT ratificadas
pelo Brasil.
Nosso país foi pioneiro na elaboração da lista TIP (Trabalho Infantil Proibido), que por meio
do Decreto nº 6.481, de 12 de junho de 2008, estabeleceu as piores formas de trabalho infantil.
Dentre elas constam a agricultura, a exploração florestal, a pesca, a indústrias extrativista, do fumo
e da construção civil e os serviços domésticos.

Cenário Atual
Dados do IBGE
Abaixo podemos visualizar os estudos estatísticos do IBGE e os números referentes ao
Estado. Em 2010, um recorte para crianças e adolescentes com idade entre 10 e 13 anos; em 2016
envolvendo uma faixa etária mais ampla, correspondente a 8,56% da população com idade entre 5
e 17 anos; e 2017 focado nos estabelecimentos agropecuários.
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Outro dado levantado pelo censo IBGE 2010 aponta a existência, em Mato Grosso, de 6,9 mil
crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos ocupadas em atividades relacionadas ao serviço
doméstico, exercido em lares de terceiros. Reafirma-se que trabalho doméstico é considerado como
uma das piores formas de trabalho infantil, portanto, proibido a menores de 18 anos.
Relativo ao censo agropecuário 2017, dos 26,2 mil crianças e adolescentes menores de 14
anos ocupados em estabelecimentos agropecuários, que equivale a 6,2% do total de ocupados no
setor, 77,3% (20,2 mil) possuíam laços de parentesco com o produtor. Num Estado em que a
economia é baseada na agropecuária, campeão na produção de soja, milho, algodão e rebanho
bovino, os dados retratam as particularidades do trabalho infantil na área rural, evidenciando o
aspecto cultural de tolerância a atividade, especialmente quando o produtor é um membro da
família.
Abaixo, as tabelas 1 e 2 apresentam a classificação dos dez municípios mato-grossenses,
segundo dados do censo 2010, com maior nível de ocupação de crianças e adolescentes em relação
à população total ocupada no município.

DISQUE 100 – DIREITOS HUMANOS


O Disque Direitos Humanos é um serviço telefônico, em âmbito nacional, de recebimento,
encaminhamento e monitoramento de denúncias de violação de direitos humanos de toda a
população, especialmente dos Grupos Sociais Vulneráveis, como crianças e adolescentes, pessoas
em situação de rua, idosos, pessoas com deficiência e população LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais,
travestis e transexuais).

Tabela 1. DISQUE 100 - EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL - MT


Ano 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Denúncias 25 145 145 75 79 82 71 52
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Relacionado ao trabalho infantil, temos acima a quantidade de denúncias no Estado, através


do canal Disque 100, no decorrer de 8 anos, sendo 2018 o ano com menor índice de denúncias,
perdendo somente para 2011.

Prova Brasil 2017 (INEP)


Conforme informações do Observatório da Prevenção e da Erradicação do Trabalho Infantil
(https://smartlabbr.org/trabalhoinfantil), a Prova Brasil promovida pelo INEP/MEC aplicada aos
alunos do 5º e 9º ano, sobretudo de escola públicas, continha em um de seus questionários uma
pergunta relacionada ao trabalho infantil. Às crianças ou adolescentes entrevistados, foi perguntado
se haviam trabalhado fora de casa no período de referência.
Veja quantos alunos mato-grossenses responderam SIM à pergunta:

Perceba que esse dado está relacionado a apenas duas séries, onde a faixa etária ideal dos
alunos, conforme a idade mínima de ingresso no ensino fundamental, seria de 10 anos para o 5º
ano e 14 anos para o 9° ano.
Abaixo, visualizam-se os dez municípios com maior número de crianças e adolescentes
trabalhando, conforme as respostas espontâneas e diretas dos alunos na Prova Brasil:
Quadro 1
Município Nº de alunos trabalhando
1 Cuiabá 1,2 mil
2 Várzea Grande 747
3 Rondonópolis 534
4 Sinop 448
5 Cáceres 301
6 Tangará da Serra 277
7 Sorriso 274
8 Primavera do Leste 220
9 Alta Floresta 179
10 Lucas do Rio Verde 173
Fonte: INEP, Prova Brasil 2017
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Ministério Público do Trabalho em MT


Dados fornecidos pela assessoria de imprensa da Procuradoria Regional do Trabalho/MPT-
MT relacionados aos empregadores (pessoa física ou jurídica) ilustram as denúncias chegadas ao
órgão, quantidade de ações ajuizadas e Termos de Ajustes de Conduta realizados.
Tabela 2
Descrição 2017 2018 2019
Notícias de Fato 70 70 57
Ações Ajuizadas 4 10 3
Tac e Aditivos 26 18 7
Fonte: Ministério Público do Trabalho – MT/ Assessoria de Imprensa

Trabalho Infantil e os Serviços, Programas, Projetos e Benefícios Socioassistenciais


Cadastro Único

Temos no Estado, 465.172 crianças e


adolescentes inseridos no Cadastro Único
(abril/2020), sendo que a grande maioria delas,
41,7%, está em situação de extrema pobreza. No
gráfico ao lado, podemos visualizar a distribuição
desse público conforme a faixa de renda familiar
per capita. Percebe-se que 66% delas são pobres ou
extremamente pobres e apenas 5,8% integram
famílias com renda acima de ½ salário mínimo por
pessoa.

Destes mais de 465 mil inscritos,


61,3% são beneficiários do Programa
Bolsa Família, sendo a faixa etária
predominante a de 7 a 15 anos.
Veja no gráfico 1 a divisão por faixa
etária e participação no PBF.
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Conforme o Manual do entrevistador, o bloco 8 do Cadastro Único - Trabalho e Remuneração é


direcionado apenas a pessoas com idade a partir de 14 anos, exceto o item 8.09, referente a pensão
alimentícia e Benefício de Prestação Continuada - BPC. Assim, dos que possuem entre 14 e 17 anos,
1.112 declararam ser trabalhador, conforme especificado abaixo:

Quadro 2
Faixa etária TOTAL
Entre 14 a 15 Entre 16 a 17
Função principal

Trabalhador por conta própria (bico, autônomo) 39 427 466

Trabalhador temporário em área rural 3 6 9


Empregado sem carteira de trabalho assinada 8 104 112

Empregado com carteira de trabalho assinada 5 167 172

Trabalhador doméstico sem carteira de trabalho assinada 2 10 12

Trab. doméstico com cart. de trab. assinada 1 3 4

Trabalhador não remunerado 0 9 9

Empregador 0 1 1
Estagiário 1 39 40
Aprendiz 21 266 287
TOTAL 80 1032 1112

Verifica-se, conforme o quadro 2, que 45% do público investigado trabalha em conformidade


com a legislação, exercendo função de estagiário, aprendiz ou empregado com CTPS assinada, e
54% executa funções em desacordo com o permitido para a faixa etária, como trabalhador por conta
própria, empregado sem CTPS assinada, trabalhador temporário em área rural e também como
trabalhador doméstico. Como já dito, o serviço doméstico é proibido para menores de 18 anos e
chama a atenção o fato de 16 adolescentes se declararem nesta função, inclusive 4 com CTPS
assinada. Ademais, 0,8% declararam trabalhar sem remuneração e menos 0,1% como empregador.
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Dos 1112 que trabalham, 20,6% declararam não frequentar ou nunca ter frequentado a escola.
Comparando a situação escolar de forma categorizada com cada uma das funções relacionadas no
quadro 3, por meio da coleta de informações mais aprofundadas no CadÚnico, vê-se que o
trabalhador temporário em área rural apresenta, proporcionalmente, a maior incidência de crianças
e adolescentes fora da escola, alcançando 66,6%, seguido pelo trabalhador não remunerado (50%)
e pelo trabalhador por conta própria (37,1%).

No gráfico 3 pode-se visualizar o grau de instrução dos que declararam trabalhar, ficando
evidente a alta taxa de evasão ou abandono escolar. Somente 1,6% destas crianças e adolescentes
completaram o ensino médio e menos de 0,2% chegaram ao ensino superior.
Considerando que os três grupos com maior percentual de alunos são: o ensino fundamental
incompleto com 21,7%, o ensino fundamental completo com 32,1% e o ensino médio incompleto
com 40,1%, e agregando a isso a informação de que a faixa etária predominante dos que trabalham
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é de 15 a 17 anos (quadro 3), pode-se vislumbrar altas chances do ingresso ao mundo trabalho ter
contribuído para a interrupção escolar e impedido o exercício do direito à educação e a possibilidade
de rompimento do ciclo da pobreza.
A identificação desse público no Cadastro Único permite às equipes municipais, a partir a análise
dos dados, discutir sobre a melhor forma de intervenção familiar e quais os encaminhamentos
necessários para que essa criança ou adolescentes saia da condição de trabalho infantil, podendo
retomar os estudos e participar de atividades oferecidas pela rede socioassistencial ou por outra
política pública.

Identificação do Trabalho Infantil no CadÚnico


De acordo com o manual do Entrevistador, A marcação do trabalho infantil no CadÚnico é feita
a pessoas com idade inferior a 16 anos, exceto as que trabalham na condição de aprendiz, e é
realizada pelo entrevistador social, por meio da observação, no decorrer da entrevista, de fatos que
indiquem sua ocorrência, não sendo uma pergunta dirigida diretamente ao Responsável pela
Família (RF), como as demais.

Quando não for possível ao entrevistador ter certeza da existência do trabalho infantil, mas
com fortes evidências, recomenda-se uma visita domiciliar por uma assistente social para
averiguação mais precisa.

A identificação dos casos de trabalho infantil no CadÚnico foi realizada conforme


demonstrado no quadro abaixo:

Quadro 3 - Pessoas com marcação de trabalho infantil


Forma de coleta Quantidade
Sem visita domiciliar 125
Com visita domiciliar 10
Total 135
Fonte: Ministério da Cidadania/ CECAD. Abril/2020.

No CadÚnico é possível identificar 135 pessoas com marcação de trabalho infantil. Destas,
50,3% são extremamente pobres e 24,4% são pobres. Esses dados corroboram com a proposição de
que o trabalho infantil está estritamente ligado à pobreza.

Independente se a identificação do trabalho infantil foi realizada com ou sem visita domiciliar, é
importante que todos os casos possam ser averiguados pela equipe de referência do CRAS e CREAS
para que tais famílias possam ser inseridas nos serviços, programas, projetos e benefícios
socioassistenciais ofertados.
Além disso, é importante também que os municípios possam criar instrumentais para melhor
qualificar as informações sobre o trabalho infantil em seus respectivos territórios, como também
integrá-los a ações com educação e saúde.
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Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - PETI

O PETI, segundo a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), é um programa de caráter


intersetorial, integrante da Política Nacional de Assistência Social, que, no âmbito do Sistema Único
de Assistência Social (SUAS), compreende o trabalho social com famílias e a oferta de serviços
socioeducativos para crianças e adolescentes que se encontram em situação de trabalho infantil,
identificados no Cadastro Único. O programa tem abrangência nacional e se desenvolve de forma
articulada pelos entes federados, com a participação da sociedade civil, tendo como objetivo
contribuir para a retirada de crianças e adolescentes com idade inferior a 16 (dezesseis) anos em
situação de trabalho, ressalvada a condição de aprendiz, a partir de 14 (quatorze) anos.

No âmbito do Estado de Mato Grosso, temos um total de 19 Municípios que desenvolvem


as Ações do PETI: Barra do Garças, Cáceres, Colíder, Confresa, Cuiabá, Diamantino, Guarantã do
Norte, Juara, Juína, Juruena, Peixoto de Azevedo, Pontes e Lacerda, Primavera do Leste,
Rondonópolis, Sinop, Sorriso, Tangará da Serra, Várzea Grande e Vila Rica.

Relatório Mensal de Atendimento – RMA

Em 2019 foram 126 novos casos de trabalho infantil atendidos no Serviço de Proteção e
Atendimento Integral à Família - PAIF em todo o Estado. Se comparados os três primeiros meses de
2019 e 2020 (quadro 4), temos uma redução de 14,3% nos atendimentos no último ano, no entanto,
há de esclarecer que o número de municípios que preencheram o instrumental no mesmo período
em 2020 também é inferior a 2019, ocorrendo da mesma forma no RMA CREAS.
Quadro 4 - RMA CRAS MT: Famílias em acompanhamento pelo PAIF com crianças e
adolescentes em situação de trabalho infantil, no primeiro trimestre do ano de referência
Ano N° de novos casos de famílias inseridas no acompanhamento
2019 21
2020 18
Fonte: Ministério da Cidadania/ RMA. Extraído em 26.05.2020

O Serviço de Proteção e Atendimento Especializado à Família - PAEFI, em todo o ano de 2019


acompanhou 58 novos casos de trabalho infantil, tendo na comparação do primeiro trimestre de
2020 com 2019 uma redução de 42,8% no acompanhamento (quadro 5).

Quadro 5 - RMA CREAS MT - Famílias em acompanhamento pelo PAEFI com crianças e


adolescentes em situação de trabalho infantil no primeiro trimestre do ano de referência
Ano N° de novos casos de famílias inseridas no acompanhamento
2019 21
2020 12
Fonte: Ministério da Cidadania/ RMA. Extraído em 26.05.2020.
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Já o Serviço de Abordagem Social detectou 45 situações de trabalho infantil em todo o


Estado, no ano de 2019. Assim como nos outros serviços mencionados, observa-se no quadro 6 que
o primeiro trimestre de 2020 também apresentou redução quando comparado ao mesmo período
de 2019, neste caso de 81,8%.

Quadro 6 - RMA CREAS MT - Crianças ou adolescentes em situação de trabalho infantil


identificados pelo Serviço Especializado em Abordagem Social no primeiro trimestre do ano
de referência
Ano N° de casos identificados
2019 11
2020 2

Sistema de Informações do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – SISC

O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos - SCFV é ofertado de forma


complementar ao trabalho social com famílias realizado pelo PAIF e PAEFI. É importante frisar que
a inclusão na situação prioritária de trabalho infantil só poderá ser atribuída a crianças e
adolescentes de até 15 anos de idade, retirados do trabalho infantil, na qual a situação vivenciada
por elas possa ser comprovada por meio de documento técnico.

Quadro 7 - Relatório quantitativo das situações prioritárias do SCFV


Data de extração dos dados: 29-05-20
Dados referentes as situações prioritárias do SCFV
Faixa etária selecionada: todas as idades

UF Trabalho Total de usuários em situação Total de usuários


infantil prioritária ativos

MT 518 17996 43226


Fonte: Ministério da Cidadania/ SISC.

Dos dados extraídos do SISC (quadro 7), identifica-se 518 usuários prioritários em situação
de trabalho infantil, sendo 337 (65%) do sexo feminino e 181 (35%) do sexo masculino, número
expressivamente superior ao registrado no CadÚnico.
É importante registrar a escassez de dados atualizados sobre o trabalho infantil e a
dificuldade de comparação das informações deste Boletim por se tratar de recortes temporais e
etários diferenciados.
Apesar de proibido e de todos os mecanismos de combate de órgãos ligados à defesa dos
direitos da criança e do adolescente, o trabalho infantil é um fenômeno facilmente notado no Brasil,
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não sendo diferente em Mato Grosso, onde não é raro perceber crianças sendo exploradas por
adultos, seja pedindo dinheiro nos semáforos ou vendendo produtos como flores e doces em
espaços públicos e de grande movimentação, muitas vezes no período noturno, exceto no período
de isolamento social.
Diante os impactos da pandemia e o risco de crescimento da exploração do trabalho infantil,
Mato Grosso aderiu à campanha nacional com o slogan “COVID-19: agora mais do que nunca,
protejam crianças e adolescentes do trabalho infantil”, que visa alertar para o aprimoramento de
medidas de prevenção e de combate ao trabalho infantil através de diversas ações.
É importante perceber que o isolamento social afeta de forma diferente as famílias,
conforme as condições materiais que cada uma tem. Assim, a população socioeconomicamente
mais vulnerável é atingida de maneira mais cruel, considerando sua instabilidade financeira,
vínculos precarizados de trabalho e insegurança habitacional.
Com a redução de pessoas e carros circulando, é possível que o trabalho infantil nas ruas
diminua, por outro lado, pode haver um aumento naquele trabalho considerado invisível, o que é
executado dentro de casa, como os serviços domésticos e o cuidado com os irmãos mais novos. Ao
mesmo tempo é preciso atentar-se para o fato de que passar mais tempo em casa também aumenta
a exposição de crianças e adolescentes a outras formas de violações, como a agressão física e o
abuso sexual, por exemplo. Por fim, ressalta-se que a proteção integral à criança e ao adolescente,
com prioridade absoluta, não cabe somente à família, mas também ao Estado, à comunidade e à
sociedade em geral.
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