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A REALIDADE SOCIAL, POLÍTICA E ECONÔMICA

DO MUNICÍPIO DE BRUSQUE (SC)

Indira Bluning
Janaina Xudré da Luz Zen
Luciane Rita Ferrari
Merizete Cesari

Profª. Patricia Pykocz Freitas


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Graduação em Serviço Social (SES0360) – Seminário Interdisciplinar do Módulo I
30/11/15

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo principal conhecer – ainda que superficialmente, alguns aspectos
importantes da realidade socioeconômica e política do município de Brusque, entre eles,
características históricas, colonização, demografia, de trabalho e renda, de educação, de saúde e
socioassistenciais, e também da rede de serviços que atende as demandas desta população. Serão
utilizadas fontes de dados secundários, como Censo 2010 do IBGE e ferramentas de informação do
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome – MDS, por meio da Secretaria de
Avaliação e Gestão da Informação – SAGI.

Palavras-chave: Serviço Social. Realidade social. Brusque.

1 INTRODUÇÃO

O conhecimento sobre a realidade social e econômica de um determinado território é de


extrema importância para que o poder público em conjunto com a sociedade civil possa planejar e
implementar políticas, programas e projetos, de acordo com a demanda identificada. Os órgãos
gestores municipais das principais políticas de atendimento à população (saúde, educação,
assistência social e outros), utilizam diagnósticos constantemente, principalmente para identificar
situações onde é necessária a atenção da rede de atendimento.

Considerando o conceito utilizado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à


Fome, no Caderno de Estudos do Curso de Indicadores para Diagnóstico do SUAS e do Plano
Brasil sem Miséria:
O diagnóstico é um instrumento a auxiliar a tomada de decisão ao dar tratamento adequado
a um volume significativo de dados sobre diferentes aspectos sociais, econômicos e
ambientais dos municípios. O diagnóstico reúne e transforma esses dados em informação
útil, a orientar a gestão municipal nos processos de implementação e acompanhamento de
políticas e programas sociais (MDS, 2013, p.65).

Este trabalho tem por objetivos identificar e analisar algumas características sociais, políticas e
econômicas da população residente no município de Brusque (SC); e a rede pública que irá, ou pelo
menos deveria, atender com competência as demandas desta população. Ressaltamos que este
trabalho não tem pretensão de ser um diagnóstico social propriamente dito, pois não está de acordo
com o conceito de diagnóstico utilizado como referencial.

A metodologia utilizada foi unicamente fontes documentais e análise de dados secundários de


fontes como Censo do IBGE; ferramentas da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação –
SAGI, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; do Plano Municipal de
Assistência Social; e outros.

2 BREVE CONTEXTO HISTÓRICO

Em 4 de agosto de 1860, desembarcaram em Brusque 59 imigrantes alemães, acompanhados


pelo oficial austríaco Barão Maximiliano Von Schneeburg, oriundos do Grão-Ducado de Baden,
Alemanha. Embarcaram no porto de Antuérpia na Bélgica rumo a capital catarinense, Nossa
Senhora do Desterro (atual Florianópolis). Chegando a capital, subiram a bordo da canhoneira
Belmonte e agora acompanhados pelo Presidente da Província de Santa Catarina, Francisco Carlos
de Araújo Brusque, rumo a Barra do Rio Itajaí Mirim em Itajaí. Desse ponto, os imigrantes
enfrentaram mais cinco dias dentro de canoas até chegar a terra reservada a eles, no local onde hoje
fica a praça Vicente Só. Porém não ficaram sós, já haviam moradores no local que exploravam a
extração de madeira, dentre eles Pedro José Werner e Vicente Ferreira de Mello – origem do nome
da praça. Nascia assim a Colônia Itajahy.

As terras demarcadas aos imigrantes foram desmembradas de Itajaí, através da Lei Provincial
920 de 23 de março de 1881, onde o município passa a chamar-se São Luiz Gonzaga. São ao todo
282km² pertencentes a zona fisiográfica da Bacia do Itajaí.

Em justa homenagem ao Presidente da Província, em 17 de fevereiro de 1890, a cidade muda


de nome e agora se chama Brusque.

Quase dois meses após a chegada dos primeiros colonos, vieram mais 32 famílias e ao final do
ano, mais 90 famílias, totalizando 406 pessoas.

Brusque é a terceira grande colônia fundada em Santa Catarina e em 1876 já haviam 24 fábricas
instaladas, sem deixar de observar que o começo foi muito difícil e os imigrantes tiveram que
enfrentar várias enchentes.

Inicialmente, Brusque é uma colônia germânica, mas a cidade prospera muito rápido e logo
surgem os imigrantes italianos e, mais tarde, os poloneses. Vale ressaltar que os poloneses, naturais
de Lodz, Polônia, tinham experiência com teares e fiação. Em 1908, o Cônsul Carlos Renaux instala
na cidade a primeira fiação de algodão do estado.

A cidade possui uma fonte cristalina considerada milagrosa pelos devotos, encontra-se no
mesmo local do Santuário de Azambuja, é a Fonte da Nossa Senhora do Caravaggio cuja data
comemorativa é 25 de maio.

Do território de Brusque foram desmembrados os municípios de Guabiruba, Botuverá, Vidal


Ramos e Presidente Nereu.

3 CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS

Segundo dados do Censo 2010 do IBGE, a população do município de Brusque era de


105.000 habitantes em 2010. A projeção estima que em 2015 a população alcance quase 113.000,
conforme o gráfico 1:
GRÁFICO 1 – ESTIMATIVA DE CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO.
Fonte: PMAS, 2013.

Ainda segundo dados do IBGE, 50,33% da população é do sexo feminino e 49,67% do sexo
masculino. Aproximadamente 74,44% da população se encontra na faixa etária economicamente
ativa. A razão de dependência, ou seja, da população não economicamente ativa em relação à ativa,
é de 34,34%, em 2010. A distribuição por faixa etária pode ser observada no Gráfico 2.

GRÁFICO 2 – DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR FAIXA ETÁRIA.


Fonte: PMAS, 2013.

4 CARACTERÍSTICAS DE TRABALHO E RENDA

Brusque destaca-se no cenário estadual por ser a cidade que mais gera empregos de carteira
assinada, segundo CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do
Trabalho. O município já foi conhecido como o “Berço da Fiação Catarinense” e “Capital Nacional
da Pronta Entrega” ambas relacionadas a indústria de malha, jeans, tecido e comércio de roupas,
mas hoje é a indústria metal mecânica que lidera as contratações com carteira assinada.

Segundo dados do CAGED no ano de 2013, a indústria liderou as contratações sendo um total
de 26.358 carteiras assinadas, seguida por serviços com 10.727, e após, mas muito próximo, está o
comércio com 10.143, construção civil com 1.693 e por último, agropecuária, extração vegetal e
caça e pesca, que somadas registram 51contratações.

GRÁFICO 3 - NÚMERO DE CONTRATAÇÕES


Fonte: Caged 2013

Pode-se observar que 66% dos trabalhadores a partir dos 18 anos possuem o ensino
fundamental completo e destes, 44% possuem o ensino médio completo. A mão de obra
desqualificada pode ser resultado da baixa escolaridade, que influencia diretamente na renda
(PMAS, 2013, pág 32).

Conforme o Plano Municipal de Assistência Social de 2013, a média salarial do trabalhador é


de aproximadamente R$1.600,00 com 47.029 empregos formais dos 64.471 empregos apurados
pelo censo.

Outro dado importante sobre a média salarial no município. É quase o dobro do valor do
salário-mínimo e, em alguns momentos, chega a ser o triplo, conforme tabela abaixo:
VIGÊNCIA VALOR MENSAL MÉDIA EM BRUSQUE
01/03/2008 R$ 415,00 R$ 1.166,07
01/02/2009 R$ 465,00 R$ 1.272,52
01/01/2010 R$ 510,00 R$ 1.383,12
01/01/2011 R$ 540,00 R$ 1.501,04
01/03/2011 R$ 545,00 R$ 1.501,04
01/01/2013 R$ 678,00 R$ 1.549,79
TABELA 1 – MÉDIA SALARIAL MUNICIPAL
Fonte: Plano Municipal de Assistência Social, 2013.

Ainda segundo o PMAS 2013, para 814 famílias, a renda per capita é de até meio salário-
mínimo, o que significa 0,89% da população municipal e 175 famílias recebem até ¼ do salário-
mínimo per capita.

A desigualdade social é medida pelo índice de Gini. Se estiver próximo ao número 1, significa
que a distribuição de renda e riqueza é desigual mas, se se aproximar de 0, significa uma
distribuição de renda e riqueza mais igualitária.

Para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD 2010, o resultado no
Brasil foi de 0,56 o que classificou o país como o terceiro mais desigual do mundo. O estado de
Santa Catarina obteve um índice um pouco menor, de 0,436. Em Brusque a situação é melhor, seu
resultado foi de 0,40 o que mostra uma realidade muito melhor que a nacional.

5 CARACTERÍSTICAS DE EDUCAÇÃO

No município de Brusque, segundo dados do MEC (Ministério da Educação e Cultura) de 2010, 69%
das crianças entre 0 e 3 anos estão sem acesso à escola. Nos últimos 20 anos teve aumento entre os de 5 e
17 anos ao atendimento escolar, caracterizando assim, desenvolvimento e investimento nesta área.

Esses dados nos mostram um aumento significativo nas vagas escolares, em contrapartida nota-se
uma desistência maior no ensino médio:

 De 5 a 6 anos 96% frequentam a escola;


 11 a 13 anos 90,9% também;
 15 a 17 anos 69,17% são frequentadores

O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) que foi criado para medir a qualidade da
Educação, vai de 0 a 10. O objetivo é atingir o índice 6 até 2022. O ensino fundamental no município de
Brusque já atingiu nas séries iniciais; nas séries finais foi de 4,9 assim ultrapassando a média brasileira
que é 4,1. No ensino médio atinge 3,4 ficando abaixo da média brasileira que é 3,7 (PMAS, 2013).

No Censo Demográfico de 2010, o analfabetismo de pessoas de 10 anos ou mais registrou 2,5%. Na


área Rural foi de 5,3% e na Urbana 2,4%. Na população brusquense, cerca de 45% tem o ensino
fundamental incompleto, 25% tem o fundamental completo e médio incompleto, 25% médio completo à
superior incompleto e apenas 9% com superior completo, conforme gráfico abaixo.

GRÁFICO 4 – NÍVEL DE INSTRUÇÃO DA POPULAÇÃO GERAL.


Fonte: Censo IBGE 2010.

A rede de ensino do município é composta por:


Centros de Educação Infantil 32
Escolas de Ensino Fundamental Municipal 25
Escolas de Ensino Fundamental e Médio Estadual 10
Escolas de Ensino Fundamental e Médio Particular 4
Educação de Jovens e Adultos Municipal 1
Educação de Jovens e Adultos Estadual 1
Universidades Particulares 3
Unidades de Ensino do Sistema S 4
Unidades do Instituto Federal Catarinense 1
TABELA 2 – REDE DE ENSINO MUNICIPAL
Fonte: Secretaria Municipal de Educação, 2015.

6 CARACTERÍSTICAS DE SAÚDE

Em 2013, Brusque foi considerado o município com a maior expectativa de vida em relação
aos demais municípios brasileiros. Em 1991 a expectativa de vida era de 70,5 anos e em 2013 esse
número saltou para 78,6 anos (PMAS, 2013).

Em relação aos índices de mortalidade infantil, Brusque registra números inferiores tanto em
relação ao estado, quanto em relação ao país. Conforme o Plano Municipal de Assistência Social, o
índice de mortalidade infantil do município mostrou uma redução de 35%, sendo (8,6/1000)
enquanto que no estado esse número passa a ser (11,05/1000) e no país (16,7/1000).

Vale ressaltar que segundo informação coletada no site da prefeitura de Brusque, em 2011 a
taxa bruta de mortalidade infantil era de (12,5/1000) (DATASUS/2011).

No que se refere a taxa de mortalidade, Brusque tem uma das menores do país, em torno de
(4,9/1000). Esse dado também pode ser relacionado como indicador demográfico pois demonstra o
aumento de idosos no município, uma vez que o índice de natalidade diminuiu, em 2008 registrou
(1,4/1000), também diminuiu no país (PMAS, 2013).

A causa de morte entre adultos no município segue índices nacionais. Em primeiro lugar
estão as doenças do aparelho respiratório (30,3%), em segundo lugar as neoplasias (18,5%) e em
terceiro lugar outras causas externas (12,7%). Em relação as causas externas, em 2010 foi feito
registro de 9 mortes por acidente de trabalho, 3 lesões autoprovocadas e 3 outras lesões de causa
externa. O número de homicídios no município em 2011 foi de (2,8/100) (PMAS, 2013).
GRÁFICO 5 – CAUSAS DE MORTES
Fonte: Plano Municipal de Assistência Social, 2013.

Em relação a rede de atendimento de saúde no município:

Laboratório de Análises Clínicas 12


Consultórios Médicos 129
Consultórios Odontológicos 75
Farmácias e Drogarias 42
Ambulatórios 4
Farmácias de Manipulação 8
Unidades de Saúde 23
Unidades de Saúde Bucal 24
Leitos Hospitalares Hospital Dom Joaquim 42
Leitos Hospitalares Associação Hospitalar Cônsul Carlos Renaux 75
Leitos Hospitalares Hospital Arquidiocesano Cônsul Carlos 150
Renaux
TABELA 3 – REDE DE ATENDIMENTO DE SAÚDE
Fonte: Prefeitura Municipal de Brusque, 2015.

7 CARACTERISTICAS SOCIOASSISTENCIAIS

A Política Nacional de Assistência Social configura-se necessariamente em uma perspectiva


socioterritorial, onde reconhece as particularidades de cada território, e planeja suas intervenções a
partir das demandas apresentadas neste (PNAS, 2004). Estas demandas são identificadas pelo órgão
gestor, no caso, a Secretaria Municipal de Assistência Social, por meio do diagnóstico
socioterritorial. Este documento localizará a população em situação de vulnerabilidade social no
território intramunicipal, e norteará as ações da política.

7.1 CADASTRO ÚNICO

O Cadastro Único é um instrumento de coleta de dados, que tem como objetivo identificar
as famílias de baixa renda no país, para fins de inclusão em programas do governo federal, de
Assistência Social (Minha Casa Minha Vida, Tarifa Social de Energia Elétrica, entre outros) e de
Transferência de renda (Bolsa Família).

Sobre a cobertura do Cadastro Único no município, segundo o Boletim Plano Brasil Sem
Miséria no Município, disponibilizado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a
Fome – MDS:

O município apresenta uma cobertura cadastral que supera as estimativas oficiais, de


maneira que a gestão municipal do Cadastro Único deve concentrar esforços em aumentar a
qualidade das informações registradas quando da atualização dos dados familiares. Com
isso, o município poderá abrir espaço para incluir no Bolsa Família as famílias em extrema
pobreza já cadastradas e que ainda não recebem os benefícios. (MDS, 2015)

Ainda segundo dados do MDS, até setembro de 2015, o município havia cadastrado 6.679
famílias. Destas, 1.696 estão em situação de extrema pobreza, ou seja, com renda familiar per capita
até 77 reais. O gráfico a seguir demonstra o percentual de indivíduos extremamente pobres, em
relação ao total de inserções no mês.
GRÁFICO 6 – PERCENTUAL DE INDIVÍDUOS EXTREMAMENTE POBRES INSERIDOS NO MÊS.
Fonte: Cecad, MDS, 2015.

7.2 PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E O PLANO BRASIL SEM MISÉRIA

O Programa Bolsa Família – PBF é um programa de transferência de renda que beneficia


famílias em situação de extrema pobreza. É integrante do Plano Brasil Sem Miséria, o qual tem
como público-alvo indivíduos com renda familiar per capita até R$77 mensais e está fundamentado
na garantia de renda, inclusão produtiva e no acesso aos serviços públicos (PMAS, 2013).

O PBF apoia-se em três eixos: a transferência de renda promove a redução da pobreza; as


condicionalidades promovem o acesso a direitos sociais nas áreas de educação, saúde e assistência
social; e as ações e programas objetivam o desenvolvimento das famílias, para superação da
situação de vulnerabilidade (PMAS, 2013).

Em setembro de 2015, o município de Brusque tinha 1.690 famílias beneficiárias do PBF, quase
100% da população em extrema pobreza cadastrada no CadÚnico. Os bairros com maior número de
beneficiários foram o bairro Limeira e Águas Claras, com 232 famílias em cada (CECAD, 2015).

O valor médio do benefício no município é de R$156,26. No Estado, o valor médio atual


recebido por família está em R$153,66, e em nível nacional, R$167,95 (Data Social 2.0, 2015).
7.3 POPULAÇÃO EM EXTREMA POBREZA

Segundo dados do IBGE, em 2010, 1,5% da população brusquense vivia em extrema pobreza.
Destes, 29,3% tem idade entre 0 e 17 anos; 52,8% são homens e 47,2% são mulheres; 87,4% se
declararam brancos e 12,6% como negros; e 1,61% declararam alguma deficiência intelectual.

No gráfico a seguir pode-se observar a porcentagem de crianças e adolescentes extremamente


pobres que não frequentam a escola, por faixa etária (IBGE, 2010).

GRÁFICO 7 – PERCENTUAL DE CRIANÇAS EXTREMAMENTE POBRES QUE NÃO FREQUENTAM A


ESCOLA.
Fonte: Censo IBGE 2010.

Considerando a estimativa da população do município, publicada pelo Instituto Brusquense de


Planejamento – IBPLAN, de 124.285 pessoas em 2015, atualmente 1,36% da população encontra-se
em extrema pobreza, número baixo se comparado com o do estado de Santa Catarina (9,46%) e do
país (30,33%), o que reflete os dados sobre a oferta de empregos no município (PMAS, 2013).

O gráfico a seguir demonstra os dez bairros com maior número de famílias em extrema
pobreza, segundo dados do Cecad, de setembro de 2015.
GRÁFICO 8 – BAIRROS COM MAIOR NÚMERO DE FAMILIAS EM EXTREMA POBREZA.
Fonte: CECAD, MDS, 2015.

No gráfico abaixo consta a relação entre a renda per capita familiar e o grau de instrução dos
indivíduos incluídos no Cadastro Único (CECAD, 2015). Pode-se observar que a maioria dos
indivíduos incluídos tem o ensino fundamental incompleto.

GRÁFICO 9 – RELAÇÃO ENTRE RENDA FAMILIAR PER CAPITA E ESCOLARIDADE


Fonte: CECAD, MDS, 2015.

7.4 VIOLAÇÃO DE DIREITOS

Todos os dados relacionados a violação de direito foram obtidos por meio do Centro de
Referência Especializado de Assistência Social – CREAS.
Em relação às situações de violência doméstica (física, psicológica, sexual, financeira, etc), o
CREAS recebeu no ano de 2015 114 novos casos de violência, além dos que já estavam sendo
acompanhados desde 2014. O tipo de violação que ficou mais evidente foi a violência contra a
mulher, representando 21% do total de inserções.

Adolescentes em conflito com a lei são aqueles que cometeram algum tipo de ato infracional e
receberam uma medida socioeducativa ou medida de proteção, e que são considerados pelo art. 98
do Estatuto da Criança e do Adolescente, como violadores dos próprios direitos. No ano de 2015 o
CREAS recebeu em média 50 processos, encaminhados pelo Poder Judiciário. Os principais atos
infracionais cometidos são posse e uso de drogas (CREAS, 2015).

Em relação as pessoas em situação de rua no município, que tem todos os direitos sociais
violados (saúde, alimentação, moradia, trabalho), foram identificadas cerca de 30 pessoas nesta
condição (CREAS, 2015).

7.9 POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO MUNICÍPIO

A política de assistência social foi implantada no município, nos moldes da política nacional, no ano
de 2009. Abaixo segue organograma com a organização atual dos serviços e equipamentos públicos
da política municipal:
Fonte: Secretaria Municipal de Assistência Social, 2015.

O Sistema Único de Assistência Social foi criado em 2004, como um sistema público não
contributivo, descentralizado e participativo, que regula, em todo o território nacional, os serviços,
programas, projetos e benefícios socioassistenciais a serem prestados em rede, conforme o porte do
município e a complexidade dos serviços (PNAS, 2004).

O Sistema organiza as ações da assistência social em duas proteções sociais. A primeira é a


Proteção Social Básica, a qual tem como objetivo a prevenção de riscos sociais e pessoais, através
da oferta de programas, projetos, serviços e benefícios a indivíduos e famílias em situação de
vulnerabilidade social. (PNAS, 2004).

No âmbito da Proteção Básica, o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, é o


equipamento semelhante as Unidades Básicas de Saúde do SUS, que atende:

Famílias em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, do precário ou nulo


acesso aos serviços públicos, da fragilização de vínculos de pertencimento e sociabilidade
e/ou qualquer outra situação de vulnerabilidade e risco social residentes nos territórios de
abrangência (Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, 2013, p.11).

Este equipamento funciona no território com maior incidência de vulnerabilidade social, e tem
como principais objetivos o fortalecimento dos vínculos comunitários e familiares, da função
protetiva das famílias, a prevenção da violência, promoção de garantia de direitos e de uma melhor
qualidade de vida da população (Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, 2013). Estes
objetivos são efetivados por meio do Serviço de Proteção e Atendimento a Famílias e Indivíduos –
PAIF, e do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – SCFV.

Atualmente, o município conta com 01 equipamento CRAS no bairro Azambuja, que abrange
os bairros Azambuja, Paqueta, a localidade da Rua Nova Trento (incluindo suas transversais) e o
Residencial Minha Casa Minha Vida no bairro Cedrinho. Existe também um equipamento CRAS no
bairro Limeira, que abrange Limeira Alta e Limeira Baixa. Para os demais bairros sem cobertura de
CRAS, o município possui um setor de Benefícios Eventuais, que atende as demandas do restante
da população, e que está vinculado ao órgão gestor, a Secretaria Municipal de Assistência Social e
Habitação.

A segunda proteção é a Proteção Social Especial, destinada a famílias e indivíduos que tiveram
seus direitos violados por ocorrência de violência doméstica, abandono, maus-tratos, abuso sexual,
entre outros, ou estão em situação de risco. A PSE ainda é divida em Média Complexidade e Alta
Complexidade

No âmbito da Média Complexidade, o município conta com um Centro de Referência


Especializado de Assistência Social – CREAS, que realiza acompanhamento de famílias com
situações de violação de direitos, e que possuem vínculos familiares, ainda que fragilizados, como
por exemplo, casos de violência doméstica, abuso sexual, adolescentes em cumprimento de medida
socioeducativa, pessoas em situação de rua, etc.

Estes acompanhamentos são realizados pelos serviços: Serviço de Proteção e Atendimento


Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), Serviço de Proteção Social a Adolescentes em
Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida e Prestação de Serviços a
Comunidade, e o Serviço de Abordagem Social.
Todas as situações de violação de direitos evidenciam uma fragilidade nos vínculos familiares,
no entanto, estes ainda não estão rompidos, a presença da família ainda existe e é possível realizar
um acompanhamento familiar no sentido de fortalecer esses vínculos e promover a superação destas
violações. Entretanto, existem situações onde os vínculos familiares foram rompidos e o indivíduo
(criança, adolescente, idoso, pessoa com deficiência) não tem mais condições de permanecer com
sua família. Nestes casos mais extremos os serviços de acolhimento servem para garantir que os
direitos destes indivíduos sejam garantidos, considerando que isto não ocorre no contexto familiar
em que os mesmos estão inseridos (PNAS, 2004).

No âmbito da Alta Complexidade, o município conta com uma equipe (assistente social,
psicólogo e educador social) vinculada ao órgão gestor, que acompanha famílias em que os vínculos
familiares foram rompidos por situações de violação de direito, ou por situações de calamidade
pública, por meio dos serviços:
 Serviço de Acolhimento Institucional;
 Serviço de Acolhimento em Repúblicas;
 Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora; e
 Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e de Emergências.

A equipe acompanha a família do indivíduo que será acolhido, em conjunto com a equipe técnica da
instituição que irá recebê-lo, com intuito de promover a reinserção familiar. Nem sempre é possível,
por isso em algumas situações crianças e adolescentes são encaminhados para adoção e idosos
permanecem em instituições de longa permanência, sem perspectiva de retorno ao núcleo familiar.

Em relação a instituições não governamentais, no município existem 02 entidades que acolhem


crianças e adolescentes, 01 entidade de acolhimento de longa permanência para idosos, e 02
instituições privadas, conveniadas com a Prefeitura, que realizam acolhimento de idosos e pessoas
com deficiência.

Além dos equipamentos e serviços mencionados, o município conta ainda:


 Equipe do Acessuas Trabalho e Pronatec/BSM, que realiza mobilizações para inserção do
público-alvo no programa;
 Equipe que articula programas de Economia Solidária e do Selo Social, este último
desenvolvido pelo poder executivo para reconhecer empresas com projetos relacionados a
realização dos objetivos do milênio;
 A Central de Atendimento a Pessoa com Deficiência, que tem como objetivo a orientação
dessas pessoas para promoção da garantia de seus direitos;
 Profissional de referência que se relaciona com clubes de idosos e mães, e promove eventos
com foco neste público.
 Setor de Habitação, o qual possui política própria, mas atualmente está vinculado a
Secretaria de Assistência Social, que articula projetos e programas habitacionais com o
governo federal e realiza os cadastros das famílias para posterior avaliação para entrada nos
programas.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em relação as características de trabalho e renda, é possível observar que o município de


Brusque possui uma boa qualidade de vida, onde a oferta de emprego é grande, em diversas frentes
de trabalho, mesmo não tendo um alto índice de alfabetização. Estamos bem abaixo do índice Gini
em relação ao país, no entanto, a média salarial é alta chegando a triplicar em relação ao salário-
mínimo.

Em relação as características de educação, os dados do Plano Municipal de Assistência Social


de Brusque e do Censo IBGE 2010, nos mostram que há necessidade do número de escolas ser
ampliado, principalmente para a idade de 0 a 3 anos, que tem o maior número de crianças fora da
escola; e também qualificação, para que os jovens tenham mais interesse em permanecer na
Unidade Escolar.

Em relação as características de Saúde, Brusque se apresenta como uma cidade com


significativa qualidade de vida, uma vez que a taxa de mortalidade infantil diminuiu e a expectativa
de vida é longa. Sua população conta com uma extensa rede de UBS em todos os bairros garantindo
assim atendimento a toda a população.

Em relação as características socioassistenciais, podemos observar que o município não possui


um percentual alto de famílias em situação de vulnerabilidade, considerando o percentual de
famílias em extrema pobreza. E que, das famílias nesta condição já identificadas, quase 100% já
estão recebendo benefício de transferência de renda e sendo acompanhadas pelos serviços da
Secretaria Municipal de Assistência Social e Habitação. Podemos também relacionar os fatores
renda per capita familiar e grau de instrução, os quais demonstraram que a maioria das pessoas em
situação de vulnerabilidade econômica não possuem o ensino fundamental completo. Quanto a
quantidade de equipamentos CRAS (dois no município inteiro), podemos concluir que existe a
necessidade de ampliação desses serviços, principalmente nos bairros identificados com maior
incidência de pobreza. Os demais serviços de média e alta complexidade, considerando tão somente
os dados obtidos, estão atuando dentro da demanda existente do município, por isso, não há
necessidade de ampliação dos mesmos. Os dados sobre as violações de direitos também não são
expressivos, levando em conta a população residente.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e


documentação – Referências – Elaboração: apresentação. Rio de Janeiro, 2002.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível


em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm>. Acesso em 24 nov 2015.

BRASIL. Secretaria De Avaliação E Gestão Da Informação - SAGI. Disponível


em:<http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/portal/>. Acesso em 25 out 2015.

BRASIL. Política Nacional de Assistência Social. Disponível em:<


http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/PNAS2004.pdf>.
Acesso em 15 out 2015.

BRUSQUE. INSTITUTO BRUSQUENSE DE PLANEJAMENTO - IBPLAN. Estimativa da


população por bairros. Disponível
em:<http://brusque.sc.gov.br/ibplan/web/estatistica_detalhe.php?id=79&doc=147>. Acesso em 23
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BRUSQUE. Secretaria de Assistência Social e Habitação. Plano Municipal de Assistência Social.


Brusque, 2013, 67 p.
BRUSQUE. Cartilha Conheça Brusque. Disponível
em:<http://www.brusque.sc.gov.br/upload/conheca-brusque/2015/afc8a874815e33b25ef747ca0430
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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Censo Demográfico de


2010. Disponível em:<http://censo2010.ibge.gov.br/>. Acesso em 15 out 2015.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE A FOME. Boletim Brasil Sem


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