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Indira Bluning
Janaina Xudré da Luz Zen
Luciane Rita Ferrari
Merizete Cesari
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo principal conhecer – ainda que superficialmente, alguns aspectos
importantes da realidade socioeconômica e política do município de Brusque, entre eles,
características históricas, colonização, demografia, de trabalho e renda, de educação, de saúde e
socioassistenciais, e também da rede de serviços que atende as demandas desta população. Serão
utilizadas fontes de dados secundários, como Censo 2010 do IBGE e ferramentas de informação do
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome – MDS, por meio da Secretaria de
Avaliação e Gestão da Informação – SAGI.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivos identificar e analisar algumas características sociais, políticas e
econômicas da população residente no município de Brusque (SC); e a rede pública que irá, ou pelo
menos deveria, atender com competência as demandas desta população. Ressaltamos que este
trabalho não tem pretensão de ser um diagnóstico social propriamente dito, pois não está de acordo
com o conceito de diagnóstico utilizado como referencial.
As terras demarcadas aos imigrantes foram desmembradas de Itajaí, através da Lei Provincial
920 de 23 de março de 1881, onde o município passa a chamar-se São Luiz Gonzaga. São ao todo
282km² pertencentes a zona fisiográfica da Bacia do Itajaí.
Quase dois meses após a chegada dos primeiros colonos, vieram mais 32 famílias e ao final do
ano, mais 90 famílias, totalizando 406 pessoas.
Brusque é a terceira grande colônia fundada em Santa Catarina e em 1876 já haviam 24 fábricas
instaladas, sem deixar de observar que o começo foi muito difícil e os imigrantes tiveram que
enfrentar várias enchentes.
Inicialmente, Brusque é uma colônia germânica, mas a cidade prospera muito rápido e logo
surgem os imigrantes italianos e, mais tarde, os poloneses. Vale ressaltar que os poloneses, naturais
de Lodz, Polônia, tinham experiência com teares e fiação. Em 1908, o Cônsul Carlos Renaux instala
na cidade a primeira fiação de algodão do estado.
A cidade possui uma fonte cristalina considerada milagrosa pelos devotos, encontra-se no
mesmo local do Santuário de Azambuja, é a Fonte da Nossa Senhora do Caravaggio cuja data
comemorativa é 25 de maio.
3 CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS
Ainda segundo dados do IBGE, 50,33% da população é do sexo feminino e 49,67% do sexo
masculino. Aproximadamente 74,44% da população se encontra na faixa etária economicamente
ativa. A razão de dependência, ou seja, da população não economicamente ativa em relação à ativa,
é de 34,34%, em 2010. A distribuição por faixa etária pode ser observada no Gráfico 2.
Brusque destaca-se no cenário estadual por ser a cidade que mais gera empregos de carteira
assinada, segundo CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do
Trabalho. O município já foi conhecido como o “Berço da Fiação Catarinense” e “Capital Nacional
da Pronta Entrega” ambas relacionadas a indústria de malha, jeans, tecido e comércio de roupas,
mas hoje é a indústria metal mecânica que lidera as contratações com carteira assinada.
Segundo dados do CAGED no ano de 2013, a indústria liderou as contratações sendo um total
de 26.358 carteiras assinadas, seguida por serviços com 10.727, e após, mas muito próximo, está o
comércio com 10.143, construção civil com 1.693 e por último, agropecuária, extração vegetal e
caça e pesca, que somadas registram 51contratações.
Pode-se observar que 66% dos trabalhadores a partir dos 18 anos possuem o ensino
fundamental completo e destes, 44% possuem o ensino médio completo. A mão de obra
desqualificada pode ser resultado da baixa escolaridade, que influencia diretamente na renda
(PMAS, 2013, pág 32).
Outro dado importante sobre a média salarial no município. É quase o dobro do valor do
salário-mínimo e, em alguns momentos, chega a ser o triplo, conforme tabela abaixo:
VIGÊNCIA VALOR MENSAL MÉDIA EM BRUSQUE
01/03/2008 R$ 415,00 R$ 1.166,07
01/02/2009 R$ 465,00 R$ 1.272,52
01/01/2010 R$ 510,00 R$ 1.383,12
01/01/2011 R$ 540,00 R$ 1.501,04
01/03/2011 R$ 545,00 R$ 1.501,04
01/01/2013 R$ 678,00 R$ 1.549,79
TABELA 1 – MÉDIA SALARIAL MUNICIPAL
Fonte: Plano Municipal de Assistência Social, 2013.
Ainda segundo o PMAS 2013, para 814 famílias, a renda per capita é de até meio salário-
mínimo, o que significa 0,89% da população municipal e 175 famílias recebem até ¼ do salário-
mínimo per capita.
A desigualdade social é medida pelo índice de Gini. Se estiver próximo ao número 1, significa
que a distribuição de renda e riqueza é desigual mas, se se aproximar de 0, significa uma
distribuição de renda e riqueza mais igualitária.
Para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD 2010, o resultado no
Brasil foi de 0,56 o que classificou o país como o terceiro mais desigual do mundo. O estado de
Santa Catarina obteve um índice um pouco menor, de 0,436. Em Brusque a situação é melhor, seu
resultado foi de 0,40 o que mostra uma realidade muito melhor que a nacional.
5 CARACTERÍSTICAS DE EDUCAÇÃO
No município de Brusque, segundo dados do MEC (Ministério da Educação e Cultura) de 2010, 69%
das crianças entre 0 e 3 anos estão sem acesso à escola. Nos últimos 20 anos teve aumento entre os de 5 e
17 anos ao atendimento escolar, caracterizando assim, desenvolvimento e investimento nesta área.
Esses dados nos mostram um aumento significativo nas vagas escolares, em contrapartida nota-se
uma desistência maior no ensino médio:
O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) que foi criado para medir a qualidade da
Educação, vai de 0 a 10. O objetivo é atingir o índice 6 até 2022. O ensino fundamental no município de
Brusque já atingiu nas séries iniciais; nas séries finais foi de 4,9 assim ultrapassando a média brasileira
que é 4,1. No ensino médio atinge 3,4 ficando abaixo da média brasileira que é 3,7 (PMAS, 2013).
6 CARACTERÍSTICAS DE SAÚDE
Em 2013, Brusque foi considerado o município com a maior expectativa de vida em relação
aos demais municípios brasileiros. Em 1991 a expectativa de vida era de 70,5 anos e em 2013 esse
número saltou para 78,6 anos (PMAS, 2013).
Em relação aos índices de mortalidade infantil, Brusque registra números inferiores tanto em
relação ao estado, quanto em relação ao país. Conforme o Plano Municipal de Assistência Social, o
índice de mortalidade infantil do município mostrou uma redução de 35%, sendo (8,6/1000)
enquanto que no estado esse número passa a ser (11,05/1000) e no país (16,7/1000).
Vale ressaltar que segundo informação coletada no site da prefeitura de Brusque, em 2011 a
taxa bruta de mortalidade infantil era de (12,5/1000) (DATASUS/2011).
No que se refere a taxa de mortalidade, Brusque tem uma das menores do país, em torno de
(4,9/1000). Esse dado também pode ser relacionado como indicador demográfico pois demonstra o
aumento de idosos no município, uma vez que o índice de natalidade diminuiu, em 2008 registrou
(1,4/1000), também diminuiu no país (PMAS, 2013).
A causa de morte entre adultos no município segue índices nacionais. Em primeiro lugar
estão as doenças do aparelho respiratório (30,3%), em segundo lugar as neoplasias (18,5%) e em
terceiro lugar outras causas externas (12,7%). Em relação as causas externas, em 2010 foi feito
registro de 9 mortes por acidente de trabalho, 3 lesões autoprovocadas e 3 outras lesões de causa
externa. O número de homicídios no município em 2011 foi de (2,8/100) (PMAS, 2013).
GRÁFICO 5 – CAUSAS DE MORTES
Fonte: Plano Municipal de Assistência Social, 2013.
7 CARACTERISTICAS SOCIOASSISTENCIAIS
O Cadastro Único é um instrumento de coleta de dados, que tem como objetivo identificar
as famílias de baixa renda no país, para fins de inclusão em programas do governo federal, de
Assistência Social (Minha Casa Minha Vida, Tarifa Social de Energia Elétrica, entre outros) e de
Transferência de renda (Bolsa Família).
Sobre a cobertura do Cadastro Único no município, segundo o Boletim Plano Brasil Sem
Miséria no Município, disponibilizado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a
Fome – MDS:
Ainda segundo dados do MDS, até setembro de 2015, o município havia cadastrado 6.679
famílias. Destas, 1.696 estão em situação de extrema pobreza, ou seja, com renda familiar per capita
até 77 reais. O gráfico a seguir demonstra o percentual de indivíduos extremamente pobres, em
relação ao total de inserções no mês.
GRÁFICO 6 – PERCENTUAL DE INDIVÍDUOS EXTREMAMENTE POBRES INSERIDOS NO MÊS.
Fonte: Cecad, MDS, 2015.
Em setembro de 2015, o município de Brusque tinha 1.690 famílias beneficiárias do PBF, quase
100% da população em extrema pobreza cadastrada no CadÚnico. Os bairros com maior número de
beneficiários foram o bairro Limeira e Águas Claras, com 232 famílias em cada (CECAD, 2015).
Segundo dados do IBGE, em 2010, 1,5% da população brusquense vivia em extrema pobreza.
Destes, 29,3% tem idade entre 0 e 17 anos; 52,8% são homens e 47,2% são mulheres; 87,4% se
declararam brancos e 12,6% como negros; e 1,61% declararam alguma deficiência intelectual.
O gráfico a seguir demonstra os dez bairros com maior número de famílias em extrema
pobreza, segundo dados do Cecad, de setembro de 2015.
GRÁFICO 8 – BAIRROS COM MAIOR NÚMERO DE FAMILIAS EM EXTREMA POBREZA.
Fonte: CECAD, MDS, 2015.
No gráfico abaixo consta a relação entre a renda per capita familiar e o grau de instrução dos
indivíduos incluídos no Cadastro Único (CECAD, 2015). Pode-se observar que a maioria dos
indivíduos incluídos tem o ensino fundamental incompleto.
Todos os dados relacionados a violação de direito foram obtidos por meio do Centro de
Referência Especializado de Assistência Social – CREAS.
Em relação às situações de violência doméstica (física, psicológica, sexual, financeira, etc), o
CREAS recebeu no ano de 2015 114 novos casos de violência, além dos que já estavam sendo
acompanhados desde 2014. O tipo de violação que ficou mais evidente foi a violência contra a
mulher, representando 21% do total de inserções.
Adolescentes em conflito com a lei são aqueles que cometeram algum tipo de ato infracional e
receberam uma medida socioeducativa ou medida de proteção, e que são considerados pelo art. 98
do Estatuto da Criança e do Adolescente, como violadores dos próprios direitos. No ano de 2015 o
CREAS recebeu em média 50 processos, encaminhados pelo Poder Judiciário. Os principais atos
infracionais cometidos são posse e uso de drogas (CREAS, 2015).
Em relação as pessoas em situação de rua no município, que tem todos os direitos sociais
violados (saúde, alimentação, moradia, trabalho), foram identificadas cerca de 30 pessoas nesta
condição (CREAS, 2015).
A política de assistência social foi implantada no município, nos moldes da política nacional, no ano
de 2009. Abaixo segue organograma com a organização atual dos serviços e equipamentos públicos
da política municipal:
Fonte: Secretaria Municipal de Assistência Social, 2015.
O Sistema Único de Assistência Social foi criado em 2004, como um sistema público não
contributivo, descentralizado e participativo, que regula, em todo o território nacional, os serviços,
programas, projetos e benefícios socioassistenciais a serem prestados em rede, conforme o porte do
município e a complexidade dos serviços (PNAS, 2004).
Este equipamento funciona no território com maior incidência de vulnerabilidade social, e tem
como principais objetivos o fortalecimento dos vínculos comunitários e familiares, da função
protetiva das famílias, a prevenção da violência, promoção de garantia de direitos e de uma melhor
qualidade de vida da população (Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, 2013). Estes
objetivos são efetivados por meio do Serviço de Proteção e Atendimento a Famílias e Indivíduos –
PAIF, e do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – SCFV.
Atualmente, o município conta com 01 equipamento CRAS no bairro Azambuja, que abrange
os bairros Azambuja, Paqueta, a localidade da Rua Nova Trento (incluindo suas transversais) e o
Residencial Minha Casa Minha Vida no bairro Cedrinho. Existe também um equipamento CRAS no
bairro Limeira, que abrange Limeira Alta e Limeira Baixa. Para os demais bairros sem cobertura de
CRAS, o município possui um setor de Benefícios Eventuais, que atende as demandas do restante
da população, e que está vinculado ao órgão gestor, a Secretaria Municipal de Assistência Social e
Habitação.
A segunda proteção é a Proteção Social Especial, destinada a famílias e indivíduos que tiveram
seus direitos violados por ocorrência de violência doméstica, abandono, maus-tratos, abuso sexual,
entre outros, ou estão em situação de risco. A PSE ainda é divida em Média Complexidade e Alta
Complexidade
No âmbito da Alta Complexidade, o município conta com uma equipe (assistente social,
psicólogo e educador social) vinculada ao órgão gestor, que acompanha famílias em que os vínculos
familiares foram rompidos por situações de violação de direito, ou por situações de calamidade
pública, por meio dos serviços:
Serviço de Acolhimento Institucional;
Serviço de Acolhimento em Repúblicas;
Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora; e
Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e de Emergências.
A equipe acompanha a família do indivíduo que será acolhido, em conjunto com a equipe técnica da
instituição que irá recebê-lo, com intuito de promover a reinserção familiar. Nem sempre é possível,
por isso em algumas situações crianças e adolescentes são encaminhados para adoção e idosos
permanecem em instituições de longa permanência, sem perspectiva de retorno ao núcleo familiar.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
SACHET, C.; SACHET, S. Santa Catarina 100 anos de História: O Livro. Florianópolis:
Besc,1997.