Você está na página 1de 3

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - FACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA, FONOAUDIOLOGIA E TERAPIA OCUPACIONAL

MFT0921 - Práticas Supervisionadas em Terapia Ocupacional I - 2ºS/2022

Aluno/NºUSP: Isabela Oliveira / 13827243 e Sara Cristine / 13731622

Roteiro 3 - Mapeamento virtual da rede socioassistencial, culturais, coletivos e


movimentos sociais da população

Segundo a Carta de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada


(IPEA), em junho de 2023, a população ocupada (PO) do Brasil representava 100,2 milhões
de brasileiros. Quando pensamos em trabalhadores informais, esse número atinge 40
milhões de indivíduos à margem da precarização, de acordo com dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no primeiro trimestre de 2023. Esses dados
demonstram tamanha expressividade dessa população. Entretanto, encontramos
dificuldades para identificar serviços amplamente divulgados à esse público-alvo.
Iniciamos nossas buscas através de ferramentas de pesquisas conhecidas como
Google e Samsung Internet. Apesar das inúmeras recomendações, os endereços
eletrônicos diziam respeito a matérias sobre a importância de movimentos organizados e o
crescimento deles, mas não continham exemplos de movimentos e serviços do tipo.
Discutindo um pouco sobre a visibilidade que a grande mídia oferece a essas organizações,
optamos por utilizar o Instagram, uma rede que funciona sob algoritmos de recomendação,
mas costuma permitir buscas mais objetivas de perfis em redes sociais, meio fortemente
utilizado por movimentos que requerem apoio popular. Dessa forma, encontramos os
Trabalhadores Sem Direitos, que se definem como um “movimento de luta pela garantia de
direitos básicos das trabalhadoras e trabalhadores informais!”.
O MTSD foi fundado recentemente, no dia 4 de maio de 2022, na escadaria do
Theatro Municipal de São Paulo. A intenção do movimento é somar o maior número de
agregados possível e fortalecer o debate sobre a explosão de trabalhadores precarizados
no Brasil. Ele costuma se articular com através dos diversos meios virtuais de comunicação,
promovendo reuniões, denúncias e reivindicações constantes, inclusive, em parceria com
outros movimentos sociais.
Ao explorar o conteúdo disponível no perfil do movimento, nos recordamos de uma
organização que chamou a atenção da mídia, da população e do corpo político brasileiro
nos últimos anos, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto. Ele foi fundado em 1997 como
uma vertente do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), porém, com viés
urbano. Declara que seu objetivo central é a “luta pelo respeito ao direito constitucional de
moradia”.
Sob tal viés, é formado por trabalhadores urbanos que se encontram na situação
sem teto, ou seja, segundo o presidente, Guilherme Boulos, é majoritariamente formado
por pessoas que não conseguiram pagar os altos preços dos aluguéis nas grandes capitais,
que moravam em áreas de risco ou que foram despejadas. Nessa perspectiva, se habituam
em articulações através do site da organização e o perfil nas redes sociais, onde divulgam
seus encontros, manifestações e ocupações de imóveis que estão em situação de
irregularidade, com o intuito de mobilizar e pressionar as autoridades pela desapropriação
destes. Desta forma, mais de 55 mil famílias passaram pelas ocupações em 20 anos.
Buscando os tópicos do roteiro, demos continuidade ao relatório com a procura por
uma rede socioassistencial que incluísse os trabalhadores. Nesse momento, encontramos
grande dificuldade de identificá-la. Ainda que os indivíduos que compõem esse grupo
possam se beneficiar de redes pensadas nas mais diversas formas de identificação de um
cidadão (gênero, etnia, classe social, etc), quando pensados a partir do trabalho, não
possuem serviços que os considerem amplamente. Dessa forma, destacamos que a rede
informada a seguir pensa somente na entrada no mercado de trabalho de jovens e adultos,
ou seja, lhes fornece as habilidades técnicas necessárias para que façam parte desse
grupo.
Dentro da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social da cidade de São
Paulo há 57 serviços de capacitação profissional e desenvolvimento de habilidades de
jovens e adultos, com acesso à partir do Centro de Referência de Assistência Social
(CRAS). Entre eles, destacamos dois serviços da Proteção Social Básica, o Centro de
Desenvolvimento Social e Produtivo para Adolescentes, Jovens e Adultos (CEDESP) e o
Restaurante Escola.
O CEDESP se compromete a desenvolver atividades profissionalizantes com
pessoas a partir de 15 anos, ampliando repertório cultural, participação na sociedade e,
consequentemente, capacitação profissional para conquistar emprego e autonomia. Ele
funciona de segunda a sexta- feira, em turnos de quatro horas para o período diurno e três
horas para o noturno. Já o Restaurante Escola é um programa que procura desenvolver
habilidades gastronômicas para jovens de 17 a 21 anos, visando formação profissional,
inclusão no mercado de trabalho e o desenvolvimento de atividades socioeducativas que
propiciam o convívio social, cultural e criativo. O projeto funciona de segunda a sexta-feira,
das 8h às 17h, por meio de cursos semestrais.
Em síntese, esse exercício do mapeamento virtual foi de grande importância para o
melhor entendimento sobre a população que estamos nos debruçando. Compreender como
funcionam as lutas, os vínculos, políticas públicas, dados estatísticos e os serviços
disponíveis nos ajuda a perceber o panorama desse campo e, assim, a atuação da terapia
ocupacional nele.

Referências

Jovens e Adultos | Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social |


Prefeitura da Cidade de São Paulo. Disponível em:
<https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/assistencia_social/jovens_e_adultos/ind
ex.php>. Acesso em: 25 ago. 2023.

Mercado de Trabalho | Carta de Conjuntura. Disponível em:


<https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/category/mercado-de-trabalho/>.

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto | Site Oficial. Disponível em: <https://mtst.org/>
Acesso em: 25 ago. 2023

País tem taxa de informalidade de 38,9% no trimestre até abril, diz IBGE. Disponível em:
<https://revistapegn.globo.com/economia/noticia/2023/05/pais-tem-taxa-de-informalidade-de
-389-no-trimestre-ate-abril-diz-ibge.ghtml>.

REDAÇÃO. Trabalhadores Sem Direito: surge novo movimento social - Outras Palavras.
Disponível em:
<https://outraspalavras.net/trabalhoeprecariado/trabalhadores-sem-direito-surge-um-novo-m
ovimento-social/>.

Você também pode gostar