Você está na página 1de 20

POBREZA MULTIDIMENSIONAL

NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
2022
REALIZAÇÃO
Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)
Índice
Youssouf Abdel-Jelil – Representante do UNICEF no Brasil Para cada criança e adolescente, direitos....................... 5
Liliana Chopitea – Chefe de Políticas Sociais, Monitoramento
e Avaliação do UNICEF no Brasil Introdução......................................................................... 7
Sonia Yeo – Chefe de Comunicação e Advocacy do UNICEF no
Brasil Revisão da Literatura..................................................... 10

NÚCLEO EDITORIAL
Metodologia.................................................................... 12
Santiago Varella – Especialista em Políticas Sociais do UNICEF
no Brasil
Resultados....................................................................... 15
Boris Diechtiareff – Especialista em Monitoramento e
Avaliação do UNICEF no Brasil Educação e Renda...................................................... 16
Willian Wives – Oficial de Monitoramento e Avaliação do
UNICEF no Brasil Desigualdades Regionais............................................ 18
Tatiana Santiago – Oficial de Monitoramento e Avaliação do
UNICEF no Brasil Resultados por Cor/Raça............................................ 21
Elisa Meirelles Reis – Oficial de Comunicação do UNICEF no
Brasil Resultado por Dimensão............................................ 22

PESQUISA
Educação.................................................................... 25
Daniel Vasconcellos Archer Duque – Pesquisador
Pobreza Alimentar....................................................... 30
Projeto gráfico, capa e diagramação – Victor Malta
Foto de capa – ©UNICEF/BRZ/Erico Hiller Conclusão........................................................................ 35

unicef.org.br Referências Bibliográficas.............................................. 37


facebook.com/unicefbrasil
twitter.com/unicefbrasil Anexo............................................................................... 38
Instagram.com/unicefbrasil

Outubro, 2023
4 UNICEF 5

Para cada criança e adolescente,


direitos
Os direitos de crianças e adolescentes são indissociáveis e interligados. Es-
tar na escola, aprender, ter acesso a moradia adequada, água e saneamen-
to, ter acesso a uma renda compatível com suas necessidades básicas, ter
acesso à informação, viver protegido contra violências, são todos direitos
que precisam ser garantidos de forma conjunta a cada menina e menino.
Quando uma criança ou adolescente não tem acesso a um ou mais direitos,
significa que vive na pobreza, em suas múltiplas dimensões.

Para colocar luz sobre esse tema, o UNICEF desenvolveu este estudo. Os da-
dos mostram que, mesmo com a pandemia da covid-19, nos últimos anos, o
Brasil conseguiu reduzir, de forma lenta, a maioria das privações a que crian-
ças e adolescentes estão expostos. O percentual de meninas e meninos na
pobreza multidimensional caiu de 62,9%, em 2019, para 60,3%, em 2022.
Tal percentual corresponde a 31,9 milhões de crianças e adolescentes brasi-
leiros privados de um ou mais direitos, de um total de 52,8 milhões no País.

Entre as privações analisadas, chama atenção a piora recente na dimensão de


educação, especialmente no que diz respeito ao analfabetismo. A proporção de
crianças de 7 anos de idade que não sabem ler e escrever saltou de 20% para
40% entre 2019 e 2022 – trazendo um alerta para a urgência de políticas públicas
coordenadas em nível nacional, estadual e municipal para reverter esse quadro.

O relatório destaca, também, a renda necessária para uma alimentação ade-


quada – que foi impactada pela alta nos preços dos alimentos – e a questão
do saneamento básico, que, embora apresente alguma melhora, continua
sendo a privação que impacta mais meninas e meninos no País.

As disparidades regionais também se mantém como ponto de atenção, as-


sim como as desigualdades relacionadas a cor/raça, que diminuíram entre
2019 e 2022, mas ainda são grandes.
©UNICEF/BRZ/Diego Souza

Mudar esse cenário passa, necessariamente, por priorizar crianças e adoles-


centes na agenda pública e no orçamento nacional, e investir em políticas
públicas articuladas, voltadas à garantia dos direitos de cada criança e ado-
lescente, sem exceção. Boa leitura!
6 UNICEF POBREZA MULTIDIMENSIONAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 7

Introdução
A pobreza na infância e na adolescência tem múltiplas dimensões, que vão
além da monetária. É o resultado da interrelação de privações e exclusões,
além das diferentes vulnerabilidades a que meninas e meninos estão expos-
tos e que impactam seu bem-estar. Considerando tais aspectos, o UNICEF
decidiu refletir sobre as dimensões da pobreza, realizando um estudo que foi
publicado em 2018, com dados de 2015, para estimar o quantitativo de crian-
ças e adolescentes privados de seus direitos, considerados em situação de
pobreza multidimensional. Aquele relatório foi atualizado em 2023, utilizando
dados até 2019 para diversas dimensões, e até 2021 para Educação, Renda
e Alimentação1.

Dando continuidade a tal esforço, nesta publicação, com base na Pesquisa


Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) Anual, dos anos 2016
a 2022, são analisados o acesso de crianças e adolescentes a seis direitos
básicos: renda, educação, informação, água, saneamento e moradia.

Adicionalmente, utilizando a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de


2017/18, será avaliada uma outra dimensão, a de Alimentação, que será apli-
cada às edições da 5ª Entrevista da PNADC Anual. Por outro lado, a dimensão
de Trabalho Infantil não poderá ser avaliada, devido à ausência dessas variá-
veis na edição da 5ª Entrevista da PNADC Anual de 2020 a 2022.

A ausência de um ou mais desses direitos coloca meninas e meninos em


uma situação de “privações múltiplas” – uma vez que os direitos humanos
não são divisíveis, precisam ser assegurados conjuntamente. Como parte
do estudo, foram analisadas também as disparidades no acesso a esses di-
reitos no Brasil, segmentando dados por regiões e subgrupos populacionais
– como negros e brancos.

Os resultados mostram que a Pobreza Multidimensional na infância e na ado-


lescência varia entre 60% e 64%, a depender dos anos – os mais recentes
©UNICEF/BRZ/Danielle Pereira

– e das faixas etárias selecionadas. Tal percentual corresponde a um número


de cerca de 31,9 milhões de crianças, do total de 52,8 milhões em 2022,
de acordo com as estimativas da PNADC. Esses números mostram que,
1 https://www.unicef.org/brazil/panorama-da-pobreza-multidimensional-na-infancia-e-na-adolescencia-no-brasil
8 UNICEF POBREZA MULTIDIMENSIONAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 9

apesar da pandemia, a tendência continuou sendo de redução das privações


ao longo dos últimos anos, ainda que de forma lenta e heterogênea, puxada
principalmente pelas dimensões de Informação e de Renda.

É importante acrescentar que se observa uma piora recente na dimensão


de Educação, especialmente relacionada ao analfabetismo. Atualmente, cer-
ca de 40% das crianças de sete anos são consideradas analfabetas, frente
a 20% em 2019. Todos os coortes afetados pela pandemia durante a fase
de alfabetização mostram considerável e consistente aumento das taxas de
analfabetismo. Por outro lado, é possível que a privação de estar na escola na
idade certa tenha sido afetada positivamente por mero efeito estatístico de
maior número de aprovações ao longo da pandemia.

Analisando separadamente uma dimensão adicional de Pobreza Alimen-


tar, também são encontrados resultados diversos ao da dimensão de ren-
da. Apesar da expansão das transferências de renda no período posterior à
pandemia, em 2022, havia ainda um percentual de crianças e adolescentes
abaixo da linha de pobreza alimentar levemente acima do nível de 2019. Tal
diferença se deve principalmente ao grave aumento do preço dos alimentos.

Pontos principais:

• Privações médias caíram, apesar da pandemia: a proporção de crianças


privadas de algum direito caiu de 62,9%, em 2019, para 60,3%, em 2022.

• Informação e Renda são os índices que mais puxaram: em 2022, apenas


3,1% das crianças e adolescentes estavam privados na dimensão de In-
formação, frente a 7,1% em 2019. Na dimensão de Renda, a proporção
caiu de 39,3% para 36% no mesmo período.

• Na Educação o cenário é mais adverso, com visível piora no analfabetis-


mo, especialmente para indivíduos negros afetados pela pandemia na
faixa de alfabetização. A proporção de crianças de sete anos de idade que
não sabem ler nem escrever saltou de 20% para 40% entre 2019 e 2022.

• Os dados da privação relativa a estar na escola na idade certa podem ser


resultado da aprovação automática na pandemia.

• Quanto à Pobreza Alimentar, considerada alternativa à linha de Pobreza


Geral, a situação está ainda levemente pior do que 2019: cerca de 20%
da população de crianças e adolescentes têm renda familiar abaixo do
necessário para uma alimentação apropriada.

• A divergência entre pobreza geral e alimentar resulta de uma alta dos pre-
ços dos alimentos maior do que a variação da cesta geral de consumo.

©UNICEF/BRZ/Diego Souza
10 UNICEF POBREZA MULTIDIMENSIONAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 11

©UNICEF/BRZ/Erico Hiller
Revisão da Literatura
A abordagem multidimensional da pobreza é um tema cada vez mais fre- particularmente útil para dados ordinais, e oferece uma série de propriedades
quente na literatura acadêmica, movendo-se para além da avaliação exclu- desejáveis, incluindo a decomposição.
siva de renda ou consumo per capita como medidas de privação. Atkinson
Em contrapartida, Ravallion (2011) oferece uma crítica ponderada às tentativas
(2003) levanta questões fundamentais sobre como entender a interação en-
de sintetizar a pobreza em índices multidimensionais únicos. O autor sugere
tre diferentes dimensões da pobreza. O autor propõe um desafio: devemos
que, ao invés de um único índice multidimensional, devemos desenvolver um
nos preocupar com a união daqueles que são privados em pelo menos uma
conjunto credível de múltiplos índices, abrangendo as dimensões da pobreza
dimensão, ou com a intersecção daqueles que são privados em todas as di-
mais relevantes para um contexto específico. Esse autor ressalta que, quando
mensões? Este trabalho estabelece um arcabouço comum para abordagens
necessários, os pesos para a agregação não devem ser definidos exclusiva-
diferenciadas, e discute sua relação com conceitos de bem-estar social.
mente por um analista, mas, tanto quanto possível, devem ser consistentes
Bourguignon & Chakravarty (2009) argumentam pela necessidade de uma com escolhas bem-informadas feitas pelos próprios indivíduos pobres.
definição prática de pobreza que integre várias dimensões. Para eles, a maio-
Alkire et al. (2015) consolidam o rápido desenvolvimento na medição e na
ria das tentativas existentes ainda recai na agregação de vários atributos em
análise da pobreza multidimensional. O livro é dirigido a estudantes de pós-
um único índice, o que, na prática, mantém a pobreza como um conceito uni-
-graduação em ciências sociais quantitativas, pesquisadores de medição da
dimensional. Sugerem, então, que cada dimensão da pobreza deve ter sua
pobreza e pessoal técnico em governos e agências internacionais. Os auto-
própria linha de pobreza, e que uma pessoa deve ser considerada pobre se
res oferecem uma visão completa de várias técnicas multidimensionais, e
estiver abaixo de pelo menos uma dessas linhas. Este artigo explora formas
abordam questões pré e pós-estimativas, como escolhas normativas e tes-
de combinar essas várias linhas de pobreza em medidas multidimensionais.
tes de robustez.
Alkire & Foster (2011) vão além, e propõem uma nova metodologia para a
Em resumo, enquanto existe um consenso sobre a necessidade de abordar a
mensuração da pobreza multidimensional. Seu método utiliza dois tipos de
pobreza de forma multidimensional, ainda há debates sobre a melhor manei-
corte: um dentro de cada dimensão, para determinar se uma pessoa está
ra de medir, agregar e interpretar as diferentes dimensões. A literatura revela
privada naquela dimensão; e outro entre dimensões, para identificar as pes-
uma progressão desde a conceitualização teórica até a aplicação prática, mas
soas pobres por meio da “contagem” das dimensões em que estão priva-
aponta também para a necessidade de cautela e reflexão crítica ao avançar
dos. A agregação é feita usando as medidas FGT (Foster-Greer-Thorbecke),
nessa direção.
devidamente ajustadas para acomodar a multidimensionalidade. O método é
12 UNICEF POBREZA MULTIDIMENSIONAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 13

Metodologia Tabela 1: Dimensões da pobreza infantil multidimensional

Além de entender as múltiplas privações a que os indiví-


duos estão expostos, é necessário observar a intensida- DIMENSÃO SEM PRIVAÇÃO PRIVAÇÃO INTERMEDIÁRIA PRIVAÇÃO EXTREMA FONTE
de com que cada privação os afeta. Para tanto, foi feita
uma análise de cada uma das dimensões presentes no
PNADC 1ª Entrevista,
estudo, categorizando o que seria uma privação interme- Criança/adolescente 9-17 anos Criança/adolescente 4-17 2016,17,18,19,22;
diária – acesso ao direito de maneira limitada ou com que frequenta escola, mas com anos que não frequenta um
má qualidade – e uma privação extrema – sem nenhum Criança / adolescente em idade atraso. estabelecimento educacional. PNADC 5ª Entreviswta,
acesso ao direito. escolar (4-17) que frequenta 2016,17,18,19,20,21,22
EDUCAÇÃO escola sem atraso e sabe ler e
O indicador global começa por estabelecer um perfil de escrever a partir dos 7 anos de
privação para cada indivíduo, mostrando de qual dos in- idade. PNADC 1ª Entrevista,
dicadores está sendo privado. Cada um é identificado Criança maior de 7 anos Criança maior de 7 anos 2016,17,18,19,22;
como privado ou não privado em cada indicador, com analfabeta que frequenta um analfabeta que não frequenta um
base em um corte de privação (Tabela 1, a seguir). estabelecimento educacional. estabelecimento educacional. PNADC 5ª Entrevista,
2016,17,18,19,20,21,22
Tal como ocorrido em outras avaliações sobre o tema, a
seleção das variáveis para as dimensões é fortemente Criança/adolescente de 9-17 anos Criança/adolescente de 9-17 anos
determinada pela fonte de dados. Nem todas as dimen- Criança/adolescente de 9-17 anos
que não teve acesso à internet que não teve acesso à internet no PNADC 1ª Entrevista,
sões que se pretende avaliar são analisadas pela PNA-
INFORMAÇÃO que acessou a internet no último
no último ano em casa, mas tinha último ano em casa, nem tinha 2016,17,18,19,22
ano.
DC, como Saúde. Ao final, a inclusão das dimensões uma televisão em casa. uma televisão em casa.
na PNADC aproxima a metodologia fortemente daquela
realizada pelo UNICEF (2022), com exceção de Trabalho Criança/adolescente de 0-17 anos Criança/adolescente de 0-17 em
Criança/adolescente de 0-17
Infantil. em casa com até quatro pessoas casa com mais de quatro pessoas
anos em casa com três ou menos PNADC 1ª Entrevista,
MORADIA por dormitório, com paredes e por dormitório, ou com paredes e
pessoas por dormitório, com tetos 2016,17,18,19,22
Apesar de semelhanças notáveis relativas à metodologia teto de material inadequado (ex.: teto de material inadequado (ex.:
e paredes de material adequado.
e às variáveis, este estudo apresenta também distinções madeira aproveitada). madeira aproveitada).
importantes em relação ao relatório mencionado ante-
riormente. A primeira é relativa ao período e à própria Criança/adolescente de 0-17 anos Criança/adolescente de 0-17
Criança/adolescente de 0-17 anos
fonte: diferentemente do anterior, este relatório somen- em casa servida por água dentro anos em casa servida por água PNADC 1ª Entrevista,
ÁGUA em casa que não receba água
da casa, procedente de fonte canalizada somente no terreno/ 2016,17,18,19,22
te utiliza a POF de 2017/18 para o capítulo relativo às canalizada.
segura. área externa à propriedade.
linhas de pobreza alimentar.

Além de excluir a dimensão do Trabalho Infantil, este Criança/adolescente de 0-17 Criança/adolescente de 0-17
relatório utiliza a PNADC Anual da primeira entrevista, anos em casa com banheiro de anos em casa com banheiro Criança/adolescente de 0-17 anos
PNADC 1ª Entrevista,
diferentemente do relatório anterior, que conectava
SANEAMENTO uso exclusivo e fossa séptica compartilhado com pessoas de em casa sem banheiro ou com
2016,17,18,19,22
ou descarga na rede coletora ou fora do domicílio ou com fossa vala a céu aberto.
as PNADC Anuais da primeira e da quinta entrevistas.
pluvial. rudimentar.
Assim sendo, não haverá dados de privação geral para
2020 e 2021, anos em que não foram realizadas as PNADC 1ª Entrevista,
Criança/adolescente de 0-17 anos Criança/adolescente de 0-17 anos Criança/adolescente de 0-17 anos
edições da primeira entrevista. No entanto, é possível 2016,17,18,19,22;
em casa na qual a renda familiar em casa na qual a renda familiar em casa na qual a renda familiar
obter esses dados usando as edições da quinta entre- RENDA
se encontra acima da linha de se encontra abaixo da linha de se encontra abaixo da linha de
PNADC 5ª Entrevista,
vista para as dimensões de educação e renda que serão pobreza monetária. 2
pobreza monetária. pobreza monetária extrema3.
2016,17,18,19,20,21,22
apresentadas.
2 R$ 541 mensais por pessoa em áreas urbanas e R$ 386 em áreas rurais, a preços médios de 2022
3 R$ 220 mensais por pessoa em áreas urbanas e R$ 180 em áreas rurais, a preços médios de 2022
14 UNICEF POBREZA MULTIDIMENSIONAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 15

A PNAD Contínua contém informações sociodemográficas das famílias, in-


cluindo Educação, Moradia e Renda Monetária. A POF, por outro lado, é uma
pesquisa realizada em períodos irregulares, entre a segunda metade de um
ano e a primeira metade do ano seguinte, com informações de Consumo
e Alimentação, além de outras informações sociodemográficas comuns à
PNADC.

Para nossos resultados, considerando que as privações são dependentes da


faixa etária, serão mostrados resultados para todos os grupos: (i) para todas
os indivíduos – crianças e adolescentes –, sendo que aqueles que estão fora
da faixa de uma privação específica serão considerados não privados; e (ii) Resultados
para aqueles com idade entre 9 e 17 anos, faixa para a qual todas as dimen- O Gráfico 01 a seguir mostra o percentual de Pobreza Multidimensional como
sões são aplicáveis. percentual de crianças e adolescentes de 0 a 17 e de 9 a 17 anos de idade
com alguma privação. Os resultados são mostrados para a PNADC de 2016
a 2019, e então 2022.
Gráfico 01
Percentual de crianças e adolescentes com alguma privação

0 a 17 anos 9 a 17 anos
68% 67,8%
66,1% 65,8% 65,8%
64,3% 63,8%
% 62,9%
60,3% 60,5%
60

50

40

Dados não Dados não


divulgados divulgados
30

20

10

0
2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 ANO

Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 1ª Entrevista

O Gráfico 01 mostra que até 2019 havia cerca de 63% do universo de crianças
e adolescentes de 0 a 17 anos com alguma privação; e pouco mais de 64%,
©UNICEF/BRZUeslei Marcelino

quando considerados apenas indivíduos de 9 a 17 anos de idade, que estão


sujeitos a todas as privações listadas, de acordo com a metodologia exposta
anteriormente. No ano de 2022, no entanto, esses percentuais caem, e con-
vergem para um valor em torno de 60,5%.
16 UNICEF POBREZA MULTIDIMENSIONAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 17

Educação e Renda Os dados mostram que 2021 foi o ano com o maior percentual de crianças
Como discutido anteriormente, o período de aplicação da metodologia é sig- e adolescentes com alguma privação – de 48,2% para a faixa de 0 a 17 anos
nificativamente afetado pela falta de disponibilidade de dados para as dimen- de idade, e 48,6% para a faixa de 9 a 17 anos de idade. No entanto, no ano
sões. Por conta dos desafios impostos pela pandemia, o IBGE não divulgou seguinte esse percentual caiu significativamente – para 42,4% em ambas as
a primeira entrevista dos anos 2020 e 2021. Para realizar esta análise de faixas etárias –, alcançando um nível mais baixo do que o registrado em 2019,
Educação e Renda em 2020 e 2021, optou-se, então, por utilizar a PNADC porém ainda mais alto do que em 2020.
Anual 5ª Entrevista. Os dados desta sessão (Educação e Renda) apresentam
O Gráfico 03 a seguir separa o anterior nas duas dimensões disponíveis –
algumas diferenças em relação ao restante da publicação, portanto só po-
educação e renda. Grande parte das variações é explicada pela dimensão
dem ser comparados entre si.
Renda – até 2019, cerca de 40% do total de crianças e adolescentes de 0 a
O Gráfico 02 a seguir mostra o percentual de crianças e adolescentes vítimas 17 anos sofriam privação de renda. Esse índice caiu para pouco mais de 36%
de alguma privação nas dimensões Educação e Renda, cuja disponibilidade no ano seguinte, crescendo novamente para quase 44%, em 2021, e caindo
de dados segue continuamente até 2022 nas edições da quinta entrevista. novamente em 2022, agora para 38%. No caso da Educação, havia em 2019
Apesar da tendência de baixa até 2020, houve grande aumento em 2021, menos de 9% do total de crianças e adolescentes em situação de privação.
quando o número de indivíduos privados de algum direito nessas dimensões Esse percentual subiu para 10,4% em 2021, caindo para 9,4%, em 2022 –
foi maior do que em 2017, no início do período. percentual ainda maior do que o registrando antes da pandemia.

Gráfico 02 Gráfico 03
Percentual de crianças e adolescentes com alguma privação (educação ou renda) Percentual de crianças e adolescentes com alguma privação, por dimensão (0 a 17 anos)

% 0 a 17 anos 9 a 17 anos % Educação Renda


50 48,1% 48,5% 10 10,3% 50
47,8% 46,7% 10,1%
45,8% 45,8% 9,3% 9,3%
44,7% 44,1% 8,8% 43,8%
42,4% 42,4% 42,3% 8,6% 41,6%
40,5% 40,8% 40,4%
40 8 40 38%
36,1%

30 6 30

20 4 20

10 2 10

0 0
2017 2018 2019 2020 2021 2022 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2017 2018 2019 2020 2021 2022
ANO ANO
Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 5ª Entrevista Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 5ª Entrevista
18 UNICEF POBREZA MULTIDIMENSIONAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 19

Desigualdades Regionais Esse Quadro de Mapas 01 mostra uma grande diferença regional relativa-
Os mapas 01 e 02, a seguir mostram, por unidade da Federação, o percentual mente à pobreza multidimensional. Destaca-se que, em 2022, quatro dos 27
de crianças e adolescentes sofrendo qualquer privação. Os números refe- estados apresentavam mais de 90% de crianças e adolescentes sofrendo
rem-se a 2022, último ano com informação para todos os indicadores. privação de algum de seus direitos fundamentais – todos nas regiões Norte
(Pará e Amapá) e Nordeste (Maranhão e Piauí). Por outro lado, apenas nos es-
tados do Sudeste e no Distrito Federal encontram-se percentuais de crianças
Mapas 01 e 02
Percentual de crianças e adolescentes com alguma privação, por estado e adolescentes inferiores a 50%, e apenas dois deles abaixo de 40% - São
2019 Paulo e a própria Capital Federal.
85,4%
No entanto, grande parte da privação dos direitos pode ser reflexo direto
94,9%
das condições econômicas regionais, com crianças e adolescentes vivendo
abaixo da linha de pobreza monetária em estados com menor PIB per capita.
86,4% 93,2% O Mapa 03 a seguir mostra o percentual de crianças e adolescentes que so-
92,4% 81% 90,4%
80,3% frem privação de qualquer direito mencionado anteriormente, com exceção
97,1% 77%
84,7%
de rendimento (dimensão Renda).
84% 86,9%
91,7%
76,7% 81,3%
77,3%
38,6% Mapa 03
Percentual de crianças e adolescentes com alguma privação não
60%
monetária em 2022, por estado
47,2%
66,3% 52,9%
41% 64,5%
84,9%
50,9% 49,5%

52,3%
51,6% 73,2% 87,6%
83,5% 61,3%
74,8%
64%
88,3% 51,2%
73,6%
69,1% 69,3%
2022 81,1%
53,6% 61%
68,8%
75,8% 24,5%
91,7%
49,8%
28,8%
80,9% 91,2% 55,1% 37,3%
90,2% 80% 85,5% 21,2%
78,9%
91,6% 73,4%
83,9% 36,9% 32,3%
77,3% 83,8%
85,2%
75,3% 77% 48,4%
74,9%
37,6% 39,2%
59,9%
46,8%
63,3% 53,9%
35,7% Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 1ª Entrevista

46,8% 48,5%
Observa-se uma queda destacada para o percentual de crianças e adoles-
53,1% centes nos estados de Pernambuco e Bahia. No entanto, os percentuais em
50%
2022 ainda são significativos. Dois estados – Piauí e Pará – permanecem
com níveis acima de 85%, enquanto apenas São Paulo e o Distrito Federal
Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 1ª Entrevista registram percentual abaixo de 30%.
20 UNICEF POBREZA MULTIDIMENSIONAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 21

Ainda quanto à distinção entre Pobreza Monetária e Não Monetária, a Tabela Resultado por Cor/Raça
02 a seguir mostra a intercessão entre ambas. Em 2022, dos 46,8% de crian- O Gráfico 04 a seguir mostra os resultados discutidos acima por cor/raça. É
ças e adolescentes com alguma privação não monetária, quase 50% sofriam visível a desigualdade racial no quesito “pobreza multidimensional”, mas se
de Pobreza Monetária. Por outro lado, dos 36% de crianças e adolescentes reduzindo ao longo do tempo. Enquanto a diferença entre crianças e adoles-
pobres, cerca de dois terços sofriam alguma Privação Não Monetária. centes brancas e negras era de cerca de 22 pontos percentuais em 2019, em
2022 se reduz para pouco mais de 20 pontos percentuais.
Tabela 02
Relação de crianças e adolescentes (0 a 17 anos) com alguma privação não monetária e
abaixo da linha da pobreza – 2022 Gráfico 04
Percentual de crianças e adolescentes com alguma privação
80
Pobreza Não Monetária 75,9% 75,1%
73,3% 71,9%
2019
Privado ao 68,8%
Não privado Privado Total
Extremo

Não Pobre 37.1% 18.9% 4.6% 60.7% 60

52,3% 52,7% 51,5%


49,8%
48,2%
Pobre 10.0% 11.3% 5.4% 26.7%
Pobreza
Monetária Extremamente 40
2.8% 5.5% 4.4% 12.6%
Pobre Dados não
divulgados
Total 49.9% 35.7% 14.4% 100%

20

Pobreza Não Monetária


2022
Privado ao
Não privado Privado Total
Extremo 0
2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
Não Pobre 39.7% 20.0% 4.3% 64.0% Brancos Negros

Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 1ª Entrevista

Pobre 10.8% 10.7% 5.0% 26.4%


Pobreza
Monetária Extremamente
2.7% 4.0% 2.9% 9.6%
Pobre

Total 53.1% 34.6% 12.2% 100%

Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 1ª Entrevista


22 UNICEF POBREZA MULTIDIMENSIONAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 23

Resultado por Dimensão Tabela 04


Crianças e adolescentes de 0 a 17 anos com privações em 2022, por estado
A Tabela 03 mostra o resultado dos percentuais e números absolutos de
(em porcentagem)
crianças e adolescentes que sofrem privação de algum direito, por dimensão.
Total *pelo
Educação Informação Moradia Água Saneamento Renda
Tabela 03 menos 1 privação
Percentual e número absoluto de crianças e adolescentes com alguma privação,
por dimensão
RO 7,54 3,67 7,2 4,88 74,99 27,77 85,2
AC 16,28 12,04 17,21 20,15 63,41 56,28 83,9
Educação Informação Moradia Água Saneamento Renda AM 10,39 8,74 24,11 13,47 61,97 52,39 80,9
(4-17) (9-17) (0-17) (0-17) (0-17) (0-17)
RR 10,62 2,71 25,01 6,43 48,52 50,03 75,8
% total 10,4% 16,2% PA 15,56 8,79 16,77 14,18 84,22 47 91,2
10,5% 6,7% 41,8% 40,3%
2016 % faixa etária 13,2% 30,8% AP 11,14 4,55 16,07 3,58 81,98 52,15 91,7
Absoluto 5.708.530 8.901.115 5.789.735 3.698.847 22.986.481 22.198.880 TO 8,67 4,15 7,88 5,08 63,69 40,58 77,3
% total 9,8% 12,3% MA 11,88 7,71 11,53 14,66 79,64 58,38 90,2
11,1% 7,1% 41,2% 41,0%
2017 % faixa etária 12,5% 23,6% PI 13,55 5,19 7,01 12,59 85,36 53,01 91,6
Absoluto 5.335.200 6.651.763 6.046.377 3.844.670 22.364.751 22.233.233 CE 8,28 4,09 9,48 9,4 50,12 56,41 80
% total 9,4% 9,3% RN 13,03 3,48 5,75 8,43 68,93 54,02 85,5
10,8% 6,5% 40,8% 39,9%
2018 % faixa etária 12,1% 18,3% PB 12,1 4,25 6,21 14,89 57,44 53,87 78,9
Absoluto 5.071.992 5.019.626 5.831.154 3.512.687 21.971.601 21.483.931 PE 9,17 3,89 6,44 10,56 40,69 55,83 73,4

% total 8,7% 7,1% AL 11,94 3,68 6,17 11,01 61,51 55,14 83,8
10,9% 6,4% 39,5% 39,3%
2019 % faixa etária 11,1% 14,0% SE 13,15 3,86 4,73 5,34 53,16 55,3 77

Absoluto 4.647.756 3.810.875 5.821.775 3.403.326 21.079.708 21.009.092 BA 10,91 3,86 5,46 7,39 45,36 53,54 75,3

% total 8,3% 3,1% MG 6,19 1,9 4,29 1,16 19,88 30,15 46,8
9,4% 5,4% 37,0% 36,0% ES 8,21 2,27 7,62 1,16 25,84 31,56 53,9
2022 % faixa etária 10,5% 6,1%
RJ 6,49 2,6 12,9 4,17 14,18 31,93 48,5
Absoluto 4.366.023 1.618.507 4.956.680 2.846.286 19.525.214 19.009.445
Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 1ª Entrevista
SP 5 0,88 9,88 1,21 7,8 23,48 35,7
PR 6,4 1,83 5,12 1,15 27,84 19,52 46,8
Verifica-se alta incidência de crianças e adolescentes que vivem com privação
SC 4,71 1,69 5,1 1,57 41,25 12,77 53,1
de Saneamento e Renda adequados – de 37% e 36%, respectivamente, no
último ano. Em seguida, Educação e Moradia são as dimensões com maior RS 7,4 1,36 4,06 1,75 30,06 19,59 50
percentual de crianças e adolescentes em condição de privação – 10,5% e MS 11,35 1,53 7,96 1,52 43,96 26,08 63,3
9,4%, respectivamente, em 2022. As Tabelas 04 e 05 a seguir mostram per-
MT 8,06 1,66 9,04 4,46 63,02 22,54 74,9
centuais, por dimensão, de crianças e adolescentes que vivem em condições
de privação em cada Estado. GO 7,4 1,23 4,59 4,05 41,21 28,25 59,9
DF 6,7 1,44 7,17 0,27 11,44 20,52 37,8
BR 8,27 3,06 8,58 5,39 36,98 36 60,3
Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 1ª Entrevista
24 UNICEF POBREZA MULTIDIMENSIONAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 25

Tabela 05 Educação
Crianças e adolescentes de 0 a 17 anos com privações intermediárias e extremas em
Em relação à educação, as privações são de acesso à escola na idade certa
2022, por estado (em porcentagem)
e alfabetização. A Tabela 06 a seguir expõe a trajetória da primeira privação
Educação Informação Moradia Água Saneamento Renda desta dimensão, de 2016 até 2022.
Interme- Interme- Interme- Interme- Interme- Interme-
Extrema Extrema Extrema Extrema Extrema Extrema
diária diária diária diária diária diária Tabela 06
Privação 1: acesso à escola na idade certa (% de crianças e
RO 5.05 2.49 3.27 0.40 4.69 2.51 3.79 1.09 73.96 1.03 21.62 6.15
adolescentes de 4 a 17 anos sem acesso à escola na idade certa)
AC 11.36 4.92 9.66 2.38 8.93 8.28 8.43 11.72 33.60 29.81 37.08 19.20

AM 6.70 3.69 6.69 2.05 10.49 13.62 3.06 10.41 39.79 22.18 37.10 15.29 Sem privação Privação Intermediária Privação Extrema
RR 6.83 3.79 1.86 0.85 10.75 14.26 2.88 3.55 43.82 4.70 35.62 14.41 2016 89.6% 6.3% 4.1%
PA 12.77 2.79 6.35 2.44 8.57 8.20 4.08 10.10 67.20 17.02 32.57 14.43 2017 89.9% 5.9% 3.9%
AP 8.08 3.06 4.42 0.13 9.99 6.08 1.14 2.44 68.72 13.26 36.22 15.93 2018 90.9% 5.5% 3.6%
TO 6.86 1.81 3.46 0.69 5.62 2.26 2.49 2.59 60.93 2.76 32.88 7.70 2019 91.5% 5.0% 3.5%
MA 9.62 2.26 6.38 1.33 5.85 5.68 8.35 6.31 60.34 19.30 35.93 22.45 2022 93.8% 3.4% 2.9%
Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 1ª Entrevista
PI 11.18 2.37 4.19 1.00 5.03 1.98 6.68 5.91 71.13 14.23 36.10 16.91

CE 5.99 2.29 3.69 0.40 6.03 3.45 4.70 4.70 44.09 6.03 38.85 17.56 Verifica-se uma leve melhora entre 2016 e 2019, em relação tanto à privação
RN 10.91 2.12 2.60 0.88 4.27 1.48 5.19 3.24 64.42 4.51 36.71 17.31 intermediária quanto à privação extrema. Em 2022, os percentuais caem no-
vamente, especialmente o de privação intermediária – 1,6 ponto percentual
PB 9.22 2.88 4.01 0.24 4.87 1.34 1.98 12.91 48.09 9.35 35.72 18.15
mais baixa em relação a 2019 –, enquanto o de privação extrema cai apenas
PE 6.69 2.48 3.63 0.26 3.12 3.32 2.06 8.50 32.06 8.63 38.26 17.57 0,6 ponto percentual no período.
AL 8.89 3.05 3.21 0.47 4.05 2.12 2.68 8.33 51.39 10.12 40.04 15.10
O Gráfico 05 a seguir, construído com base na quinta entrevista da PNAD
SE 10.68 2.47 3.45 0.41 2.94 1.79 0.51 4.83 46.35 6.81 39.37 15.93 Contínua para cada ano, apresenta o percentual de crianças e adolescentes
BA 8.57 2.34 3.35 0.51 4.65 0.81 2.93 4.46 39.12 6.24 35.17 18.37 com atraso escolar, por idade, mostrando uma redução significativa para ida-
des mais avançadas durante a pandemia, principalmente em 2022.
MG 4.22 1.97 1.81 0.09 3.06 1.23 0.89 0.27 15.24 4.64 25.09 5.06
Gráfico 05
ES 5.63 2.58 2.17 0.10 5.10 2.52 0.80 0.36 19.67 6.17 24.09 7.47 Percentual de crianças e adolescentes atrasadas na escola, por idade
%
RJ 4.72 1.77 2.40 0.20 7.05 5.85 3.31 0.86 9.05 5.13 22.81 9.12 50
2017
SP 3.28 1.72 0.82 0.06 6.19 3.69 0.86 0.35 4.76 3.04 19.76 3.72 2018

PR 3.87 2.53 1.63 0.20 3.33 1.79 1.00 0.15 26.47 1.37 15.31 4.21 40 2019
2020
SC 3.07 1.64 1.61 0.08 3.71 1.39 1.43 0.14 39.40 1.85 10.86 1.91 2021
2022
RS 5.33 2.07 1.30 0.06 3.08 0.98 1.50 0.25 28.84 1.22 16.12 3.47 30

MS 7.92 3.43 1.37 0.16 4.28 3.68 1.47 0.05 43.96 0.00 22.06 4.02

MT 5.27 2.79 1.47 0.19 5.90 3.14 3.58 0.88 61.88 1.14 17.53 5.01
20

GO 4.97 2.43 0.98 0.25 2.35 2.24 3.67 0.38 40.88 0.33 23.92 4.33

DF 5.07 1.63 1.32 0.12 4.50 2.67 0.00 0.27 11.27 0.17 16.17 4.35
10
BR 6.03 2.24 2.62 0.44 5.18 3.40 2.45 2.94 30.81 6.17 26.40 9.60
Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 1ª Entrevista
0
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 IDADE

Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 5ª Entrevista


26 UNICEF POBREZA MULTIDIMENSIONAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 27

O Gráfico 06 a seguir mostra o percentual de crianças e adolescentes entre 7 Verifica-se que no período de 2016 a 2019 houve um aumento sutil no acesso
e 17 anos de idade com atraso serial na escola, por cor/raça. Verifica-se uma à alfabetização, com redução de 0,1 ponto percentual na proporção de crian-
redução considerável no período da pandemia – especialmente para indiví- ças e adolescentes em Privação Intermediária. No mesmo período, a propor-
duos negros, com queda de dois pontos percentuais, em comparação com ção em privação extrema permaneceu praticamente estável, com redução
apenas um ponto percentual para crianças brancas. de 0,07 ponto percentual.

Gráfico 06 Por outro lado, no intervalo de 2019 a 2022 o cenário apresentou um retro-
Percentual de crianças e adolescentes de 7 a 17 anos com atraso escolar por cor/eaça cesso: o percentual de crianças e adolescentes em Privação Intermediária
%
mostrou aumento de 2,14, um crescimento considerável. Em comparação,
12
11,2% para crianças e adolescentes em Privação Extrema a variação foi mínima,
com um crescimento de 0,02 ponto percentual.
9,9%
10 Em síntese, enquanto o período de 2016 a 2019 foi marcado por uma melhora
9,1%
8,8% discreta no acesso à alfabetização para crianças e adolescentes, o período
8,3%
de 2019 a 2022 foi de regressão nesse cenário, com decréscimo no acesso
8
7,1% pleno à alfabetização e aumento na privação intermediária.

5,6%
O Gráfico 07 a seguir, construído com base na quinta entrevista da PNAD
6
Contínua, apresenta o percentual de analfabetismo por idade ao longo de
5% 4,9% 4,7%
4,4% vários anos.
3,9%
4 Gráfico 07
Percentual de crianças e adolescentes consideradas analfabetas, por idade
%
50
2
2017
2018
2019
40
0
2017 2018 2019 2020 2021 2022 ANO 2020
Brancos Negros 2021
2022
30
Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 5ª Entrevista

A Tabela 07 a seguir mostra o status de privação relativa a analfabetismo, por


ano. Tal como a anterior, os resultados são apresentados até 2022, período
20
para o qual há dados disponíveis.

Tabela 07
Privação 2: analfabetismo (% de crianças e adolescentes de 7 a 17 anos sofrendo privação 10
do acesso à alfabetização)

Sem privação Privação Intermediária Privação Extrema


0
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 IDADE
2016 95.77% 3.80% 0.43%
2017 95.87% 3.77% 0.36% Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 5ª Entrevista
2018 95.54% 4.08% 0.37%
O Gráfico 07 acima destaca uma tendência preocupante no período pós-
2019 95.94% 3.70% 0.36%
2020. Até 2019, as taxas de analfabetismo apresentavam uma estabilidade
2022 93.78% 5.84% 0.38% relativa para todas as idades, com tendência de diminuição gradual à medida
Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 1ª Entrevista
que a idade avançava, o que é esperado em uma trajetória educacional típica.
28 UNICEF POBREZA MULTIDIMENSIONAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 29

Contudo, nota-se a partir de 2020 uma ruptura nessa tendência, particular-


mente para as crianças mais jovens. Para as crianças de sete anos de idade, Gráfico 08
Percentual de crianças e adolescentes consideradas analfabetas, por idade e cor/raça
o analfabetismo saltou de 20,5%, em 2019, para 25,2%, em 2020, e essa as-
censão continuou drasticamente até 2022, quando atingiu 40,3% - uma alta % 7 a 10 anos 7 a 17 anos
significativa em um curto período de tempo, representando quase o dobro 25
do percentual em relação a 2019.
21,8%
Similarmente, crianças de oito anos de idade também sofreram um aumento
acentuado no analfabetismo após 2020. De uma taxa de 8,5%, em 2019, 20
18,5%
houve uma elevação para 20,8%, em 2022. Embora menos acentuada do
que para os de sete anos de idade, essa mudança ainda é significativa. Para
15,1%
as crianças de nove anos de idade, a taxa, que era de 4,4%, em 2019, subiu 15
para 9,5%, em 2022.
11,6% 11,8% 11,6% 11,8%
Para os grupos de idade mais avançada, a partir dos dez anos, as variações 10,6%
são menos drásticas, mas ainda observáveis. Crianças de dez anos, por 10
8,2%
exemplo, viram a taxa subir de 2,4%, em 2019, para 3,5%, em 2022. Tal 7,8% 7,3%
coorte foi menos impactado justamente porque estes tinham sete anos – ou 6,1% 6% 6,3% 6,1%
seja, estavam em idade de alfabetização – em um momento anterior ao do 5
4,7% 4,7% 4,3% 4,7% 4,6%
fechamento das escolas. 3,2%
2,6% 2,6% 2,7%

Em resumo, o período pós-2020 revela um aumento preocupante nas taxas


de analfabetismo, especialmente entre as crianças mais jovens, rompendo 0
2017 2018 2019 2020 2021 2022 2017 2018 2019 2020 2021 2022 ANO
uma tendência de estabilidade ou ligeira diminuição observada nos anos an-
Brancos Negros Brancos Negros
teriores. Este cenário sugere desafios significativos na educação, exigindo
Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 5ª Entrevista
uma investigação mais profunda das causas e das intervenções necessárias
para revertê-lo.

O Gráfico 08 a seguir apresenta os percentuais de analfabetismo por grupo


etário e cor/raça. Em contraste com os resultados para atraso escolar, houve
considerável aumento da desigualdade racial, com a diferença entre crianças
brancas e negras de 7 a 10 anos de idade saindo de 4,3 pontos percentuais,
em 2019, para 6,7 pontos percentuais, em 2022.
30 UNICEF POBREZA MULTIDIMENSIONAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 31

Pobreza Alimentar
A POF 2017/18 questiona cada família acerca da renda considerada necessá- O Gráfico 09 acima mostra que as linhas de pobreza alimentar variam signifi-
ria para prover os padrões de alimentação correntes. Assim sendo, é possível cativamente entre regiões, sendo menor no Norte e Nordeste Rural e maior
construir uma linha de pobreza no Brasil, com base na relação entre padrões no Sul Urbano, seguindo-se o Sudeste Urbano. Em geral, as linhas ficam
de consumo de alimentos em função de renda e tamanho da família, em- entre as de pobreza extrema e intermediária do Banco Mundial, com exceção
pregando uma metodologia inovadora de Linha Social Subjetiva de Pobreza do Norte Urbano, Sudeste Urbano, Sul Urbano e Centro Oeste Urbano, em
Alimentar (SSFPL). Com esse recurso, estima-se a renda mínima esperada que os valores superam a segunda linha da instituição.
necessária para manter um nível de consumo alimentar para as famílias em
No entanto, para usar tais linhas ao longo dos anos, é preciso que estas
situação de segurança alimentar.
sejam reajustadas periodicamente, e corre que as cestas de consumo ali-
Ainda que não seja realizada a mesma pergunta no questionário da PNADC, mentar diferem significativamente entre regiões e áreas. Assim sendo, será
é possível encontrar estimativas médias para diferentes grupos que estejam calculada uma inflação de alimentos para cada um dos dez grupos. A evolu-
também presentes nesta última. Assim, é possível encontrar o percentual de ção dos preços em relação a janeiro de 2018 é apresentada no Gráfico 10, a
crianças abaixo da linha considerada necessária para a alimentação de uma seguir, mostrando que a média da cesta de alimentos, no quarto trimestre
família por cada grupo. de 2022, estava 39% mais cara em áreas urbanas do Norte (menor variação)
e 56% mais cara para famílias vivendo nas áreas rurais do Sudeste (maior va-
Desse modo, na POF 2017/18 são encontradas médias por áreas geográficas
riação). Vale notar que todas essas variações foram superiores ao acumulado
a partir de dois tipos de localidade: grande região (Norte, Nordeste, Sudeste,
do Índice Nacional de Preços ao Consumidor, de cerca de 32%. Tal divergên-
Sul e Centro Oeste) e por tipo de área (Urbana/Rural). Para tanto, o país é se-
cia começou a ocorrer após o início da pandemia, em 2020.
parado em dez grupos, cada qual com uma linha de pobreza alimentar, como
mostrada no Gráfico 09 a seguir. Gráfico 10
Variação de preços dos alimentos desde janeiro de 2018 por área
Gráfico 09
1,7 (a.i.) NO Rural
Linha de pobreza alimentar para famílias com 3 membros
(a.ii.) NO Urbano
1000

Número Índice dos Preços (jan/18 =1)


921,44 (b.i.) NE Rural
868,99 (b.ii.) NE Urbano
839,25 835,59
(c.i.) SE Rural
800 787,10 1,5
766,09
R$ mensais a preço de jan/2018r

753,66 733,11 (c.ii.) SE Urbano


(d.i.) SU Rural
626,34 632,10 (d.ii.) SU Urbano
600 (e.i.) CO Rural
1,3
(e.ii.) CO Urbano
INPC
400

1,1

200

0 2018 2019 2020 2021 2022


ural ano ural ano ural ano ur al ano ural ano
OR Urb ER Urb ER Urb UR Urb OR Urb
.) N O .) N E .) S i.) S
E .) S U .) C O
(a.i i.) N (b.i i.) N (c.i (c.i (d.i i.) S (e.i i.) C Trimestre
(a.i (b.i (d.i (e.i
ÁREA Fonte: Elaboração própria com base em dados da POF 2017/18 e do SNIPC

Linhas do Banco Mundial Linha intermediária ($ 3.65/dia) Linha extrema ($ 2.15/dia)

Fonte: POF 2017/18.


32 UNICEF POBREZA MULTIDIMENSIONAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 33

Aplicando tal evolução de preços para cada linha de pobreza alimentar em Gráfico 12
cada grupo, é possível avaliar, na edição da Quinta Entrevista da PNADC Anu- Percentual de crianças e adolescentes abaixo de cada linha de pobreza
al, o percentual de crianças em famílias com rendimento abaixo destas linhas 50
a cada ano de 2018 a 2022. O Gráfico 11 a seguir mostra que, no período

% Abaixo da Linha de Pobreza Alimentar


anterior à pandemia, o nível permaneceu estável em torno de 19% e 20%. E
em 2020, este nível caiu para cerca 16% - devido principalmente ao Auxílio 40
Emergencial – e, em 2021, houve uma alta considerável, para 25,2%, que em
seguida cai novamente para 20%, encontrando-se ainda levemente acima do
nível pré-pandemia. 30

Gráfico 11
Percentual de crianças e adolescentes abaixo de linha de pobreza 20
30

25,2% 10

19,7% 20%
20 19,4%
0
16,3%
0 10 20 30 40 50

14,5% % abaixo da Linha do Banco Mundial ($ 2,15/dia)


13% 12,9% Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 5ª Entrevista

10,3%
10 9,4%

0
2018 2019 2020 2021 2022
Banco Mundial Alimentar

Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 5ª Entrevista

É válido notar que tal aumento foi desproporcional em relação à pobreza ex-
trema pela linha do Banco Mundial, de US$2,15 por dia, por pessoa. Segundo
aquele critério, em 2022 o aumento estaria em 10,3% - mais de dois pontos
percentuais abaixo do valor de 2019. Essa discrepância decorre do fato de os
alimentos terem tido aumento de preço consideravelmente mais elevado do
que a média da cesta de consumo geral, medida pelo INPC.

O Gráfico 12 a seguir mostra o percentual de crianças privadas de renda pela


linha de pobreza extrema do Banco Mundial e pela linha de pobreza alimentar
por região geográfica do Brasil, combinando o status de Capital, Região Me-
tropolitana e restante da UF para cada Estado. Verifica-se que, enquanto a re-
lação entre as duas permaneceu, houve um deslocamento significativo entre
2018 e 2022, com o segundo percentual crescendo em relação ao primeiro.
34 UNICEF POBREZA MULTIDIMENSIONAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 35

Conclusão
O presente estudo, estruturado com base na Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios Contínua (PnadC) Anual de 2016 a 2022, abordou a comple-
xidade da pobreza multidimensional nos períodos da infância e da adoles-
cência no Brasil. Buscou-se quantificar e entender as diferentes privações
a que essa população está submetida, incluindo os direitos básicos a renda,
educação, informação, água, saneamento e moradia. Adicionalmente, a pes-
quisa considerou a dimensão alimentar, a partir da Pesquisa de Orçamentos
Familiares (POF) de 2017/18, como uma variável independente de análise.
Conforme estimativas da PNADC, a pobreza multidimensional oscilou entre
60% e 64%, envolvendo aproximadamente 31,9 milhões dos 52,8 milhões
de crianças e adolescentes em 2022.

De maneira geral, os resultados apontaram para uma redução das privações


nos últimos anos, mesmo no contexto da pandemia, principalmente puxada
pelas dimensões de informação e renda. No entanto, essa queda nos índi-
ces não foi uniforme em todas as dimensões. O cenário educacional, por
exemplo, mostrou uma deterioração, com taxas de analfabetismo dobrando
entre 2019 e 2022 para crianças de sete anos de idade, especialmente entre
crianças negras e aquelas afetadas pela pandemia durante o período crucial
de alfabetização.

Adicionalmente, a análise mostrou que a privação relativa à escolarização na


idade adequada pode ser resultado da aprovação automática durante o perío-
do pandêmico, o que ressalta a necessidade de abordagens mais cautelosas
e contextualizadas ao interpretar dados educacionais em tempos de crise.

Com relação à pobreza alimentar, apesar dos esforços governamentais no


sentido de ampliar transferências de renda, ainda se observou em 2022 um
percentual de crianças e adolescentes abaixo da linha de pobreza alimentar
superior ao de 2019. Esse fenômeno foi atribuído principalmente ao aumento
acentuado no preço dos alimentos, demonstrando que a inflação nessa área
afetou mais severamente as famílias em situação de vulnerabilidade.

Em resumo, a pesquisa evidenciou que, embora haja avanços em algumas


dimensões da pobreza multidimensional, ainda persistem significativos de-
safios a serem enfrentados, particularmente no tocante à educação e à se-
gurança alimentar. A pobreza na infância e na adolescência é uma questão
multidimensional e, portanto, qualquer estratégia eficaz de combate a esse
fenômeno deve ser igualmente abrangente, levando em consideração todas
as suas facetas. A heterogeneidade dos resultados reforça ainda mais a ne-
cessidade de políticas públicas focadas e adaptadas às diversas realidades e
©UNICEF/BRZ/Erico Hiller

grupos sociais do Brasil.


36 UNICEF POBREZA MULTIDIMENSIONAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 37

Referências Bibliográficas
Alkire, S., Foster, J. Counting and multidimensional poverty measurement.
Journal of Public Economics 95, no. 7-8 (2011): 476-487.

Atkinson, A.B. Multidimensional Deprivation: Contrasting Social Welfare and


Counting Approaches. The Journal of Economic Inequality 1, 51–65
(2003). https://doi.org/10.1023/A:1023903525276

Bourguignon, F., Chakravarty, S. R. The Measurement of Multidimensional


Poverty. In: Inequality, Polarization and Poverty. Economic Studies in
Inequality, Social Exclusion and Well-Being, vol 6. Springer, New York,
NY (2009). https://doi.org/10.1007/978-0-387-79253-8_6

Ravallion, M. On multidimensional indices of poverty. Policy Research Working


Paper Series 5580, The World Bank (2011). https://ideas.repec.org/p/wbk/
wbrwps/5580.html

Alkire, S., Foster, J., Seth, S., Santos, M. E., Roche, J. M., Ballon, P. Multidi-
mensional Poverty Measurement and Analysis, Oxford (2015), https://
doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199689491.001.0001
©UNICEF/BRZ/Matheus Rodrigues
Anexo
Crianças e adolescentes de 0 a 17 anos com privações intermediárias e extremas em 2022,
por estado (em milhares)

**Os dados contidos nessa tabela não podem ser somados, visto que uma mesma criança ou
adolescente pode ter mais de uma privação.

Educação Informação Moradia Água Saneamento Renda


Interme- Interme- Interme- Interme- Interme- Interme-
Extrema Extrema Extrema Extrema Extrema Extrema
diária diária diária diária diária diária

RO 24.6 12.1 15.9 2.0 22.9 12.2 18.4 5.3 360.4 5.0 105.3 29.9

AC 33.1 14.3 28.2 6.9 26.0 24.1 24.6 34.2 98.0 86.9 108.1 56.0

AM 89.0 49.1 88.9 27.2 139.4 181.0 40.6 138.4 528.6 294.7 493.0 203.1

RR 13.0 7.2 3.6 1.6 20.5 27.2 5.5 6.8 83.5 9.0 67.9 27.5

PA 339.5 74.3 168.7 64.9 227.8 217.9 108.4 268.4 1786.1 452.3 865.6 383.6

AP 22.4 8.5 12.3 0.4 27.7 16.9 3.1 6.8 190.6 36.8 100.5 44.2

TO 30.4 8.0 15.4 3.0 24.9 10.0 11.0 11.5 270.3 12.2 145.8 34.2

MA 210.8 49.5 139.9 29.1 128.2 124.6 183.1 138.3 1322.7 423.2 787.7 492.1

PI 100.2 21.2 37.5 9.0 45.1 17.7 59.9 53.0 637.5 127.5 323.5 151.6

CE 138.9 53.2 85.6 9.3 139.9 80.2 109.1 108.9 1022.9 139.9 901.4 407.5

RN 96.5 18.8 23.0 7.7 37.8 13.1 45.9 28.6 569.9 39.9 324.8 153.1

PB 100.7 31.5 43.8 2.6 53.2 14.7 21.6 141.0 525.2 102.2 390.1 198.2

PE 167.4 62.1 90.7 6.6 78.0 82.9 51.6 212.4 801.4 215.8 956.5 439.2

AL 84.8 29.1 30.6 4.4 38.6 20.3 25.6 79.5 490.4 96.5 382.0 144.1

SE 70.5 16.3 22.8 2.7 19.4 11.8 3.4 31.9 305.9 44.9 259.9 105.1

BA 327.8 89.6 128.2 19.4 177.9 31.0 112.0 170.6 1496.9 238.9 1345.8 702.8

MG 215.6 101.0 92.8 4.5 156.3 63.1 45.5 13.8 779.1 237.4 1282.9 258.9

ES 60.1 27.6 23.2 1.1 54.4 26.9 8.5 3.8 209.9 65.9 257.1 79.7

RJ 171.7 64.4 87.3 7.2 256.5 212.8 120.4 31.1 329.2 186.6 829.6 331.8

SP 345.3 181.0 86.3 6.7 651.2 388.2 89.9 37.1 500.8 319.6 2077.5 391.5

PR 109.3 71.4 45.9 5.7 94.0 50.4 28.1 4.2 746.3 38.5 431.6 118.7

SC 54.1 29.0 28.3 1.4 65.3 24.5 25.2 2.4 694.2 32.6 191.4 33.6

RS 133.5 51.8 32.6 1.6 77.2 24.5 37.5 6.2 722.6 30.4 403.9 87.0

MS 59.9 25.9 10.4 1.2 32.4 27.9 11.1 0.4 332.6 0.0 166.9 30.4

MT 53.5 28.3 14.9 1.9 59.9 31.9 36.3 9.0 628.6 11.5 178.1 50.9

GO 90.9 44.5 17.9 4.5 43.0 40.9 67.0 7.0 747.0 6.1 437.0 79.2

DF 40.0 12.9 10.4 1.0 35.5 21.0 0.0 2.2 88.9 1.3 127.6 34.3

BR 3183.6 1182.4 1384.9 233.6 2733.2 1797.9 1293.5 1552.8 16269.4 3255.8 13941.4 5068.1
Fonte: Elaboração própria com base na PNADC Anual 1ª Entrevista

Você também pode gostar