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Temáticas do Programa 

Promover  o  desenvolvimento  integral  de  crianças  e  adolescentes  é  uma  das 


premissas  do  nosso  Programa  e  um  dos  focos  de  atuação  das  Organizações  que 
participam deste Percurso Formativo. 

No  entanto,  para  efetivação  do  desenvolvimento  integral  pleno  de  crianças  e 
adolescentes  é  importante  atentar  a  algumas  situações  que  podem  afetá-lo  e  que 
estão  relacionadas  aos  diferentes  contextos  e  trajetórias  sociais.  É  importante 
ressaltar  que  crianças  e  adolescentes  em  situação  de  vulnerabilidade 
socioeconômica  e  educacional  muitas  vezes  não  têm  direitos  sociais  básicos 
garantidos  como,  por  exemplo,  o  direito  à  educação,  à saúde, à assistência social, à 
cultura  e  ao  lazer,  por  exemplo.  No  contexto  de  isolamento  necessário  em  virtude 
da  pandemia,  estas  vulnerabilidades  podem  ter  se  intensificado,  tanto  as 
relacionadas  ao  contexto  escolar,  como  aquelas  de  risco  de  violência;  agravamento 
de  situação  de  pobreza,  trabalho  infantil,  entre  tantas  outras  que  podem  afetar  o 
bem-estar físico e psicológico de crianças e adolescentes. 

Pensando  nisso,  nós  do  Programa  identificamos  algumas  temáticas  que  poderão 
apoiar  as  OSCs  a  realizarem  o  diagnóstico  sobre  as  demandas  das  crianças  e 
adolescentes  nos  territórios  e  eleger  as  que  serão  priorizadas  a  partir  do  contexto 
local.  
 
 
1. Escolaridade 
 
1.1 Distorção idade-série 
Termo  usado  na  área  educacional  para  referir-se  aos/às  estudantes  com  idade 
acima  da  esperada para o ano que estão cursando. O/a estudante é considerado em 
distorção  idade-série  quando  a  diferença  entre  sua  idade  e  a  idade  prevista  para 
aquela série é de pelo menos dois anos de atraso.  
 

 

 
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1.2 Exclusão escolar1 
Refere-se  a  crianças  e  adolescentes  que  por  inúmeras  razões  deixaram  de 
frequentar  a  escola  ou  que  nunca  chegaram  a  frequentá-las.  São  muitas  as  razões 
para  crianças  e  adolescentes estarem fora da escola. Algumas são comuns no Brasil 
inteiro,  outras  diferem  por  características  regionais.  As  causas  podem  estar 
relacionadas  a oferta educacional (falta de escolas, de vagas, de transporte escolar); 
distorção  idade-série;  violência  na  escola;  questões  socioeconômicas;  trabalho 
infantil;  abuso  e  exploração  sexual;  violência  familiar  e  no  território;  gravidez  na 
adolescência; preconceito e discriminação; falta de documentação, entre outros. 
Durante  o  período  de  pandemia,  de  isolamento  e  distanciamento  social  vivenciado, 
muitas  crianças  e  adolescentes  podem  ter  enfrentando  problemas  para 
acompanhar  as  aulas  por  questões  relacionadas  à  falta  de  acesso  à  internet,  tanto 
por  parte  das  famílias  como  de  muitas  redes  de  ensino  pública  que  não  possuem 
estrutura  adequada  para  oferecer  o  ensino  remoto;  no  entanto  é  fundamental 
encontrar  uma  maneira  de  manter  o  vínculo  da  criança  com  a  escola  para  não 
aumentar  ainda  mais  a  exclusão2.  Além disso, o retorno às aulas trará desafios para 
várias  localidades,  tanto  em  relação  ao  cumprimento  das  medidas  sanitárias  de 
proteção  à  saúde,  como  quanto  à  necessidade  de  promover  um  esforço  coletivo 
para  que  crianças  e  adolescentes  não  deixem  de  frequentar  a  escola.  Estratégias 
como  da  busca  ativa  escolar  são  fundamentais  para  que  o  direito  à  educação  seja 
garantido.  Acessem  o  site  buscaativaescolar.org.br  e  acompanhem  se  o  seu 
município integra essa iniciativa. 
 
 
1.3 Direito à comunicação 
Refere-se  ao  direito  que  crianças  e  adolescentes  têm  de  comunicar,  de  expressar 
seus  desejos  e  interesses  nos  contextos  de  aprendizagem  e  convivência  em  que 
estão  inseridas/os  e  de  ter  acesso  aos  meios  de  comunicação  audiovisuais 
(televisão,  notebook  e/ou  celular)  e  à  internet  para  acessar  canais de comunicação 
assim  como  poder  expressar-se  livremente  e  desenvolverem  habilidades  para  se 

1
Fonte: Busca Ativa Escolar (UNICEF), disponível em: buscaativaescolar.org.br
2
​https://buscaativaescolar.org.br/criseseemergencias/
 

 
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expressarem  de  forma  crítica  e  responsável  diante  da  grande  quantidade  de 
informações a que são exposta cotidianamente. 
 
Nesse  sentido,  a Convenção sobre os Direitos da Criança, das Nações Unidas, afirma 
em seu décimo terceiro artigo que “a criança tem direito à liberdade de expressão” e 
que  “este  direito  compreende  a  liberdade  de  procurar,  receber  e  expandir 
informações  e  ideias  de  toda a espécie, sem considerações de fronteiras, sob forma 
oral,  escrita,  impressa  ou artística ou por qualquer outro meio à escolha da criança”.
3
 
 
O  Estatuto  da  Criança  e  do  Adolescente  (ECA)  também  aborda  a  questão  da 
comunicação,  ​tanto  no  âmbito  da  liberdade de expressão como na proteção 
do público infanto-juvenil4.  
 
1.4 Dificuldades relacionadas ao multiletramento5 
 
As  habilidades  de  leitura  e  escrita  se  somam  a  muitas  outras  como,  por  exemplo, 
decifrar  sons  e  imagens,  relacionar  sons  com  movimentos,  comunicar  utilizando 
múltiplas  linguagens,  utilizar  tecnologias  digitais,  entre  outros.  Assim,  n ​ ​a 
perspectiva  dos  multiletramentos,  ler  envolve  decodificar  códigos  que  estão  no 
nosso  cotidiano,  para  além  do  saber  escolar.  Com  as  mudanças  sociais  e 
tecnológicas,  ampliam-se  e  diversificam-se  não  só  as  maneiras  de  disponibilizar  e 
compartilhar  informações  e  conhecimentos,  mas  também  de  lê-los  e produzi-los. O 
desenvolvimento  de  linguagens  híbridas  envolve  desafios  para  os/as  leitores/as  e 
para  os/as  profissionais  que  trabalham  com  a  língua  escrita,  entre  eles/as,  os/as 
professores/as e educadores/as de organizações da sociedade civil (OSCs). 
 
 

3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d99710.htm
4
Fonte:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/educacao-e-cidadania/o-direito-a-comunicacao-nos-30-an
os-do-estatuto-da-crianca-e-do-adolescente/
5
Fonte: Portal Cenpec Educação, disponível em: ​www.cenpec.org.br/tematicas/548

 

 
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2. Saúde sexual e reprodutiva 
 
2.1 Gravidez na adolescência 
Segundo  o  Fundo  de  População  das  Nações  Unidas  no  Brasil  (UNFPA),  a  gravidez 
não  intencional  na  adolescência  refere-se  ao  fenômeno em que meninas e meninos 
vivenciam  a  maternidade  e  paternidade  entre  os  10  e  19  anos  de  idade.  A  gravidez 
na  adolescência  trata-se  de  uma  fenômeno  complexo  que  atinge  de  maneira 
diferente  as  adolescências  a  partir  de  contextos  específicos  de  sua  ocorrência  e 
pode  estar  associado  a  situações  de  vulnerabilidades  presentes  na  vida  dos  e  das 
adolescentes,  entre os quais destacam-se: “o início precoce de relações sexuais e da 
menarca;  a  baixa  taxa  de  uso de contraceptivos modernos; violência sexual e uniões 
precoces;  o  baixo  acesso  à  educação  de  qualidade  e  educação  integral  em 
sexualidade/  atraso  e  abandono  escolar;  relações  de  gênero  desiguais”  (Santos, 
2017).   
 
 
2.2 Infecções sexualmente transmissíveis (IST)6 
São  infecções  que  são transmitidas por meio do contato sexual (oral, vaginal e anal) 
sem  o  uso  de  camisinhas  masculinas  ou  femininas  por  uma  pessoa  que  esteja 
infectada. Antes eram denominadas de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), 
mas  a  terminologia  IST  passou  a  ser  usada  para  destacar  a  possibilidade  de  uma 
pessoa  ter  e  transmitir  a  infecção  ainda  que  não  apresente  sinais  e  sintomas  da 
doença. 
 
 
 
 
 
 
 
 

6
Fonte: UNFPA:
https://brazil.unfpa.org/pt-br/video/infec%C3%A7%C3%B5es-sexualmente-transmiss%C3%ADveis
 

 
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3. Situações de risco 
 
3.1 Adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas7 
 
O  Sistema  Nacional  de  Atendimento  Socioeducativo  (Sinase)  apresenta  o  conjunto 
ordenado  de  princípios,  regras  e  critérios  que  envolvem  a  execução  de  medidas 
socioeducativas,  aplicadas  aos/às  adolescentes  (entre  12  e  18  anos)  em  conflito 
com  a  lei.  É  formado  pelos  sistemas  estaduais/distrital  e  municipais,  incluindo 
também  todos  os  planos,  políticas  e  programas  existentes  nas  três  esferas  de 
governo voltados a esse tema. 
Coordenado  pela  Secretaria  Nacional  dos  Direitos  da  Criança  e  do  Adolescente  do 
Ministério  dos  Direitos  Humanos  (SNDCA/MDH),  o  Sinase  foi  instituído  pela  Lei 
12.594,  de  18  de  janeiro  de  2012,  que  regulamenta  a  execução  das  medidas 
socioeducativas  previstas  no  Estatuto  da  Criança  e  do  Adolescente  (ECA),  a  saber: 
advertência;  obrigação  de  reparar  o  dano;  prestação  de  serviços  à  comunidade; 
liberdade  assistida;  inserção  em  regime  de  semiliberdade  e  internação  em 
estabelecimento  educacional.  Todas  essa  medidas  são  denominadas  “medidas 
socioeducativas”. 
O  Sinase  é  regido  também  pela  Resolução  119/2006  do  Conselho  Nacional  dos 
Direitos  da  Criança  e  do  Adolescente  (Conanda)  e  pelo  Plano  Nacional  de 
Atendimento Socioeducativo (Resolução 160/2013 do Conanda). 
 

7
Fonte: Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, disponível em:
www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/crianca-e-adolescente/sistema-nacional-de-atendimento-s
ocioeducativo-sinase
 

 
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3.2 Trabalho infantil 

O  conceito  de  trabalho  infantil  estabelecido  no  Plano  Nacional  de  Prevenção  e 
Erradicação  do  Trabalho  Infantil  de  20188  considera  como  “trabalho  infantil”  todas 
“as  atividades  econômicas  e/ou  atividades  de  sobrevivência, com ou sem finalidade 
de  lucro,  remuneradas  ou  não,  realizadas  por  crianças  ou  adolescentes  em  idade 
inferior  a  16  (dezesseis)  anos,  ressalvada  a  condição  de  aprendiz  a  partir  dos  14 
(quatorze) anos, independentemente da sua condição ocupacional”.   
  
 
3.3 Uso e abuso de substâncias psicoativas 
Refere-se  ao  uso  e  ao  abuso  que  crianças  e  adolescentes  podem  fazer  de  drogas 
lícitas  (como  tabaco,  álcool,  remédios,  por  exemplo)  e  ilícitas  (como  maconha, 
cocaína,  crack,  entre  outras)  e  que  pode  causar  danos  à  saúde,  principalmente 
devido à fase de desenvolvimento físico e psicológico em que se encontram. 
 
 
3.4 Crianças e adolescentes em situação de rua 
Lançadas  em  2017  pelo  Conselho  Nacional  dos  Direitos  da  Criança  e  Adolescente 
(CONANDA),  as  Diretrizes  Nacionais  para  o  Atendimento  a  Crianças  e  Adolescentes 
em  Situação  de  Rua  trazem  marcos  importantes para o enfrentamento da questão. 
Entre eles, define que criança e adolescente em situação de rua são: 
“sujeitos  em  desenvolvimento  com  direitos  violados,  que  utilizam  logradouros 
públicos,  áreas  degradadas  como  espaço  de  moradia  ou  sobrevivência,  de  forma 
permanente  e/ou  intermitente,  em  situação  de  vulnerabilidade e/ou risco pessoal e 
social  pelo  rompimento  ou  fragilidade  do  cuidado  e  dos  vínculos  familiares  e 
comunitários,  prioritariamente  situação  de  pobreza  e/ou  pobreza  extrema, 
dificuldade  de  acesso  e/ou  permanência  nas  políticas  públicas,  sendo 
caracterizados  por  sua  heterogeneidade,  como  gênero,  orientação  sexual, 

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Fonte: 3º Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (2018), disponível em:
https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2018/novembro/lancado-3o-plano-nacional-de-preven
cao-e-erradicacao-do-trabalho-infantil
 

 
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identidade  de  gênero,  diversidade  étnico-racial,  religiosa,  geracional,  territorial,  de 
nacionalidade, de posição política, deficiência, entre outros (SNCDA/MDH, p.27)”.  
Além  disso,  utiliza  o  termo  “situação”  para  enfatizar  a  possível  transitoriedade  e 
efemeridade  dos  perfis  desta  população,  podendo  mudar  por  completo  o  perfil, 
repentinamente  ou  gradativamente,  em  razão  de  um  fato  novo.  E  elenca  as 
principais  causas  deste  fenômeno,  entre  elas:  trabalho  infantil;  mendicância; 
violência  sexual;  consumo  de  álcool  e  outras  drogas;  violência  intrafamiliar, 
institucional  ou  urbana;  ameaça  de  morte,  sofrimento  ou  transtorno  mental; 
LGBTfobia, racismo, sexismo e misoginia; cumprimento de medidas socioeducativas 
ou medidas de proteção de acolhimento; encarceramento dos pais. 
 
Chama  atenção  também  para  o  fato  de  que  outras  circunstâncias  que  podem  levar 
milhares  de  crianças  e  adolescentes  a  estarem  em  situação  de  rua, 
acompanhados/as  ou  não  de  suas  famílias,  e  que  dependem  da  diversidade  dos 
contextos  regionais  como  “as  de  populações  itinerantes,  trecheiros,  migrantes, 
desabrigados  em  razão  de  desastres,  alojados  em  ocupações  ou  desalojados  de 
ocupações por realizações de grandes obras e/ou eventos” (SNDCA/MDH, p.28). 
 
3.5 Violência contra crianças e adolescentes 
 
A  Organização  Mundial  da Saúde (OMS) define violência como: “o uso intencional da 
força  física  ou  do  poder,  real  ou  em  ameaça,  contra  si  próprio, contra outra pessoa, 
ou  contra  um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade 
de  resultar  em  lesão,  morte,  dano  psicológico,  deficiência  de  desenvolvimento  ou 
privação”  (Krug  et  al.,  2002,  p.  5).  Nesta  definição  está  contida  uma  variedade 
ampla  de  situações  que  podem  ser  consideradas  como  violentas  e  podem  ser 
atribuídas  a diferentes pessoas, tanto pais, mães e/ou responsáveis, como pessoas, 
profissionais  e  instituições  que  estabelecem  relações  de  proximidade,  confiança  e 
responsabilidade com as crianças e os adolescentes. 
 
São  vários  os  tipos  de  violência  que  atingem  tantas  crianças  e  adolescentes,  no 
entanto,  em  recente  publicação,  a  OMS  (2018)  destaca  algumas  práticas  de 

 

 
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violência  interpessoal  que  comumente  podem  atingi-los/as  ao  longo  de  seu 
desenvolvimento, a saber:  
 
● Maus-tratos:  inclui  a  violência  física  (inclusive  castigos  corporais  violentos), 
violência  sexual,  psicológica/emocional  e  negligência  praticadas  contra 
bebês,  crianças  e  adolescentes,  por  diferentes  pessoas  responsáveis  pelos 
seus  cuidados  como  pais,  mães,  cuidadores  ou  outras  figuras  de autoridade. 
Acontece  com  mais  frequência  dentro  do  ambiente  familiar,  mas  também 
em espaços institucionalizados.  
● Bullying:  todo  comportamento  repetitivo,  intencional  e  agressivo  indesejável 
praticado  por  uma  criança  (ou  adolescente)  ou  por  um  grupo  de crianças (ou 
adolescentes)  que  não  são  irmãos/ãs  e  não  têm  relações  afetivas  com  a 
vítima.  Neste  tipo  de  violência  há  um  desequilíbrio  de  poder,  real  ou 
percebido,  em  que  as  vítimas  se  sentem  vulneráveis  e  impotentes  para  se 
defenderem.  As  consequências  estão  ligadas  a danos físicos, psicológicos ou 
sociais  recorrentes  por  parte  dos/as  agressores/as,  e  é  praticado 
frequentemente  em  escolas  e  outros  contextos  em  que  as  crianças  e 
adolescentes se reúnem. 
● Violência  juvenil:  é  a  violência  que  ocorre  entre  crianças,  adolescentes  e 
jovens  que  estão  entre  a  faixa  etária  dos  10  aos  29  anos  de  idade e não tem 
relação  de  parentesco, tanto em relação à violência sofrida, como a realizada. 
Tem  grande  ocorrência  em  contextos  comunitários,  pode  envolver  pessoas 
conhecidas  e  estranhas, inclui agressão física, com ou sem o uso de armas de 
fogo  e  facas,  e  pode  incluir  o  bullying  e  a  violência  praticada  por  gangues,  e 
pode  afetar  de  maneira  diferente  crianças,  adolescentes  e  jovens que são de 
regiões, classes sociais, raça/etnia e sexualidade diferentes. 
● Violência infligida por parceiros íntimos (ou violência doméstica): é a violência 
que  acontece  entre  pessoas  que  estão  ou  estiveram  em  um  relacionamento 
íntimo.  As  mulheres  são  as  mais  afetadas  por  este  tipo  de  violência,  ainda 
que  os  homens  também  possam  ser  vitimizados.  Na  adolescência,  atinge 
meninas  que  estão  em  um  relacionamento  amoroso,  sendo  às  vezes 
denominada  de  violência  no  namoro.  Na  infância,  atinge  meninas  que  estão 
envolvidas em casamentos na infância ou matrimônios precoces forçados.  

 

 
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● Violência  sexual:  é  descrita  como  todo  contato  sexual  não  consensual, 
efetivado  ou  tentado,  inclui  também  atos  que  não  envolvem  contato  sexual, 
e  não  são  consensuais,  mas  são  de  natureza  sexual  como  como  voyeurismo 
ou  assédio  sexual.  Atos  de  tráfico  sexual  cometidos  contra  alguém  incapaz 
de  recusar  ou  consentir  e  exploração  sexual  on-line  também  são 
considerados violência sexual.  
● Violência  emocional  (ou  psicológica)  e  testemunhar  violência:  violência 
emocional  ou  psicológica  inclui  restrição  dos  movimentos  de  uma  criança, 
atitudes  que  difaman,  ridicularizam,  ameaçam  e  intimidam,  discriminação, 
rejeição  e  outras  formas  não  físicas  de  tratamento  hostil.  Testemunhar 
violência  pode  envolver  a  situação  de  forçar  uma  criança  a  observar  um  ato 
de  violência,  ou  a  situação  em  que  uma  criança  presencia  acidentalmente 
atos de violência entre duas ou mais pessoas (OMS, 2018, p.14). 
 
3.6 Saúde mental de crianças e adolescentes9  

Diz  respeito  ao  estado  emocional  de  crianças  e  adolescentes  que  indicam  que  sua 
saúde  psicológica  e  física  estão  em  boas  condições.  ​Promover  o  bem-estar 
psicológico e protegê-los/as de experiências adversas e fatores de risco que possam 
afetar  seu  potencial  de  prosperar  não  são  apenas  fundamentais  para  o  seu 
desenvolvimento  enquanto  crianças  e  adolescentes,  mas  também  para  sua  saúde 
física e mental na vida adulta. 

Múltiplos  fatores  determinam  a  saúde  mental  de  crianças  e  adolescentes.  Quanto 


mais  expostos  aos  fatores  de  risco,  maior  o  potencial  de  impacto na saúde mental. 
Entre  os  fatores  determinantes  estão  a  qualidade  de  vida  em  casa  e  suas  relações 
com  seus  pares.  Violência  (incluindo  pais  severos  e  bullying)  e  problemas 
socioeconômicos  são  reconhecidos  como  sendo fatores de risco para saúde mental. 
Algumas  crianças  e  adolescentes  estão  em  maior  risco devido às suas condições de 
vida,  estigma,  discriminação  ou  exclusão,  além  de falta de acesso a serviços e apoio 

9
Fonte Organização Pan Americana de Saúde (OPAS)/ Organização Mundial da Saúde (OMS),
disponível em
https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5779:folha-informativa-sau
de-mental-dos-adolescentes&Itemid=839
 

 
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de  qualidade.  Estes  incluem  crianças  e  adolescentes  que  vivem  em  ambientes 
frágeis  e  com  crises  humanitárias;  crianças  e  adolescentes  com  doenças  crônicas, 
transtorno  do  espectro  autista,  incapacidade  intelectual  ou  outra  condição 
neurológica;  adolescentes  grávidas,  pais  adolescentes  ou  aqueles  em  casamentos 
precoces  e/ou forçados; órfãos; e adolescentes que fazem parte de minorias étnicas 
ou sexuais ou outros grupos discriminados. 

As  crianças  e  adolescentes  com  problemas  relacionadas  à  saúde  mental  são,  por 
sua  vez,  particularmente  vulneráveis  à  exclusão  social,  discriminação,  estigma 
(afetando  a  prontidão  para  procurar  ajuda),  dificuldades  no  aprendizado, 
comportamentos  de  risco  (como  a  automutilação  e  suicídio),  problemas  de  saúde 
física e violações dos direitos humanos. 

 
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