O Brasil possui uma população de 210,1 milhões de pessoas, dos quais 53.759.457 têm menos de 18 anos de idade (Estimativa IBGE para 2019). Mais da metade de todas as crianças e adolescentes brasileiros são afrodescendentes e um terço dos cerca de 820 mil indígenas do País é criança. São dezenas de milhões de pessoas que possuem direitos e deveres e necessitam de condições para desenvolver com plenitude todo o seu potencial. De 1990 a 2019, o percentual de crianças com idade escolar obrigatória fora da escola caiu de 19,6% para 3,7% (Pnad 2019). No entanto, mesmo com tantos avanços, em 2019, 1,5 milhão de meninos e meninas ainda estavam fora da escola (Pnad, 2019). E essa exclusão escolar tem rosto e endereço: quem está fora da escola são os pobres, negros, indígenas e quilombolas. Uma parcela tem algum tipo de deficiência. E grande parte vive nas periferias dos grandes centros urbanos, no Semiárido, na Amazônia e na zona rural. Muitos deixam a escola para trabalhar e contribuir com a renda familiar. Além do desafio de acesso escolar, há quem esteja na escola sem aprender. O sistema de educação brasileiro não tem sido capaz de garantir oportunidades de aprendizagem a todos. Muitos meninos e meninas são deixados para trás. Ao ser reprovados diversas vezes, saem da escola. Em 2018, 6,4 milhões de estudantes das escolas estaduais e municipais tinham dois ou mais anos de atraso escolar. Para o UNICEF, a face mais trágica das violações de direitos que afetam meninos e meninas no Brasil são os homicídios de adolescentes: a cada hora, alguém entre 10 e 19 anos de idade é assassinado no País [estimativa do UNICEF baseada em dados do Datasus (2018)] — quase todos meninos, negros, moradores de favelas. O Brasil tem uma das legislações mais avançadas do mundo no que diz respeito à proteção da infância e da adolescência. No entanto, é necessário adotar políticas públicas capazes de combater e superar as desigualdades geográficas, sociais e étnicas do País e celebrar a riqueza de sua diversidade . De acordo com os dados preliminares compilados pela nova edição do Cenário da Infância e Adolescência no Brasil, a mortalidade materna aumentou em 53% de 2020 para 2021, atingindo 110,2 óbitos maternos para cada 100 mil nascidos vivos. Quando se compara a taxa obtida em 2019 com a taxa de 2021, o aumento é de quase 100%. A alta dos números da mortalidade materna acompanha o surgimento da pandemia de COVID-19, pois as taxas mantiveram-se relativamente constantes entre 2015 e 2019, aumentando vertiginosamente a partir de 2020. Este fenômeno pode ser explicado pela sobrecarga do sistema de saúde brasileiro, aliada ao quadro já acentuado da mortalidade materna e às condições corporais especiais da mulher durante a gestação e o puerpério. A Educação foi uma das áreas que mais sofreu impactos nos últimos anos devido à pandemia de COVID-19, por causa das medidas restritivas que levaram à suspensão das aulas presenciais temporariamente. O aumento do abandono escolar, por exemplo, que vinha diminuindo antes de 2020, voltou a crescer depois deste ano, principalmente nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. No primeiro caso, a taxa de abandono chegou a 1,8% em 2021, depois de atingir 1,1% após uma série de quedas ao longo dos anos anteriores. Já para o ensino médio, a taxa, que havia figurado em 2,3% em 2020, atingiu a casa dos 5% em 2021. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Confira a nova edição do Cenário da Infância e Adolescência no
Brasil. Disponível em: <https://www.fadc.org.br/noticias/confira-a- nova-edicao-do-cenario-da-infancia-e-adolescencia-no-brasil>.
Situação das crianças e dos adolescentes no Brasil. Disponível
Souza, Anjos, Amazonas e Carvalho - Sic - 10 - Exploração Do Trabalho Infantil No Brasil, o Papel Do Eca Na Garantia Dos Direitos Às Crianças Brasileiras