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Governo Bolsonaro: o Brasil que o presidente

herdou em 10 gráficos
• Luis Barrucho, Nathalia Passarinho e Paula Adamo Idoeta
• Da BBC News Brasil em Londres e em São Paulo

29 outubro 2018
Atualizado 31 dezembro 2018
Legenda do vídeo,
Que Brasil Jair Bolsonaro vai herdar?
Ao tomar posse nesta terça-feira como presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL) vai
receber um país de contrastes - e incontáveis desafios.
A BBC News Brasil fez um raio-X de cinco áreas e elencou, em cada uma delas quais devem ser
suas prioridades nos próximos quatro anos, com a ajuda de especialistas.

• Quem foi Winston Churchill, cujo livro foi mostrado por Bolsonaro em pronunciamento
• Como será a transição de governo entre Temer e Bolsonaro?

Confira.
EDUCAÇÃO

Legenda da foto,
Desempenho do Brasil no Pisa só é superior ao da República Dominicana | Crédito: Kako Abraham/BBC
Legenda da foto,
Brasil tem um dos piores resultados em principal avaliação educacional internacional | Crédito: Kako
Abraham/BBC
O Brasil investe, proporcionalmente, mais do que os países desenvolvidos em educação, mas
ocupa as últimas posições em avaliações internacionais de desempenho.
Segundo dados oficiais, o governo brasileiro gasta cerca de 6% do PIB (Produto Interno Bruto,
ou a soma de todas as riquezas produzidas pelo país) contra 5,5% da média dos países da
OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Também desembolsa
mais do que Argentina (5,3%), Colômbia (4,7%), Chile (4,8%), México (5,3%) e Estados Unidos
(5,4%).
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controladas

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Por outro lado, a qualidade da educação brasileira continua muito precária. No Pisa, principal
avaliação educacional internacional, o Brasil ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura
e na 66ª colocação em matemática entre 70 países em 2015. De toda a América Latina, o Brasil
só vai melhor do que a República Dominicana.
Em entrevista à BBC News Brasil, Claudia Costin, ex-diretora sênior para Educação no Banco
Mundial e atualmente professora da FGV-RJ, enlencou quais devem ser, na sua opinião, as
prioridades do novo presidente.
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Podcast

Brasil Partido

João Fellet tenta entender como brasileiros chegaram ao grau atual de divisão.

Episódios

Fim do Podcast
"Em primeiro lugar, temos que investir na profissionalização da carreira e na formação de
professores. Ninguém quer mais ser professor. Além disso, o que se ensina na faculdade de
educação está muito distante do chão da escola. Eles não aprendem a dar aulas", diz.
"Em segundo, temos que avançar na implementação da base nacional curricular. Muitos alunos
acabam abandonando a escola no Ensino Médio".
"Por último, temos que pensar numa escola mais adequada aos jovens. Isso significa usar a
tecnologia como recurso para o aprendizado", conclui.
Depois de conseguir aumentar o número de crianças matriculadas na escola, o Brasil tem
patinado em oferecer educação pública de qualidade e com igualdade no território total.
Os dados mais recentes do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgados
em setembro, apontam que nenhum Estado conseguiu atingir as metas previstas para o ensino
médio, a etapa considerada mais problemática da educação brasileira. Em uma escala de zero a
10, a meta era uma média de 4,7 no ano passado. A nota alcançada, no entanto, foi de 3,8.
Além disso, cinco Estados - Amazonas, Roraima, Amapá, Bahia e Rio de Janeiro - viram suas
notas recuarem no ensino médio.
Os problemas começam já na etapa anterior: 8 em cada 10 alunos brasileiros terminam o ensino
fundamental sem o aprendizado adequado em matemática, por exemplo, carregando essa
deficiência adiante.
Para Patricia Mota Guedes, gerente de pesquisa e desenvolvimento do Itaú Social, "o Brasil
melhorou muito nos anos iniciais do ensino fundamental (1ª à 5ª série), e a grande maioria das
redes alcança suas metas nessa etapa. (Mas) a gente nota um grande gargalo nos anos finais
do fundamental e uma grande estagnação no ensino médio".
"Por trás disso temos não só dificuldades de desempenho dos alunos, mas aumentos nas taxas
de repetência, na defasagem entre a idade e a série do aluno e (consequentemente) no risco de
abandono escolar", diz Guedes.

ECONOMIA

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Brasil cresceu apenas 1% no ano passado, o pior crescimento depois da Venezuela | Crédito: Kako
Abraham/BBC
Após dois anos de recessão, a economia brasileira voltou a crescer no ano passado, quando
registrou alta de 1%. Daqui para frente, a previsão é mais alentadora.
Segundo o FMI, o Brasil deve crescer 1,4% neste ano e 2,5% em 2019.
Mesmo que as previsões se confirmem, será o terceiro pior crescimento da América Latina, atrás
apenas da Argentina e da Venezuela, que vivem crises econômicas profundas.
E a frágil retomada da economia brasileira não está isenta de riscos.
Ainda que a taxa de juros tenha atingido a mínima histórica (6,5%), em parte pela queda na
inflação (4,05% no acumulado dos últimos 12 meses), o Brasil ainda gasta mais do que
arrecada.
Legenda da foto,
Segundo o FMI, o Brasil só voltará a ter superávit (economia para pagar os juros da dívida) em 2022 |
Crédito: Kako Abraham/BBC
O país deve fechar novamente no vermelho pelo quarto ano consecutivo. Segundo o FMI, o
Brasil só voltará a ter superávit (economia para pagar os juros da dívida) em 2022.
Como resultado, a dívida pública brasileira cresce a um ritmo acelerado: foi de 62,2% do PIB em
2012 para 87,3% neste ano. E, se nada for feito, deve chegar a 96,3% em 2023, de acordo com
estimativas do FMI.
O problema que atormenta grande parte dos brasileiros é o desemprego, que continua alto
(11,6%), apesar de ter desacelerado nos últimos meses.

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Desemprego do Brasil foi de 11,8% em 2017 | Crédito: Kako Abraham/BBC
Legenda da foto,
Taxa de desemprego no Brasil só não foi pior do que a do Haiti | Crédito: Kako Abraham/BBC
No ano passado, o Brasil teve a segunda maior taxa de desemprego da América Latina, após o
Haiti, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), com base em
informações da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O contingente fora da força de trabalho - ou seja, brasileiros que não estão trabalhando nem
procurando trabalho - chegou a 65,5 milhões, o mais alto da série histórica do IBGE, iniciada em
2012.
Gargalos estruturais, como a deficiência na infraestrutura, também dificultam a retomada do
crescimento.
"Temos que resolver emergencialmente nosso conflito distributivo. Ou seja, um Estado que
estruturalmente gasta mais do que arrecada", diz Samuel Pessôa, professor da pós-graduação
em economia (EPGE) da FGV-RJ.
"O presidente precisa usar o poder do voto para funcionar como um maestro e reger o
Congresso, a quem cabe a responsabilidade de desenhar o ajuste fiscal. Se não resolvermos
isso, não sairemos do lugar. Não teremos futuro", acrescenta.
Pobreza atinge um quarto da população brasileira
Além disso, o Brasil tem cerca de 50 milhões de pessoas - um quarto de sua população -
vivendo na linha de pobreza, com renda familiar inferior a R$ 387, segundo levantamento de
dezembro de 2017 do IBGE, com base em dados de 2016.
A renda domiciliar mensal per capita de R$ 387 equivalia, à época, a US$ 5,5 por dia, critério
adotado pelo Banco Mundial para definir pobreza.
"A situação é mais grave entre os 7,4 milhões de moradores de domicílios onde vivem mulheres
pretas ou pardas sem cônjuge com filhos até 14 anos. Desses, 64% estavam abaixo dessa faixa
de renda", dizia comunicado do IBGE.
Um levantamento da Consultoria Tendências com base nos dados do IBGE identificou um
aumento também na pobreza extrema (ou seja, em famílias com até R$ 85 de renda mensal per
capita) em praticamente todos os Estados do país, alcançando o maior patamar em pelo menos
sete anos.
Entre 2014 e 2017, período da maior recessão da história do país, a pobreza extrema aumentou
em média 1,7 ponto percentual no Brasil - esse aumento chegou a 5 pontos percentuais na
Bahia, 5,6 no Acre e 4,8 em Sergipe, segundo o levantamento.
SAÚDE
O Brasil nunca teve tantos médicos quanto no ano passado. São 451.777 atuando pelo país,
segundo a 4ª edição do levantamento Demografia Médica no Brasil 2018, feita pela Faculdade
de Medicina da USP (FMUSP) com apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho
Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

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Desde 2010, Brasil perdeu 34 mil leitos de internação da rede pública, ou 12 fechados por dia | Crédito:
Kako Abraham/BBC

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Gasto per capita com saúde é inferior ao de países desenvolvidos | Crédito: Kako Abraham/BBC
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Gasto com saúde no Brasil é inferior ao de Portugal | Crédito: Kako Abraham/BBC
Mas a média por mil habitantes (2,18) está abaixo da dos países que formam a OCDE (3,4). O
Brasil tem, proporcionalmente, menos médicos do que México, Coreia do Sul e Estados Unidos.
Além disso, eles estão mal distribuídos pelo país: se no Sudeste e no Sul, as taxas chegam a
2,81 e 2,31, no Nordeste, são apenas 1,41 por mil habitantes. No Norte, o cenário é ainda pior
(1,16).
Além disso, longas filas e falta de leitos são problemas onipresentes na saúde brasileira.
Para se ter uma ideia, desde 2010, o Brasil perdeu 34 mil leitos de internação da rede pública,
ou 12 fechados por dia. Somente nos últimos dois anos, mais de 8 mil unidades foram
desativadas. O levantamento foi feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) a partir de
dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde do Ministério da Saúde.
Neste ano, apenas 3,6% do orçamento do governo federal foi destinado à saúde. A proporção
está bem abaixo da média mundial, de 11,7%, segundo a OMS (Organização Mundial da
Saúde), e não deve mudar nos próximos anos, devido à aprovação da emenda do teto dos
gastos.
Segundo um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), esse congelamento
dos gastos vai representar perdas de R$ 743 bilhões para o SUS no período.
Queda na vacinação
O Brasil havia comemorado, em 2016, quando a Organização Mundial da Saúde considerou o
sarampo uma doença erradicada no país, após um ano sem registros de casos. O vírus, porém,
está de volta: até 22 de outubro, o Ministério da Saúde confirmou 2.425 casos da doença, com
ao menos 12 mortes. Outros quase 8 mil casos suspeitos estão sob investigação, concentrados
na Amazônia e em Roraima e atribuídos ao surto de sarampo que afeta a vizinha Venezuela.
Também preocupa o Ministério da Saúde uma possível volta de outras graves doenças já
erradicadas no país, como a poliomielite e a rubéola. E essa preocupação se deve, sobretudo, a
uma queda na vacinação da população brasileira nos últimos dois anos.
Dados preliminares do ministério apontam que, até agosto de 2018, as crianças com até dois
anos de idade tiveram cobertura vacinal de 50% a 70%, a depender da vacina - o ideal, porém, é
que a cobertura fique entre 90% e 95%, para garantir que os vírus não consigam circular.
"Precisamos reverter esse cenário e não entrar no terceiro ano de baixas coberturas vacinais",
disse em comunicado Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações
da pasta.
A campanha mais recente de vacinação, concluída em setembro, conseguiu imunizar 10,7
milhões de crianças contra polio e sarampo, mas diversas vacinas têm cobertura abaixo do
desejado - menos de 60% das crianças de até dois anos tomaram a pentavalente, por exemplo,
que protege contra coqueluche, difteria, tétano e hepatite B, e menos de 54% tomaram a tetra
viral, contra sarampo, caxumba, rubéola e catapora.
Segundo diagnóstico do próprio ministério, os problemas a serem enfrentados são a ideia
equivocada de que não é preciso vacinar contra doenças que têm baixa ou nenhuma circulação;
a dificuldade de muitas famílias de comparecer aos postos de saúde no horário de
funcionamento; e a desinformação causada por boatos que associam vacinas a efeitos
colaterais.
"Muitas pessoas não têm noção do risco (...) e passam a se preocupar mais com possíveis
efeitos adversos do que com a prevenção de doenças consideradas graves", afirma Domingues.
Risco de aumento da mortalidade materna e infantil
Um aumento ainda pequeno na mortalidade materna entre 2015 e 2016 tem preocupado os
especialistas em saúde coletiva do país.
Entre 1990 e 2015, a razão mortalidade materna, indicador que mede os óbitos em relação a
cada 100 mil nascidos vivos, caiu 57%, passando de 143 para 62 mortes. No ano seguinte,
porém, subiu para 64,4 (embora o número absoluto de mortes tenha caído).
A morte materna é a que ocorre durante a gestação, o parto ou até 42 dias após o parto, se
relacionada ou agravada pela gravidez. Cerca de 92% das mortes maternas são evitáveis e suas
principais causas, no Brasil, são hipertensão na gestação, hemorragias, infecções pós-parto e
complicações de abortos.
O Ministério da Saúde destaca, em nota, que o "repique não caracteriza um aumento
significativo quando analisada a série histórica".
Mas médicos especializados no tema temem que seja um prenúncio de reversão da tendência
de queda observada desde os anos 1990.
"É preocupante caso se confirme como aumento porque a mortalidade materna e a infantil não
são indicadores apenas desses segmentos específicos, mas do estado de toda a sociedade e do
acirramento de desigualdade social no Brasil", diz Greice Menezes, médica e pesquisadora do
Programa Integrado em Gênero e Saúde do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal
da Bahia.
"É um reflexo de políticas recentes de ajuste fiscal e da pobreza, da exclusão social, do
desfianciamento do SUS, da falta de insumos (médicos), das distâncias enormes que mulheres
(no interior) têm de percorrer em caso de complicação obstetrícia e da desestruturação das
redes de serviço de pré-natal."
Dados levantados pela Fundação Abrinq confirmam que programas federais de atenção a
gestantes e a crianças pequenas foram encerrados ou tiveram seus orçamentos drasticamente
reduzidos.
A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) destaca preocupação semelhante com a
mortalidade infantil, que, embora tenha caído em números absolutos - de 37,5 mil em 2015 para
36,3 mil em 2016 -, aumentou em proporção aos nascidos vivos em grande parte do país.
O Ministério da Saúde destaca, porém, que isso se deve à redução na natalidade da população
brasileira.
SEGURANÇA PÚBLICA
Legenda da foto,
Brasil tem uma das maiores taxas de homicídios da América do Sul | Crédito: Kako Abraham/BBC
Nunca se matou tanto no Brasil. Em 2017, foram 63.880 homicídios, segundo o Fórum de
Segurança Pública.
Isso faz com que o país seja um dos mais violentos do mundo, com uma média de 30,8
homicídios a cada 100 mil habitantes, ou 175 mortos por dia.
Também foram assassinados 367 policiais, ou um por dia. Já os mortos em intervenções
policiais subiram 20%, para 5.144 (ou 14 por dia).
A notificação da violência contra a mulher também vem aumentando significativamente no Brasil.
Em 2017, foram contabilizados 60.018 estupros, alta de 8,4% em relação a 2016.
Já os casos de violência doméstica chegaram a 606 por dia (221.238 no total).
O Brasil tem, ainda, a terceira maior população carcerária do mundo, após Estados Unidos e
China - e as penitenciárias estão cada vez mais superlotadas.
São 729.463 detentos, dos quais 37% estão presos em situação provisória, ou seja, ainda não
foram julgados. Porém o sistema só possui oficialmente 367.217 vagas.
O setor é outro que sofre com poucos recursos - em relação ao total gasto pelo governo, as
despesas com segurança pública respondem por 2,5% do PIB, contra 4,5% da média de países
da OCDE.
"Temos um quadro muito desafiador. As pessoas estão com muito medo. (Mas) segurança
pública não se faz com ódio, na base da truculência", opina à BBC News Brasil Daniel
Cerqueira, pesquisador do Ipea e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
"Em primeiro lugar, precisamos mudar essa retórica do medo. Em segundo, usar diagnóstico,
planejamento e método. Em terceiro, implementar ações de prevenção social, de modo a evitar
que os jovens entrem no crime", acrescenta.
Para Cerqueira, o novo presidente tem que "se comprometer pessoalmente com a vida das
pessoas, usando de seu cargo para articular políticas intersetoriais".
"Embora a segurança pública seja incumbência dos governadores, o presidente tem que chamar
essa responsabilidade para si também. Ele tem que se basear em um tripé: indução,
financiamento e capacitação", diz.
"O governo federal pode, por exemplo, oferecer mais recursos a Estados que comprovem uma
gestão eficiente da segurança pública com estatísticas confiáveis. Hoje, boas experiências no
combate ao crime não são compartilhadas nem replicadas", completa.
CORRUPÇÃO
À esteira das denúncias e prisões decorrentes da Operação Lava Jato, corrupção foi um dos
temas centrais da campanha presidencial. Nos últimos quatro anos, os brasileiros assistiram aos
principais partidos e políticos serem implicados no esquema de desvios de recursos públicos da
Petrobras.
Em 2017, o Brasil caiu 17 posições no ranking de 2017 do Índice de Percepção da Corrupção,
que mede o quanto a população, empresas e organismos internacionais encaram os países
como corruptos.
Ou seja, aumentou a percepção de que existe muita corrupção no Brasil. Nosso país aparece na
posição 96 de uma lista de 180 países, sendo visto como mais corrupto que países como Timor
Leste, Senegal e Marrocos.
"O presidente tem o desafio de lidar com a Lava Jato e essa nova agenda que é o combate à
corrupção. Não tem como retroceder nessa agenda. Até porque as pessoas começaram a sentir
a relação de que o dinheiro que é desviado com o que falta no sistema de saúde, educação",
opina a professora de ciência política da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
(Unirio), Luciana Veiga.
Segundo ela, o grande desafio é garantir "governabilidade" num sistema de fragmentação
partidária no Congresso Nacional. Para formar maioria nas votações do Legislativo e aprovar
projetos, o presidente República precisa fazer alianças com diversos partidos políticos- existem
25 siglas com representação na Câmara dos Deputados.
Tanto o mensalão quanto o escândalo de corrupção na Petrobras investigado pela Operação
Lava Jato foram, segundo as denúncias do Ministério Público, esquemas criados para
arregimentar o apoio de partidos políticos ao governo federal.
"A questão é saber como continuar a avançar a agenda de combate à corrupção e, ao mesmo
tempo, garantir a governabilidade e fazer com que o Brasil retorne a uma agenda positiva, de
desenvolvimento econômico, de olhar para saúde e educação."

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45761506

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