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FATOS SOCIAIS – PARTE II

DESEMPREGO RECUA PARA 9,3% EM JUNHO, MAS NÚMERO DE


INFORMAIS É RECORDE
A taxa de desemprego no Brasil recuou para 9,3% no trimestre encerrado em junho, menor
patamar para um segundo trimestre desde 2015, quando ficou em 8,4%, segundo dados divul-
gados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A falta de trabalho, no entanto,
ainda atinge 10,1 milhões de pessoas, uma queda de 15,6% (1,9 milhão) em relação aos três meses
anteriores.
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). No
levantamento anterior, referente ao trimestre encerrado em maio, a taxa de desemprego estava
em 9,8%, atingindo 10,6 milhões de pessoas. Na mínima da série histórica, registrada em 2014, a
taxa chegou a 6,5%.

“A retração da taxa de desocupação no segundo trimestre segue movimento já observado


em outros anos. Em 2022, contudo, a queda mais acentuada dessa taxa foi provocada pelo avanço
significativo da população ocupada em relação ao primeiro trimestre”, destacou, em nota, a coor-
denadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy.
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PESQUISA NACIONAL POR AMOSTRA DE DOMICÍLIOS CONTÍNUA (PNAD)


ͫ Desemprego caiu para 9,3%, menor patamar para um 2º trimestre desde 2015.
ͫ Número de desempregados recuou para 10,1 milhão de pessoas.
ͫ Contingente de pessoas ocupadas bateu recorde, em 98,3 milhões.
ͫ População subutilizada caiu para 24,7 milhões de pessoas.
ͫ Pessoas fora da força de trabalho caíram 1,1%, para 67,7 milhões de pessoas.
ͫ População desalentada (que desistiu de procurar trabalho) foi estimada em 4,3 milhões.
ͫ Taxa de informalidade foi de 40% da população ocupada.
ͫ Número de empregados sem carteira assinada no setor privado foi o maior da série (13
milhões).
ͫ Trabalhadores por conta própria atingiram 25,7 milhões.
ͫ Número de trabalhadores domésticos subiu para 5,9 milhões de pessoas.
ͫ Empregadores ficaram estáveis em 4,2 milhões; e
ͫ Rendimento real habitual caiu 5,1% no ano.

PRECARIEDADE DO MERCADO DE TRABALHO


A população ocupada chegou a 98,3 milhões de pessoas, o maior nível da série histórica
da pesquisa, em 2012. Os dados do IBGE, no entanto, mostram a fragilidade desse crescimento:
o número de trabalhadores informais também foi o maior da série, estimado em 39,3 milhões,
1,1 milhão de pessoas a mais que no trimestre anterior, levando a taxa de informalidade a 40%.
Fazem parte dessa população os trabalhadores sem carteira assinada, empregadores e conta
própria sem CNPJ, além de trabalhadores familiares auxiliares.
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“Nesse segundo trimestre, houve a retomada do crescimento do número de trabalhadores


por conta própria sem CNPJ, que havia caído no primeiro trimestre. Além disso, outras categorias
principais da informalidade, que são os empregados sem carteira no setor privado e os trabalhadores
domésticos sem carteira, continuaram aumentando”, Adriana Beringuy.
A pesquisadora apontou, ainda, que o crescimento no número de trabalhador informais é
relacionado a algumas atividades do setor de serviços, como as de alimentação e beleza, que foi o
mais impactado pelas medidas de isolamento social em decorrência da pandemia. Ela destacou os
serviços prestados às famílias, que tem grande parte de trabalhadores informais.
“Isso também tem ocorrido na construção, setor com parcela significativa de informais. Então,
a informalidade tem um papel importante no crescimento da ocupação”, acrescentou.
Também atingiram recorde da série:
ͫ Os empregados sem carteira assinada no setor privado (13 milhões de pessoas, alta de
6,8%); e
ͫ O número de trabalhadores por conta própria, somados formais e informais (25,7 mil-
hões, alta de 1,7%.
Já o número de trabalhadores domésticos sem carteira cresceu 4,3% no período, o equivalente
a 180 mil pessoas. Com a alta, essa categoria passou a ser formada por 4,4 milhões de trabalhadores.
Ainda na comparação com o primeiro trimestre deste ano, embora o maior crescimento abso-
luto ter ocorrido entre os trabalhadores com carteira assinada (907 mil a mais, alta de 2,6% de alta),
proporcionalmente foi o número de trabalhadores sem carteira assinada que apresentou a maior
expansão (827 mil a mais, alta de 6,8%).

ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO DO BRASIL É IRREVERSÍ-


VEL, DIZ DEMÓGRAFO DO IBGE
De acordo com o relatório Perspectivas da População Mundial 2022, da ONU, o Brasil chegará
ao fim de 2022 como o sétimo país mais populoso, com 215 milhões de habitantes.
O demógrafo do IBGE, Márcio Minamiguchi, o país terá o desafio do envelhecimento da popu-
lação pela frente. “É irreversível, os níveis de fecundidade atuais são baixos, o que significa que a
geração dos filhos tende a ser menor do que a dos pais, por isso a gente observa estreitamento da
base da pirâmide populacional”, explicou.
O demógrafo avalia que a grande diferença do Brasil em relação aos países desenvolvidos é
que eles tiveram “conjuntura favorável”: “Além das características históricas, eles já eram ricos e
cresceram antes de envelhecer.”
“Nosso desafio enquanto sociedade é também desenvolver, enquanto não se torna ‘um país
velho’, porque depois de já envelhecer o desafio é muito maior.”
Segundo a estimativa feita pelas Nações Unidas, no dia 15 de novembro de 2022 a Terra vai
atingir a marca de 8 bilhões de habitantes.
“A população mundial ainda tem tendência de crescer por mais algumas décadas, principal-
mente em função do crescimento nos países em desenvolvimento que acontece em ritmo elevado,
enquanto locais como a União Europeia tem tendência a diminuir, com populações bastante enve-
lhecidas, com baixa taxa de natalidade”.

PAÍS PASSA A TER MAIS DE 10% DA POPULAÇÃO FORMADA POR IDOSOS


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COM 65 ANOS OU MAIS DE IDADE


A população brasileira está cada vez mais velha. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2021, o Brasil passou a ter mais de 10% de sua
população formada por idosos com 65 anos ou mais de idade.
De acordo com o levantamento, no ano passado a população brasileira foi estimada em 212,5
milhões de pessoas. Destas, 21,6 milhões tinham 65 anos ou mais de idade, o que representa 10,2%.
Em 2012, ano em que teve início a série histórica da pesquisa, a população brasileira era esti-
mada em 197,7 milhões de pessoas, das quais 15,2 milhões tinham 65 anos ou mais de idade, o que
representava 7,7% do total de habitantes. Ou seja, em dez anos, enquanto a população brasileira
registrou crescimento de 7,7%, o número de idosos de 65 anos ou mais teve um salto quase seis
vezes maior, de 41,6%.

A maior parcela da população (88,1 milhões) tinha entre 30 e 59 anos no ano passado. Os
adolescentes entre 14 e 17 anos, por sua vez, representavam a menor parcela (12,3 milhões).
O contingente de crianças entre 0 e 13 anos (41 milhões) somava cerca de um milhão a mais
que o número de pessoas no grupo de 18 a 19 anos (40,1 milhões).
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O IBGE destacou que pessoas de 30 anos ou mais passaram a representar 56,1% da população
total em 2021. Esse percentual era de 50,1% em 2012. No mesmo período, a parcela de pessoas
com 60 anos ou mais saltou de 11,3% para 14,7% da população - um aumento de quase 40%.
Em contrapartida, o grupo de pessoas com menos de 30 anos de idade teve queda de 5,4%
no mesmo período. A maior redução foi observada no grupo que reúne adolescentes de 14 a 17
anos, que encolheu 12,7% na década.
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“Os dados mostram a queda de participação da população abaixo de 30 anos e, também, dessa
população em termos absolutos. Essa queda é um reflexo da acentuada diminuição da fecundidade
que vem ocorrendo no país nas últimas décadas e que já foi mostrada em outras pesquisas do IBGE”,
apontou o analista da pesquisa, Gustavo Geaquinto.
Com o envelhecimento da população, vem caindo a razão de dependência etária dos jovens
e aumentando a dos idosos. Tal indicador aponta o peso do segmento etário considerado econo-
micamente dependente sobre o grupo potencialmente ativo.
Entre 2012 e 2021, o indicador para crianças e adolescentes caiu de 34,4 em 2012 para 29,9
em 2021, enquanto o dos idosos aumentou de 11,2 para 14,7 no mesmo período.
“Esse indicador revela a carga econômica desses grupos sobre a população com maior poten-
cial de exercer atividades laborais. Sabemos que há idosos ativos no mercado de trabalho, além de
pessoas em idade de trabalhar que estão fora da força. Mas o indicador é importante para sinalizar
a potencial necessidade de redirecionamento de políticas públicas, inclusive relativas à previdência
social e saúde”, ponderou o pesquisador Geaquinto.
De modo geral, a população masculina é mais jovem que a feminina. Em todos os grupos etários
a partir dos 30 anos de idade as mulheres formavam maior proporção que os homens.
“Nascem mais homens do que mulheres, mas essa diferença vai diminuindo à medida que a
idade avança, já que a mortalidade tende a ser maior entre eles”, explicou Geaquinto.
Em 2021, as mulheres representavam 51,1% dos brasileiros, enquanto os homens, 48,9%.
Segundo o IBGE, nos dez anos da série histórica da pesquisa não houve variação significativa da
população na análise por sexo.
O IBGE ressalvou que as estimativas de sexo e classes de idade no Brasil, por ser alinhada com
as Projeções Populacionais, ainda não incorporam os efeitos da pandemia, como a queda no número
de nascimentos e o aumento dos óbitos. “Com os resultados do Censo 2022, esses parâmetros
serão atualizados”, afirmou o IBGE.
Fique ligado!
Além da manutenção da tendência de envelhecimento da população, o levantamento do IBGE mostrou que tam-
bém foi mantido o aumento do número de pessoas que se declaram pretas e pardas no país.

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